ALBERTO PEREIRA É MUITO MAIS QUE RECUPERADOR DE ALFAIAS AVARIADAS...A alfaia pertencente a este HPA e que por alguns anos desfilou junto do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto esteve por mais de dois anos na casa barracão do bloco Primavera, lá no jardim Redentor, sob a responsabilidade do Adílio Nascimento. No último carnaval de rua que tivemos ela foi magistralmente tocada por Cristiane Ludgerio, sendo naquele ano o que de mais brilhante ocorreu naquele desfile. Desde então ficou por lá e agora foi resgatada por Tatiana Calmon e entregue aos cuidados de um doutor do assunto reparação de instrumentos com couro, o dr Alberto Pereira, capoeirista juramentado e professor de Educação Física nas horas vagas. A história é mais ou menos essa. Quando o instrumento foi emprestado para o primavera já havia passado por algumas enchentes no Mafuá e sobreviveu por ser forte. Precisava agora de internação de recuperação. Só mesmo nas mãos do dr Alberto.
Este doutor é fogo no boné do guarda. O danado dá aulas e mais aulas no serviço público estadual, está com pastas e mais pastas de provas para corrigir e cheio de compromissos outros, como uma casa em vias de ficar pronta lá nos cafundós da Chapada dos Viadeirtos - GO, mas mesmo assim, como tometeiro mais do que juramentado, pegou o touro à unha e em pouco mais de uma semana me liga: "O paciente está ótimo. Venha buscar". Fiquei preocupado e demorei mais uns dias. Primeiro queria saber quanto ficaria. Só hoje quando lá compareci ele me conta que trocou o couro da alfaia, este conseguido pela Tatiana. Não cobrou nada e desta forma, couro lubrificado, esticado e tinindo para ser utilizado, eis que peço para ele a estrear. Ele bate sentido, com precisão ali no quintal de sua casa e me entrega o rico acervo mafuento e tomatista.
Vou juntando as coisas, peças, agrados, mimos e na junção de tudo só uma coisa: o Tomate precisa botar o bloco na rua. Este ano, quando do evento do Carnaval, o pandemia ainda dava o ar da graça com força e tudo neste sentido foi devidamente cancelado. O pessoal da Prefeitura de Bauru levantou as mãos para o ceú, mas o Tomate não se aquieta fácil e assim como já previamente marcado, os desfiles das escolas de samba do Rio e de Sampa foram transferidos para dia 21/4, sábado, feriado de Tiradentes, a descida do Tomate também deverá ocorrer neste dia em Bauru. Alberto é um dos que, desde o primeiro ano está junto da formação criadora e dela não se afasta. Comunga das mesmas ideias e sente a necessidade de algo continuar sendo feito, ressaltando a festa, mas com a devida ironia, picardia e estocadas nos que se fingem de protetores desta aldeia.
A história desta alfaia começou quando via Alberto bater com gosto outras lá na sua Casa da Capoeira e ficava encantado. Perguntei quanto custava para me fazer uma, encomendei e levei para o Mafuá. Infelizmente nunca aprendi a tocá-la, assim como aos 62 anos, ainda não aprendi a dançar direito. Ela é um dos meus instrumentos e objetos de admiração. A venero e a empresto em ocasiões especiais, como o fiz para a Cristiane Ludgerio, quando fico na fila do gargarejo admirando quem dela sabe se utilizar. Sempre esteve lá no Mafuá em lugar de destaque. Por um descuido, numa das tantas enchentes caiu na água. Secou e só não se perdeu por milagre - viu como eles acontecessem. Hoje está renovada, refeita e estará sendo colocada à prova junto do Tomate em 21/4. Do Alberto Pereira e de sua esposa, a Carmem, eu poderia escrever laudas e mais laudas. Um sujeito pra lá de generoso, de luta, muita fibra, mas destes que não perde tempo com aqueles percebendo não valer a pena. Ou seja, seletivo na máxima potência, o que fez crescer ainda mais minha admiração. Tinha que registrar essas palavrinhas, pois reconhecimento é tudo aqui junto dos tomateiros e este é um dos que, merece muito mais que elogios. De tudo, nã ose esqueçam, o Tomate precisará da força de tudo, todas e todos para descer o Calçadão em 21/4. Vamos juntos?
O TOMATE VAI AS COMPRAS – CONVOCAÇÃO GERALNeste próximo domingo, 20/03, das 10 às 12, lá no Bar do Barba, na boca de entrada da Feira do Rolo, esquina das ruas Gustavo Maciel com Júlio Prestes, o pessoal do BAURU SEM TOMATE É MIXTO vai decidir sobre sua saída no Calçadão da Batista, numa espécie de Sábado de Aleluia para dia 21/4. Vamos ou não? A decisão será coletiva e daí, um mês para nos prepararmos e botar o bloco na rua, com o enredo já pronto “TIRANDO A MÁSCARA”, sobre os tantos destas plagas que se fingem de santos, mas todos do pau oco. E para não perder a oportunidade, já que o Tomate é vermelho, nada mais propício do que, juntos darmos o primeiro grito nas ruas, neste ano eleitoral, com um sonoro FORA BOLSONARO!
Contamos com todos os tomateiros de plantão. É neste domingo, 20/3 no Barba e depois, de assim for decidido, 21/4 no Calçadão. Vamos juntos?
GRIPEZINHA E SEUS PROLONGADOS EFEITOS*
* Eis meu 55º texto semanal para o jornal DEBATE, de Santa Cru do Rio Pardo, edição nas bancas amanhã cedo.
Em relação à pandemia, que parece estar se dissipando, não podemos nunca nos esquecer: todos os problemas ocorridos nestes últimos dois anos foram em decorrência da total negligência e descaso do atual Governo federal, principalmente na figura do sr Presidente da República, que em nenhum momento fez qualquer pronunciamento favorável ao uso de vacinas e ao isolamento social. Perdemos quase 700 mil vidas e em grande culpa, só atingimos essa considerável cifra, por causa deste presidente fundamentalista, genocida e também miliciano.
Dito isso, ou melhor, nunca se esquecendo disto, o motivo principal deste texto hoje é para contar algo vivenciado por mim no dia de hoje. Conto a história sem revelar o nome da fonte, pois me pede sigilo. Trata-se de um professor, pessoa muito conhecida da cidade, jovem e ainda concluindo seus estudos. No momento tenta concluir seu doutorado, porém, além de todos os problemas que já tinha, após ter permanecido alguns meses se recuperando da Covid-19, esperava poder retomar tudo a contento, mas agora, diante de outros, estes ainda mais sérios.
Já é sabido da existência de efeitos colaterais sérios em alguns pacientes. Este professor me conta: “Quando retomei a pesquisa, achava que algo estava muito estranho. Não rendia como antes. Hoje, tento produzir textos relacionados à minha área de trabalho e encontro muito mais dificuldade que antes. Quando voltei a ler, por incrível que pareça, em muitas passagens não conseguia entender o que eu mesmo havia escrito. Insisti e a dificuldade continuava. Percebi que algo está errado e isso se deve exclusivamente às sequelas, o que hoje já é considerado como “condição pós-Covid”.
Ele começou a tomar medicamentos para tentar ao menos recuperar a capacidade cognitiva. Torce para conseguir, pois do contrário, teme até pela conclusão de seu doutorado. Conversei com um jovem, idade de aproximadamente 22 anos e ela me disse que, tendo contraído o vírus logo nos primeiros meses, algo em torno de um ano e pouco atrás, desde então nunca mais conseguiu ter o mesmo apetite sexual de antes. No seu desabafo conta: “Percebi algo estranho, nunca fui assim e agora, chego a rejeitar, pois dói mais e como sinto dores, acabei me isolando. Como moro numa cidade pequena, ao falar isso com o médico, me disse que deve passar e não me medicou nada, mas não volta e creio não ser psicológico o problema”.
Fui ler mais a respeito e constatei que as principais queixas são de fadiga, dor de cabeça, sonolência durante o dia, insônia à noite, ansiedade, depressão e as tais dificuldades para realizar tarefas que fazia antes. Ou seja, existe um número considerável de pessoas que não voltaram ao normal e isso tudo, quer queiramos ou não, reflete muito no mundo do trabalho. Quando alguns destes sintomas acometem as pessoas, impossível o exercício de atividade de trabalho sadia. Ligo para um médico amigo, pessoa muito conhecida por aqui e ele confirma o que estava tomando conhecimento: “É isso mesmo. Estamos diante de uma doença onde ainda não temos informações suficientes para definir nada, mas isso tudo que me relata está ocorrendo com muita frequência. Estamos atentos, orientando, mas ainda pisando em ovos”. E depois de tudo, nosso ilustre presidente capiroto, desde o princípio afirma tratar-se de uma gripezinha, algo simples de ser resolvido. Entenderam dos motivos de ter a mais absoluta certeza da necessidade imediata deste “Fora Boilsonaro”?
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e historiador (www.mafuadohpa.blogspot.com).
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