terça-feira, 29 de abril de 2008

RETRATOS DE BAURU (20)

HILDA DE SOUZA, A RECICLADORA



O nome dessa batalhadora deveria ser Desbravadora, Guerreira e Persintência, pois sua vida toda foi uma intensa luta pela sobrevivência. Criou todos os seus filhos com a força do seu braço, coletando objetos pelas ruas da cidade, sem dó e piedade, levantando seu lar e dando de comer aos seus. Aos 61 anos, figura muito conhecida de nossas ruas, forte como tem que continuar sendo, busca forças diárias para empurrar o seu carrinho pelas ruas e ganhar o seu sustento. Há 30 anos está catando reciclados e vivendo disso. Possui um vozeirão de impressionar, forte e contundente, daqueles que fere quem está ao seu lado, pela imponência. É uma mulher decidida, líder comunitária onde mora, no Fortunato Rocha Lima, de onde não sai de casa para quase nada, a não ser o trabalho e ir a igreja. Possui uma risada e uns dentes de fazer inveja e uma conversa envolvente, como todas as pessoas que não têm nada a esconder. É de um sinceridade impressionante, não gosta de fotos, muito menos as tiradas quando está com o seu objeto de trabalho, o carrinho. No seu rosto as marcas do último embate, dessa vez com uma panela de pressão que explodiu perto de sua face. Não permite concessões ao seu modo de viver. Quem a conhece sabe o que quero dizer, ela é desse jeito e pronto. Uma muher de fibra, numa atividade aviltante, como a grande maioria dos desvalidos desse país.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

UMA MÚSICA (21)

PLATAFORMA - JOÃO BOSCO
Dia desses um gaiato me vendo sair em matérias nos jornais e dando entrevistas no rádio, meio que desconfiado acabou perguntando: "Você não é candidato a nada não?". Respondi a ele cantando um velho samba do Bosco e do Blanc, "não sou candidato a nada...". Acho que deu para ele entender. Esse eu canto inteirinha e tenho no meu mafuá desde os tempos em que ainda tinha cabelo no cocoruto.

Música: Plataforma

Autores: João Bosco & Aldir Blanc

Não põe corda no meu bloco,/ nem vem com teu carro-chefe,/dá ordem ao pessoal./ traz lema nem divisa/ que a gente não precisa/ que organizem nosso Carnaval./ Eu não sou candidato a nada,/ meu negócio é / meu coração não se conforma./ O meu peito é com contra/ e por isso mete bronca/ nesse samba-plataforma:/ por um bloco/ que derrube esse coreto,/ por passistas a vontade/ que não dancem o minueto,/ por um bloco/ sem bandeira ou fingimento/ que balance a abagunce/ o desfile e o julgamento,/ por um bloco/ que aumente o movimento,/que sacuda e arrebente/ o cordão de isolamento.
MEMÓRIA ORAL Nº 31 E DIÁRIO DE CUBA Nº 2

COM A PALAVRA O POVO CUBANO
A ida para Cuba é um sonho acalentado por muitos. No meu caso, mais de trinta anos de espera e acabo indo justamente trinta dias após o Comandante em Chefe, Fidel Castro ter-se afastado do poder. Percorro o país quase todo durante vinte dias, com uma mochila às costas, junto com Marcos Paulo Caselachi Resende, 28 anos, rodando um documentário sobre o país e constatando in loco a tal da sustentabilidade do regime comunista, aos 49 anos de sua existência.

A intenção era ir ouvindo as pessoas e comparando tudo, tirando conclusões, num contraponto aquilo que é divulgado pela dita "grande imprensa" brasileira. A idéia do realizador Marcos era mostrar as contradições entre a realidade cubana e o que parte de nossa imprensa divulga, numa espécie de "grande torcida do contra", fazendo figa por alterações profundas, culminando com o fim do comunismo e a implantação do neoliberalismo. Tínhamos lá nossas dúvidas e para obtermos a resposta, adentramos de corpo e alma a mais famosa e polêmica ilha caribenha.

Todo aquele, possuidor de uma vida voltada para a sensibilidade social possui grande afeição por Fidel e pela brava resistência cubana, tão próxima de seu voraz e cruel algoz. A força de vontade do povo cubano, praticando o socialismo a 90 milhas dos Estados Unidos é algo a ser sempre enaltecido e reverenciado. Não é atitude pequena. Chegamos olhando tudo com muito respeito e consideração, pois são os únicos no continente a garantir educação, saúde, alimentação, habitação a todos os seus habitantes. E tudo gratuito, além dos preços baixíssimos de telefonia e fornecimento de eletricidade. Para uns o paraíso, para outros o próprio inferno.

Além do deslumbramento natural com tudo o que ia sendo presenciado, a intenção principal é ouvir o que o próprio cubano acha desses quase 50 anos de Revolução e da continuidade do atual regime. Conheço já no segundo dia em Havana, Victor Serra, 53 anos, técnico de uma indústria de peças hidráulicas espanhola há mais de 25 anos, tendo morado por 7 anos na Espanha, voltando para Cuba por vontade própria. É daqueles desconfiado, preferindo ouvir primeiro. Conversamos por quase duas horas, até se confessar membro do PCC – Partido Comunista Cubano há mais de 30 anos, com um filho residindo nos EUA e sem poder vê-lo, pois se voltar para casa não poderá mais retornar de volta. "É triste ficar sem a presença dele, só ouvindo sua voz pelo telefone. Cuba possui uma situação consolidada, estamos muito bem, não precisamos e não queremos passar para o outro lado. Conheço o lado de lá e falo com conhecimento de causa", diz ao final da conversa.
Omar Olazabal, 45 anos, é diretor dos Estúdios Mundo Latino, produtora oficial dos documentários sobre Cuba espalhados mundo afora e nem resvala sobre problemas com a continuidade do regime: "A grande preocupação que temos hoje é com o consumismo. Quando do Regime Especial (fase difícil após o fim da URSS) ocorre uma abertura, o turismo é massificado, surgindo a jineteria (assédio ao turista em busca de benefício próprio) e com ela o aumento do consumo. Nem as religiões nos preocupam, pois não interferem nas decisões do Estado. Aqui sempre existiu uma hierarquia e ela é respeitada". Andando pelo Malecón, a grande muralha na orla marítima de Havana, cruzamos com Orti Ceda, 48 anos, um simpático engenheiro, que sabendo estar diante de brasileiros desfere: "Eu sou cubano, teu irmão latino. Temos em comum o sofrimento de sermos humilhados pelo irmão todo poderoso do norte. Precisamos todos de mais união para combater isso e espalhar a experiência cubana". Não precisamos perguntar nada, muito falante, antenado com tudo o que ocorre na América Latina, envolvente como quase todo cubano. Por lá, dizem que, diante de dois cubanos, estamos diante de três problemas, pois eles discutem sobre tudo, conhecem de tudo um pouco e não se furtam em omitir suas opiniões. Vivenciei isso a cada papo. Andando de um lado para outro, o que mais vemos não são cartazes de Che, Fidel, Raul ou mesmo de Chávez. Espalhados por todo o país, cartazes e pequenos memoriais estampam um tema candente em Cuba, os cinco prisioneiros detidos nos EUA, acusados de espionagem e mantidos num cárcere, com embasamentos nada consistentes. O país inteiro está mobilizado e nos mais diferentes lugares, algo sobre a campanha nacional, bem ao estilo da que já havia ocorrido anos atrás com o garoto Elian. Em nossa fisonomia e trajes está estampado sermos turistas e isso vai atraindo a atenção por onde passamos. Na praça da Catedral, em Habana Vieja, paramos para escutar um grupo de rua, o Los Mambises, formado por seis músicos da velha-guarda. O percussionista Machado, 72 anos, toca e canta com bastante entusiasmo "Hasta siempre Comandante", de Carlos Puebla, relembrando Che. "Nosso grupo é todo com essa média de idade, adoramos cantar os feitos da Revolução. É o que mais nos pedem e o fazemos com paixão, pois Cuba não se vergará nunca", diz emocionado, após cantar "Se acavo la diversion", sobre a chegada de Fidel ao poder e o fim da baderna anterior. Com gritos de "Viva Fidel", percebemos o quanto defendem tudo o que já foi conquistado.
Aproveito um final de tarde para cortar barba e cabelo na Arco Íris, na Calzada de Infanta, no bairro de Vedado. Salão ao estilo antigo, com umas dez cadeiras, quem me atende é Alberto Pascotto, 35 anos, que como todo barbeiro fala bastante: "A situação de Cuba é irreversível. Temos ótimos resultados em saúde, educação e no campo social. Não queremos retroceder. Temos nossos problemas, mas vivemos situação muito melhor do que a de muitos países, talvez os mais felizes de toda a América". Seguimos para Santa Clara e o que nos encanta por lá é a movimentação jovem em torno de sua praça central. Tudo acontece por ali, desde festas, eventos e diversas apresentações de escolares. A diretora da Biblioteca Provincial Marti, Ana Delia Monteaqudo, 46 anos e 26 naquele local, tendo começado como servente, fala com entusiasmo do papel do país hoje: "O cubano que sai para trabalhar fora do país volta fortalecido, como os médicos, pois vivenciam os problemas sociais do mundo e que aqui quase não existem. Raul diz que teremos que trabalhar mais para continuar possibilitando isso e todos estamos cientes de que a superação é muito importante".

Em Cienfuegos, logo no terminal rodoviário, ao comprar nossas passagens conhecemos Pedro Avellanes Espinosa, 51 anos, sub-diretor comercial dali, além de já ter trabalhado como professor de Física e Astronomia. Como quase todos os cubanos encontrados, fala muito bem de Lula e do seu papel em relação à Cuba, arrematando: "Embora a figura de Fidel seja essencial e o Raul um pouco mais calado, por aqui não se discute o nome e sim o modêlo. Esse está mais do que consolidado. Existe um controle da situação e não queremos nos desviar dela". Na volta para Santa Clara, o diretor da escola Ramón Palleiro, 35 anos, há 13 no cargo, também segue na mesma linha: "Nos Estados Unidos o cidadão se sente mal quando não tem dinheiro no bolso. São basicamente consumistas. Em Cuba só chegamos a algum lugar com participação coletiva, desinteressados dessas coisas".
Ligamos a TV e finalmente surge o único brasileiro visto por lá (sabemos que eles existem, principalmente estudantes, mas não tivemos o prazer de cruzar com nenhum), Frei Beto estava de volta à ilha pela 28ª vez e declarava numa entrevista para a TV: "Hoje no Brasil, sem Lula no poder, a direita voltará. Sou socialista por razões aritméticas, pois se não chegarmos lá por bem, o faremos pela barbárie. Sou socialista porque sou cristão, afinal o compartir é socialista". Seguimos viajando e em Santiago de Cuba, ao conhecer o Museu do Quartel Moncada, conhecemos Alberto Sánchez Beltran, 75 anos, ex-combatente, com 4 filhas, todas formadas em engenharia: "Muitos governos têm condições de nos ajudar e não o fazem. O capitalismo não se conforma de termos dado certo". Caminhando com esse senhor pelas ruas, conhecemos Alejandro Miranda, 16 anos, membro da Federação dos Estudantes de Ensino Médio e da UJC – União da Juventude Comunista, fazendo um levantamento de monumentos históricos da cidade para um site. Ele nos diz: "Nós cubanos somos muito felizes com tudo o que conquistamos. Aqui só não estuda quem não quer ou não tem capacidade. E ao nos formarmos, não nos limitamos ao exercício da profissão, pegamos no pesado junto com os demais, pois o país necessita dessa nossa participação". Um discurso encantador, reforçado pelo presenciado na TV, no Congresso Estudantil da Juventude Comunista, com representantes de todo o país, onde eles fizeram questão de ressaltar esse esforço além do exercício da profissão, como uma missão intrínseca a todos. Na sexta-feira santa (que por lá não é feriado) visitamos o Mausoléu de Marti, no cemitério Santa Ifigenia, onde Gladys Romagosa, 65 anos, museóloga do local nos dá uma aula sobre o herói cubano e acrescenta, sem que lhe perguntássemos nada: "Fidel aqui mesmo anos atrás, numa das duas visitas que nos fez, me disse que os norte-americanos não são tão inteligentes assim. Fizeram centenas de atentados contra ele, que conta com uma super-proteção, esquecendo-se de Raul, quando também seríamos atingidos de forma crucial". Na sequência, paramos para um descanso numa das praças centrais de Santiago e ao nosso lado, Ernesto Rivero, 62 anos, curtindo a ainda recente aposentadoria, nos disse: "Seguiremos toda a vida o exemplo de Fidel, ele é um guia para todo esse povo. Para mudar nosso destino só com uma invasão. Somos muito unidos e nos levantamos rapidamente quando agredidos". Na parada seguinte, uma balconista, entusiasmada com as novelas brasileiras nos questiona: "Os artistas brasileiros andam pelas ruas?". Quando fica sabendo que não, fica espantada: "Os nossos circulam pelas ruas e facilmente são encontrados. São iguais a nós e assim nos relacionamos".
Na volta de ônibus para Havana, num vídeo assistimos um velho clip com Roberto Carlos cantando no Chile. Muitos cantavam suas canções melhor do que nós dois. Na chegada, num bar ao lado do hotel, Lázaro Menel, 60 anos, atendente do local, conversa conosco sobre religião: "Aqui é o Estado quem dita as normas. Nós, os comunistas, queremos a felicidade terrena e os religiosos, após essa vida. Não deixamos que a religião nos dome. Nós é que domamos ela". Damos uma última passada no ICAP – Instituto Cubano de Amistad com los Pueblos, sendo recebidos por Fábio Gonzáles, 44 anos, que inclusive estará no Brasil em maio para participar de um Encontro de Apoio a Cuba, dentro da Conferência de Integração Latino-Americana, a ser realizada na cidade do Rio de Janeiro. Quando fica sabendo que a mãe de Marcos não entende sua ideologia, pede que lhe diga: "Explique a ela que as trincheiras das idéias valem mais do que as trincheiras da vida". Ao lhe transmitir o que vimos pelo país, faz questão de concluir: "Não temos problemas com a continuidade da revolução, pois nosso povo sabe muito bem o que quer, como também sabe muito bem o que não quer". Antes da conclusão final, a de estarmos com a alma lavada, um taxista defronte o hotel, Ernesto Sanchez, 53 anos, diz ter morado ano passado por três meses no Brasil, em Ermelindo Matarazzo, bem ao lado do famoso bar do Ernesto, decidindo voltar correndo para Cuba: "Não aguentei aquilo, muita violência, não arrumava emprego, mesmo com qualificação. Estava ficando doente, intranquilo, morreria por lá. Voltei o mais rápido que pude". Cai o pano rapidamente.
Legenda das fotos, na sequência: Omar, da Mundo Latino / O cartaz com os detidos nos EUA / Alberto, o barbeiro / Ana, a bibliotecária / Pedro, de Cienfuegos / O ex-combatente Alberto, o jovem Alejandro e HPA / Gladys, a museóloga / Ernesto Rivera / Lázaro / Fábio, do ICAP / Ernesto, o taxista / HPA e Marcos sentados numa praça em Santiago de Cuba.

Henrique Perazzi de Aquino, 01/04/2008 e revisto em 22/04/2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

UM COMENTÁRIO QUALQUER (11)
SALVE SÃO JORGE
Se existe um santo que venero esse é São Jorge. Não porque eu seja corintiano (ou até por causa disso), mas por tudo o que ele representa. Hoje é seu dia e fico sabendo que a igreja católica, tão mal representada pelo atual papa, o Ratzinger, parece que resolveu decretar ("e deu como aberto em decreto", como dizia Gonzaguinha) que esse não é mais santo. Não é santo para ele, pois para mim é um dos únicos com pedigree (santo tem disso?) para tanto. Viva São Jorge, o santo guerreiro (é disso que estamos precisando e necessitando de vez em quando). Salve, Jorge!

Em tempo: a foto não é minha. Fiz um Gilete Press, mas cito a fonte: http://www.butecodoedu.blogspot.com/ (outro venerador do dito santo).
FRASES DE UM LIVRO LIDO (12)
PÃO E SANGUE - HAIKAIS - DALTON TREVISAN
Esse escritor curitibano sempre fez a minha cabeça. O bom e eterno "Vampiro de Curitiba" está presente no meu mafuá em vários livros. Adoro seus textos curtos e diretos. Possui um poder de escrever tudo com poucas palavras, bem conciso, preciso e perpicaz. É ler e saborear algo indescritível. Nesse livrinho curto, ele tem uns haikais maravilhosos. Escolhi alguns:

1. Assustada a velha pula da cadeira, se debruça na cama:
- João. Fale comigo, João.
Geme fundo, abre o olhinho vazio, soluça um palavrão:
- Bruuuxa... Diaaaba...
- Ai, que susto. Graças a Deus.

2. Nhô João, perdido de catarata negra nos dois olhos:
- Me console que, em vez de Nhá Biela, vejo uma nuvem.

3. Ao se vestir, escolhe a camisa mais florida.
- Ele não sabe que se enfeita para a morte.

4. Era um home trôpego, calça branca, sem camisa, a faca enterrada no peito e sangrando.
- Aí, o que você fez?
- É coisa minha. Ninguém tem nada com isso.

5. A velhinha meio cega, trêmula e desdentada:
- Assim que ele morra eu começo a viver.

6. No gesto mágico, duas vezes nua. João se contém para, de mão posta, não cair de joelho. Quem vê uma mulher nua já viu todas? Aí se engana, cada uma é todinha diferente. Ah, que bom, aprender tudo outra vez.

7. Reinando com o ventilador, a menina tem a ponta do mindinho amputada. Dias depois, você descobre as três bonecas de castigo, o mesmo dedinho cortado a tesoura.

(extraído do livro "Pão e Sangue", editôra Record RJ, 1988)
RETRATOS DE BAURU (19)

O ÍNDIO TIBÚRCIO

Tibúrcio Manoel Sobrinho é o seu nome entre os brancos, mas entre os índios ainda é chamado de Talihu, grande homem segundo sua tribo, a IPG, lá no Mato Grosso. Está certo que esse velho índio já vive há muito tempo entre nós, pois dos seus 78 anos, está entre nós desde os 8, quando saiu de sua aldeia e decidiu viver do lado de cá. Inquieto e bem articulado, sempre acabou por se sobressair entre os seus, tanto que trabalhou mais de 35 anos na ferrovia, chegando ao posto de maquinista, função essa onde viria a se aposentar. Também foi funcionário público municipal, trabalhando no Jardim Botânico de Bauru, onde dava verdadeiras aulas de botânica, ao seu jeito e estilo, agradando mais do que desagradando. Quanto o tema é falar sobre seu povo, não tem papas na língua e destravada como sempre soube proceder, defende o pouco que lhes restam de direitos e garantias. Conviver com tão interessante pessoa é um aprendizado a mais nessa vida.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

UMA MÚSICA (20)TRIO 202 - NELSON AYRES, ULISSES ROCHA E TONINHO FERRAGUTTI
Conheço esses três de longa data. O som que produziram ao longo de suas vidas sempre esteve presente aqui dentro do meu mafuá. Tive uma época em que comprei muitos bolachões de música instrumental e todos, separadamente, estavam presentes, tocando nos mais diferentes grupos. Quando fiquei sabendo que eles estariam juntos aqui em Bauru, no Templo bar, do Fernando, estive por lá com o Sivaldo e a Gisele. Foi na noite de segunda, 14/04/2008, quando fizeram um show memorável. O CD novo, "Trio 202 - Ao vivo New York & São Paulo" já está integrado ao acervo e sendo ouvido a todo instante.
Nelson Ayres (piano), Ulisses Rocha (violão) e Toninho Ferragutti (acodeon) tocam 11 belíssimas músicas no CD e como trata-se de música instrumental, fica somente a citação de uma, dentro todas, "HELICÓPTERO (Toninho Ferragutti)". O CD saiu pela Azul Music (www.azulmusic.com.br) e vale a pena ouvi-lo com a maior atenção. As fotos foram tiradas por mim, quando levei alguns dos meus velhos bolachões para aquele papo antes de começarem a tocar.
UMA CHARGE (2)
ZIRALDO E O SÓ DÓI QUANDO EU RIO
Como disse aqui anteriormente, sou um velho admirador da arte dos chargistas. Conheço-os pelo traço e minha admiração começou nos tempos d'O Pasquim. Um dos traços mais bonitos, é o do Ziraldo, hoje com 75 anos. Esse seu desenho percorreu o mundo e continua mais atual do que nunca. Saiu inicialmente numa das primeiras edições do velho Pasca. Sintam o drama:

domingo, 20 de abril de 2008

MEMÓRIA ORAL (30)

LOYOLA, A ESTAÇÃO E UMA PALESTRA
Ignácio de Loyola Brandão é um escritor com mais de duas dezenas de livros publicados. Muitos deles tiveram altas tiragens, como "Não verás país nenhum" e outros, grande repercussão, como "Zero", censurado pela ditadura do período militar. Além do romancista reverenciado, produz crônicas como nenhum outro, retratando o dia-a-dia das pessoas e das cidades, sua fonte inegotável de inspiração. Dentre essas crônicas, publicadas nos últimos anos na última página do caderno cultural do Estadão, o Caderno 2, toda sexta, algo com um forte elo com Bauru: a ferrovia.
O escritor é nascido em Araraquara e seu pai foi ferroviário da antiga Araraquarense, numa época em que por esses lados, eram raríssimos as famílias que não possuiam muitos dos seus trabalhando na ferrovia. Daí o forte laço com os trilhos, tendo tudo a ver com Bauru, o famoso entroncamento de três importantes ferrovias brasileiras: Sorocabana, Noroeste e Paulista (depois FEPASA). E por causa desse cruzamento de variados trilhos e alguns parentes residindo por aqui, as vindas foram mais do que frequentes. Nessas viagens, a passagem obrigatória pela "mais bonita estação de todo o interior paulista", como ele mesmo fez questão de enfatizar num dos escritos cheios de saudade, referindo-se a Estação da Noroeste do Brasil, encravada no centro da cidade. Chegou a formular algumas perguntas: "O que terá sido feito dela? Foi recuperada? Continuaria fechada e abandonada?"
Mesmo já tendo a resposta por relatos escritos, faltava um conferência in loco. E isso finalmente ocorre, quando o escritor é o convidado de honra da 8ª Feira do Livro Infantil, promoção da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, para uma palestra a professores na manhã de quarta, 16/04. Estando na cidade, nada como trazê-lo à estação, vendo com os próprios olhos o estado atual da bela edificação histórica. E assim foi feito. Leitor de seus textos, consigo seu e-mail e faço o contato imediato: "Estamos cheios de expectativa de que encontre tempo para um bate-papo lá nos trilhos, revendo histórias e conhecendo mais algumas das nossas". A resposta foi quase imediata e após alguns vais-e-vens a batida de martelo: "Que tal nos encontrarmos às 8h (levanto cedo) e irmos na estação. Em seguida você me entrega no auditório onde vou falar".
Tudo estava acertado. Ligo na terça à noite e me é feita uma última pergunta: "Acorda cedo?". Respondo positivamente e ele engata: "Nova mudança, quarta, 9h15 terei de dar entrevista coletiva. Poderíamos, se não for muito cedo para você nos encontrarmos às 7h30". No horário, lá estava e em algo bem reservado, sem alarde, conforme seu pedido. Foi ouvindo meu relato da situação, repetindo o que havia lhe passado por escrito. A pendenga trabalhista do Governo FHC com os ferroviários foi quitada com a entrega do prédio para eles, um enorme elefante branco ("vários elefantes", ele me diz). Após várias tentativas de venda, no ínício desse mandato, a Prefeitura Municipal inicia processo de desapropriação e está prestes a adquirir o imóvel para instalar ali a Secretaria de Educação. Alegando prioridade, o Grupo Marca, pede que a Prefeitura reveja o processo. Isso é feito e passado mais alguns anos, entregam os pontos, sem nada de concreto. Quer dizer, inviabilizaram sua compra e não o venderam, pois no final desse mandato, a Prefeitura não mais comprará o mesmo nesse momento. Uma grande desolação para toda uma cidade.
Ele ouve tudo atentamente e iniciamos um passeio pelo local. Começamos pelo Museu Ferroviário, aberto mais cedo nesse dia por Válter Tomás Ferreira, chefe do mesmo e um cicerone dos mais dedicados, explicando em detalhes tudo o que lhe era perguntado. Loyola não contém a emoção ao tocar os cardápios da Paulista e da Noroeste, numa réplica de mesa de uma vagão restaurante. Coloca um quepe da Paulista e se deixa fotografar com ele e ao lado de um boneco de um ferroviário da época da construção da ferrovia. Na área externa, adentra um meio vagão exposto num jardim interno e novamente posa para fotos, dessa vez na janelinha. Foi quando ouvimos um elogio marcante: "O museu daqui está muito bem montado, diferente do que acontece em Araraquara. O trabalhador está representado. Lá, nada foi para a frente. Não vingou".
Quando estava no café, chegam os demais funcionários e com ele um colaborador, Darcy Rodrigues,que ao vê-lo diz: "Você não deve se lembrar de mim, mas estivemos juntos numa viagem de Cuba à Cidade do Panamá, quando de um encontro de escritores, coisa de mais de 30 anos". Darcy, participante da luta armada ao lado de Carlos Lamarca encontrava-se exilado na ilha e foi ao encontro dos brasileiros ilustres. Trocam gentilezas e a conversa continua com o quarteto indo conhecer a estação, por uma entrada interna do museu, com acesso direto na plataforma. O impacto foi inevitável, pois o estado do local não é bom, porém, foi sendo preenchido com boas recordações. Ao entrar no hall, todo cheio de lixo, proveninte de mendigos que dormem em sua porta e diante de um luminoso para venda de bilhetes exclama: "Não deixem eles retirarem isso, por favor!". Diante das locomotivas, Vanderléia (com uma saia justa na frente) e a Russa (feita para a neve siberiana), ambas aguardando restauro, permanecemos um certo tempo em silêncio.No retorno ao museu, compra um livro (As curvas do trem e os meandros do poder – O nascimento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, de Paulo Roberto Queiróz), ganha de brinde um CD (fotos ferroviárias e filme sobre o Trem do Pantanal), deixando seu nome no livro de visitas. O tempo nos faz sermos rápidos, não sem antes algumas fotos diante da estação, na praça Machado de Mello. Sentado num banco, lembra algo ali ocorrido nos anos 60: "Cheguei num horário, para aqui participar de um Festival de Cinema e fiquei esperando num banco a chegada do próximo trem, aquele que traria minha amiga, a atriz Joana Fom. Revivi isso tudo nesse momento". Pede para tirar uma foto como recordação. De lá, no caminho para a palestra me pergunta se conheço uma pessoa, um bauruense, que havia sido seu vizinho paulistano no final dos anos 70. Quando menciona o nome, Percy Coppieters (amigo em comum), um artista plástico e pintor de telas, passamos em frente de sua casa, sem tempo para uma parada. Logo mais estamos no Alameda Quality Center, o local do evento. Na chegada, uma breve caminhada pelos stands e a entrevista coletiva, onde predominavam jornalistas e fotógrafas mulheres. Foi exato no horário e às 10h estava diante da platéia, numa ampla sala de cinema no local.
Para a abertura, pede a quem fará o cerimonial: "Não me cite como brilhante, ilustre ou qualquer coisa do gênero, pois levanto e vou embora". Não foi e encanta a todos por aproximadamente uma hora e meia. Enquanto isso, saio em disparada para buscar Percy. Quando volto com ele, chegamos em tempo para ouvir emocionados alguns de seus relatos, como o da mulher que matou um ipê porque sujava de folhas sua calçada, a do homem que idolatrava o carro e o lustrava mais do que a própria mulher e a de um outro que pega um controle de TV e finge falar ao celular. "Estão cada vez mais loucos e nem percebem", conclui. O fato é que tudo passa a ser motivo para suas crônicas e para tanto, um caderno de anotações (da Tilibra, de Bauru) é seu amigo mais do que inseparável, reduto de anotações diárias. Explica o processo de criação das crônicas e do texto: "Tem que colocar a realidade e autenticidade no texto, para não ficar falso. A literatura fornece os elementos para a história futura. Literatura é imaginação, memória". Conta mais histórias, todas retratadas em suas crônicas e faz alguns desabafos: "a missa de todo paulistano no final de semana é lavar seu carro. Eu não tenho carro, ando a pé, de ônibus, de táxi e sem celular. Eu não quero ser encontrado, eu quero encontrar as pessoas. E não gosto de explicação, gosto de mistério. Ouço muito e em certos momentos chego a entrar no mesmo comprimento de onda das pessoas".
Por fim, conta uma história acontecida com Auzeni, uma baiana que trabalha em sua casa, em São Paulo há mais de 30 anos. Sua esposa havia se trancado no banheiro e não conseguia sair. Estava presa e gritava por Auzeni, em altos brados. Quando consegue sair, a indaga se não a ouvia e dos motivos de não responder. Ela, muito simples, achando-se sózinha em casa, responde: "Sózinha, quando ouvimos gente chamando pelo nosso nome não devemos responder, pois é a morte a nos chamar. Sai morte que eu sou mais forte". Isso prova que a crônica pode estar em todos os lugares, inclusive dentro de nossa própria casa. Os abraços finais foram intensos e Percy lhe entrega um quadro de presente. Fomos saindo devagar, com aquele gostinho de "quero mais" bem latente. O público saiu dali um pouco mais feliz e Ignácio de Loyola Brandão segue para o almoço, com o pessoal da Tilibra e para seu próximo compromisso.
Henrique Perazzi de Aquino, escrito na correria em 17/04/2008
DIÁRIO DE CUBA (1) Nas minhas férias anuais, tiradas no mês de março, de 08 a 27, fui conhecer um país, realizando um sonho de mais de trinta anos, CUBA. Foi algo inesquecível, pois esse país sempre povoou a mente de toda pessoa que ainda acredita que um novo mundo é mais do que possível. Como sempre achei que a melhor saída para nosso país não é o neoliberalismo, sabia o que encontraria e fui cheio de expectativas. Preenchi todas e mais algumas. Foram 19 dias vividos intensamente e com mais de mil fotos tiradas nos mais diferentes lugares.
Fui com um grande amigo e conhecemos a ilha de ponta a ponta, fazendo algo marcante, ouvindo o povo cubano. Para quem, do lado de cá, torcia para a derrocada do regime cubano com a saída de Fidel, encontramos um país unido, sabendo muito bem o que quer (e o que não quer), cheio de coisas boas, pobre. porém, com uma diginidade nunca vista em outro lugar. Voltei convicto de que Cuba é tudo aquilo que sempre acreditei. Possui problemas mil, mas as soluções encontradas para seus problemas são maravilhosas e nos enchem de inveja. Eles souberam encontrar um caminho. Nós, ainda não.
Tinha em mente escrever algo sobre o que fui presenciando por lá, mas desde que voltei (já fazem vinte dias) não encontrei tempo (nada como um feriado prolongado para colocar as coisas no seu devido lugar aqui no mafuá). Fui anotando tudo num caderno, depois intitulado de Diário de Cuba, cheio de colagens, endereços de cubanos e as anotações todas (a memória não anda lá muito boa). Dou o pontapé inicial, não com um texto de minha lavra, mas dois sobre o tema Cuba.
O primeiro eu li e gostei, tirei da Revista do Brasil (www.revistadobrasil.net), edição de março 2008, com o título "Olho gordo na ilha": "Cuba tem 110.000 km2 (pouco mais que os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo somadas). O PIB está na casa dos US$ 50 bilhões (pouco mais da metade do PIB da Bahia). Economia e território inofensivos, portanto. Mesmo assim, a saída de Fidel e a eleição de seu irmão Raúl Castro para presidir o país atormentam a mídia mundial. As razões declaradas: a falta de domocracia e a intolerância ao controle privado de empreendimentos econômicos. Com todas as adversidades econômicas e geopolíticas, sustenta uma renda per capita de US$ 4.500, índice de desenvolvimento humano elevado (acima de 0,800, numa escala de 0 a 1), tem um povo altamente educado e sua economia cresce a taxas próximas dos 10% ao ano. E precisa, de fato, promover mudanças, talvez na política e na relação com a sociedade. Mas o mundo capitalista podia parar de "secar" e deixar essa tarefa para os cubanos".
O segundo foi do amigo que viajou comigo, o MPCR (cito o nome dele quanto me der autorização) e me foi enviado por e-mail, numa espécie de primeiras impressões suas da viagem. Gostei tanto, que reproduzo uma parte por aqui. Tem por título, "Companheiros, estou de volta". Vamos a ele: "Retorno de Cuba com mil coisas para contar, irei aos poucos contando tudo de bom que foram esses dias na querida ilha. Vivi durante dias uma outra realidade, bem diferente da nossa, por isso digo que o maior aprendizado de Cuba é sempre quando retornamos e nos deparamos com nossa triste realidade, com muito ainda por fazer em nosso Brasil, muita luta para transformarmos nossa realidade. Mas não tocarei em pontos daqui e sim nos de lá. Uma visita a Cuba é sempre um momento de emoção para todos aqueles que respiram revolução e sede de justiça, porque é lindo ver todas as crianças nas escolas, aliás são elas o que mais me encanta em Cuba, todas elas das 8 da manhã até 4 da tarde estão estudando, lá elas aprendem a serem de fato cidadãs, patriotas e é impressionante o grau de inteligência delas, uma criança de apenas 7 anos nos dá uma aula de história cubana, é incrìvel, que feliz seria se nossas crianças fossem tratadas assim, nós ainda não conseguimos, Fidel sim. Que lindo poder caminhar e encontrar out-doors com frases revolucionárias e fostos do Che para todos os lados, aqui temos que aguentar o lixo do consumismo para todos os lados. E a sensação de poder andar em qualquer rua tranquilamente sem o mêdo de ser assaltado ou sequestrado? É mesmo muito bom. E os taxistas? E os lixeiros? Eles falam pelo menos 2 ou 3 idiomas, é incrivel isso. E o atendimento médico?? Um país sem planos de saúde e médicos mercenários só podia dar nisso, um atendimento digno a sua população. E o melhor de tudo é ver uma estrutura excelente do Estado, ver que a revolução com Fidel ou sem a presença dele um dia jamais poderá ser derrubada, porque está fixada no povo, esse sim participa da sociedade, discute política para todos os lados e históricamente é um povo que sempre lutou e derramou sangue pela sua independência. No Brasil a imprensa canalha não cansa de contar mentiras de Cuba ou de dizer que o regime está ameaçado, dizem isso por ser a vontade deles, mas só quem está lá sabe da verdadeira realidade. Se compreende perfeitamente o motivo dessa ira imperialista contra Fidel e a Revolução, Fidel nunca ficou quieto vendo as injustiças passarem a sua frente, ele tomou coragem, teve ousadia e junto com outros heróis chutaram a bunda e colocaram os exploradores para correr. A cada dia sou mais admirador de Fidel, nosso eterno comandante. Passar dias sem ouvir falar de big brother, de dança do creu, de tapinha, sim porque nas ruas de Cuba conversei de tudo, política, esporte, música, literatura, mas nada que me lembrasse da alienação a qual somos submetidos diariamente. Cuba não é o paraíso, tem muitos problemas, mas quem não tem?? Quem é perfeito?? Agora quantos que param de reclamar da vida e procuram fazer algo realmente grande para mudar?? Fidel fez. O ponto principal é que na imperfeição que somos, Cuba conseguiu dar qualidade em todos os aspectos para seu povo, nós ainda não conseguimos, Fidel sim".
Fico por aqui, por enquanto. Penso igual aos dois textos, curtam as fotos...

sábado, 19 de abril de 2008

DICA DE LEITURA (17)

REVISTA DO BRASIL
Conheci essa revista através dos meus amigos da CUT de Bauru. Ela já circula há exatas 23 edições. É distribuida gratuitamente e bato cartão todo santo mês lá no Centro Sindical da CUT Bauru para buscar a minha. Adorei desde a primeira lida. Possui uma linha editorial bem dentro do que penso e do meu modo de agir. Indico de olhos fechados. Pode ser encontrada nos sindicatos filiados à CUT ou por reembolso. Leiam mais no: http://www.revistadobrasil.net/

Abaixo o texto de apresentação encontrado na 1ª edição e no site:
A Revista do Brasil é entregue na residência de cerca de 300 mil trabalhadores, sócios dos sindicatos participantes deste novo projeto de comunicação popular. Ele vem à luz depois de longo período de gestação – em que dirigentes, jornalistas e apoiadores realizaram um sem-número de debates em busca de sua identidade editorial, seu desenho gráfico, seu nome e os temas que ocuparão suas páginas.
A revista começa a circular mensalmente. Mas vai crescer e chegar à circulação semanal – e também às bancas – em todo o país. Seu projeto combina idéias para debates, prestação de serviço, assuntos de interesse público com seriedade e prazer da leitura. Suas diretrizes são os valores da ética, democracia, solidariedade, participação social e cidadania.

E por que uma nova revista? Pesquisa recente da BBC de Londres – feita em dez países, inclusive o Brasil – revelou que parcela significativa da opinião pública sente-se insatisfeita com o que encontra nos meios de comunicação. Além disso, mesmo com a quantidade enorme de jornais e revistas hoje existentes, boa parte das pessoas que agora nos lêem, não recebe em casa nenhum veículo de comunicação. Algumas entidades de trabalhadores, percebendo essa carência, mantêm ou já tiveram bem-sucedidas experiências com revista. Mas o custo é alto, não traz receita, não há fins comerciais e isso sempre tornou difícil ampliar ou manter projetos dessa natureza.
A Revista do Brasil surge com o objetivo de vencer esse desafio e outros que virão. Ela resulta do esforço de pessoas que têm como objetivo fazer da informação também um projeto de transformação do país.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

UMA CARTA (5)

ENTREVISTAS QUE VALEM POR UM DOMINGO
Parabenizo o JC pelas duas últimas "Entrevistas da Semana", das edições dominicais, com a Márcia Nuriah e Ruy Bertotti. Enquanto leio cartas raivosas de alguns pregando contra a corrupção e não enxergando a do seu próprio dia-a-dia, fazendo a defesa de um grupo em detrimento de outro, enfatizando que o sonho acabou, reverenciando o nefasto período da Ditadura Militar (toc toc toc) e sugerindo que tudo deve seguir por uma via de mão única, esses dois demonstram exatamente o contrário. Resistir, continua sendo mais do que necessário. E que não me venham mais falar em final dos sonhos, pois é deles que construímos e tocamos nossas vidas.

(Essa cartinha curta e grossa eu enviei para Jornal da Cidade, aqui de Bauru, numa justa homenagem a duas pessoas, entrevistadas pelo jornal, em dois domingos seguidos, demonstrando que a mesmice não vale mesmo nada e que vale muito a pena insistir em agir diferente. Gostei do que havia lido e prestei uma homenagem a eles. A carta saiu em 15/04)

terça-feira, 15 de abril de 2008

RETRATOS DE BAURU (18)









SÍLVIO SELVA FAZENDO ARTE 24H POR DIA
Esse moço é da pesada e digo isso, pois quando o assunto é artes plásticas, faz de tudo um pouco e do pouco um muito. Ganha a sua vida como funcionário público, com um cargo lá na Secretaria de Cultura, ralando 8h por dia, mas o que mais gosta de fazer mesmo é arte, e em todos os sentidos e direções. Pinta, trabalha com metal, grafita, faz escultura, fibra e outras tantas iniciativas, que no momento de serem citadas, sempre alguma acaba ficando meio que esquecida. É conhecido no meio, pois começou bem cedo e não pára um só segundo. Agora mesmo, sorrindo como nunca, com a recomposição de um antigo e eterno amor, de casa nova (numa esquina bem atrás da escola Mercedes), resolve pintar o muro defronte o lar. E chama logo a atenção: de férias, retrata uma das paixões da cidade ali, a Maria Fumaça. Parece que está chovendo convites para fazer o mesmo em muros vizinhos. Não têm como não dar uma paradinha para uma espiada no que esse versátil artista produz e todos que o conhecem pessoalmente, ainda convivem com uma pessoa de altíssimo astral.