A POUCA VERGONHA BRASILEIRA FAZENDO POUCO CASO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO - E A PRESERVAÇÃO QUE SE DANE“Antigo Casarão Barnaldo & Lucrecia em SP, lugar de tantas histórias, tantas noites memoráveis regadas de boa música e comida, transformado nesse lixo, nessa aberração arquitetônica... o Brasil é um celeiro de estúpidos, cretinos que se acham "modernos" e arquitetos que devem ter tirado diploma em curso à distância. A porra do IPHAN não serve pra nada mais”, mensagem enviada a mim por MARCOS PAULO RESENDE, sobre imóvel na capital paulista, esquina das ruas Eliseu com Abílio Soares.
Recebo a mensagem e fico prostrado, boquiaberto, mas não surpreso. O brasileiro não possui respeito e nem sabe direito o que venha a ser Patrimônio Histórico. A prova inconteste é o que acabam de fazer com essa linda edificação paulistana. O maravilhoso arquiteto, promotor de algo sem precedentes deveria morrer de vergonha, mas na verdade, neste país, ainda se acha o suprassumo da modernidade, seguidor de outros do mesmo quilate. Uma barafunda que só infelicita este país e o coloca cada vez mais nos desvãos das rebarbas do mundo. Impossível observa o que existia naquela esquina e o monstrengo ali reinaugurado.
Presidi o CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Bauru – por quatro anos e por mais quatro fui conselheiro e nesse período, muitos por lá com preocupação sobre algo a envolver essas questões, a de alavancar algo sério neste quesito em Bauru. O Conselho foi criado na administração Nilson Costa e aproximadamente 40 imóveis e carros ferroviários foram tombados e receberam enquanto ele governou a cidade, alguma atenção e cuidado. Atuei nos quatro anos do governo Tuga Angerami e tocamos o barco adiante, com muita resistência e desconhecimento do que era aquilo de querer preservar algo histórico. Ouvimos muito: “Quem são esses bostas para tombar uma casa que não é deles? Na minha casa mando eu e não vai ser esses que vão mudar nada”. Tentamos, mas na verdade mudamos pouco, pois a mentalidade brasileira é, na imensa maioria das vezes, a pensamento só em si e sem olhos para vislumbrar algo diferente. Até foi tentado incrementar uma Cartilha, onde seria detalhado algo de como o proprietário de um imóvel tombado poderia se sair bem, mas nem a cartilha vingou, muito menos foi conseguido algo junto dos proprietários.
Nos quatro anos do governo Tuga, 2005/2008, não tombamos um só novo imóvel, mas administramos o que havia sido tombado anteriormente. Nem a famosa Casa da Eny nós conseguimos, pois a resistência foi grande, mas a piscina foi garantida em cartório e deve estar bonitona lá no imóvel até hoje. Muitos queria é destombar tudo, como os herdeiros da Casa Mauro Rasi, ali na rua Bandeirantes, atrás do Colégio São José. Ali foi a casa da família Rasi e morada do Mauro, cenário de seus escritos, a piscina famosa. Até hoje permanece fechada, pois a queriam vendida e para outros fins, descaracterizando-a totalmente. Resistimos, mostramos outras possibilidades, mas preferiram na queda de braço, fechar tudo e deixar apodrecer a céu aberto. Está assim até hoje, definhando e bolorada. Os hotéis da Rodrigues, um teve a fachada caindo recentemente e outro, o mais imponente, na esquina com a Monsenhor, este foi motivo de homérica briga entre as herdeiras e a Prefeitura, essas exigindo destombar ou indenização. Gente em condições de dialogar, com calma e parcimônia, quase nada. A Casa dos Pioneiros, ali na Araújo, último resquício dos primórdios de Bauru, outro clássico exemplo, hoje ruínas e creio, desapropriada, não deve ter tido até hoje paga a indenização para as herdeiras.
Enfim, eu tento cá com minhas lembranças tentar lembrar de qual proprietário, dentro os mais de 40 imóveis e bens férreos tombados, mantém tudo nos trinques. Talvez a casa da Aliança Francesa ali na Araújo Leite, mas quem mais? Até o Automóvel Clube, ali na praça Rui Barbosa, enquanto alugado para atividades culturais, ainda preservado, mas depois, só poeira. Este o retrato de como se dá a luta pela preservação histórica neste país. Cá um cadinho do que acontece no restante do país e o melhor mostruário da situação num todo é a comparação destas duas fotos, a de antes e a de hoje. Querer também que tenhamos interesse por preservação, quando tudo está no fundo do poço, perdição sem fim, é demais. O Brasil chegou a ter política pública para preservação, em todas suas vertentes, mas hoje não tem mais nada, nem gente qualificada nos postos de comando das instituições antes sérias e dedicadas. Uma desolação sem fim e sem precedentes. Aquela esquina paulistana é a exata cara deste país miliciano, bolsonarista e onde um conluio colocou terra abaixo o que nos restava de soberania, dignidade e seriedade no trato para a coisa pública.
Essa história toda se resume em algo já aqui contado. Não custa repetir, quantas vezes for necessário. Certa feita, ainda presidindo o Codepac intermediávamos reuniões com os herdeiros da Casa Luzitana, na esquina na Batista com Gustavo e uma das senhoras, lindamente vestida, comparece e nos diz assim sem corar as faces: “Eu viajo sempre pra Europa, acho lindo a preservação deles. Entendo e apoio, mas aqui não faz sentido. E ainda por cima justo em imóvel de minha propriedade”. Sabe que a critiquei muito por essa atitude, mas hoje até entendo, a relação tem que ser de ambas as partes, de quem tomba e do proprietário. Um apoiando e reforçando a ação do outro, interligadas e atuando de forma eficiente. Quando não existe respaldo nenhum de quem tomba, como pode querer impor algo desse nível, num país onde tudo é resolvido a ferro e fogo, na ponta do facão ou, como agora, novamente no tiro. Enquanto persistir isso, milicianos e fundamentalistas nos governando, sem nenhuma esperança e nenhuma luz no final do túnel.
Consegui agendar para hoje as 11:00 horas no PROMAI e para lá me dirigi, levado pelo camarada Piotto na certeza de me transformar no novo jacaré da praça. Contrariado, claro, pois jacaré tem coloração verde e a cor me lembra de Dona Peppa.
Chegando lá, somos informados que meu nome não estava na listagem. Como não estava, se fiz o cadastro corretamente pelo site da Prefeitura. Será que o cadastro é para fazer pré-seleção daqueles que serão vacinados?
A identificação de munícipes que questionam o negacionismo e fundamentalismo da burgomestra de plantão levam a supressão de seus cadastros? E se tem pré agendamento, qual a necessidade de se distribuir senhas? Outro absurdo, se tem pré-agendamento com a finalidade de se evitar filas, deveria ter funcionários em número suficiente para atender os munícipes, evitando-se aglomerações. Ledo engano, vejam a foto da Unidade de Saúde do Jardim Jussara, hoje de manhã. Com certeza vão dizer que não era fila de vacinação e sim, público aguardando o show da cantora Suellen Paraguassu. Com toda a sinceridade, prefiro aguardar o show da Denise Amaral, da Martinha Ferraz, da Renata, Neusa, Tatiana Calmon Karnaval , Sílvia Souto e de outras cantoras bauruenses.
Resumindo: vacina do chinelo, só na quinta-feira.
Pensando sinceramente em mudar para Birigui, afinal, dizem que ali reina a tranquilidade depois da mudança da Família Trapo".
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