segunda-feira, 15 de maio de 2023

ALFINETADA (227)


A ESCRAVIDÃO HUMANA ESTÁ BEM MAIS PERTO DE NÓS DO QUE IMAGINAMOS - CITO UM EXEMPLO, MAS OUTROS TANTOS ACONTECEM IMPUNES POR AÍ
Já escrevi por aqui e volto ao assunto: a escravidão está mais presente do que possamos imaginar e em Bauru e região, exemplos pipocam de como os ditos empresários modernos (sic) fazem e acontecem para lucrar cada vez mais, pouco se importando com as condições do trabalhador. Certo que, nos anos de Temer e Bolsonaro, a fiscalização esteve muito frouxa.

Já contei aqui de uma empresária de cidade vizinha que, recebe a informação antecipada de quando a fiscalização passará pela sua cidade e firma, daí naquele dia todos os sem carteira assinada estão dispensados, mas como ela é implacável, cumprem aquele horário de folga no próximo final de semana. Na firma administrada por essa pessoa, a maioria das pessoas não possui registro em carteira e poucos são os que recebem o piso da categoria. Ela, a dona do negócio, faz o que quer com o controle das horas trabalhadas, assim como dos descontos a ser aplicados. Conversei meses atrás com um grupo destes trabalhadores e, a maioria não possui controle nenhum sobre seus ganhos, porém se aquietam, pois segundo me disseram, não existe outro empregador na cidade a lhes dar guarida, caso a cruel empregadora os demita. Estão de mãos atadas e desconfiam da fiscalização. Sacam existir acordos incontroláveis. Indefesos, tornaram-se pessoas tristes, resignadas e apáticas.

Abri minha revista semanal, a Carta Capital, edição desta semana e na capa a temática principal, "Escravidão, Ainda - Assinada há 135 anos, a Lei Áurea é diariamente rasgada". Mino Carta descreve no editorial algo do que escrevi nos dois parágrafos acima: "A arrasadora verdade é que, no Brasil, foi imposta a forma mais feroz e duradoura de escravidão, praticada ao longo de cinco séculos, conforme o propósito dos colonizadores. Até hoje não demolimos a casa-grande e a senzala, e a mansão dos senhores aí está para impor as suas vontades".

A escravidão moderna se apresenta de várias formas e a principal delas é a ocorrida com a flexibilização das leis trabalhistas. Nela, o empregador ganha mais e o trabalhador perde muito da proteção, sua então garantia de décadas de legislação, agora praticamente não mais cumprida. Tomamos conhecimento de marcas famosas associadas ao trabalho análogo à escravidão: Zara, Farm, Animale e M.Officer, além agora das vinículas gaúchas Aurora, Salton e Garibaldi. Aqui na região, além da situação da dita empresária - ela é só um exemplo, outros tantos pipocam pela aí -, o registro em carteira das empregadas domésticas caiu consideravelmente e, pipocam os casos de uso e abuso dessas profissionais, cumprindo horários descabidos e das que dormem no local de trabalho, o pior dos aposentos na casa dos patrões é a delas.

No caso da empresária e demais, a certeza da impunidade faz com que sigam as irregularidades. Segundo o Código Penal, são quatro as modalidades de trabalho escravo: 1.) Forçado, quando as vítimas trabalham sob ameaça e vigilância ostensiva, inclusive armada; 2.) Quando o trabalhador é submetido a condições degradantes no ambiente laboral e de moradia; 3.) Quando a jornada de trabalho é exaustiva e compromete a saúde do trabalhador e 4.) A servidão por dívida, ou seja, obrigado comprar itens básicos do próprio empregador. Hoje, algo já começa a ser feito, mas antes de tudo, como conscientizar pessoas como a dita empresária, para que ganhe menos, mantendo condições no mínimo honestas com os trabalhadores. Não se iludam, no Brasil a escravidão está mais viva do que nunca e em Bauru, muita coisa acontecendo por debaixo do pano.

ANTES QUE O CERRADO DA SEM LIMITES SEJA COMPLETAMENTE EXTINTO
https://agenciabrasil.ebc.com.br/.../agricultoras-de...
Nesta matéria divulgada pela Agência Brasil algo sobre o Cerrado e, consequentemente uma preocupação bem latente aqui pelos lados de Bauru. Parte do território bauruense faz parte de área protegida por lei, impedida de ser devastada por qualquer meio, porém, aqui em outros lugares, sempre em nome deste tal de "progresso", fazem de tudo e mais um pouco para derrubar parte cada vez mais considerável de nosso meio ambiente, tudo para dar vazão a especulação imobiliária. Os interesses neste sentido são sempre grandes e jogam sujo, iludem a população, como se a manutenção do Cerrado fosse algo dispendioso e prejudicial. Pelo contrário, como demonstra o artigo compartilhado, prejudicial mesmo é a continuidade da devastação. Fiquemos atentos e lutemos pela manutenção da preservação.
 Amanhã poderá ser tarde demais.

CALOS NAS MÃOS
"Feira do MST em SP vende 560 toneladas de alimentos e recebe 320 mil pessoas. Mídia ainda critica Movimento. O pequeno agricultor é responsável pela quase totalidade dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro médio. O MST tem grande participação nesta proporção. A feira que o Movimento promoveu no último fim de semana no Parque da Barra Funda, em São Paulo, mostra com números a excelência do serviço prestado por aqueles que transformam terras improdutivas herdadas por vagabundos igualmente improdutivos em benefícios para a população de baixa renda. Mas a mídia, em grande medida oriunda do domínio econômico de escravocratas do passado, prefere incensar o agronegócio que trabalha principalmente para si próprio", jornalista Ricardo de Callis Pesce.

BELAS HISTÓRIAS MERECEM SER COMPARTILHADAS - E POR QUE NÃO ALGO ASSIM TAMBÉM EM BAURU?*
* Essa saiu hoje publicada no Página 12 argentino e conta a história de um cinema de bairro, que felizmente não se transformou em igreja e resistindo, continua a atrair público, movendo também a comunidade. Li e pensei com meus botões: por que não transformar o prédio do Automóvel Clube, da Churrascaria Gaúcha, ou o salão dos Sindicatos Ferroviários (os dois) em algo neste sentido? Movendo interessados, o poder público municipal, estadual e federal e a comunidade se interessando, creio ser possível. Fica a dica a seguir, lendo o texto:

"Tem 123 anos e continua a reunir público em Vicente López
A LONGA E BELA HISTÓRIA DO CINEMA YORK - Nem todos os quartos fecham ou se transformam em templos. O Al York só parou com a pandemia e voltou a ser centro social, cinema e referência no bairro.

O Cinema-teatro York, o cinema mais emblemático do Partido Vicente Lopez, foi inaugurado em 2 de abril de 1910, quando a invenção técnica do cinematógrafo tinha apenas quinze anos. O cinema acolhe hoje ciclos de autor, festivais internacionais e programas educativos como “As escolas vão ao cinema”. Era propriedade de um grupo de vizinhos agrupados na "Sociedade Cosmopolita de Ajuda Mútua", entidade fundada em 1904 para prestar assistência social aos cinco mil habitantes que se reuniam em torno da praça e da ferrovia, quando ainda não existia o Partido. Vicente Lopes.

Em 22 de abril de 1910, apenas 20 dias após sua inauguração, a sala já estava equipada com salão de festas, palco, paraíso, quatro ventiladores e, como protagonista do espaço, uma máquina de cinema. Assim, a Cosmopolitan Society buscava através do cinema criar um ponto de encontro social para os moradores que viviam na região. Na década de 1930, com a invenção do cinema falado e a instalação dos Lumiton Studios em Munro, o prédio passou a funcionar exclusivamente como sala de cinema com o nome de “Select”. A sala cresceu junto com o bairro, junto com os talkies nacionais, e recebeu os numerosos artistas e técnicos audiovisuais que se mudaram para a área para morar perto dos "Locos de la azotea" que buscavam construir uma Hollywood na província de Buenos Aires. 
Em 1993 o edifício foi adquirido pela Câmara Municipal de Vicente Lopez e posteriormente declarado "Monumento Histórico Municipal", deixando a gestão das suas instalações nas mãos da autarquia.

“O York Cinema está sempre cheio. Não importa o dia, o tema do ciclo ou o formato da projeção. Há muita resposta da comunidade. As pessoas estão interessadas em ver um bom material, estão interessadas em ver um bom cinema”, diz Adriano Bruzzese, diretor do Projeto Lumiton. O projeto foi criado em 2015 em conjunto com o Ministério da Cultura para articular tarefas historiográficas e arquivísticas, que buscam resgatar e preservar grande parte do patrimônio cinematográfico nacional, com diversas políticas de acesso que permitam aproximar esse patrimônio da sociedade. Dentro dessas políticas de acesso, o York Cinema ocupa um lugar fundamental.

“Através do projeto procuramos chamar a ver filmes no cinema porque acreditamos que é importante cuidar do contacto, habitar espaços públicos e discutir cinema.” afirma .
O York Cinema-teatro hoje está em um sistema de cinemas alternativos históricos com programas e projetos semelhantes junto com o Lugones Hall, o Malba, o cinema Lorca e o cinema Amigos del Bellas Artes. É um grupo que, no movimento de ruptura com o cinema comercial, concede exibição a filmes sem espaço no circuito tradicional e encontrou um público regular aberto a diversas propostas cinematográficas. York só teve que parar em 2020 com a pandemia e é aí que entra o Projeto Lumiton, que o levou a mudar sua estratégia e recorrer às plataformas lumiton.com.ar para divulgar seu conteúdo.
“Montamos a plataforma e foi ótimo. Porque encontrámos algo novo, algo que ansiávamos e que a própria crise nos permitiu encontrar uma saída. Se todos se sentam para assistir filmes nas plataformas, não vamos virar as costas para eles. Vamos aproveitá-lo para mostrar outras realidades e até aproximá-las de outras províncias. Eu adiciono algo quando tenho o material em uma plataforma e as pessoas podem acessar. Subtrair, tenho certeza que nunca.” ele diz.

Na plataforma, o projeto Lumiton encontrou uma ferramenta que lhe permitiu expandir e, por sua vez, transmitir as suas projeções no York Cinema-teatro, tornando mais complexa a habitual e simplista dicotomia plataforma-cinema. Agora, os moradores históricos do bairro que assistem religiosamente a todas as exibições convivem com espectadores que vêm de toda Buenos Aires para ver e compartilhar o cinema nas salas de cinema. Um espaço cultural e social trincheira".

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