DIAS DE FERIADOS SÃO BONS PARA REFLEXÃO PESSOAL: O QUE TEMOS, ONDE ESTAMOS E O QUE AINDA VIRÁ PELA FRENTE...“Os seus textos são fortes lamentos, sentimento de indignação, mas também sentimento de impotência”, recebo um feedback de alguém que me lê. Reflito sobre isso. Sei, as vezes sou até melancólico. Minhas últimas reflexões são assim mesmo, doloridas, enfim, vejo que, mesmo labutando e lutando como o faço – e outros tanto com igual ou maior teor -, pouco temos conseguido mudar dentro do panorama deste país. Sei, estamos perdendo a contenda, mas como não desisto, mesmo em desvantagem, busco caminhos, alternativas. A impotência para modificar o que vem se consolidando dói demais, aliás, me dilacera por dentro e por fora.
Ainda sonho em transformar este mundo em algo muito mais palatável do que a situação onde se encontra hoje e, pior, para onde está se encaminhando. Quando vejo no que Bolsonaro estava transformando este país, perco o sono. Aquilo tudo foi estancado, tomara não momentaneamente. Quando vejo o que Milei consegue implantar na Argentina, antes o país mais culto desta América Latina, dói mais, pois prevejo que algo similar ou até pior pode muito bem acontecer aqui. Num outro local leio faltar muito pouco tempo para sermos dominados, governados por um desgoverno teocrático, do tipo fundamentalista absoluto, mudando tudo.
Vejo em tudo já isso acontecendo. Essa implantação das escolas militares é algo irreal dentro da concepção educacional transformadora de mentes. É não contestar mais, seguir como manada, numa total censura a qualquer tipo de pensamento crítico. Vão enterrar de vez qualquer possibilidade de formação humanista. O que vejo se espalhando pelo país como uma espécie de praga, mil vezes pior que a de gafanhotos é essa negação da individualidade, colocando em seu lugar a lógica dos quartéis, hoje todos muito bolsonarizados.
E isso tudo vai sendo implantado sem grandes contestações, sendo engolido a seco. A grita acontece, mas está reduzida, diminuída, cada vez mais concentrada em pequenos grupos. Gente corajosa para enfrentar a bestialidade ainda existe, mas a aderência é cada vez maior de gente disposta a estar junto, colocar sua cara à tapa. Daí, a boiada vai passando, levantando poeira e tudo o mais sendo devidamente envolvido. Eu continuo militando num partido político dito e ainda visto como de esquerda, o PT. Tenho ao meu lado companheiros aguerridos, porém, nós todos já não somos os mesmos de antes. Algo se perdeu na poeira da estrada. Precisamos mais e mais de continuar lutando, mas cada vez com menos gente e menos ímpeto. E o lado de lá se fortalecendo.
Seria isso o algo do sentimento de impotência que alguém enxergou nos meus escritos? Eu escrevo, pois não me conformo. Quero continuar na lida e luta, mas a força contrária é cada vez mais incomensurável. Penso muito no que virá depois de Lula e aqui na minha aldeia, no que virá depois de Suéllen. Ela foi e é um divisor de águas da incompetência coletiva. Tínhamos uma esquerda e uma direita em confronto e quando ambos abriram os olhos, no poder uma fundamentalista rindo na nossa cara. Dentro do meu partido e sei que, em outros acontecem o mesmo, estamos divididos, rachados, muitos já perdidos, com interesses pessoais prevalecendo sobre o ideal de luta, fazendo algo pior do que tudo o que se critica no adversário e mesmo no inimigo. Muitas vezes o inimigo está coladinho da gente, supostamente lutando (sic) pelo mesmo que a gente. Estamos nos enganando a nós mesmos e do outro lado, mesmo também interesses diversos, ganhando terreno e ocupando espaços.
Se a traição ocorre aqui dentro do partido milito, quando deveríamos todos estar unidos, coesos numa luta contínua contra o inimigo maior, fico dividido entre lutar para extirpar o mal aqui dentre os que querem impor candidatos ligados à direita para encabeçar chapas, enquanto deveríamos estar revolucionando a cidade. Como revolucionar o mundo se dentro do lugar onde escolhi para lutar tem gente infiltrada e já prestando serviço para o outro lado? Sim, confesso, tudo isso são lamentos, indignação e muito também de impotência. Estaremos todos precisando de um Viagra? Quem sabe. Um Viagra que nos faça abrir os olhos, pois mesmo cansado, encontrando desculpas para tudo, o jogo não está definitivamente perdido e quando este dia chegar – se chegar -, como já estou dobrando o Cabo da Boa Esperança, não devo pensar em mim, mas nos que aqui ficarão. Luto por mim e por estes, enfim, poderia entregar os pontos e tocar o que me resta de tempo de vida para coisas mais amenas, mas não consigo,ficaria um velho triste, acabrunhado consigo mesmo e morreria até antes do tempo. Luta e resistir é preciso!
algo do que virá pela frente
HISTÓRIAS TRISTES ME COMOVEM - O LADO MAIS PERVERSO DAS PRIVATIZAÇÕES SÃO O DESTINO DAS PESSOAS ENVOLVIDAS NO FUNCIONAMENTO DO ATÉ ENTÃO MODO DE FAZER EXISTENTEA emocionante despedida do último funcionário dos correios de Gualjaina, Rogelio Hub, último funcionário dos correios do Correo Argentino na cidade de Chubut, foi demitido em meio a aplausos e lágrimas dos moradores locais. Já são quase 3 mil funcionários da estatal que foram obrigados a abandonar os seus empregos no âmbito da estratégia de reprivatização de Javier Milei. Entre lágrimas e aplausos, os moradores da localidade de Gualjaina, em Chubut, despediram-se de Rogelio Hub, último funcionário dos correios do Correo Argentino que funcionava naquela cidade e que o governo de Javier Milei decidiu encerrar no âmbito das suas políticas de desintegração do Estado.
O homem trabalhou durante 25 anos naquele local localizado no departamento de Cushamen, a noroeste da província patagônica de Chubut. Ontem completou a jornada de trabalho e no final fechou a porta e entregou as chaves à autarquia e depois regressou à sua vida quotidiana, mas como desempregado. A história de Rogelio Hub se junta à de Javier Alejandro Villoldo, último funcionário do Correo Argentino no Corcovado , e à de muitos outros que foram demitidos. Os moradores de Gualjaina vieram aos correios cumprimentar Rogelio e agradecer-lhe pelos anos de serviço. Deram-lhe uma placa que o lembra como o carteiro local, depois aplaudiram-no e alguns abraçaram-no. Ele saiu chorando, levando consigo a bicicleta presa ao trailer onde carregava os embrulhos. Ele não teve escolha senão aceitar a retirada voluntária que expirou ontem, devido ao fechamento do escritório. Rogelio é um dos quase 3.000 funcionários do Correo Argentino. Eis o link da matéria do diário argentino Página 12: https://www.pagina12.com.ar/740891-sin-cartas-en-gualjaina-echaron-al-ultimo-empleado-de-correo?utm_source=facebook&utm_medium=dlvr.it
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