UMA DICA (42)
FECHANDO A TAMPA DO MÊS DE AGOSTO
Ufa! Chegamos ao fim de mais um mês de agosto e entre mortos e feridos, vos digo, continuo em ebulição, mais exposto que sardinha de balcão. Esse mafuá me toma um tempo danado, mas gosto de exercitar a escrita, tanto que continuo tentando manter um post diário por aqui. Sábado li algo que é muito de mim: “um homem ruim de discurso, sem timing, que não consegue, no palanque, expor as idéias tão concisamente como no papel”. Sou assim, escrevo e quando me ponho a falar, as idéias não fluem com a mesma competência e facilidade. Escrevo, anoto tudo e vou, na medida do possível publicando aqui. Vamos conversar sobre algumas coisas que não queria ver passarem em branco nesse final de mês:
1. Sexta passada estive em Presidente Prudente e visitei algo do qual gostei muito, a FEIRA NACIONAL E INTERNACIONAL DE ARTESANATO (Mãos & Arte), num belo pavilhão colado à rodovia Raposo Tavares. Circulei pelos corredores e foi lindo ver a arte em estandes de países distantes como Egito, Tailândia, Índia, Peru, Dubai, Uganda, Quênia, Itália, Portugal, Palestina e outros. Viajei no meio de gente do mundo todo. Uma feira dessas poderia emplacar por aqui. Sai de lá por volta das 21h e nem rodo uns 15km, pneu estourado. Num breu de dar gosto, paro no primeiro posto à vista. Ambiente escuro, sou indicado a ir até o fundão, num quase barraco, onde conheço um profissional e tanto. Fico a prosear por uns 40 minutos, chegando a conclusão de que bate mesmo uma identificação muito grande com a gente mais simples desse povo brasileiro. Além do papo, na despedida ia esquecendo do troco (dei cinqüenta, ele teria que voltar trinta). Ele vai atrás do meu carro, fica a me acenar, volto e percebo o esquecimento. Trocamos um forte aperto de mãos. Aumentei o som do Adoniran Barbosa na vitrolinha do carro e só cheguei em casa por volta da 1h30 da manhã.
2. Voltei aos cinemas de Bauru após um longo interregno. Não passavam nada que me interessasse em quase mês e meio. Eu e o filho adoramos cinema, mas estava um tanto difícil. Fui ontem assistir O CONTADOR DE HISTÓRIAS (Direção do Luiz Villaça, Brasil, 2009 - http://wwws.br.warnerbros.com/ocontadordehistorias/site/? ), com uma participação belíssima da portuguesa Maria de Madeiros e do garoto que interpretou o papel principal, quando o contador de histórias Roberto Carlos Ramos tinha uns 13 anos. Saímos de lá discutindo o filme por todo o caminho de volta para casa. Volto esses dias para ver OS NORMAIS II e fico no aguardo de mais, muito mais, pois clamo por bons filmes. Outra novidade é a de que o CINE CLUBE ALDIRE PEREIRA GUEDES, comandado pelo meu amigo PH vai voltar. Quinta, 03/09, 19h, reabre as portas com a 7ª Mostra Audiovisual da UNESP. Cultura gratuita.
3. No sábado fui convidado e não compareci ao Encontro dos militantes da ESQUERDA SOCIALISTA, ala interna do PT. Explico os motivos. A ex-secretária de Esportes, Pollyanna assumiu o cargo e junto foram impostos os nomes para os cargos de direção, seus auxiliares, todos indicados pela atual vice-prefeita Estela Almagro, mandarim do partido na cidade. Quando Pollyanna se indispôs com uma diretora e a exonerou, criou atrito com a mandarim, gerando sua saída do Governo Municipal. Quem assume a Secretaria foi o vereador Batata e ele nomeia a mesma pessoa para o mesmo cargo, a que havia sido exonerada anteriormente. Essa pessoa é membro da Esquerda Socialista, que acreditava fazer oposição e discordar dos métodos praticados pela atual Executiva. Pelo que entendia, esse grupo (do qual me identificava) estava disputando a direção do PT na cidade, em confronto total com a atual direção, composta por Estela e Batata. Como pode essa pessoa exercer cargo de confiança justamente de quem quer defenestrar do pódio? Sinceramente, não entendi. Todos podem trabalhar onde quiserem (como já o fiz), mas não podem continuar se dizendo oposição à atual direção. Enquanto não me explicarem o que está acontecendo (tem mais gente com o mesmo encucamento), não acho conveniente participar de nada, nem de reuniões. Tomara que não seja o que está escrito nas estrelas.
4. Domingo pela manhã, 10h, eu, Zezé (pela 1ª vez no campo) e o jornalista Ademir Elias vamos ao Alfredão acompanhar a recuperação do Noroeste, que bateu o líder Linense por 2x1. Bons momentos, onde presenciamos gente exaltada com juiz, jogadores errando muito e algo observado por todos. As cadeiras cativas foram todas liberadas e em sua parte baixa, permanecendo em pé, acompanhando com uma atenção desmedida, Marcos (da Sangue Rubro), um noroestino de quatro-costados, como se fosse um técnico, gritando instruções a todo instante, nervoso, apontando os erros e aplaudindo os acertos. Permanece isolado de todos, compenetrado e resoluto na sua missão de ajudar o time, do primeiro ao último minuto do jogo. No resto da semana, Marcos comanda a loja de CDs/DVDs no Shopping. O campo deve servir para descarregar as energias negativas e carregar as positivas. De tempos em tempos surgem torcedores inusitados no campo. Quem não se lembra da buzina do Tigrão? De um torcedor ouvi: “Imagina sentar numa poltrona ao lado dele e assistir um jogo inteiro. Ele sofre muito”. Marcos faz a alegria da galera, todos com um olho no campo e outro em sua performance. Essa é minha homenagem aos 99 anos do Noroeste, completados em 01/09. Sou como definiu certa vez o J.Martins, repórter de campo: "Pode o time grande que torço perder, que sofro menos quando o Noroeste perde. Amo esse time".
5. O Golpe em Honduras resiste ao tempo. Dias atrás num evento musical anti-Golpe, quem se destaca é um menino de dez anos. Do texto recebido do amigo carioca Pasqual Macariello, em espanhol, destaco: "Oscar David Montecinos, participó en el Concierto 'Voces contra el Golpe' el pe' en Tegucigalpa, unas 8000 personas se congregaron para recibir a los artistas en apoyo y solidaridad la lucha de resistencia. Es verdaderamente auténtico, su palabras cargadas de energía y de esa ingenuidad y dulzura de un pequeño niño nos hizo estremecernos a todos/as. Tiene apenas 10 años pero una valentía admirable, una bofetada para tanto cobarde que camina por allí y para nosotros y nosotras en la resistencia, ejemplo de lucha". Já vi umas três vezes tal a intensidade de sua fala. Vejam aqui: http://www.youtube.com/watch?v=dE98F0LmPZw . E por fim, um site argentino, http://www.hondurasgolpeada.net/ , que quando o vi, quase morri de vergonha. Eles já realizaram a 6ª Marcha contra o Golpe em Honduras. No Brasil, nada. Por aqui, quem deveria se opor a artimanhas, acabam por se aliar a elas. É mais cômodo e como disse Raphael Martinello: "No Brasil quase todos estão acomodados. Ninguém mais quer lutar".
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
DIÁRIO DE CUBA (36)
“MUJERES”, UMA CONTAGIANTE PEÇA DE TEATRO
Primeiro dia em Santiago de Cuba, 19/03/2008, quarta-feira, após andanças pela cidade junto do seu Alberto e visita ao Quartel Moncada, por volta das 17h30, vou andar só pelo centro da cidade. Desço pela rua do Hotel e na primeira paralela, o movimento começa a aumentar já duas quadras abaixo. A rua é interditada aos carros e todos andam com mais folga, pois as calçadas são um tanto estreitas. Algo me chama a atenção, uma placa indicando um teatro. Uma peça terá início em 15 minutos, patrocínio da Aliança Francesa. Ganho a tarjeta para entrada gratuita. Desço até a quadra debaixo e um grupo musical canta numa pequena praça. Espio de longe. Na outra esquina, paro para ver a programação de um cinema. Uma sessão começaria quase naquele instante, 18h e outra às 20h. Para aquele dia não daria, mas pretendo não sair de Cuba sem assistir um filme, de preferência cubano.
Volto para o teatro, entrego a tarjeta a uma simpática porteira, após um papo sobre Brasil, subo a escadaria e adentro a sala. O local é pequeno, com no máximo uns 150 lugares, mas muito confortável. Não está lotado, mas recebe um bom público, onde quase metade das cadeiras estão ocupada. Como no Brasil, não começa no horário. O atraso não passa de quinze minutos e a peça se chama “Mujeres” (texto e adapatação de Christine Matos), uma adaptação do grupo "Teatro Estudio Macubá", de Santiago de Cuba e do "Akwaba Ka-théatre", de Chateauneuf de Gadagne, França, em cima do famoso texto “Monólogos da Vagina”. No folheto um agradecimento: “com su apoyo para que este prejeyto um poco loco pueda existir”. São cinco mulheres no palco, por quase uma hora e meia, numa interpretação de cair o queixo. Tiro duas fotos só no final do espetáculo, pois achei deselegante fazer isso desmedidamente durante a apresentação.
Queria muito ficar ao final, para transmitir um abraço brasileiro, dizendo às cinco atrizes que conhecia a encenação brasileira com o mesmo título e que havia gostado muito dessa cubana. Preferi voltar para o hotel, pois havia dito ao Marcos, meu companheiro de viagem, que daria uma breve caminhada e já se passavam mais de três horas. De posse de uma pet de dois litros, com um gelado refresco de limão, chego todo pimpão e não deu outra, ele estava nervoso e achando que havia me perdido ou sido atropelado. Estava é cansado. Decidimos descansar e começar um melhor reconhecimento na cidade logo cedo. Descemos só para comprar dois lanches e dois iogurtes, vendidos em embalagens plásticas, com meio litro. Para terminar o dia, muita TV cubana e algumas opções internacionais. Adorei e fiquei habituê da "Tele Sur" venezuelana, com uma vasta programação latino-americana.
“MUJERES”, UMA CONTAGIANTE PEÇA DE TEATRO
Primeiro dia em Santiago de Cuba, 19/03/2008, quarta-feira, após andanças pela cidade junto do seu Alberto e visita ao Quartel Moncada, por volta das 17h30, vou andar só pelo centro da cidade. Desço pela rua do Hotel e na primeira paralela, o movimento começa a aumentar já duas quadras abaixo. A rua é interditada aos carros e todos andam com mais folga, pois as calçadas são um tanto estreitas. Algo me chama a atenção, uma placa indicando um teatro. Uma peça terá início em 15 minutos, patrocínio da Aliança Francesa. Ganho a tarjeta para entrada gratuita. Desço até a quadra debaixo e um grupo musical canta numa pequena praça. Espio de longe. Na outra esquina, paro para ver a programação de um cinema. Uma sessão começaria quase naquele instante, 18h e outra às 20h. Para aquele dia não daria, mas pretendo não sair de Cuba sem assistir um filme, de preferência cubano.
Volto para o teatro, entrego a tarjeta a uma simpática porteira, após um papo sobre Brasil, subo a escadaria e adentro a sala. O local é pequeno, com no máximo uns 150 lugares, mas muito confortável. Não está lotado, mas recebe um bom público, onde quase metade das cadeiras estão ocupada. Como no Brasil, não começa no horário. O atraso não passa de quinze minutos e a peça se chama “Mujeres” (texto e adapatação de Christine Matos), uma adaptação do grupo "Teatro Estudio Macubá", de Santiago de Cuba e do "Akwaba Ka-théatre", de Chateauneuf de Gadagne, França, em cima do famoso texto “Monólogos da Vagina”. No folheto um agradecimento: “com su apoyo para que este prejeyto um poco loco pueda existir”. São cinco mulheres no palco, por quase uma hora e meia, numa interpretação de cair o queixo. Tiro duas fotos só no final do espetáculo, pois achei deselegante fazer isso desmedidamente durante a apresentação.
Queria muito ficar ao final, para transmitir um abraço brasileiro, dizendo às cinco atrizes que conhecia a encenação brasileira com o mesmo título e que havia gostado muito dessa cubana. Preferi voltar para o hotel, pois havia dito ao Marcos, meu companheiro de viagem, que daria uma breve caminhada e já se passavam mais de três horas. De posse de uma pet de dois litros, com um gelado refresco de limão, chego todo pimpão e não deu outra, ele estava nervoso e achando que havia me perdido ou sido atropelado. Estava é cansado. Decidimos descansar e começar um melhor reconhecimento na cidade logo cedo. Descemos só para comprar dois lanches e dois iogurtes, vendidos em embalagens plásticas, com meio litro. Para terminar o dia, muita TV cubana e algumas opções internacionais. Adorei e fiquei habituê da "Tele Sur" venezuelana, com uma vasta programação latino-americana.
sábado, 29 de agosto de 2009
COLUNAS DO JORNAL BOM DIA (35 e 36)
AS MUITAS CENSURAS - publicada na edição de 22/08/2009
Existe muito de hipocrisia nessa discussão em torno da censura ao Estadão, envolvendo novas revelações sobre Sarney. Censura é repugnante e deve ser combatida, principalmente por uma mídia a apregoar ser sua atuação feita da forma mais transparente possível. Não pegou muito bem ela ser denunciada, justamente por quem a exerce. É que existe um outro tipo de censura, muito em voga nos dias atuais, a econômica, exercida pelo próprio patrão. É uma espécie de filtro, onde só são publicadas as notícias que não batem de frente com os interesses da empresa. Algo como uma versão mais recomendável dos fatos, bem distante dos interesses dos leitores. Essa passa batido. Se uma merece o merecido pau, a outra idem. E isso não acontece. Vejo gente da imprensa descendo a lenha na censura e posturas do governo, enquanto que no próprio quintal ocorre exatamente o exercício do alvo da crítica. É o caso de um jornalista demitido por uma rádio local. Criticava ferozmente vereadores até o momento em que foi fechado contrato de transmissão das sessões legislativas. O interesse mudou e como o jornalista não se calou, rua. Isso não é censura? Por que usam de dois pesos e duas medidas, como se uma não dissesse respeito à outra. Um simples espelho na sala de visitas refletindo a própria face resolveria isso tudo. E o estardalhaço da ida ou não da ex da Receita, a Lina, “hablar” ou não com Dilma. A primeira acusa, não prova nada e tudo é aceito. E daí? Baita isenção, hem!
OBS.: A charge ao lado, demostrando o poder do dinheiro, hoje presente até junto a Partidos ditos comunistas sai sem a citação da fonte, pois nada sei além da assinatura oa lado do desenho. Tendo como patrão o 'Dinheiro', tudo é filtrado segundo seu interesse.
FECHAMENTO POUPATEMPO - publicada na edição de hoje, 29/08/2009
Acompanhei todo o trabalho de restauro e reforma executado na edificação onde hoje está abrigada a unidade local do Poupatempo. Exercia cargo público, dentro da administração municipal anterior, justamente ligada ao restauro de três carros ferroviários lá instalados. Eles ficaram perfeitos e dão um toque charmoso ao local. Quanto à reforma em si, para instalação da Unidade, não existe como negar que existia uma urgência em sua entrega. Vivíamos um ano eleitoral e a obra foi apressada, beneficiando uma candidatura, a do tucano Serra. Porém, a estrutura feita não teria como apresentar as falhas indicadas hoje. E se ocorreram, comprova-se que, na pressa foram excluídas etapas importantes ou o orçamento aprovado não era condizente com a grandiosidade da obra. E se isso ocorreu, algo precisa vir à tona. Detalhes não podem passar despercebidos. Retrata como é encarada a execução de obras públicas nesse país, meros cabos eleitorais em campanhas. Não existem santos na política. O mesmo que critica, comete erro idêntico. Esconde o fato até ser descoberto. Comecemos com algumas perguntas: A reforma atual necessita de uma licitação. Ela existe? Onde está o laudo do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas? A resposta a essas perguntas são importantes para que a cidade tome conhecimento do tempo em que a unidade permanecerá fechada. Outra pergunta: Interessa ao consórcio que lá atua continuar operando na unidade de Bauru? Eles recebem para tanto e não li pronunciamento deles sobre o assunto.
OBS.: As duas fotos são do arquivo do Sardinha (de bermuda), um que trabalhou no restauro dos carros instalados lá no Poupatempo, vivenciando aquele momento. Foram tiradas no dia da inauguração do local. Ganhei dele nessa semana. Boas recordações desse dia: festa do PSDB, fiz questão de ir de camisa vermelha.
OBS.: As duas fotos são do arquivo do Sardinha (de bermuda), um que trabalhou no restauro dos carros instalados lá no Poupatempo, vivenciando aquele momento. Foram tiradas no dia da inauguração do local. Ganhei dele nessa semana. Boas recordações desse dia: festa do PSDB, fiz questão de ir de camisa vermelha.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
OS QUE RESTARAM (01)
Crio esse novo espaço para valorizar a luta dos que continuam resistindo e agindo, lutando por um mundo novo, mais justo e igualitário. Uns poucos, diante do que o próprio Martinelli ressalta e eu grifo abaixo. Por esses dias surgirá outro espaço, o "Os que fazem falta", onde falarei dos já se foram, fazendo uma falta danada.
RAPHAEL MARTINELLI, 84 ANOS, REVOLUCIONÁRIO NAS 24H NO DIA
Acontece no recinto da OAB a Semana de Direitos Humanos. Na noite de quarta, 26/08, fui com amigos assistir a um debate com Raphael Martinelli (os outros debatedores não vieram, José Ibrahim e Leopoldo Paulino), presidente do Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, ex-militante da ALN, de Marighella e um declarado e atuante militante ferroviário. Do alto dos 84 anos, quase todos dedicados à militância social, destaco de sua fala:
“Precisamos explicar para a nova geração o que significou a Ditadura e o que é Democracia. Na Ditadura existia a mesma malandragem de hoje e demonstrar isso é um problema da responsabilidade que temos com a nação. A sociedade foi enganada pela Ditadura. Quero contar e mostrar os danos que sofri ao longo dos anos de militância. O poder civil ganhou milhões com os militares, enriqueceu. Que apareçam os traidores do lado de cá, mas que sejam mostrados os colaboradores da Ditadura, quem financiou aquilo, quem bancou o aparato. Hoje eu posso falar, não tem tanque atrás de mim, isso é democracia e o parlamento não pode e não deve ser fechado. O que existe até hoje são algumas formas de impunidade. Ela ainda vigora em algumas delegacias de polícia. Polícia é para prender, não bater. Ela que jogue para o Judiciário fazer a sua parte. (...) A internet está cheia de críticas ferozes ao que fazemos. Quer dizer, a direita continua babando. Ela não pode e não sabe conviver com Democracia. Ela não aceita ver a gente livre e falando o que quer. E eles atuam. Falava lá atrás que Jango foi morto envenenado, hoje isso está mais claro. Marcos Freire, Castello Branco, JK e até provavelmente Lacerda e Costa e Silva, todos morreram deixando dúvidas no ar. A Direita mata até os seus próprios. (...) Eu acabei com as discussões internas dentro do Fórum, quando um acusava o outro em brigas freqüentes, do tipo, você me delatou, foi fraco e não resistiu. Foram todos torturados, sofreram, todos na mesma luta e se matando, acabei com isso. (...) Se existe Democracia no mundo de hoje isso é graças aos 25 milhões de soviéticos na 2ª Guerra. Temos que enaltecer a luta dos soviéticos. Não aceito as críticas feitas a eles hoje. A URSS jogou na luta 18 milhões dos seus melhores quadros para vencer a guerra. E os oportunistas que chegaram depois (os EUA entraram quase no fim do conflito e perderam umas 200 mil pessoas) ainda criticam eles. (...) Não subo mais em palanque do PT, mas não critico nada em público e quando faço, elas ocorrem em grupos internos. Lula não me recebe desde que foi eleito, sou amigo dele e ele sabe que o colocarei na parede na questão das ferrovias, sou fundador do PT e daqui não saio. Não sou de nenhum partido. Sou um homem de esquerda. Hoje ninguém mais levanta a voz no parlamento a favor dos ideais da luta. O cara que é de esquerda tem por obrigação fazer isso. A esquerda hoje têm medo de perder os privilégios, as mordomias. Hoje o movimento sindical não faz nada, não querem mais lutar, estão fracos. (...) Anistia não pode ser para os dois lados. O outro lado foi quem destituíram os eleitos, cassaram, torturaram e ainda querem ser incluídos na anistia. Isso não existe no mundo todo. Preparamos uma Cartilha para as crianças explicando o que é Ditadura e Democracia, Anistia, essas coisas. Eles precisam aprender desde cedo. Essa é a defesa que faço do Brasil”. Saibam mais sobre ele: http://www.youtube.com/watch?v=f7DMOjIU51o
Durante o debate e as perguntas feitas ao palestrante, uma pessoa queria aparecer. Monopolizou nas perguntas. Recebi um cutucão, vindo de uma amiga: “Quem é esse que se acha? O Martinelli fala com categoria, esse já se acha o bom”. Concordei e fomos quietos até o fim, pois o tema era dos mais instigantes, interessantes e o palestrando dos mais lúcidos. Foi ótimo rever Sebastião Pereira da Silva, outro oitentão, perseguido pelos golpistas, deu a volta por cima e dá um belo depoimento sobre seu nome estar até hoje em listas negativistas. Quem também estava por lá era Arcôncio Pereira da Silva e antes da palestra mostrava ter transcrito de próprio punho (aos 93, quase 94 anos) uma matéria do JC, de 01/08 e mostrando aos presentes emocionou a todos: “Está escrito aqui que alguns dos ex-prefeitos de Bauru foram os responsáveis por deixar a cidade com uma dívida de 400 milhões. São eles Tidei, Izzo e Nilson. Só o Tuga está fora disso. Eu fui muito duro com ele e quando ele passou o governo para o Rodrigo, estava lá e não o cumprimentei. Fui sectário, reconheço que errei e faço minha autocrítica. Todos esses outros fizeram empréstimos e Tuga foi quem pagou. Critiquei por ele não ter feito coisas, obras e hoje vejo o papel que ele teve. Reconheço o que Tuga fez e queria muito vê-lo para me desculpar pessoalmente”. Concordei com tudo e vou ver se consigo esse reencontro para os próximos dias.
Crio esse novo espaço para valorizar a luta dos que continuam resistindo e agindo, lutando por um mundo novo, mais justo e igualitário. Uns poucos, diante do que o próprio Martinelli ressalta e eu grifo abaixo. Por esses dias surgirá outro espaço, o "Os que fazem falta", onde falarei dos já se foram, fazendo uma falta danada.
RAPHAEL MARTINELLI, 84 ANOS, REVOLUCIONÁRIO NAS 24H NO DIA
Acontece no recinto da OAB a Semana de Direitos Humanos. Na noite de quarta, 26/08, fui com amigos assistir a um debate com Raphael Martinelli (os outros debatedores não vieram, José Ibrahim e Leopoldo Paulino), presidente do Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, ex-militante da ALN, de Marighella e um declarado e atuante militante ferroviário. Do alto dos 84 anos, quase todos dedicados à militância social, destaco de sua fala:
“Precisamos explicar para a nova geração o que significou a Ditadura e o que é Democracia. Na Ditadura existia a mesma malandragem de hoje e demonstrar isso é um problema da responsabilidade que temos com a nação. A sociedade foi enganada pela Ditadura. Quero contar e mostrar os danos que sofri ao longo dos anos de militância. O poder civil ganhou milhões com os militares, enriqueceu. Que apareçam os traidores do lado de cá, mas que sejam mostrados os colaboradores da Ditadura, quem financiou aquilo, quem bancou o aparato. Hoje eu posso falar, não tem tanque atrás de mim, isso é democracia e o parlamento não pode e não deve ser fechado. O que existe até hoje são algumas formas de impunidade. Ela ainda vigora em algumas delegacias de polícia. Polícia é para prender, não bater. Ela que jogue para o Judiciário fazer a sua parte. (...) A internet está cheia de críticas ferozes ao que fazemos. Quer dizer, a direita continua babando. Ela não pode e não sabe conviver com Democracia. Ela não aceita ver a gente livre e falando o que quer. E eles atuam. Falava lá atrás que Jango foi morto envenenado, hoje isso está mais claro. Marcos Freire, Castello Branco, JK e até provavelmente Lacerda e Costa e Silva, todos morreram deixando dúvidas no ar. A Direita mata até os seus próprios. (...) Eu acabei com as discussões internas dentro do Fórum, quando um acusava o outro em brigas freqüentes, do tipo, você me delatou, foi fraco e não resistiu. Foram todos torturados, sofreram, todos na mesma luta e se matando, acabei com isso. (...) Se existe Democracia no mundo de hoje isso é graças aos 25 milhões de soviéticos na 2ª Guerra. Temos que enaltecer a luta dos soviéticos. Não aceito as críticas feitas a eles hoje. A URSS jogou na luta 18 milhões dos seus melhores quadros para vencer a guerra. E os oportunistas que chegaram depois (os EUA entraram quase no fim do conflito e perderam umas 200 mil pessoas) ainda criticam eles. (...) Não subo mais em palanque do PT, mas não critico nada em público e quando faço, elas ocorrem em grupos internos. Lula não me recebe desde que foi eleito, sou amigo dele e ele sabe que o colocarei na parede na questão das ferrovias, sou fundador do PT e daqui não saio. Não sou de nenhum partido. Sou um homem de esquerda. Hoje ninguém mais levanta a voz no parlamento a favor dos ideais da luta. O cara que é de esquerda tem por obrigação fazer isso. A esquerda hoje têm medo de perder os privilégios, as mordomias. Hoje o movimento sindical não faz nada, não querem mais lutar, estão fracos. (...) Anistia não pode ser para os dois lados. O outro lado foi quem destituíram os eleitos, cassaram, torturaram e ainda querem ser incluídos na anistia. Isso não existe no mundo todo. Preparamos uma Cartilha para as crianças explicando o que é Ditadura e Democracia, Anistia, essas coisas. Eles precisam aprender desde cedo. Essa é a defesa que faço do Brasil”. Saibam mais sobre ele: http://www.youtube.com/watch?v=f7DMOjIU51o
Durante o debate e as perguntas feitas ao palestrante, uma pessoa queria aparecer. Monopolizou nas perguntas. Recebi um cutucão, vindo de uma amiga: “Quem é esse que se acha? O Martinelli fala com categoria, esse já se acha o bom”. Concordei e fomos quietos até o fim, pois o tema era dos mais instigantes, interessantes e o palestrando dos mais lúcidos. Foi ótimo rever Sebastião Pereira da Silva, outro oitentão, perseguido pelos golpistas, deu a volta por cima e dá um belo depoimento sobre seu nome estar até hoje em listas negativistas. Quem também estava por lá era Arcôncio Pereira da Silva e antes da palestra mostrava ter transcrito de próprio punho (aos 93, quase 94 anos) uma matéria do JC, de 01/08 e mostrando aos presentes emocionou a todos: “Está escrito aqui que alguns dos ex-prefeitos de Bauru foram os responsáveis por deixar a cidade com uma dívida de 400 milhões. São eles Tidei, Izzo e Nilson. Só o Tuga está fora disso. Eu fui muito duro com ele e quando ele passou o governo para o Rodrigo, estava lá e não o cumprimentei. Fui sectário, reconheço que errei e faço minha autocrítica. Todos esses outros fizeram empréstimos e Tuga foi quem pagou. Critiquei por ele não ter feito coisas, obras e hoje vejo o papel que ele teve. Reconheço o que Tuga fez e queria muito vê-lo para me desculpar pessoalmente”. Concordei com tudo e vou ver se consigo esse reencontro para os próximos dias.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
UMA CARTA (34)
BOLSA FAMÍLIA / MALHA-FINA - saiu publicada edição de hoje do Jornal Cidade, Tribuna do Leitor
Não me causa espanto a manchete do JC de sábado, 22/08, “Tem até morto recebendo o Bolsa Família em Bauru”. Dentro de um universo de 8.848 inscritos, cerca de 1.241 famílias beneficiadas apresentam irregularidades. Pouco menos de 15%, uma baixa taxa. Ainda mais porque a maioria das irregularidades deve constar com meros problemas cadastrais, todos solucionáveis na força-tarefa que a Sebes irá realizar. Os casos mais escabrosos, como os da manchete serão mínimos. Quer dizer, o programa está atingindo o seu objetivo e muito bem. O que seria do Brasil sem o Bolsa Família? Os famélicos estariam em convulsão e as conseqüências catastróficas para todos. Ponto para o Governo Federal.
Lanço aqui uma proposta de fácil busca pelos jornalistas, podendo gerar boas manchetes futuras. Façam uma pesquisa entre os declarantes do Imposto de Renda, todos com certa renda a declarar. Dentre todos os que estão com os nomes incluídos na denominada “malha-fina”, qual o percentual de irregularidades e quais as que poderiam gerar manchetes como a de sábado. O espanto poderia vir da seguinte forma: a classe mais abastada da população comete mais irregularidades que os menos favorecidos.
* (A carta é essa e saiu publicada na edição de hoje, porém faço aqui um breve relato sobre a motivação para a mesma. Na edição citada do jornal, em sua capa, o texto: “Cerca de 1241 famílias beneficiadas com o programa federal Bolsa Família em Bauru estão com registro irregular. Uma auditoria do TCU apurou que alguns dos beneficiados têm veículo no próprio nome e encontrou até gente morta recebendo o benefício que é direcionado à famílias com renda per capita de R$ 140,00. Bauru tem 8848 inscritos no programa. A Sebes realizará uma força-tarefa”. Nos desdobramentos, leio na edição de 23/08, na ‘Entrelinhas”, que “o cidadão Pedro Valentim vai pedir a abertura de inquérito na Polícia Federal e no Ministério Público”. Na de 24/08, a vice-prefeita atira erroneamente e culpa governo passado pela defasagem de dados (bola fora). A edição de 25/08 diz que vereadores, coordenados por Amarildo Oliveira (PPS) irão caçar fantasmas. Na mesma edição, a ex-secretária da Sebes, Egli Muniz, acertadamente defende as medidas adotadas no recadastramento feito anteriormente. Eu continuo afirmando, como o fiz na carta publicada: Bolsa Família continua cumprindo sua missão e as irregularidades são pequenas. Nada contra a investigação do JC, mas valeria a pena a comparação sugerida e também a divulgação de lista dos grandes devedores de água do DAE. Seriam comparados os dois extremos e conheceríamos irregularidades dos menos e dos mais favorecidos).
OUTRA COISA: Hoje, na Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes (rua Amazonas 1-41, entrada gratuita), 21h30, a segunda apresentação do musical OPINIÃO. Só perco se estiver longe de Bauru ou com as pernas e mãos amarradas. No Templo Bar a reapresentação será dia 02/09, 21h.
BOLSA FAMÍLIA / MALHA-FINA - saiu publicada edição de hoje do Jornal Cidade, Tribuna do Leitor
Não me causa espanto a manchete do JC de sábado, 22/08, “Tem até morto recebendo o Bolsa Família em Bauru”. Dentro de um universo de 8.848 inscritos, cerca de 1.241 famílias beneficiadas apresentam irregularidades. Pouco menos de 15%, uma baixa taxa. Ainda mais porque a maioria das irregularidades deve constar com meros problemas cadastrais, todos solucionáveis na força-tarefa que a Sebes irá realizar. Os casos mais escabrosos, como os da manchete serão mínimos. Quer dizer, o programa está atingindo o seu objetivo e muito bem. O que seria do Brasil sem o Bolsa Família? Os famélicos estariam em convulsão e as conseqüências catastróficas para todos. Ponto para o Governo Federal.
Lanço aqui uma proposta de fácil busca pelos jornalistas, podendo gerar boas manchetes futuras. Façam uma pesquisa entre os declarantes do Imposto de Renda, todos com certa renda a declarar. Dentre todos os que estão com os nomes incluídos na denominada “malha-fina”, qual o percentual de irregularidades e quais as que poderiam gerar manchetes como a de sábado. O espanto poderia vir da seguinte forma: a classe mais abastada da população comete mais irregularidades que os menos favorecidos.
* (A carta é essa e saiu publicada na edição de hoje, porém faço aqui um breve relato sobre a motivação para a mesma. Na edição citada do jornal, em sua capa, o texto: “Cerca de 1241 famílias beneficiadas com o programa federal Bolsa Família em Bauru estão com registro irregular. Uma auditoria do TCU apurou que alguns dos beneficiados têm veículo no próprio nome e encontrou até gente morta recebendo o benefício que é direcionado à famílias com renda per capita de R$ 140,00. Bauru tem 8848 inscritos no programa. A Sebes realizará uma força-tarefa”. Nos desdobramentos, leio na edição de 23/08, na ‘Entrelinhas”, que “o cidadão Pedro Valentim vai pedir a abertura de inquérito na Polícia Federal e no Ministério Público”. Na de 24/08, a vice-prefeita atira erroneamente e culpa governo passado pela defasagem de dados (bola fora). A edição de 25/08 diz que vereadores, coordenados por Amarildo Oliveira (PPS) irão caçar fantasmas. Na mesma edição, a ex-secretária da Sebes, Egli Muniz, acertadamente defende as medidas adotadas no recadastramento feito anteriormente. Eu continuo afirmando, como o fiz na carta publicada: Bolsa Família continua cumprindo sua missão e as irregularidades são pequenas. Nada contra a investigação do JC, mas valeria a pena a comparação sugerida e também a divulgação de lista dos grandes devedores de água do DAE. Seriam comparados os dois extremos e conheceríamos irregularidades dos menos e dos mais favorecidos).
OUTRA COISA: Hoje, na Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes (rua Amazonas 1-41, entrada gratuita), 21h30, a segunda apresentação do musical OPINIÃO. Só perco se estiver longe de Bauru ou com as pernas e mãos amarradas. No Templo Bar a reapresentação será dia 02/09, 21h.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
UM COMENTÁRIO QUALQUER (50)
TROCA DE LIVROS NO SENAC E A ‘FEIRA DE LIVROS LIVRE’, NA EXTINTA ESTAÇÃO ARTE
Durante essa semana acontece no SENAC (Av. Nações Unidas 10-22), pelo sexto ano consecutivo a sua já tradicional FEIRA ITINERANTE DE TROCA DE LIVROS. Durante quase toda a semana a troca é feita numa grande mesa, cheia de livros, colocada estrategicamente no saguão de entrada (verifique programação, pois em alguns dias ela é deslocada para outros locais) da escola. Marinês Rodrigues Ferreira, uma das responsáveis pela feira vai acompanhando a movimentação constante de títulos e a única recomendação é para levar algum dos disponíveis e outro (em boa conservação e de literatura) fique em seu lugar. Esse ano, o chamarisco é apimentado com palestras, oficinas, exposições e até uma apresentação musical. O SENAC se mostra ativo, com ótimos títulos disponibilizados aos interessados. No começo da noite de terça, passo por lá e levo três (esses da foto aí ao lado já são meus - empresto, viu!). Marinês, que já me conhece dos anos anteriores, fica a papear sobre um assunto de interesse comum, livros.
Livros também foi o tema do que ouvi e tive que retrucar, quase no final da última reunião do Conselho Municipal de Cultura, domingo último. Num comentário, o dirigente máximo do setor público municipal de Cultura alardeava que estariam implantando, numa iniciativa inédita, troca de livros, num projeto a ser inaugurado. Relembrei que ano passado, na extinta Estação Arte, que era realizada aos domingos junto ao MIS – Museu Imagem e do Som (Estação da Cia Paulista), foram realizadas várias edições de algo denominado BANCA DE LIVROS LIVRE (idéia buscada do http://www.bookcrossing.com/), onde a pessoa levava um livro numa grande mesa (sempre lotada), quase junto à agitada Feira do Rolo, devolvendo-o ou não quando lido. Dentro uma etiqueta com um lembrete: “Não estou perdido. Sou um livro livre e vim parar às tuas mãos para que me leias e me passes a outro leitor”. Foram semanas e semanas de intenso sucesso, coordenados por Neli Viotto, Orlando Alves e Ricardo Ilha, além de vários voluntários (muitos outros queriam estar lá). Eu mesmo peguei livros novos e clássicos, deixando por lá outros tantos. O que ocorrerá na Cultura Municipal não é inédito. Inédito é o local, dentro de coletivos. A idéia é boa e sempre muito válida, mas reconhecer algo que já foi feito, com ótimos resultados, não faz mal a ninguém. Quando o assunto são livros, divago. A história da Estação Arte (Memória Oral nº 33: ‘Duas feiras, duas idéias muito parecidas’), foi publicada aqui em 16/05/2008).
Durante essa semana acontece no SENAC (Av. Nações Unidas 10-22), pelo sexto ano consecutivo a sua já tradicional FEIRA ITINERANTE DE TROCA DE LIVROS. Durante quase toda a semana a troca é feita numa grande mesa, cheia de livros, colocada estrategicamente no saguão de entrada (verifique programação, pois em alguns dias ela é deslocada para outros locais) da escola. Marinês Rodrigues Ferreira, uma das responsáveis pela feira vai acompanhando a movimentação constante de títulos e a única recomendação é para levar algum dos disponíveis e outro (em boa conservação e de literatura) fique em seu lugar. Esse ano, o chamarisco é apimentado com palestras, oficinas, exposições e até uma apresentação musical. O SENAC se mostra ativo, com ótimos títulos disponibilizados aos interessados. No começo da noite de terça, passo por lá e levo três (esses da foto aí ao lado já são meus - empresto, viu!). Marinês, que já me conhece dos anos anteriores, fica a papear sobre um assunto de interesse comum, livros.
Livros também foi o tema do que ouvi e tive que retrucar, quase no final da última reunião do Conselho Municipal de Cultura, domingo último. Num comentário, o dirigente máximo do setor público municipal de Cultura alardeava que estariam implantando, numa iniciativa inédita, troca de livros, num projeto a ser inaugurado. Relembrei que ano passado, na extinta Estação Arte, que era realizada aos domingos junto ao MIS – Museu Imagem e do Som (Estação da Cia Paulista), foram realizadas várias edições de algo denominado BANCA DE LIVROS LIVRE (idéia buscada do http://www.bookcrossing.com/), onde a pessoa levava um livro numa grande mesa (sempre lotada), quase junto à agitada Feira do Rolo, devolvendo-o ou não quando lido. Dentro uma etiqueta com um lembrete: “Não estou perdido. Sou um livro livre e vim parar às tuas mãos para que me leias e me passes a outro leitor”. Foram semanas e semanas de intenso sucesso, coordenados por Neli Viotto, Orlando Alves e Ricardo Ilha, além de vários voluntários (muitos outros queriam estar lá). Eu mesmo peguei livros novos e clássicos, deixando por lá outros tantos. O que ocorrerá na Cultura Municipal não é inédito. Inédito é o local, dentro de coletivos. A idéia é boa e sempre muito válida, mas reconhecer algo que já foi feito, com ótimos resultados, não faz mal a ninguém. Quando o assunto são livros, divago. A história da Estação Arte (Memória Oral nº 33: ‘Duas feiras, duas idéias muito parecidas’), foi publicada aqui em 16/05/2008).
OBS.: Hoje são comemorados 20 Anos do Museu Ferroviário Regional de Bauru. Parabéns a todos por lá. Essa redonda data mereceria grandioso evento, mas se os momentos atuais não são dos melhores, com "sangue, suor e lágrimas", dias melhores virão. Vem aí o 2º Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru, organizado pela Associação de Preservação Ferroviária de Bauru, evento coordenado pelo amigo Ricardo Bagnato e pelo secretário Nico Mondelli, do Desenvolvimento Econômico, com ampla participação do pessoal do Museu.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
UMA ALFINETADA (58)
A VERGONHA DA RODOVIA MARECHAL RONDON- será publicado n'O ALFINETE, 29/08/2009
Viajo diariamente pelas estradas no entorno de Bauru. Conheço todas, inclusive os desvios dos nefastos pedágios (a maioria não vale a pena). Dentre todas as estradas que ligam nossa cidade com a região escolhi para escrever algo sobre a pior delas, a Marechal Rondon, talvez a mais importante. Ela nasce lá em Botucatu e vai até as Três Lagoas, cortando parte de nosso interior. É, como quase todas, pedagiada. Porém, mesmo assim, está em petição de miséria. Buracos em quase toda sua extensão. As exceções são mínimas. Alguns trechos pareciam com o rachado solo visto no auge da seca nordestina. Retornei de visita a Lins ontem e meu aparelho de CDs funcionou precariamente no trecho, tal a quantidade de solavancos. Parei para fotografar algumas crateras e algo singular no que presenciei, uma grande obra no trecho. Não pensem que essa obra é para algum tipo de reparo na pista, longe disso, é a construção da ampliação da praça de pedágio junto a já existente entre Avaí e Pirajuí. Grande movimentação de operários e maquinário. Arrecadação à vista.
Pedágio é coisa do governo paulista dos tucanos, os que privatizaram nossas andanças pelas estradas, usando como lema que teríamos estradas em perfeito estado. Pura balela. Essa deveria envergonhar o governador Serra, que está em plena campanha para Presidente da República. Concessão para pedágios é um dos melhores negócios existentes hoje em dia, caixa cheio diariamente. E a contra-partida? Quem exige dessas empresas uma estrada no mínimo descente, em condições de uso? Quando pagamos pelo seu uso, podemos exigir em alto e bom som. E não vou gastar munição reclamando com essas concessionárias. Vou direto ao chefe, o autorizador para seu uso, Serra. Afinal, “quem pariu Mateus que o embale”. A grande vergonha é pedágios sendo construindo aos borbotões e o asfalto continuar em petição de miséria. A tucanaiada adora ficar pegando no pé do Governo Federal, mas não enxerga seus próprios erros. Quem circula pela Rondon sabe do que estou falando e sabe também não existir exagero nenhum nessa reclamação. Não seria mais ético inverter o processo, reparar primeiro o leito da estrada (não falo só de um mero tapa-buraco) e depois construir os novos pedágios? Avisem o governador, que sou obrigado a pagar os tais pedágios (contra a minha vontade), porém gosto de escutar música na estrada e do jeito que está é impossível. E se ele quer me ver irritado é não viajar cantarolando por aí.
Viajo diariamente pelas estradas no entorno de Bauru. Conheço todas, inclusive os desvios dos nefastos pedágios (a maioria não vale a pena). Dentre todas as estradas que ligam nossa cidade com a região escolhi para escrever algo sobre a pior delas, a Marechal Rondon, talvez a mais importante. Ela nasce lá em Botucatu e vai até as Três Lagoas, cortando parte de nosso interior. É, como quase todas, pedagiada. Porém, mesmo assim, está em petição de miséria. Buracos em quase toda sua extensão. As exceções são mínimas. Alguns trechos pareciam com o rachado solo visto no auge da seca nordestina. Retornei de visita a Lins ontem e meu aparelho de CDs funcionou precariamente no trecho, tal a quantidade de solavancos. Parei para fotografar algumas crateras e algo singular no que presenciei, uma grande obra no trecho. Não pensem que essa obra é para algum tipo de reparo na pista, longe disso, é a construção da ampliação da praça de pedágio junto a já existente entre Avaí e Pirajuí. Grande movimentação de operários e maquinário. Arrecadação à vista.
Pedágio é coisa do governo paulista dos tucanos, os que privatizaram nossas andanças pelas estradas, usando como lema que teríamos estradas em perfeito estado. Pura balela. Essa deveria envergonhar o governador Serra, que está em plena campanha para Presidente da República. Concessão para pedágios é um dos melhores negócios existentes hoje em dia, caixa cheio diariamente. E a contra-partida? Quem exige dessas empresas uma estrada no mínimo descente, em condições de uso? Quando pagamos pelo seu uso, podemos exigir em alto e bom som. E não vou gastar munição reclamando com essas concessionárias. Vou direto ao chefe, o autorizador para seu uso, Serra. Afinal, “quem pariu Mateus que o embale”. A grande vergonha é pedágios sendo construindo aos borbotões e o asfalto continuar em petição de miséria. A tucanaiada adora ficar pegando no pé do Governo Federal, mas não enxerga seus próprios erros. Quem circula pela Rondon sabe do que estou falando e sabe também não existir exagero nenhum nessa reclamação. Não seria mais ético inverter o processo, reparar primeiro o leito da estrada (não falo só de um mero tapa-buraco) e depois construir os novos pedágios? Avisem o governador, que sou obrigado a pagar os tais pedágios (contra a minha vontade), porém gosto de escutar música na estrada e do jeito que está é impossível. E se ele quer me ver irritado é não viajar cantarolando por aí.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
FRASES DE UM LIVRO LIDO (28)
‘CARLITO MAIA – A IRREVERÊNCIA EQUILIBRISTA’, DE ERAZÊ MARTINHO
Esse livro fez minha cabeça por conhecer a vida do personagem retratado, o publicitário Carlito Maia (1924/2002), de quem incorporei o termo “abracitos” para encerrar meus textos e de quem incorporarei o uso do boné do MST, para eventos variados daqui pra frente. O livro da Boitempo Editorial, coleção ‘Retratos’ (2003, 176 pgs) traça um perfil dos mais simpáticos desse irreverente e marcante personagem brasileiro, verdadeiro anjo torto da política."Foi o gênio por trás da imagem do PT, uma espécie de Duda Mendonça do bem. Criou os slogans ‘oPTei’, ou o ‘vaPT-vuPT’, ou o ‘Lula-lá’ e mais uma longa lista”, lembra Eugênio Bucci. Frei Beto conta no livro, que ele “jamais pôs a alma a leilão”, além de destacar que “virou contrabandista de gente, produtor de fugas, alcoviteiro de guerrilheiros, semeador de esperanças. Acionou sua metralhadora giratória de frases e citações, fazendo da ironia uma arma capaz de derrubar prepotências e denunciar safadezas”. Dele também algo marcante sobre Carlito: “nunca foi daqueles que ficam em cima do muro para ver melhor os dois lados. Homem de opções e ações”. Um outro amigo, Lourenço Diaféria (também já morto) disse dele: “Nada lhe escapa: a malandragem dos malandros, a desonestidade dos desonestos, a safadeza dos safados, estejam entocados nos porões ou nos pináculos do poder, têm sido alvo de suas flechas, de seu aríete e de sua borduna, mas isso sem perder a graça, a ironia, o bom humor”. Sua vida comprovou que o humor é corrosivo, traiçoeiro, debochado, infiel e, fundamentalmente, suprapartidário. Sua marca registrada, além das frases de efeito, eram os bilhetinhos para os amigos e flores, muitas flores para os considerados. Tenho aqui comigo um outro livro, esse de cabeceira, o ‘Vale o escrito’ (Globo, 1992), com algumas de suas crônicas, do qual não me separo. Queria ter a integridade e coragem do Carlito, uma fonte inesgotável onde vou buscar disposição para continuar remando contra a maré. No Brasil sempre faltaram Carlitos e sobraram Dudas, Sarneys, FHCs, Renans, Alckmins... Do Carlito poderia escrever muito, mas prefiro que as frases dele façam o serviço:
- “Não pode haver democracia onde os democratas são minoria”.
- “Homem está em falta, machão tem a dar com pau”.
- “A esquerda, quando começa a contar dinheiro, vira direita”.
- “Uma vida não é nada. Com coragem, pode ser muito”.
- “Amo São Paulo com todo o meu ódio”.
- “Venci na vida perdendo. Sorte demais, um rabo tamanho –família”.
- “A luta é entre os sem-terra e os sem-vergonha”.
- “Sou o que de mim fiz porque assim quis. Vivo sozinho, mas em boa companhia”.
- “Confusão na economia? Eles são bancos, que se entendam”.
- “No jogo do xadrez, torço para que o peão coma a rainha, derrube o rei e proclame a monarquia”.
- “Collorido pela própria natureza, o tucano é aquele que tem vergonha de ser PFL e não tem coragem de ser petista”.
- “Quem não sabe beber pouco – nem muito – tem mais é que parar”.
- “O PT é composto por seres humanos, com todos os defeitos e virtudes: xiitas e xaatos, xiiques e xuucros, xaaropes e xeeretas”.
- “CuidAIDS! Meta o pau na camisinha”.
- “A esperança já perdi várias vezes. A fé, jamais”.
- “Tudo o que precisamos é uns dos outros”.
- “A vida é só uma viagem. Tudo tem seu tempo. Não há porque apressar o fim, mesmo que se viva no Brasil”.
- “Só respeito a bandeira quando confio em quem a está empunhando”.
Ficaram com gosto de “quero mais”, cliquem: http://www.carlitomaia.etc.br/home.html
‘CARLITO MAIA – A IRREVERÊNCIA EQUILIBRISTA’, DE ERAZÊ MARTINHO
Esse livro fez minha cabeça por conhecer a vida do personagem retratado, o publicitário Carlito Maia (1924/2002), de quem incorporei o termo “abracitos” para encerrar meus textos e de quem incorporarei o uso do boné do MST, para eventos variados daqui pra frente. O livro da Boitempo Editorial, coleção ‘Retratos’ (2003, 176 pgs) traça um perfil dos mais simpáticos desse irreverente e marcante personagem brasileiro, verdadeiro anjo torto da política."Foi o gênio por trás da imagem do PT, uma espécie de Duda Mendonça do bem. Criou os slogans ‘oPTei’, ou o ‘vaPT-vuPT’, ou o ‘Lula-lá’ e mais uma longa lista”, lembra Eugênio Bucci. Frei Beto conta no livro, que ele “jamais pôs a alma a leilão”, além de destacar que “virou contrabandista de gente, produtor de fugas, alcoviteiro de guerrilheiros, semeador de esperanças. Acionou sua metralhadora giratória de frases e citações, fazendo da ironia uma arma capaz de derrubar prepotências e denunciar safadezas”. Dele também algo marcante sobre Carlito: “nunca foi daqueles que ficam em cima do muro para ver melhor os dois lados. Homem de opções e ações”. Um outro amigo, Lourenço Diaféria (também já morto) disse dele: “Nada lhe escapa: a malandragem dos malandros, a desonestidade dos desonestos, a safadeza dos safados, estejam entocados nos porões ou nos pináculos do poder, têm sido alvo de suas flechas, de seu aríete e de sua borduna, mas isso sem perder a graça, a ironia, o bom humor”. Sua vida comprovou que o humor é corrosivo, traiçoeiro, debochado, infiel e, fundamentalmente, suprapartidário. Sua marca registrada, além das frases de efeito, eram os bilhetinhos para os amigos e flores, muitas flores para os considerados. Tenho aqui comigo um outro livro, esse de cabeceira, o ‘Vale o escrito’ (Globo, 1992), com algumas de suas crônicas, do qual não me separo. Queria ter a integridade e coragem do Carlito, uma fonte inesgotável onde vou buscar disposição para continuar remando contra a maré. No Brasil sempre faltaram Carlitos e sobraram Dudas, Sarneys, FHCs, Renans, Alckmins... Do Carlito poderia escrever muito, mas prefiro que as frases dele façam o serviço:
- “Não pode haver democracia onde os democratas são minoria”.
- “Homem está em falta, machão tem a dar com pau”.
- “A esquerda, quando começa a contar dinheiro, vira direita”.
- “Uma vida não é nada. Com coragem, pode ser muito”.
- “Amo São Paulo com todo o meu ódio”.
- “Venci na vida perdendo. Sorte demais, um rabo tamanho –família”.
- “A luta é entre os sem-terra e os sem-vergonha”.
- “Sou o que de mim fiz porque assim quis. Vivo sozinho, mas em boa companhia”.
- “Confusão na economia? Eles são bancos, que se entendam”.
- “No jogo do xadrez, torço para que o peão coma a rainha, derrube o rei e proclame a monarquia”.
- “Collorido pela própria natureza, o tucano é aquele que tem vergonha de ser PFL e não tem coragem de ser petista”.
- “Quem não sabe beber pouco – nem muito – tem mais é que parar”.
- “O PT é composto por seres humanos, com todos os defeitos e virtudes: xiitas e xaatos, xiiques e xuucros, xaaropes e xeeretas”.
- “CuidAIDS! Meta o pau na camisinha”.
- “A esperança já perdi várias vezes. A fé, jamais”.
- “Tudo o que precisamos é uns dos outros”.
- “A vida é só uma viagem. Tudo tem seu tempo. Não há porque apressar o fim, mesmo que se viva no Brasil”.
- “Só respeito a bandeira quando confio em quem a está empunhando”.
Ficaram com gosto de “quero mais”, cliquem: http://www.carlitomaia.etc.br/home.html
domingo, 23 de agosto de 2009
CENA BAURUENSE (36)
PROJETO JARDIM CULTURAL III (SÁBADO) e IV FESTIVAL DE FOLCLORE (DOMINGO)
1. O Projeto JARDIM CULTURAL acontece uma vez por mês num dos espaços mais diferenciados de Bauru, uma espécie de chácara bem no meio da cidade, atrás do Cemitério da Independência. Uma área verde incrustada no meio desse emaranhado de concreto, cheio de árvores, flores e um paisagismo desconcertante, com a assinatura de Rômulo Cavalcante. Quem coordena tudo é a cantora Manu, junto com uma moçada universitária. Queria conhecer e acabei não conseguindo ir nos anteriores. Nesse sábado, 22/03, fui por volta das 18 e fiquei até umas 22h30. Vi de tudo, desde exposições de cartuns e caricaturas (Gonçalez na parada), shows espalhados por vários espaços, barracas para a venda de produtos naturais, artesanais e inusitados, dança, teatro e poesia. Vi uma apresentação de capoeira e o prefeito soltando fogo pela boca, além de sentar ao lado de pessoas queridas, como o ex-secretário de Cultura, Vinagre, o profissional da dança, Sivaldo Camargo, a nossa diva da Cultura local, Regina Ramos e o mago das cordas, Norba. Tudo isso junto, numa mesma mesa e regado com cerveja Primus. Papeei também com Nicodemos e Alexandra, além do advogado Arthur Monteiro Jr e a esposa Lílian, do amigo Marcelo Cavinato e esposa, ambos lá da Barra Bonita. Percebi que o Jardim é desses lugares onde posso ir tranquilamente sozinho, pois logo estarei rodeado de gente conhecida. Mês que vem tô lá de novo. Querem saber mais, cliquem em: http://www.jardimpontocultural.blogspot.com/
PROJETO JARDIM CULTURAL III (SÁBADO) e IV FESTIVAL DE FOLCLORE (DOMINGO)
1. O Projeto JARDIM CULTURAL acontece uma vez por mês num dos espaços mais diferenciados de Bauru, uma espécie de chácara bem no meio da cidade, atrás do Cemitério da Independência. Uma área verde incrustada no meio desse emaranhado de concreto, cheio de árvores, flores e um paisagismo desconcertante, com a assinatura de Rômulo Cavalcante. Quem coordena tudo é a cantora Manu, junto com uma moçada universitária. Queria conhecer e acabei não conseguindo ir nos anteriores. Nesse sábado, 22/03, fui por volta das 18 e fiquei até umas 22h30. Vi de tudo, desde exposições de cartuns e caricaturas (Gonçalez na parada), shows espalhados por vários espaços, barracas para a venda de produtos naturais, artesanais e inusitados, dança, teatro e poesia. Vi uma apresentação de capoeira e o prefeito soltando fogo pela boca, além de sentar ao lado de pessoas queridas, como o ex-secretário de Cultura, Vinagre, o profissional da dança, Sivaldo Camargo, a nossa diva da Cultura local, Regina Ramos e o mago das cordas, Norba. Tudo isso junto, numa mesma mesa e regado com cerveja Primus. Papeei também com Nicodemos e Alexandra, além do advogado Arthur Monteiro Jr e a esposa Lílian, do amigo Marcelo Cavinato e esposa, ambos lá da Barra Bonita. Percebi que o Jardim é desses lugares onde posso ir tranquilamente sozinho, pois logo estarei rodeado de gente conhecida. Mês que vem tô lá de novo. Querem saber mais, cliquem em: http://www.jardimpontocultural.blogspot.com/
2. O 4º Festival de Folclore de Bauru possui a cara de seu idealizador, o folclorista TITO PEREIRA e do Instituto Yauaretê. Além de amigo de fé e irmão camarada, é praticamente impossível não gostar do Tito e do seu despreendimento. Um batalhador incansável, daqueles que arregaçam as mangas e nesse ano, mesmo com um monte de adversidades conspirando contra, tudo ocorreu a contento e o festival foi maravilhoso.Hoje, das 11 às 16h, lá no Vitória Régia com muita chuva, nenhuma das apresentações dos grupos folclóricos constantes da programação ocorreu. Alguns por causa da chuva, outros por causa de algo que ninguém entendeu direito, quando o mesmo grupo estava agendado aqui na cidade e em outra, ambos eventos com a participação da Secretaria de Cultura. Tito demonstrou cansaço, mas diante das pessoas a lhe incentivar, reagiu bem e o evento com os tropeiros foi um sucesso. Antes mesmo do evento começar quem passa por lá é o Sérgio Coelho (na foto Tito, Sérgio e esposa, Xiko Kolfani e família ) e os vejo tramando a ampliação do criadouro de sacis, incorporando o que Botucatu acaba de rejeitar. Barulho à vista e novas peripécias barulhentas para o Yauaretê. Barulho mesmo ocorre com a chegada dos tropeiros, que subiram pela Nações Unidas na já tradicional "Cavalgada dos Tropeiros", com uma tropa constituida de uns 50 animais. Tomam logo conta do espaço e das atenções. De um deles ouço algo que foi o motivador para o sucesso e movimentação do evento: "Nós entendemos e valorizamos a chuva. É muito bom sentí-la, pois sem ela o que seria de nós. Com ou sem ela estaríamos aqui. Ninguém aqui foge de chuva". E ela caia, em forma de garoa, ininterrupta. No lado oposto, uma feira de artesanato não emplacou, pois a chuva espantou a movimentação daquele lado.
Abro um espaço para falar de um ilustre personagem, que conheci por lá. Falo de EDEMILSON, ou só GAÚCHO, 47 anos, um paulista, barburdo e com um poncho cobrindo o corpo. Mora no assentamento pra lá do Bauru 1 e é daqueles que logo de cara bate uma identidade, pois além de possuir um papo dos mais agradáveis, têm uma rica experiência de vida. Papeamos além da conta. Contou parte de sua vida e das agruras já enfrentadas. Ouvi uma detalhada explicação do termo "grilhagem": aquela dos documentos esquentados pelos endinheirados da vida, com um grilo numa gaveta, misturas de limão, folhas entre livros, passadas à ferro, etc (ele vai me contar tudo em detalhes e qualquer dia relato aqui). Uma esclarecida pessoa atuando no campo e facilitando a vida dos assentados. Falou da estratégia dos assentados para adentrarem uma nova área, histórias dos avós tropeiros, os percalços de ser uma pessoa aposentada por invalidez e tendo que enfrentar verdadeiras batalhas para ter seus garantidos direitos respeitados. Chama a atenção por onde circula e após um papo, mais do que isso, respeito e admiração.
Quase no fim, como a chuva não iria parar mesmo, os tropeitos dançaram na chuva, deslizaram na lama puxados por cordas e cantaram incansáveis modas de viola, no estilo sertanejo original. A comida foi servida fumegante e sobrou. Arroz de carreteiro e um feijão cheio de penduricalhos (tudo o que eu não poderia comer - chatice esse negócio de colesterol), regado a cerveja e conhaque (espantou o frio). Troféus para os que se destacaram e muita conversa, debaixo da chuva ou nas barracas. Quem aparece para o abraço final foi o vereador Roque Ferreira (só ele mesmo), que circula por todos os lados, levado por Tito. Quase no fim, uma carreta vem buscar a maioria dos animais, enquanto alguns iniciam o caminho de volta debaixo de água. Enquanto o som se manteve ligado um grupo não parou de se movimentar. Foi um domingo cheio de novidades. Tito merece ser melhor compreendido, pois esse seu evento possui uma identidade própria e precisa ser tratado com mais carinho e atenção. Eu adorei tudo o que presenciei e Tito e sua trupe devem ter saído de lá necessitando de um bom descanso, pois para eles o dia foi uma pauleira brava. No Revelando SP, esse ano no recinto da ARCO, em outubro, mais Tito e tropeiros.
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