quinta-feira, 15 de abril de 2021

MEMÓRIA ORAL (267)


A BAURU QUE NÃO SE ENTENDE
AINDA CONSIDERAÇÕES SOBRE AUDIÊNCIA PÚBLICA LOCKDOWN EM BAURU
A Audiência foi ontem, repercutindo por toda a cidade, pois conseguiu, mesmo com ausência da prefeita - ela vai aonde mesmo? -, reunir os prós e contras, alguns negacionistas presentes, tiveram que ouvir a voz da razão e em alguns momentos claudicaram.
Eis o link para assistir a Audiência Pública inteira: https://www.youtube.com/watch?v=2FTqY3I5bhI

CONSIDERAÇÃO 1 - Todos perderam a rara oportunidade de colocar mais um bocadinho o Walace Sampaio no contraditório, pois num certo momento ele teve que admitir que "o comerciante desses países não reclama, pois lá ele tem compensação para permanecer fechado e aqui ela não existe”. Foi quando lhe mostraram que em alguns países onde o lockdown ocorreu de fato, tudo parou e o Estado agiu, aqui não. Imagine a cara que o gajo faria se alguém lhe propusesse assim na cara dura: "Então, seu Walace, diante dessa sua concordância, tardia porém ocorrendo, que Bolsonaro nada faz, poderíamos todos sair daqui assinando num documento conjunto, onde conjuntamente cobraríamos o governo Bolsonaro para que faça algo por todos. Que acha? Assinaria junto conosco?". Ele ficaria num mato e sem cachorro, pois do jeito que defende Bolsonaro, teria que tomar uma atitude - dessa vez sensata.

CONSIDERAÇÃO 2 - O infectologista Carlos Magno Fortaleza, representando o governo estadual propõe durante sua fala algo que, se levado adiante, poderia ser o começo de uma solução para brecar a pandemia, quando sugere um lockdown de fato, 21 dias com tudo fechado e só depois abrir. Seria um baita esforço coletivo, não só dessa cidade, mas do estado e do país num todo, porém teria que contar com o esforço maior, o da participação governamental na sua sustentação, como ocorreu em diversos países, com resultados já comprovadamente positivos. Imagino algo assim vingando por aqui e sonho com o Brasil vencendo o avanço do vírus.

CONSIDERAÇÃO 3 - Como até as pedras do reino mineral sabem, no Brasil e mais especificamente em Bauru, não ocorre lockdown. O que vemos acontecer é o comércio aberto com limitações, algo da permissividade de um fingimento em fiscalizar de fato, um deixa rolar meio na penumbra. Lockdown mesmo, como ocorreu em Araraquara é bem outra coisa, pois lá fechou tudo de fato, desde indústria, comércio, calls centers, permanecendo somente o básico mesmo e com controle, punição, responsabilidade. Algo assim impensável por aqui, pois seu Walace não aceita, os donos dos calls centers não aceitam, os donos das academias de ginásticas não aceitam, poucos aderem de fato e daí, sem essa união de interesses, tudo continua como dantes, na perdição. Houvesse interesse deste desGoverno Federal em dar a retaguarda para tudo, todas e todos, indistintamente, algo assim poderia ocorrer no país, mas não e pelo visto, atitudes como a de Suéllen e de seu vice-prefeito, também médico, torcendo para que os índices de internação e mortes caiam, sem ação concreta da parte deles. Por fim, a constatação final: tudo só será diferente se houver definição e apoio incondicional da vontade de Bolsonaro & Cia, do contrário, tudo disperso, desencontrado e a perdição só aumentando. Nem as boas reuniões, como a ocorrida ontem resolvem algo, pois tudo continua só no campo das ideias e no concreto, cada lugar agindo de forma distinta do poder central. A cabeça central, a do comando mestre não ajuda em nada, enfim, até joga contra, daí nada pode mesmo dar certo. E mais que tudo, a solução final continuará sendo sempre VACINA PARA TODOS. 

A HISTÓRIA DA CASA DO LUIZÃO QUE RUIU, ALGO DELE, O MAIOR GOLEIRO DO NOROESTE*
* Eu não conseguiria voltar a escrever de política e dessas outras coisas todas, enquanto não colocasse no papel essa história.

Dias atrás, abro uma mensagem pelo facebook e sou tocado pelo seu conteúdo: “Amigos do Luizão! Ex goleiro do NOROESTE! - Sabendo das dificuldades que o nosso AMIGO Luizão, vem encontrando para construção de uma nova residência (sua casa foi demolida) e ele alugou uma casa ao lado de seu terreno. Pagando um aluguel de 300,00! De imediato conversando com Amigos, montamos um Grupo de pessoas, dispostas a ajudá-lo: Bertinho, Celsinho, Paulinho Pereira, Mica, Alan... Vamos precisar de um Eng. Civil, para fazer um Levantamento no Local, p esboço da Planta! Vamos concentrar os valores e materiais a serem arrecadados em uma pasta, que servirá para controle da Comissão! Isso não impede que sejam feitas doações diretas no local: Rua Judith França Costa nº 2-80, ao lado da linha de Trem, Vila Falcão, casa do Luizão!”.

Creio ter lido o post na página do amigo Reynaldo Grillo ou do Gilberto Truijo. Não dormi a noite pensando na situação do Luizão, o goleiro símbolo do meu time do coração, o de minha aldeia, o Noroeste. Ana, a esposa, não me quer e com razão, fazendo visitas pessoais neste período para ninguém. Atendo e assim procedo, mas no caso de Luizão e sua situação, não me contive. Repasso o texto para o amigo Pedroso Jr e ele, também comovido, me diz: “Vamos lá”. Escapo de casa sem Ana saber, busco o Pedroso e vamos para um lugar já conhecido por mim, a casa do Luizão. Sou seu velho conhecido.
Quando Paulo Sérgio Simonetti lançou seu livro eu o busquei e levei para a festa no saguão da 94. Eu e Cláudio Amantini estivemos juntos em sua casa algumas vezes, sempre presentes em situações ao longo de períodos não distantes. Passo sempre por ali e frequentemente paro para conversar, pois ele sempre está defronte sua casa ou sentado diante de posto de combustível, perto da favela São Manoel. Não consigo, na maioria das vezes que por ali passo, só acenar. Tenho que parar e conversar.

Conheço poucas pessoas como esse grandalhão, baita figura humana, muito simples e um símbolo para mim. Sua história é dessas cheia de glórias. Jogou quase sempre pelo Noroeste, mas na juventude defendeu a seleção sub e viajou para Arábia Saudita. Depois os anos todos com o Noroeste, mais de década. Ele jogou bola numa época quando jogadores não ganhavam muito. Não foi no seu caso questão de saber guardar, pois nunca ganhou muito. Eu acho que ele até conseguiu se aposentar ao longo do tempo, mas com um salário sempre baixo. Ele e a esposa sempre moraram ali na beira dos trilhos e ao saber que sua casa havia caído, tinha que fazer algo. Com tudo isso na cabeça, eu e Pedroso batemos palma e quem nos recebe é uma linda garota, menos de dez anos. Uma de suas netas e na casa que já conhecia, em pé, daí já estranhei.

Quem atendeu primeiro foi Maria Aparecida, a esposa e ouvimos a voz imponente e grossa dele: “Entra”. Ele não veio nos receber, pois está nestes dias mais sentado que em pé, após uma ferida ter brotado em sua canela. Sentado numa confortável cadeira, que logo denominei de “trono”, ele todo pimpão, sorridente nos recebeu e nos preencheu com sua irradiante alegria de viver. Fora os problemas do pé, aos 68 anos, ele segue em frente como pode e nos diz que não pode mais ir na esquina, sentar junto ao posto ou debaixo de uma árvore depois da linha do trem e ficar vendo o dia passar, pois dói ao caminhar. Ele nem se lembrava desse post pela internet, pois nem celular possui. Mas diz que essa história é velha. Sua casa, mesmo com ajuda de muitos amigos e admiradores continua em compasso de espera. Recebeu várias doações, mas não tem condições de começar nada neste momento. Sua preocupação é outra e com o que ganham os dois, sobrevivem, toca a vida em frente, mas sem forças para executar serviço de pedreiro e nem contratar ninguém para fazer qualquer tipo de serviço nesse sentido.

Saímos para seu quintal e conversamos numa sombra. Pedroso e ele lembram várias histórias de ambos ali na vila Falcão. Conto uma. Pedroso tinha um cão e este não podia ver negro que latia desbragadamente. Investia somente contra negros, uma desgraça. Num dia de jogo, Luizão passava defronte a casa do Pedroso, com a matula para a concentração e foi atacado pelo cão, que lhe mordeu o calcanhar. Não pode jogar aquele jogo e riram muito, pois Pedroso disse que teve que pagar o bicho por muitos anos, tudo em bares e em cada reencontro. A vontade de conversar todas as vezes que estou com ele é imensa, mas num certo momento ele nos pede para voltar para dentro e poder sentar, pois não está sendo possível permanecer muito tempo em pé, dói muito a perna.

Ele se diz medicado, com a esposa fazendo diariamente curativos, mas creio eu, na verdade, ele precisa de uma avaliação médica mais séria, pois vai tratando a perna com pomadas, nem sempre as mais indicadas. Adoraria poder levar um médico em sua casa e se algum ler e se dispuser a ir lá, eu o busco e levo. Conversamos sobre a continuidade da campanha de arrecadação, que durante um tempo levantou alguns materiais, mas depois parou. Ele sempre agradece muitos os amigos que o ajudaram e todos os que, regularmente passam por ali e não só perguntam se tudo está bem, mas o ajudam de fato. Pedroso pergunta se pode voltar a tentar fazer algo. Ele diz que sim e conta algo da casa que ruiu, muito antiga, diz ele, com estrutura frágil, pouca coisa dentro do solo e com a quantidade de trens que passava ali diariamente, tudo chacoalhava, até que caiu e se viu obrigado a alugar uma vizinha, onde reside até hoje. Guarda no quintal o que lhe foi doado e um dia sonha em voltar a levantar uma casa sua mesmo, no terreno, a única coisa que conseguiu ao longo do tempo comprar e pode chamar de seu.

Eu e Pedroso saímos de lá mais mudos do que quando entramos. Conseguimos falar pouco sobre o assunto. Eu sentei em casa, demorei um tempão para criar coragem e despejar esse texto assim de uma só vez no papel. Fui enrolando, criando coragem e sem saber como fazer, creio ter conseguido, não do jeito que queria, mas saiu e vou publicar. Não o faço para que ninguém tenha pena do Luizão, pois ele não precisa disso. Ele resiste como pode e não é de hoje, faz décadas que vive do mesmo jeito. Quem o conhece sabe de sua generosidade e desses tipos de sujeitos que, a gente começa a conversar e vira amigo logo de cara. Ele esbanja sinceridade, simplicidade, honestidade e altivez. Eu gostaria imensamente de conseguir dar alguma espécie de ajuda para que Luizão consiga buscar forças lá no fundo e não só se tratar a contento, mas também levantar sua casa. Já estava no portão, volto e pergunto por um telefone e ele diz que a esposa tem um celular. Ela anota num papel o número e passo adiante, pois sei que sempre existirão os que ligarão, não só para enrolar linguiça, mas para ver como podem ajudar. O fone da Maria Aparecida é 99768-4120. Tirei algumas fotos, pedi a ele se poderia publicar e ele me diz para escolher as que estiver bonitão. Luizão sempre estará bonitão em todas as fotos, pois sua fisionomia é transparente. Daí, sento e escrevo tudo sem correções, de uma só talagada. Luizão merece mais do que a nossa atenção.
Em tempo: o post sobre o Luizão não é antigo, 13/04, do Bertinho Silvestrini, compartilhado depois pelo Grillo e pelo Truijo. Antiga é a história ainda não concluída da casa demolida e do sonho de Luizão em ter uma outra levantada em seu lugar. Sonhos nunca envelhecem.

A POUCA VERGONHA
"RODIZIO DE ÁGUA. Estratégia da Sussu para forçar a privatização da água. Parece que os Vilaggios não estão no esquema. Se cobrar os grandes devedores do IPTU e do DAE o problema se resolveria", Ethel Spetic da Selva. BAURU NÃO PODE ACEITAR CALADA O QUE ESTÃO A FAZER COM O SEU DEPARTAMENTO DE ÁGUA E COMO NÃO CONSEGUEM TRATAR BEM A COISA PÚBLICA. SUÉLLEN É UM DESASTRE...

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