quinta-feira, 4 de maio de 2023

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (177)


REUNIÃO PÚBLICA HOJE NA CÂMARA MUNICIPAL PARA DESVENDAR OS CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO PODER PÚBLICO NA CONTRATAÇÃO DE ARTISTAS - E OS EDITAIS PARA OS VÁRIOS SEGMENTOS? E OS VALORES PAGOS AOS ARTISTAS LOCAIS?
"Hoje promovi uma importante reunião para discutir a valorização dos artistas locais em nossa cidade. Precisamos reconhecer o talento dos nossos artistas e incentivar a contratação deles em eventos locais. Vamos trabalhar juntos para promover a cultura e fortalecer nossa comunidade! Contem comigo! ", Junior Lokadora, realizador da Reunião Pública.

A reunião teve início com a fala do Secretário de Cultura de Bauru, Paulo Eduardo Campos, onde apresentou o que tinha na manga da camisa, somente um Edital endereçado para os músicos da cidade, como se este fosse a salvação da lavoura. Não é, sendo merecedor de muita crítica de todos os que falaram depois de sua apresentação. A imensa diferença entre valores pagos para shows de artistas conhecidos e os de Bauru é desmerecedor para todos na cidade. "Como, secretário, sendo músico consegue se manter indiferente diante de algo tão gritante e sem solução?", diz o músico Paulo Maia. O secretário reage querendo mostrar Paulo ter recebido mais de 40 mil reais só para ele, quando na verdade o valor foi pago envolvendo todas as despesas e outros artistas envolvidos nos editais. Paulo reage e demonstra que seu cachê, diante disso não passou de meros R$ 250 reais. Na sequência das falas o secretário foi até taxado de "desleal". Foi uma saraivada de críticas, vinda do baterista Kennedy, Igor Fernandes, Paulo Tonon, entre outros (as). Este último ainda fez questão de dizer: "Bauru foi reconhecido pela Unesco como local de potencial cultural, algo cujo valor não é reconhecido pela administração municipal".

Aguardo todas as falas e quando chamado pelo vereador Lokadora, da tribuna da Câmara, em resumo, digo algo neste sentido: "Venho aqui representando o PAtrimônio Cultural, que nunca foi reconhecido em nenhum dos editais até então divulgados. Não existimos para eles. Quando teremos algo contemplado nesta administração? Temos três museus municipais, o Ferroviário, o Histórico e o da Imagem e do Som, todos fechados e sem nenhum perspectiva de abrir durante essa administração. Uma vergonha também o Ferrovia para Todos, projeto da composição Maria Fumaça, essa com suas peças sendo roubadas e daí, para não piorar o quadro, guardadas por funcionários do museu. Temos uma Diretoria de Patrimônio Histórico que nada faz, inoperante, pois diante de tantos imóveis tombados pelo Codepac, nenhum acompamento. Nessa semana, o prédio do BTC foi alugado para uma igreja e não existe nenhuma movimentação para saber se irão manter intacto tudo o existente em seu interior. A Casa dos Pioneiros, última residência remanescente dos primórdios da cidade, foi desapropriada e rui a céu aberto. No último pronunciamento da prefeita ela disse que, se alguém da iniciativa privada se interessar por algo desses imóveis, só assim. Não existe política de patrimônio cultural na cidade e nada é feito neste sentido. A situação é desoladora. Como disse anteriormente Igor Fernandes em sua fala, se a prefeita se manifesta contrário a algo na Cultura, certeza nada será feito", foi minha fala. Aproveitei também para lembrar da situação da Cia Estável de Dança, antes com até 16 integrantes e hoje, com cinco, sendo prometido abertura de edital de escolha novos membros e sempre adiado, ou seja, estão enrolando e nada irão fazer. Querem o fim da Companhia, querem o fim da Cultura". Quando terminei, o vereador Guilherme Berriel Cardoso ainda complementou com algo mais da situação dos museus e o secretário, ao passar ao meu lado, resmungou: "Você esteve lá no Patrimônio e sabe como são as coisas". Retruquei de imediato: "Mas fizemos muito e num período sem dinheiro nos cofres da Prefeitura".

De tudo, ainda outras falas e pronunciamentos, todos no mesmo sentido. O servidor da Cultura Ricardo Polettini, a pedido do secretário explica a parte burocrática, os detalhes a ser seguidos para ser contemplado. Paulo Tonon, sempre muito propositivo, ainda tentou uma espécie de conciliação, buscando tirar leite de pedra, acreditando no impossível, crendo que sem um declarado confronto, alguma possibilidade: "Poderiam ao pagar um valor alto para um artista famoso, ter algo em lei, que o mesmo valor seria destinado para ser dividido com artistas locais, em poposituras a ser pensadas". Quase ao final, ele pede um aparte de um dos no microfone e faz um desabafo: "Eles não fazem nada, NADA". Não pude ficar até o final, mas de todas as falas algo bem nítido e transparente, não será com editais específicos como o apresentado, atendendo só uma demanda e assim mesmo, parcialmente que a Cultura será valorizada e respeitada. Aguardo meus colegas lá presentes se pronunciarem sobre a parte final, se sairam de lá com algo de concreto para o futuro, pois o presente está um horror. Por fim, parabéns ao vereador Lokadora, pela propositura corajosa de debater a Cultura, doa a quem doer.
OBS.: As fotos aqui publicadas são minha autoria e de Pedro Romualdo.

ENFIM, O QUE SE QUER COM ESSE TAL DE "CONVERSA NA FEIRA"
A "coisa" aí fora ferve, a lusitana roda e eu, enquanto poderia estar discutindo coisa mais séria - aliás, o que é isso de seriedade? -, venho cá para propor um outro tipo de revolução - não seria evolução? -, essa envolvendo os que rodam/circulam pela feira dominical bauruense, mais precisamente seu reduto mor, a Feira do Rolo e sendo ainda mais específico, a banca de livros e discos do Carioca. Por ali, algo circula, floresce e acontece. Há décadas o reduto é ponto de apoio, de passagem e de permanência de muitos no domingo, pouco antes do almoço - alguns ficam até muito depois.

Eu, HENriquieto, como sempre, na semana passada lá na banca, pego - e compro - um livro do escritor e jornalista Jorge Caldeira, o "101 Brasileiros que fizeram História" e quando olho pro lado o professor de Filosofia FABIANO FERREIRA, também frequentador do lugar. Falamos do autor e de seus livros, verdadeira conferência em pleno escaldante sol, quando ele me faz um discurso sobre o Barão de Mauá, um dos 101 e logo a seguir sobre o Mattarazzo e suas indústrias, uma até em Bauru.

Hablamos pelos cotovelos, juntou gente, um gaiato passou e de longe, apontou Fabiano dizento em alto e bom som, "cuidado com ele". Adorei a interação e junto do espevitado professor, bolei de todo domingo, a gente marcar presença e gravar um programinha com falas aleatórias, pegando os frequentadores e alguns convidados e os colocando na roda, não para falar deles, mas de algo surgido ali no calor dos acontecimentos, ou seja, de surpresa. Surgirão convidados, mas o inusitado será a mola mestra da coisa.

Assim nasceu e deve vicejar o CONVERSA NA FEIRA. Ainda no domingo, passei na banca da Ilda, essa do outro lado da cidade, junto do Aeroclube e me veio também a ideia de fazer outro, o CONVERSA NA BANCA, com o público que também viceja por lá todo domingo, quase no mesmo horário da feira. Depois, sonhei com outros e a coisa não mais saiu da minha cabeça. O Fausto Bergocce criou a logo e agora estou em busca de quem me ensine a fazer a gravação semanal, não só publicada na minha página do facebbok, mas também colocá-la no Youtube e transformá-la como programa semanal de TV, ao estilo do saudoso Abertura e do Jornal de Vanguarda.

A experimentação inicial acontece neste domingo. Eu e o filósofo professor daremos o pontapé inicial e depois, vingando, teremos mais uma semana para pensar no prosseguimento da coisa. Já tem até um banner sendo confeccionado para ser fixado no local, identificando onde vai ocorrer o furdunço. Quem tiver guardasol que o traga, pois quase sempre o bicho calorento pega por lá. Não estou convidando ninguém e sim, que interessados sintam o clima, vejam com o que faremos, se dali por diante, pinte um clima mais coletivo e embrulhemos o domingo, sempre depois das 10h e nunca depois das 11h, lá no já point de encontro.

ENTENDENDO MELHOR O ADIAMENTO DA VOTAÇÃO DA LEI SOBRE REGULAR AS REDES
"O tempo das redes é o tempo dos influencers, ou, no bom português, influenciadores. Essa é uma categoria de pessoa que apareceu nas plataformas sociais tendo como objetivo vender coisas. Roupas, bolsas, joias, panelas, o que seja. O negócio deu certo e há gente que vende coisas com milhões de seguidores. Aí começaram a aparecer influenciadores de ideias, no geral coisa rala, mas que pega direto na pleura. Então, sem maiores explicações ou conhecimento alguém pode falar dos temas mais complexos e angariar milhões de seguidores, mesmo que só tenha lido as orelhas do tema em questão. Isso quando não inventam teorias mirabolantes sobre a realidade. É uma matilha que cresce na internet de maneira vertiginosa.

A coisa é tão doida que sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos procuram seguir o exemplo fazendo o jogo das grandes empresas que controlam essas plataformas. Ou seja, em vez de informar ou formar, desinformam e alienam. Há uma corrida desesperada para entender os algorítmos, para disputar espaço com esse povo que vende coisas, que chega a ser assustador.

Claro, o quadro social não é tão simples. Há influenciadores que só vendem coisas, há os que mentem descaradamente, há outros que vendem coisas e um modo de vida, uma ideia, há outros que verdadeiramente estão tentando passar informações relevantes para que os seguidores entendam a realidade. Mas, no geral, quem sai da lógica da dancinha, do vídeo engraçadinho e se aventura a divulgar temas que realmente tocam nas questões estruturais da sociedade, tá lascado. Não tem seguidores. Ou tem poucos, considerados irrelevantes para o sistema.

Bom, se formos lembrar os tempos em que não havia a rede, a coisa não era muito diferente. Pessoas com pensamento crítico pouco eram chamadas para entrevistas na TV, no rádio ou no jornal. Quem dominava a cena midiática eram os apoiadores do capital. Apenas a plataforma tecnológica era outra. Claro que nos tempos atuais a coisa assusta pela proporção. Uma bobagem dita na rede tem alcance mundial. Mas, a realidade de fundo pouco mudou. Os que recebem mais visibilidade nas plataformas são os “sacerdotes do capital”, para usar uma expressão de Álvaro Vieira Pinto que, aliás, tem uma obra imprescindível para a gente entender a tal da tecnologia.

Agora, estamos nessa de discutir, muito velozmente, o lance da regulamentação das chamadas “grandes plataformas” ou como preferem os fãs da língua inglesa, as Big Techs. Nas redes da ultra direita a mentira rola solta. Falam em censura, em cerceamento da liberdade e toda essa pataquada que foi hegemônica no governo do militar. Um discurso que pega na massa.

Ora, regular não é censurar. Por isso há regras no trânsito, regras para o convívio social etc... São regras para que a coisa possa fluir com segurança. Como as grandes plataformas permitem o festival de mentiras, injúrias, preconceitos, e outros crimes contra a pessoa e a sociedade, é óbvio que precisam de regulamentação.
Ocorre que as grandes plataformas são os “bispos” do capital. São o braço armado do sistema que se articula em escala global e elas não querem ser reguladas por ninguém. Consideram-se acima da lei e de todas as regras. Vendem os dados das pessoas, espionam, inoculam veneno e tudo bem, é isso mesmo. Existem para isso.

Agora é ver como se comportam os outros sacerdotes do capital, deputados e senadores, conhecidíssimos por sua lealdade à classe dominante, aos interesses do capital. Alguém arrisca um palpite?

Enquanto isso, nós, da esquerda, temos uma comunicação ineficaz e o governo dito progressista tampouco se esforça para verdadeiramente informar a população. Não há um projeto para comunicar e o discurso da direita é o que prolifera em velocidade estonteante.

O que vamos ver então é um tema dessa importância ser votado de maneira veloz, sem debate com a sociedade. Assim, seja lá o que for decidido lá no Congresso vai permanecer incompreensível para a maioria da população, para os trabalhadores. Alguns, capturados pela direita, seguirão acreditando que querem censurar e cercear o direito de cada um dizer o que quer, e o pessoal da esquerda vai acreditar que com essa lei as grandes empresas internacionais vão deixar de divulgar a mentira.

Difícil demais isso aí. Porque nem é censura, nem as tais plataformas vão deixar de disseminar sua ideologia. Pode dar uma travadinha sim, mas será temporário.
Texto de minha amiga, a professora de Florianópolis ELAINE TAVARES.

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