sexta-feira, 20 de julho de 2018

COMENDO PELAS BEIRADAS (58)


ALGO DO AMIGO VINAGRE NO DIA DO AMIGO - ELE INICIANDO TRATAMENTO DE SAÚDE E TANTOS OUTROS NA MESMA BARCA, INCLUSIVE ESSE HPA
Leio ser hoje o Dia do Amigo. Tenho alguns. Não os 3500 que leio possuir aqui no facebook. Esses são obra de pura ficção. Sei ter alguns bons e fiéis. Na verdade, no mundo atual, a gente nem sabe quem de fato seja amigo de fato ou não. Num lugar onde todos são incentivados a ter atitudes indidualistas e não coletivas, muito das amizades se esvaem entre os dedos. Hoje com uma simples divergência de cunho político alguns te agridem e se afastam sem querer ao menos tentar uma conversa mais amena, algo possível até bem pouco tempo atrás. Está mais comum afastamentos do que aproximações. Daí, manter os ainda a nos ouvir, os ainda a querer conversar, algo salutar, necessário até para se tentar continuar vivendo no meio dessa balbúrdia. Eu tento, alguns me entendem, outros nem tanto. Sigo meu caminho, cheio de dores, enfim, aos 58, recém completados, sinto algo se esvaindo dentro de mim. Minha saúde e minha vitalidade já não é a mesma, decaiu bastante. O corpo padece, quer continuar no mesmo batidão de antes, mas algo o impede, pois surgem dores e impedimentos diversos. Até bem pouco tempo me achava aquele ser infalível, indestrutível e que tudo continuaria dessa forma por muito mais tempo. Ledo engano. Internamente a gente percebe as enormes diferenças de ontem para hoje, transformações obrigatórias. Eu quero prolongar minha estada por aqui, até porque não acredito em outro tipo de vida após essa passagem. O faço ora com denodado esforço, ora com o devido desleixo.

Eu tento ir prolongando minha estada por aqui e vejo tantos outros na mesma sina. Anteontem um amigo passou aqui pelo mafuá. José Vinagre, foi meu secretário Municipal de Cultural, pois era meu chefe durante minha única passagem pelo serviço público, quando de 2005 a 2008 atuei sob seu comando nas hostes do Departamento de Proteção Histórica e Cultural. Guardo histórias inenarráveis de um tempo que não volta mais. Em sua maioria boas recordações. Da convivência com Vinagre, com Sivaldo Camargo, Duilio Duka, Edneia Pires, Adalto Granja, Orlando Alves, Neli Maria Fonseca Viotto, Alex Sanches, Jose De Jesus Dias Jose Dias, Paulo Canalli, Mauricio Porto, Roberto Chinalha, Cassia Puentes Zampieri, Valter Tomaz Ferreira Junior e é claro, tantos outros (as), além do prefeito Tuga Angerami, só tenho boas recordações. Escrevo de Vinagre em especial, pois o danado passa por provações, probleminhas de saúde e vai aos poucos, sendo recauchutado, se tratando e dando seu jeito de prolongar a estadia nesse mundo. Depois de um certo tempo, ele e nós todos sabemos, não existir mais jeito de reparar a contendo essa máquina chamada de corpo humano. A gente vai dando um jeito, tentando como pode ir fazendo uns reparos. Eu tento desmedidamente fazer isso a cada amanhecer. Vinagre está hoje em Jaú, onde permanecerá pelos próximos 30 dias. Foi e está se tratando, se cuidando, dando seu jeito. Estará sendo bem cuidado, longe do convívio de Bauru e dos seus, mas na certeza de ao retornar, uma nova possibilidade, a ampliação da chance de prolongamento da vida. Não sei quantas das sete vidas ele já fez uso até hoje, mas creio ter algumas ainda pela frente para tentar desfrutar desse algo a mais que é a vida humana quando vivida intensamente.

Eu tento viver intensamente tudo onde estou envolvido e metido até as tampas. Sei por conhecê-lo que, Vinagre também age assim. A gente não é nada perfeito, mas tentamos ao nosso modo e jeito buscar a felicidade. Todos só queremos isso, a felicidade. Eu torço muito pelo Vinagre, como sei ele torcer por mim, mesmo discordando de alguns dos meus métodos. Escrevo dele no dia de hoje, como poderia escrever de tantos outros. O escolhi não aleatoriamente, pois quando o vejo delibitado, me posto diante do espelho e ao me ver, nas imperfeições todas ali expostas, sei necessitar urgentemente de cuidados especiais. Todos nós precisamos desses cuidados, até porque acreditamos ainda ter alguma lenha para queimar. O Vinagre se cuida, esse HPA ainda não com a intensidade que gostaria, mas todos tentamos. Mesmo diante de tudo o que vemos em curso pela aí, viver ainda vale muito a pena. Um abraço cordial e apertado no amigo Vinagre e em todos os demais, pois ao escrever dele, o faço de tudo, todas e todas à minha volta. Ele foi só um subterfúgio para me declarar para todos os que gosto.

FOTOS COMO ESSA ME SENSIBILIZAM DEMAIS DA CONTA
https://www.pagina12.com.ar/129501-son-6300-los-que-sufren-la-tormenta-pero-sin-techo
Ela sai estampada na edição de hoje no corpo de uma matéria do diário argentino Página 12, versando sobre o considerável aumento dos moradores de ruas. Cresce esse número por lá, como aqui. A crise moral abatendo nossos países pensa pouco nesses, os sendo despejados para as ruas e ali tendo que viver. A crueldade das cidades, exposta em como quem monta os ambientes onde esses circulam é peculiar e a demonstrar como a insensibilidade viceja. A foto expõe muito dessa insana crueldade, talvez ali debaixo das cobertas, além de adultos, alguma criança, pois uma boneca está sob o banco. O banco possui uma peça exposta como chaga, duas barras fixadas em sua superfície e com o intuito de ali não ser possível que ninguém estenda seu corpo, ninguém ali se deite e tente descansar o corpo combalido das andanças e percalços. A peça existe para isso, para impedir os despossuídos de deitarem. A matéria, por si só, é recheada de dor, muita dor, mas só para os ainda conseguindo se sensibilizar com essa bestialidade ocorrendo no nosso mundo neoliberal capitalista, doente até a medula. O ser humano vale pouco, quase nada e para muitos ainda atrapalha o bom andamento do desenrolar dos acontecimentos, quando se achegam molambentos e sem para onde ir, se deitam e esperam por algo. No olhar desses, quando se consegue olhar nos olhos destes, a certeza de que algo de muito errado segue seu rumo. Eu luto e lutarei até o fim dos meus dias por algo bem diferente do que vejo nessa foto. Para começar, sei que não resolve nada, mas me dá uma vontade insana de ir lá e tirar a forcéps esses impedimentos para que quem necessite, ao menos se deite, estenda seu corpo. Não resolveria quase nada, mas ao menos não ficaria ali exposto como algo feito e pensado contra essa imensidão de desvalidos, cria desse sistema que os faz aumentar e depois cria meios de os impedir de circular. Meu dia começa estragado ao me deparar com fotos como essas.

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