terça-feira, 22 de março de 2022

DICAS (218)


ÁGUA: O DAE SÓ PENSA EM PERFURAR, MAS A SOLUÇÃO É RESERVAR
No Dia Mundial da Água, abro o único jornal impresso de Bauru, o Jornal da Cidade e lá duas páginas de boas matérias versando sobre o tema, o do abastecimento de água na cidade, algo mais do que preocupante. A demanda, como se sabe, cresce a olhos vistos e a falta d'água é cada vez mais latente. Vejo como a maior praga do momento a proliferação de abertura indiscriminada de poços. Todos sabemos que, Bauru já perfura o Aquífero Guarani, nossa mais famosa fonte de água potável, a ainda existente debaixo de nossos pés, profunda e sendo profanada. Essa fonte, como também é sabido por todos é finita e está sendo perfurada sem regras de acompanhamento. Poços estão pipocando por todos os cantos e o DAE - Departamento de Água e Esgoto, quem deveria controlar e conter o aceleramento deste processo, parece, pela voz de seu mais alto dirigente no momento, demonstrar não só desconhecimento, mas algo mais sério, quando propaga exatamente o contrário.

Em entrevista do JC, Marcos Saraiva, o presidente da autarquia, indicado pela sem noção alcaide eleita, Suéllen Rosim, talvez em mais uma atitude feita só e tão somente com o intuito de alavancar sua privatização. Na manchete do jornal: "DAE aposta em poços e setorização para tentar mitigar a falta d'água". Sem perspectivas técnicas propostas pela sua gestão, seu negócio é perfurar mais poços. Está lá que, o "departamento tem na perfuração de novos poços profundos a principal estratégia para minimizar, de forma mais imediata, os efeitos da ausência de chuvas". Ou seja, parte para a solução mais rápida e imediatista: perfurar poços, mesmo que isso no futuro seque a fonte de água proveniente do Aquífero. Creio eu, promove isso, pois resolveria de imediato a situação e como não estaria por aqui lá na frente, quando a fonte secar de jorrar água. Dane-se a cidade.

Estive semana passada conversando no bate papo semanal Lado B, com Jairo Alves da Silva, representante do Sinserm, o sindicato dos funcionários públicos municipais e funcionário da autarquia por mais de vinte anos. Comentávamos sobre o poço de água da Praça Portugal e além do poço, disse ali existir um dos maiores reservatórios de água da cidade. Citou a quantidade de litros e afirmou ser essa a solução para Bauru, a abertura de amplos reservatórios de água, de igual ou até maior teor. Explica ser essa a melhor solução, pois daríamos um breque na perfuração e extração de água do Guarani. Ele se mostra desanimado, pois me afirma, a solução está bem diante do nariz dos mandatários todos e de seus administradores, porém agem exatamente ao contrário. Comprei sua ideia, a de um funcionário observador: a solução não é perfurar novos poços e sim ampliar o número de grandiosos reservatórios, como o da praça Portugal. Ou seja, Marcos Saraiva e Suéllen Rosin remam contra o bom senso e insistem em secar o quanto antes as águas do Aquífero. Num dia como o comemorado hoje, o registro precisa não só ser feito, como entendido. Que se breque as perfurações, pois trarão resultados horrorosos no futuro. Mas como barrar a gana de quem está aí com o único propósito de privatizar nossa água?

EM BUSCA DO ÂNIMO PERDIDO, VÁ ATÉ SEU ADELINO
Não me canso de contar por aqui histórias do seu Adelino, o funileiro mais boa praça destas plagas. Hoje pela manhã estava necessitado de recarregar energias e ouvir uns conselhos sobre procedimentos de lanternagem no meio de locomoção. Não pensei duas vezes, ele a pessoa mais indicada para desestressar cidadãos em situação aflitiva ou necessitando de conversa fiada para não travar o prosseguimento da vida.

Chego em sua oficina, atras da antiga Baurucar, hoje Delegacia Polícia Civil e o encontro proseando com amigo em seu escritório, acoplado com sua oficina. Eles riam alto de algo e me junto a eles. Precisava rir. Me aceitam no grupo e percebo estarem ali apartados, não tratando de negócios, mas de reviver histórias vividas. Reconheço quem lhe fazia companhia. Não me lembrava seu nome, mas dele ter jogado no ARCA, lateral direito e volante, junto de Neizinho, Paraguaçu e Mauro. Bira seu nome. Quando me revela seu nome tudo me vem à mente e os tantos jogos ali no campo junto da antiga fábrica da Antarctica. Bira mudou pouca coisa, a fisionomia é a mesma.

Adelino rememorava uma história ocorrida com ele - as possui aos borbotões, pra todos os gostos, basta você contar uma, ele vem com outra parecida e até mais apimentada. Ouvi a dele e a repasso adiante. Tempos atrás ele atendia um cliente, um senhor e seu fusca, quando adentra a oficina um que se achaca importantão, com seu carro importado. Interrompe a conversa e fala do seu carro avariado. Educadamente, como lhe é de praxe, Adelino pede para esperar concluir o orçamento para o senhor do fusca. Passam-se cinco minutos e o cara não aguenta, vira para ambos e diz: "Seu Adelino, eu trouxe meu carro importado aqui e o senhor fica dando atenção para esse senhor e seu carrinho, que nem deve ter grana para lhe pagar". A resposta do Adelino: "Sua indelicadez me revolta. Seu dinheiro é o mesmo deste outro cliente. Por favor, depois do desrespeito para com nós dois, peço que se retire daqui, pois não quero consertar seu carro". O sujeito espuma e diz: "Isso não vai ficar assim, não perca por esperar".

Passados uns quatro anos, esse mesmo senhor, o do carrão importado, aparece num final de expediente e pede se Adelino não pode socorrê-lo, pois bateu seu carro, a roda juntou na lata e não sai do lugar. O funileiro pega seus aparelhos e vai para o local do acidente, resolve o problema, coloca o carro rodando e combinam de irem para a ofina. Vai na frente, permanecendo esperando por mais de uma hora. Resolve ir atrás dele e por fim bate palmas em sua casa. Ele o recebe e diz não levará o carro para reparar lá e este é o troco pelo ocorrido anos atrás. Ou seja, remoeu aqueilo tudo por anos e novamente mostrou quem de fato é. Indignado, pergunto para ele se nada fez, enfim, fez um serviço para o senhor. Na sua calma, sapiência me diz: "Não cobrei nada, mas lhe disse se assim estava tudo certo e nunca mais me encheria a paciência. Com a resposta positiva, virou as costas e foi embora". Não tem como não gostar do ser humano embuttido dentro do jeito de ser deste grandioso Adelino.

Ficamos a conversar por uns quarenta minutos e nada dele me questionar dos motivos de ali estar. Quando me dei conta estava em cima da hora para outro compromisso e só aí me dei conta que não havia iso lá só para papear. Daí, ouço mais umas histórias dele falando do Bira, dos tempos do ARCA, das artimanhas do ex-vereador Walter Costa e das brigas no bar do campo. Vivenciei algumas delas e perdi hora, mas não arredei pé. A conversa por ali é sempre boa demais. Quando estava desistindo, Bira se despediu e Adelino foi me aconselhar em como resolver uns probleminhas no carro. Ele até o presente momento não cobra para dar conselhos e os distribui com precisão cirúrgica, daí saio de lá cien te de ter ganho o dia com aquelas horinhas de prosa. Primeiro, elas me acalmaram e recarregaram, depois em cinco minutos, espiou meu carro de soslaio e o veredicto foi "banana no embornal". Deu tudo certo, mas credito tudo ao fato de ter tido a brilhante ideia de passar por lá e me aconselhar com quem sabe das coisas. Contador de histórias igual a ele não existe por essas paragens e agora, credito mais uma em seu vasto currículo: orientador para assuntos aleatórios. Esses são meus diletos amigos, os com os quais faço questão de não só andar, mas me aconselhar. Por ali não existe monotonia.

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