sábado, 3 de abril de 2021

REGISTROS LADO B (39)


NO 39º LADO B, BRASIL E PORTUGAL, DOIS BAURUENSES VIVENCIANDO A PANDEMIA DO LADO DO VELHO CONTINENTE E DESCONTENTE COM O MOMENTO BAURUENSE E BRASILEIRO
Nesta semana, o "LADO B - A Importância dos Desimportantes" atravessa o oceano Atlântico e aporta em Portugal, onde localiza, aborda e vai em busca da opinião de dois conhecidos personagens da vida cotidiana bauruense e hoje morando em Portugal. Ambos músicos, dos mais respeitados por aqui e que, em certo momento de suas vidas, deram um breque e disseram pra si mesmo, "tchau de Brasil, vamos em busca da realização de nossos sonhos". Falo de REGINA MANCEBO e MARCO BELINASI, casal mais do que unidos, pelo gosto musical que os aproximaram e desde então, numa liga mais do que indissolúvel, os mantém atados, unidos dia e noite, em torno deste projeto de vida de viver de música, cantando MPB onde existirem palcos e públicos. A experiência deles no Brasil já é mais do que contagiante, mas depois de descobrirem a Europa, deram nova sentido para suas vidas. Esperaram por muito tempo, alimentaram esperanças e juntaram forças, até chegar o momento de darem o salto e partirem em busca do grande sonho, hoje praticamente realizado.

A história desse casal é inebriante e contagiante, pois creio, ambos se conheceram cantando e na noite bauruense. Deve ter batido aquele clique, onde um ao olhar o que o outro fazia, chegaram na conclusão de que, juntos poderiam realizar muito mais. Cada um se desfez de parte do seu passado e juntos começaram a trilhar outros caminhos, agora juntos. Mas a história de cada um vem de longe, muito longe e cada um tem um início auspicioso de envolvimento com a música. Cada qual soube ir levando a coisa no paralelo de suas atividades onde ganharam a vida, ele atuando no jornalismo da TV Record e ela dando aulas de Biologia no ensino público estadual, viajando diariamente para Duartina. São tantas histórias e muitas delas serão revividas hoje, na conversa onde uniremos as duas histórias.

Na junção das duas, hoje a nova realidade e eles vivendo em Portugal, mais precisamente em Faro, num dos extremos daquele país, onde além de se fixarem, montaram um bar, o BARXARIA, que também é como todos conhecem o filho da Regina, que já estava pela Europa e hoje une forças junto deles, para levar o negócio musical adiante. Enfim, muita coisa para contar e mais agora, quando eles do lado de lá observam o que acontecem com o Brasil e ficam mais que estarrecidos. Na próxima segunda, 05/04 eles reabrirão o bar em Portugal, já vivenciando um novo momento, enquanto no Brasil o caos, tudo provocado por um desGoverno totalmente na contramão do mundo. Falaremos também muito disso e também de como os brasileiros, que sempre foram muito bem recebidos por onde circulavam o são hoje em dia. O que mudou nessa relação e isso se deve em como o Brasil de Bolsonaro, vem tratando a pandemia e promovendo a destruição da imagem do país mundo afora. Ou seja, um conversa mais do que cheia de bons assuntos, temas e com eles querendo falar, contar algo mais, desabafar, o BATE PAPO promete, daí, todos estão mais que convidados para logo mais estarmos todos juntos e conversando com eles sobre isso tudo e muito mais. Aguardamos tudo, todas e todos...


COMENTÁRIO FINAL:
A conversa foi das mais proveitosas, pois o intuito além de conhecer um pouco mais da história de ambos, era conversar sobre a visão de quem hoje, morando em Portugal, com outra vivência completamente diferente da vivenciada no momento pandêmico pelo Brasil bolsonarista. Lá, mais um país onde após um lockdow de fato, sério, o país já conseguindo abrir as portas, voltar à normalidade, enquanto que aqui, tudo tão diferente, esse negacionismo latente e pulsante, batemos records negativos e espantamos o mundo. Muito bom o posicionamento de ambos diante de como enxergam a ação da prefeita bauruense, na contramão do que prega o mundo. Fiquei também mais que satisfeito com eles se pronunciando sobre o posicionamento da classe artística neste momento. Adoro os que não se omitem, os corajosos, os que enfrentam o touro à unha, sem medo de bater de frente com adversidades, porém tendo a certeza de estar do lado certo. Marco e Regina não me surpreendem, aliás, após o término do bate papo, saio dele mais convicto de que, pessoas como eles são as que marcam profundamente a existência humana. Conseguiram realizar o sonho de suas vidas, num outro lugar, onde o que faziam, no caso a música brasileira, era até mais reconhecida e valorizada do que na sua própria terra. Como é gostoso conversar com pessoas como eles. Foi uma conversa e tanto.


MEU 7º ARTIGO PARA O SEMANÁRIO "DEBATE", DE SANTA CRUZ DO RIO PARDO
QUEM ME APRESENTOU DE FATO SANTA CRUZ DO RIO PARDO
Tempos atrás tive firma onde vendia meus caraminguás pela região. Viagens memoráveis, onde em cada cidade conhecia, desbravava o lugar, garimpava pessoas e dia após dia, conversas que nunca mais me esquecerei. De Santa Cruz do Rio Pardo tenho algumas inesquecíveis. Adorava voltar na cidade só para comer uma bisteca, o prato principal e único de um restaurante famoso, numa esquina aí do centro. Seu proprietário, muito conhecido, mas cujo nome não me recordo, tinha também um buffet e das vezes que ia e voltava, ele de mesa em mesa, contando histórias de seus anos de vivência no ramo. O ambiente cheirava bisteca, pois a fumaça impregnava o lugar e ao escrever este texto, relembro nitidamente a cena. Bisteca chegando fumegante e o cheiro parece me voltar nas narinas. Um simpatia todos ali e o prato único, creio que, naquela época era uma espécie de atração turística, pois reunia viajantes de lugares múltiplos e variados.
Tieta é o careca da foto, terceiro da esquerda para a direita. 


Lembranças boas tenho também da fábrica de chocolates ou algo parecido que os padres, ou um deles, cujo nome também não me lembro, dava nome a uma instituição lá na parte alta da cidade. Tudo era feito para ajudar as crianças e ali uma reunião de gente produzindo chocolates, principalmente nesse período de Páscoa. Um dia criei coragem e entrei no lugar, movido pela curiosidade em conhecer a origem daquele cheiro maravilho. Fui muito bem recebido, me levaram para ver como tudo era feito, as formas, as pessoas ali envolvidas, muitas ali atuando de forma voluntária. Aquilo, percebi, movia a cidade, pois existia algo mágico, inebriante, contagiante e magnetizante, atraindo uma legião pela causa da venda dos chocolates. Devem ter ajudado milhares de crianças a ser alguém na vida.

Algo também encantador foi a primeira vez que me levaram para assistir um jogo da Santacruzense ali naquele estádio no meio da cidade, envolto por casas por todos os lados. Eu já gostei de cara, pois na chegada, um bar na esquina, defronte o portão principal e mais ainda quando me contaram que, nos intervalos parte da assistência saia do estádio, com autorização do pessoal da portaria, enfim, todos se conheciam, indo bebericar nos quinze minutos de intervalo ali no bar, voltando mais calibrados para o segundo tempo. Um romântico campo que merece ser preservado, pois é joia rara do interior paulista, desses pequenos estádios onde o torcedor se quiser coloca a mão pelo alambrado e toca o jogador. Assisti uns poucos jogos ali e das lembranças que guardo, uma quando subi na tribuna de honra, o lugar mais alto do estádio, ouvindo a narração ao lado de um locutor da rádio local. São cenas que não me saem da memória.

Por fim, encerro algo assim de memória com a pessoa que, de fato e de direito me apresentou a cidade. O conheci num dos dias de vendas, creio eu no Icaiçara e a primeira impressão foi de tratar-se de um sujeito trivial, mais atencioso que os demais, porém sem sal nem açúcar. Ledo engano, acabei nem sei porque puxando conversa e ele me contando coisas, o que me maravilhou. Junto dele conheci pessoalmente alguns dos lugares citados nas conversas. Seu nome creio nunca soube, mas do apelido nunca mais esqueci, Tieta. Fui várias vezes na sua casa, morava com a irmã, também lá do lado de cima da cidade, perto da tal fábrica de chocolate, na frente de uma praça. A simpatia me cativou e mesmo sempre corrido, indo e voltando para Bauru no mesmo dia, em todos os retornos, praticamente impossível não revê-lo, pois me abastecia de boa prosa, algo que todos necessitam para se recarregar das agruras da vida.

Tieta também me ajudou muito indicando clientes e o recompensava na medida do possível. Ele era uma espécie de Resolvedor de Todas as Questões, essas pessoas imprescindíveis em todos lugar, espécie de GPS, antes da criação deste. Qualquer informação que necessitasse, sabia de bate pronto, nem adiantava consultar mais ninguém, pois tinha tudo registrado ali de memória. Tenho dele mais que ótimas lembranças e creio, talvez já não esteja mais vivo. Perdi o contato dele e dos seus, mas aquela imagem do sujeito baixinho, espevitado, fala rápida, pronto para qualquer empreitada, pau pra toda obra, generoso como poucos é a melhor lembrança que tenho de Santa Cruz do Rio Pardo. Poucos conheciam tanto a cidade como ele e se ainda ninguém se lembrou de colocar seu nome em algum lugar importante - rua, praça ou mesmo um monumento - que o façam, pois sempre é tempo de reverenciar quem de fato era mais que popular. Tieta merece mais que o nome numa placa, pois só pelo que ouvia dele, muito mais que um sujeito qualquer. Batia perna como ninguém.

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