sexta-feira, 9 de junho de 2023

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (176)


CHANCES DO PT E DOS DEMAIS PARTIDOS ENFRENTANDO A REELEIÇÃO DE SUÉLLEN ROSIM
Avaliacões sobre o que temos em mãos e o que virá pela frente na política bauruense. E a esquerda?:

"O problema, Henrique, na minha modesta concepção, vai além... Temos em Bauru uma esquerda fraca e dividida sem nenhum nome realmente expressivo... Se fizermos uma enquete nas ruas, talvez o único nome que será lembrado é o da Estela e olhe lá... O PT está engessado, fechado para toda e qualquer mudança.... No mais, o que vejo são discursos herméticos e protestos singelos, típicos da esquerda romantizada da adolescência ou das mesas de barzinho... Não vejo o surgimento de um grupo forte e amplo de debates, muito menos um estudo mínimo de propostas de um governo de esquerda em nossa cidade... E assim, de eleição em eleição, vamos elegendo não os competentes, mas os populares... O Zé Tonho da Vila Tal, o Chicão do Gás, o Fio da Zefa do PA... Alguns até saídos do meio do povo, mas sem qualquer convicção ou formação política... Gente que quer apenas "se ajeitar"... Para começo de conversa, o PT tem a única vereadora e a pergunta é,: como são escolhidos os assessores? Há espaço para formação/atualização das lideranças?... Vamos ficar sempre à mercê de um único nome ou de nomes sem expressão?... Vou além: se ganhassemos hoje uma eleição, qual projeto teríamos para a cidade? Nenhum. É provável que ficassemos nos debatendo entre nós mesmos com as tradicionais picuinhas pessoais que nunca nos levaram a nada... Em algumas discussões que tive, fui até indelicado, mas certeiro: temos muitos Che Guevaras de Diretórios Acadêmicos, Olgas Benarios em rodinhas de prosa, Mariguella de Whatsapp... mas nada além disso...",
BENEDITO FALCÃO

"Considerando que estamos em um pasto bandeirante, temos muito, companheiro. Precisamos ir além da rede pelo indivíduo e buscá-la integrar à realidade pela lógica coletiva. Escrever e atuar por partido, buscar lideranças, ser vanguarda. Você mesmo é um homem virtuoso e essencial para uma agenda de esquerda local. Porém, assim como você, conheço vários capacitados que, porém, estão mergulhados num desencantamento alienante fruto do que vivem a denunciar. Penso que precisamos sair da zona de conforto, militar construindo quase que do zero e persistir. Só a longo prazo irá acontecer; infelizmente, mas acontecerá! O contexto social se tornará ainda mais caótico, e não trato de exoterismo, mas de realidade, da lógica neoliberal utilizando-se da necropolítica, que parece ter vindo para permanecer até que o tecido social se rasgue de vários modos, tornando-se impossível recuperá-lo com reformas ou políticas pontuais. Será a hora da grande política e precisamos nos preparar. 08 de janeiro foi apenas um ensaio bizarro de algo que poderia ser muito mais trágico. A vanguarda é mais do que nunca necessária",
THIAGO COLATTO.

NÃO PERDER A IRREVERÊNCIA E NEM A PICARDIA, JAMAIS
Dias atrás, após a publicação de algo de minha lavra sobre o radialista (sic) Reinaldo Cafeo ter chamado a alcaide Suéllen Rosim de “ninfeta no prostíbulo”, recebi alguns toques, diria mesmo, puxadas de orelha, por não ter produzido algo de uma forma irônica, recheado de picardia e muita irreverência, como se fazia no passado e hoje, a imensa maioria, todos cheios de não me toques, cada vez mais contidos e encostados na parede, como manda o figuro do politicamente correto.

Eu, como sabem, sou fruto d’O Pasquim, que comecei a ler aos 13 anos, em 1973, quando comecei a estudar na Escolinha da Rede. O que via ali fluindo era a picardia para tratar com os poderosos de plantão, naquela época o perverso regime militar. A rapaziada do Pasquim não pegava leve. Imagino hoje gente com a verve de um Tarso de Castro, Fausto Wolff, Henfil ou mesmo Luiz Carlos Maciel, para citar os mais ousados, se vendo à frente com o ocorrido aqui dias atrás. Não perderiam a piada e, diante de tudo o que a prefeita já aprontou com a cidade – negacionismo diante da pandemia, compras de imóveis na bacia das almas, o desencantado Palavra Cantada, ligação umbilical com Bolsonaro... -, em hipótese nenhuma ousariam em defende-la. Eu não a defendi, mas, confesso, peguei leve, pois ela não tem motivo algum para se dizer perseguida por ser mulher. Longe disso. Acompanho as críticas, vinda de todos os lados, inclusive da direita mais brava da cidade, mas pegam no seu pé exatamente pelos seus atos. Ela se faz de vítima, mas não cola. Merece todas as bordoadas, advindas de todos os lados e matizes.

Recebo de dileto amigo: “Tem que ser muito imbecil para achar que o cargo, a profissão é uma entidade separada do indivíduo, não meus caros, não dá para dissociar a prefeita da mulher, da humana como queiram justificar porque a prefeita se trata de um indivíduo. (...) Se querem ter um "olhar humanitário" que olhem diariamente para a classe trabalhadora que é composta por indivíduos diversos que são todos os dias explorados, oprimidos por uma sociedade nada humanitária... olhem para os sem-teto, para as mães que não podem sair para trabalhar porque não há vaga nas creches para todas as crianças, olhem a merenda, a comida que falta na mesa de crianças e adultos, olhem para toda a corrupção que sucateia serviços públicos para dar grana ao setor privado, olhem para o negacionismo e as vítimas da covid cuja prefeita tem culpa no cartório. Onde estava a humanidade dela todo esse tempo?? Deixou para ser prefeita?? Quantas vidas humanas teriam sido poupadas se tal mulher não fosse a prefeita? Ter mais respeito?? Respeito pelos que sofrem nas mãos de gente que conduz a administração pública, respeitar opressor, jamais. Pela lógica dessa turma então antes de xingar o Hitler, temos que ver que antes de ser Fuhrer, havia um humano...”.

Outro me posta o seguinte: “O ponto que quero tocar aqui, e talvez o principal ponto, é que o que motivou meu amigo a prestar incabível solidariedade, é reclamar do uso de palavras de "baixo calão"... antes de escrever este texto, fui pegar meus livros de charges que vai desde o Pasquim até o Charlie Hebdo, também de escritores que usam do deboche para fazer crítica política, aí fui lembrar também de quadros do Chico Anísio, Jô Soares, letras do Ratos de Porão, apresentações do George Carlin e tantos outros que sempre me inspiraram na acidez e no deboche com figuras políticas. Parece que hoje, nenhum deles passaria pela fina etiqueta exigida na crítica política e social. (...)Meu amigo não percebe, mas como ele mesmo já escreveu outras vezes que precisa se "policiar" mais com as palavras que escreve, se torna também um conservador, aceita toda essa intoxicação ideológica importada dos democratas 'by USA', imagino o quão deve ficar horrorizado então com meus textos, meu linguajar 'chulo' e de 'baixo calão'”.

Um terceiro, ainda mais incisivo me alerta: “A prefeita que é de finas palavras, esteve ao lado da maior barbárie sanitária provocada por um governo brasileiro que fez de tudo para levar o máximo possível da massa trabalhadora à morte. (...) E o irônico disso tudo é que a alusão que o pseudoeconomista fez com "ninfeta de prostíbulo" não está fora do que realmente representa a administração pública da cidade. (...) O único baixo nível presente hoje no debate político é a falência intelectual em que nos encontramos. Chegamos ao mais puro conceito orwelliano, criaram um Ministério da Verdade, não num governo, mas em cada um de nós onde se pratica a própria autocensura, cria-se uma novilíngua mas as bases materiais da sociedade continuam as mesmas, aprofundando a exploração, a desigualdade social”.

Assimilei o golpe, desferido a mim, mas não abaixo da linha da cintura, ou seja, mais do que compreensível. Reproduzo o que recebi, pois não existe como contemporizar, minimizar, muito menos elogiar ou se sentir condoído com, nem um nem outro, pois ambos representam a atual degradação da política e das atitudes dos seres humanos entendidos como alinhados na defesa de boas causas. Sento neste momento aqui em casa, rodeado de velhas publicações, desde o Pasquim ao Planeta Diário e Casseta Popular. Nenhum deles pega leve com Suéllens e Cafeos. E por que eu o faria? Ou seja, não farei mais.

Antes de fechar o texto, reproduzo algo mais recebido: “Prefiro ver e comentar a queda da inflação, o dólar caindo, a diminuição do desmatamento, a queda do desemprego e do preço dos combustíveis, melhoras na Educação, afinal o Brasil não virou Venezuela, não fechou nenhuma igreja, não temos nenhum banheiro unissex nas escolas e as reformas estão caminhando. Dallagnol perdeu o mandato, Daniel Silveira está na cadeia, Roberto Jefferson está preso e a Papuda está cheia de patriotário. Na fila dos tribunais Zambelli, Ricardo Salles, Moro e Bolsonaro. Este o Brasil que gosto. Estes dois aí se merecem e não merecem nenhum tipo de elogios”.

DE QUE LADO VOCÊ PUXA?
O medo de cada um. Cartum de Paula Villar na edição de junho da piauí. Veja a série completa: https://piaui.co/3oMf0a4

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