MEMÓRIA ORAL (6)
Comprei a revista Piauí nº 13 (edição de 1º aniversário) novamente contrariado, pois sei que o seu conteúdo é mais direitoso do que aparenta, verdadeiro lobo na pele de cordeiro. O faço para ver até que ponto chegam os disfarces. Essa edição não está das piores, pois já houveram piores. Algo se destaca logo de cara, um perfil do delegado Alexandre Neto, do DAS do Rio de Janeiro, o popular Siri na Lata (já viram siri na lata, faz um barulho do cacete), que conheci e do qual me tornei amigo. Gostei do que li e como havia feito o mesmo tempos atrás, ou melhor, logo após a tentativa frustrada de assassinato que sofreu por se insurgir contra os desmandos de uma polícia cada vez mais desviada do seu caminho. A matéria da Piauí está nas bancas e o meu texto do mês de Setembro, está publicado aí embaixo. Confiram:
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UM DELEGADO NA LINHA DE TIRO
Em janeiro desse ano conheci Alexandre Neto, um dos delegados da DAS -Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na verdade, já nos conhecíamos desde 2001, quando havia vendido a ele uma máquina de chancela, aquele aparelhinho que grava sua marca pessoal em alto relevo no papel, dificultando adulterações em documentos, etc e etc. Alexandre havia feito uma com um brasão familiar. Já nem lembrava dele direito, quando em janeiro desse ano toca o telefone lá de casa e do outro lado uma voz das mais jocosas e brincalhonas, me cobrando o sumiço e da dificuldade em me localizar. É que mudei de telefone e ele não tinha o novo. Acabou me localizando pelo endereço, com ajuda da companhia telefônica. Verdadeiro trabalho de quem trabalha na polícia. Foi pura coincidência, pois naquele mesmo mês estava saindo de férias no meu emprego público e de malas prontas para passar dez dias no Rio de Janeiro. Iria conciliar trabalho e lazer, levando junto comigo o filho, de 13 anos e me hospedando na casa de um velho amigo, o cantor e compositor Tito Madi.
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UM DELEGADO NA LINHA DE TIRO
Em janeiro desse ano conheci Alexandre Neto, um dos delegados da DAS -Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na verdade, já nos conhecíamos desde 2001, quando havia vendido a ele uma máquina de chancela, aquele aparelhinho que grava sua marca pessoal em alto relevo no papel, dificultando adulterações em documentos, etc e etc. Alexandre havia feito uma com um brasão familiar. Já nem lembrava dele direito, quando em janeiro desse ano toca o telefone lá de casa e do outro lado uma voz das mais jocosas e brincalhonas, me cobrando o sumiço e da dificuldade em me localizar. É que mudei de telefone e ele não tinha o novo. Acabou me localizando pelo endereço, com ajuda da companhia telefônica. Verdadeiro trabalho de quem trabalha na polícia. Foi pura coincidência, pois naquele mesmo mês estava saindo de férias no meu emprego público e de malas prontas para passar dez dias no Rio de Janeiro. Iria conciliar trabalho e lazer, levando junto comigo o filho, de 13 anos e me hospedando na casa de um velho amigo, o cantor e compositor Tito Madi.
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Fui interrompido pela chegada do Alexandre. O astral da delegacia mudou, pois o cara possui uma comunicação diferenciada. Cativa logo de cara. Foi híper simpático, fechamos à venda da chancela, logo indicando outro colega, também delegado, que assim como ele, comprou, com ambos pagando uma porcentagem adiantada. Nas entrelinhas notei estar do lado contrário aos desmandos todos e desvios ocorridos na administração passada da Polícia Civil carioca. Chegou a tocar no caso Lins e deixou claro o quanto aquilo tudo o incomodava. Com certeza, o mural tinha a cara dele. Falamos sobre Copacabana, Tito Madi e me encheu de indicações para futuras vendas. Sai de lá com uma certeza, o cara pertencia a linhagem da polícia que ainda se salva. Fiquei com uma ótima impressão.
Ele bem sabe estar no meio de uma guerra mais do que declarada, revolvendo um vespeiro, onde as conseqüências são bem desse tipo. Sabia muito bem de todos os riscos que correria e fez a opção por continuar as investigações, tanto da máfia do IML, como as demais. Também participou da denominada OperaçãoFuracão, onde a banda podre da Polícia Civil contava com proteção do Judiciário, recebendo informações sobre a tramitação de processos, e na própria Assembléia Legislativa. Um inquérito estava prestes a ser concluído e muita gente graúda estava sendo indiciada. O estopim estava mais do que aceso e Neto sabia bem disso.Dessa ele já escapou e a única perda aparente foi a amputação de um dedo. Quando li que já estava em casa não resisti e liguei para saber as novidades. Mal me identifiquei, foi logo falando: "Escapei. Tá tudo bem agora". Quando lhe disse, que a partir de agora teria que se cuidar ainda mais, ele foi rápido e rasteiro: "Eu já me cuidava, pois se não o fizesse, não estaria vivo agora". Diz já estar pronto para oretorno às atividades e no Jornal do Brasil declarou ter pena de quem tentou lhe matar: "Talvez eles nem estejam mais vivos porque, como não fizeram direito o trabalho, transformaram-se em arquivos valiosos, tanto à Justiça quanto para seus patrocinadores".
Neto diz não temer o que lhe aguarda no retorno e antes das despedidas, usa uma frase que lhe é peculiar: "Apareça e precisando de algo por aqui, disponha". Depois de tudo, gosto um pouco mais desse baixinho bravo e invocado. E acho que não estou nem um pouco enganado.
Henrique Perazzi de Aquino - Setembro de 2007.
Um comentário:
Blog interessante hpa.
Parabens pelo evento do che, pena não ter tido espaço nos jornais, gostaria de ter ido. Esse rapaz que rasgou a veja eu o já tinha visto em uma manifestação no calçadão e tinha achado bem idealista e agora tenho certeza depois de ver a reportagem do bom dia e mostrar personalidade mesmo sendo parente de alguem que traiu os principios sociais. Parabens para todos voces e não deixe de postar futuros eventos, vou acompanhar seu blog e gostaria de saber mais desse movimento comunista e o que defendem. Abraço
Elson
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