* Eis meu 115º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição de hoje:
Bauru vivenciou por este dias alguns trágicos momentos de destruição de edificações no seu, considerado centro velho da cidade e deles quero me ocupar, comparando com algo a ocorrer em outras localidades. Noto pelos escritos do jornalista Sergio Moraes no DEBATE, sua preocupação pela preservação de algumas edificações, muitas também em plena transformação também aí em Santa Cruz, como por todos os demais lugares. Uns se preocupam com a preservação, outros já nem tanto, querem ver no local, algo dito e visto como “moderno”, sem se importar com o passado e o que ali vicejou por bom tempo.
Mais do que sabido, vivenciarmos um presente nada auspicioso, enfim, hoje sintetizado na tentativa de lutar contra a sensação de desolação sobre o mundo. Tudo mudou, mas algumas mudanças incomodam e dentre elas, mais do que perigoso cairmos todos no pessimismo que nos convida a uma forma profundamente nostálgica de política. Perigoso, na falta de um futuro melhor, fetichizarmos um passado imaginário, submetidos, muito pelas redes sociais, a uma leitura do mundo que induz à ansiedade e à política disso decorrente.
O primeiro parágrafo podem me dizer, não ter muita coisa a ver com o segundo, mas tudo está mais do que entrelaçado. Eu, por exemplo, não desisto dos meus sonhos e não entendo o futuro pondo abaixo o passado, principalmente o que nos levou ao estágio atual, a fonte do progresso da aldeia onde vivemos, escolhemos passar nossos dias, ou mesmo, sem escolher, ali estamos fincados. Eu não consigo pensar no futuro, simplesmente destruindo o passado e tudo isso feito sem nenhuma boa perspectiva, sem um planejamento, uma proposta alternativa viável e justificável.
Em Bauru, na atual administração da fundamentalista Suéllen Rosim não existe diálogo entre as partes, pois tudo o que aqui acontece passa somente pela sua cabeça e a dos seus, pensando igual a ela. Nada o mais. Estes decidem o que é certo e errado, muito também com os ditames propostos pelo pregado nos púlpitos religiosos que estes frequentam. Não dá para administrar uma cidade deste jeito. Evidentemente, a tendência é dar errado. A desolação vem daí, deste sentimento de que, muitos dos atuais governantes perderam o bom senso na hora de colocar em prática suas ações. O passado pode ter sido bom, o futuro nem tanto, mas nem por isso deixarmos de sonhar, pois algo precisa mudar, do contrário, a pergunta, onde vai dar isso tudo?
Derrubar edificações é fácil, basta mandar o trator colocar abaixo. Mas e depois, o que virá no lugar? Um momentâneo estacionamento para autos, como proposto por aqui, algo que, pode se eternizar por muitos anos, enfim, administrações terminam e logo ali, na virada da esquina, surgem outras. Derrubar por derrubar, sem nada de concreto no lugar ou uma mera ideia, como Suéllen propõe para Bauru, um local para abrigar os camelôs. Nem estes foram ouvidos, muito menos a comunidade, os moradores e envolvidos com a região. Tudo ideia dela, sem respaldo ou mesmo critérios, estudos. Ela acha que deve ser assim, escuta no máximo a reverberação de súditos pelas redes sociais e isso lhe basta, bota abaixo. Que o mesmo não ocorra aí por Santa Cruz. A ação dela, aliás, é exatamente como Bolsonaro agia, derrubava, mandava mudar a lei quando edificações antigas interferiam nos interesses de seus endinheirados seguidores. Jeito estranho e condenável de fazer política.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).
RESPOSTA PRA QUEM QUER "DESTOMBAR" TUDO NESTA CIDADE
A atual alcaide municipal foi lá na praça Machado de Mello com um trator, derrubou o que pode e desta forma deu continuidade na sua política higienista, algo pouco compreensível para quem está, no mínimo, acostumado com amplo debate antes da ação destruidora. Nada disso ocorreu em Bauru, mas mesmo assim, muitos a defendem. Certo que, a maioria destes não possuem informações de fato sobre sua política e a elogiam, mais por fazerem parte de seu grupo político, staff ou mesmo, bajuladores.
A atual alcaide municipal foi lá na praça Machado de Mello com um trator, derrubou o que pode e desta forma deu continuidade na sua política higienista, algo pouco compreensível para quem está, no mínimo, acostumado com amplo debate antes da ação destruidora. Nada disso ocorreu em Bauru, mas mesmo assim, muitos a defendem. Certo que, a maioria destes não possuem informações de fato sobre sua política e a elogiam, mais por fazerem parte de seu grupo político, staff ou mesmo, bajuladores.
Na edição de final de semana do Jornal da Cidade, 24 a 26/06, na Tribuna do Leitor um destes, Roberto "general" Macedo, que além de desacreditar na revitalização da área central, tece comentários despropositados e sem nenhum conhecimento técnico. Tudo na base do chutômetro - e como chuta mal, o missivista do jornal. Escrevendo sobre o Hotel Milanesi, já devidamente lacrado há meses, afirma que "hoje serve de refúgio a drogados, nóias e trombadinhas, que arriscam sua vida entre cacos de parede que podem ruir a qualquer momento matando não só essa ESCÓRIA que ali habita...". O cara é pérfido, diria mesmo, doente, pois enxerga os moradores em situação de rua como "escória", como escreveu.
Além da visão distorcida, fora de sintonia é perigoso. Depois ataca o tombamento feito pelo Codepac: "Uma vergonha esse tombamento, ninguém, nem a Prefeitura nem iniciativa privada pode fazer algo com aquela ruína enfeiando o local, tem que 'destombar' e demolir pra depois pensar e planejar no que fazer para revitalizar o centro da cidade". Compreensível, para alguém, cujos textos primam sempre por algo neste sentido, uma descompreensão do papel das cidades no todo. A única coisa compreensível no seu texto é quando tece críticas para o tal Shopping Popular, pretendido pela alcaide, pois no mais, continua o festival de desinformação e perniciosidade. Sugere o destombamento do citado hotel como solução inicial e diante do conjunto da obra, melhor esquecer tudo, desconsiderar e tratá-lo como alguém, necessitando de qualificação. Não sei nem se valeria a pena indicar leituras, melhor aprofundamento antes de emitir tanta baboseira como ideias e propostas.
Estarrecido, o mínimo que faço neste momento é relembrar de algo lido décadas atrás na apresentação do livro "Os dez dias que abalaram o mundo", do norte-americano John Reed. Este presenciou a Revolução Russa de 1917 e Lênin, o revolucionário dirigente assumindo o governo, antes de tecer comentário sobre o dito no livro, fez algo simples: leu a obra, a entendeu e só depois a comentou. Seu comentário faz parte da abertura da obra, na forma de curto prefácio: "Com imenso interesse e igual atenção li, até o fim o livro de John Reed. Recomendo-o, sem reservas, aos trabalhadores de todos os países. É uma obra que gostaria de ver publicada aos milhões de exemplares e traduzida para todas as línguas, pois traça umquadro exato e extraordinariamente vivo dos acontecimentos que tão grande importância tiveram para a compreensão da Revolução Proletária e da Ditadura do Proletariado. Em nossos dias, essas questões são objetos de discussões generalizadas, mas, antes de se aceitarem ou de se repelirem as ideias que representam, torna-se necessário que se saiba a real significação do partido que se vai tomar". Lênin foi magistral e desta forma, faço uso para dar uma lavada no tal "general", diante do tacanho pensamento apresentado em suas missivas, nada progressistas, avançadas ou, no mínimo, justas. Será que algum dia já leu algo a respeito de "tombamentos" ou também, como a prefeita, segue dando pitacos movido somente pela ideia higienista que possuem em mente? Não preciso nem conferir para ter a certeza, não leu e não lerá nada, mas chuta muito.
Obs.: Não consegui o link da missiva, antes tão fácil no site do jornal, hoje tudo dificultado por lá.
Obs.: Não consegui o link da missiva, antes tão fácil no site do jornal, hoje tudo dificultado por lá.
Estar num local e conversar sobre a passagem de Antonio Pedroso Junior entre nós é salutar, um primor.
Será nos próximos dias.Encontro reelembra 02 anos sem Pedroso.
Antonio Pedroso Jr, Chinelo, como era conhecido, foi um histórico militante político de esquerda e escritor. Seus livros narram as lutas de brasileiros que a ditadura perseguiu.
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