sábado, 27 de outubro de 2007

UMA MÚSICA (7)
Essa letra quilométrica fez a minha cabeça desde a primeira vez que a ouvi.
Fiquei maravilhado com a entonação da voz do Emilio Santiago cantando isso, de uma golfada só e logo após eu também estar completando os meus 40 anos. Depois ouvi com a bela voz (uma das mais lindas) da Leny Andrade e depois na própria do Altay Veloso, o autor, um músico maravilhoso lá de São Gonçalo e do Brasil. Tenho as três versões no meu mafuá. Resolvi colocar a letra aqui, pois quem irá completar 40 Anos é a dileta amiga Gisele Pertinhes (falo dela aqui em breve), que fez algo assim em sua festa. Colou na parede do salão fotos de todos os que viajaram com ela pelos 40 anos de sua vida. Não tinha como não se lembrar dessa letra maravilhosa.
40 Anos (Altay Veloso/Paulo César Feital)

São 40 anos de aventuras
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pr'esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo
Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
meu país tava sem dono
E eu fora da lei
E me apaixonei por Che Guevara
Quase levei tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
"Vamo" enterrar esse defunto
Melhor lembrar de "Madalena"
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava
"Ava Canoeiro", "Travessia"
Zumbi no "Opinião" sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na "Disparada"
Só para não perdê-la
Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro
Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola
Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca,
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh... minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
Laia, laia, laia, laia, Laia, laia, laia, laia, Laia, laia, laia, laia..........................
Obs.: O Altay Veloso é um letrista e músico da pesada. Tem letras maravilhosas e produz coisas fantásticas, como a recente ópera "Abalê de Jerusalém", que faz o maior sucesso no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. É uma das mais fascinantes obras da atualidade, com uma bela e inspirada construção musical. O negócio é o seguinte: É a história do africano Ogundana, que viveu há mais de 2000 anos atrás, contada em nossos dias por ele mesmo, que hoje é uma entidade espiritual chamada Abalê de Jerusalém, que num dia de festa, num templo de religião da matriz africana, retorna a terra para contar sua história. Vamos ouvir falar muito desse belo trabalho. Quem quiser conferir mais acesse: www.olabeloja.com

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