GENTE QUE LÊ E OUVE MÚSICA E LÁ EMBAIXO GENTE QUE NEGOCIA E EXECUTA*
*(A charge dita lá no alto, na verdade é uma tira do LAERTE, um rei do traço nacional, interpretando como ninguém esse negócio dos que, como eu, gostamos de coisas exóticas e as duas lá de baixo do argentino REP, um mestre muralista e livresco como poucos).
Ainda algo passado no final do ano passado envolvendo esse gosto por livros e boa música. Sai à caça de um livro de presente, o “Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano, um clássico sobre a América Latina. Li que a LP&M reeditou em livro de bolso por meros R$ 22. Fui à caça nas livrarias e sebos da cidade. Nada e numa grandona, um meninão, desses com cara de tudo entender, começa a procurar o livro na estante de Clássicos Nacionais. Fico a vasculhar outras coisas e o vejo indicar para uma senhora que queria o último livro do Chico Buarque, o “Estorvo”. Sou obrigado a dizer-lhe antes de partir que o último ganhou o Prêmio Jabuti e seu nome é “Leite Derramado”. Tem um ar de tudo saber, mas nada sabe de Chico, nem de Galeano. Caço também para presentear a um amigo o CD de Anna de Hollanda, a recém empossada ministra da Cultura. Nada na cidade, não a conheciam e numa loja um balconista, após ser informado que ela é a nova ministra me diz que acha que havia lido alguma coisa na “Veja” (fonte nada confiável). Preferi comprar o CD e o livro por um site na internet. Ando descrente das coisas, pois se perguntasse por Justin Bieber ou Danielle Steel receberia informações detalhadas de tudo, inclusive da vida pessoal de ambos.
Mas nem tudo está irremediavelmente perdido. Meu filho, 16 anos passa aqui pelo Mafuá e arrebata (leva emprestado, sem previsão de garantido retorno) três livros de uma só batelada. Diz estar montando uma estante de livros e para contribuir dou o que tenho. O faço com gosto, não sem antes lermos juntos algo sobre os livros. Num deles, o “Anarquistas” (diz que será o primeiro a ser lido), interpretamos juntos uma frase de Elile Henry, “A defesa de um terrorista”, de 1894: “Disseram-me que a vida era fácil, que estava aberta a todas as pessoas inteligentes e cheias de entusiasmo; a experiência me ensinou que só os cínicos e os servis conseguiram bons lugares nos banquetes. Disseram-me que as instituições sociais baseavam-se na justiça e na igualdade: eu observava à minha volta e só via mentiras e falsidades”. Esquecemos da vida (e eu do trabalho) e ficamos a confabular por algumas horas. Viajei ontem e ele levou mais alguns, depois vou me certificar quais foram. Tudo por sua biblioteca. Por fim, leio nos jornais que o PT de Bauru esteve reunido (só acredito vendo) e irá exigir na Justiça (acho uma injustiça, mas...) o cargo de vereador, que com a saída de Batata para a pasta de Esportes, foi ocupada pelo Carlão do Gás, PR (reclamam quase um ano depois, estranho, não?). Nada a ver com gente que lê, mas tudo com gente que trama e executa. Quem irá assumir a vaga, se conquistada, será o Cláudio, da Construção Civil. Sai o do Gás entra do Tijolo. Brincadeiras à parte, por mim a cidade perde, mas isso são os evidentes sinais de uma campanha eleitoral tendo seus primeiros lances. Os próximos, seguindo esse, serão todos abaixo da linha da cintura. De minha parte, somente algo: O PT É MUITO MAIS, MAS MUITO MAIS QUE ISSO TUDO. Bauru padece nas mãos de gente a comandar a legenda com tacão medieval. Dias melhores para a sigla, só com guerrilha, luta armada e revolução. Prego isso e para tanto, já mandei afiar meu “Machete” (assistiram o filme? Eu vi e gostei). Porém, tomei uma decisão, esqueçam tudo o que escrevi. Estou numa briga com a balança, me pesei ontem em Atibaia e observei um estrago barrigal só comparado ao do Zeca Pagodinho (veja sua foto comparando a dele com a da grávida Antonelli - ele ganhou). Nesse momento essa briga me diz mais respeito. Tenho que abdicar de guloseimas mil e aderir à exercícios contínuos e diários. E isso dói. Preciso parar de reclamar o "leite derramado".
*(A charge dita lá no alto, na verdade é uma tira do LAERTE, um rei do traço nacional, interpretando como ninguém esse negócio dos que, como eu, gostamos de coisas exóticas e as duas lá de baixo do argentino REP, um mestre muralista e livresco como poucos).
Ainda algo passado no final do ano passado envolvendo esse gosto por livros e boa música. Sai à caça de um livro de presente, o “Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano, um clássico sobre a América Latina. Li que a LP&M reeditou em livro de bolso por meros R$ 22. Fui à caça nas livrarias e sebos da cidade. Nada e numa grandona, um meninão, desses com cara de tudo entender, começa a procurar o livro na estante de Clássicos Nacionais. Fico a vasculhar outras coisas e o vejo indicar para uma senhora que queria o último livro do Chico Buarque, o “Estorvo”. Sou obrigado a dizer-lhe antes de partir que o último ganhou o Prêmio Jabuti e seu nome é “Leite Derramado”. Tem um ar de tudo saber, mas nada sabe de Chico, nem de Galeano. Caço também para presentear a um amigo o CD de Anna de Hollanda, a recém empossada ministra da Cultura. Nada na cidade, não a conheciam e numa loja um balconista, após ser informado que ela é a nova ministra me diz que acha que havia lido alguma coisa na “Veja” (fonte nada confiável). Preferi comprar o CD e o livro por um site na internet. Ando descrente das coisas, pois se perguntasse por Justin Bieber ou Danielle Steel receberia informações detalhadas de tudo, inclusive da vida pessoal de ambos.
Mas nem tudo está irremediavelmente perdido. Meu filho, 16 anos passa aqui pelo Mafuá e arrebata (leva emprestado, sem previsão de garantido retorno) três livros de uma só batelada. Diz estar montando uma estante de livros e para contribuir dou o que tenho. O faço com gosto, não sem antes lermos juntos algo sobre os livros. Num deles, o “Anarquistas” (diz que será o primeiro a ser lido), interpretamos juntos uma frase de Elile Henry, “A defesa de um terrorista”, de 1894: “Disseram-me que a vida era fácil, que estava aberta a todas as pessoas inteligentes e cheias de entusiasmo; a experiência me ensinou que só os cínicos e os servis conseguiram bons lugares nos banquetes. Disseram-me que as instituições sociais baseavam-se na justiça e na igualdade: eu observava à minha volta e só via mentiras e falsidades”. Esquecemos da vida (e eu do trabalho) e ficamos a confabular por algumas horas. Viajei ontem e ele levou mais alguns, depois vou me certificar quais foram. Tudo por sua biblioteca. Por fim, leio nos jornais que o PT de Bauru esteve reunido (só acredito vendo) e irá exigir na Justiça (acho uma injustiça, mas...) o cargo de vereador, que com a saída de Batata para a pasta de Esportes, foi ocupada pelo Carlão do Gás, PR (reclamam quase um ano depois, estranho, não?). Nada a ver com gente que lê, mas tudo com gente que trama e executa. Quem irá assumir a vaga, se conquistada, será o Cláudio, da Construção Civil. Sai o do Gás entra do Tijolo. Brincadeiras à parte, por mim a cidade perde, mas isso são os evidentes sinais de uma campanha eleitoral tendo seus primeiros lances. Os próximos, seguindo esse, serão todos abaixo da linha da cintura. De minha parte, somente algo: O PT É MUITO MAIS, MAS MUITO MAIS QUE ISSO TUDO. Bauru padece nas mãos de gente a comandar a legenda com tacão medieval. Dias melhores para a sigla, só com guerrilha, luta armada e revolução. Prego isso e para tanto, já mandei afiar meu “Machete” (assistiram o filme? Eu vi e gostei). Porém, tomei uma decisão, esqueçam tudo o que escrevi. Estou numa briga com a balança, me pesei ontem em Atibaia e observei um estrago barrigal só comparado ao do Zeca Pagodinho (veja sua foto comparando a dele com a da grávida Antonelli - ele ganhou). Nesse momento essa briga me diz mais respeito. Tenho que abdicar de guloseimas mil e aderir à exercícios contínuos e diários. E isso dói. Preciso parar de reclamar o "leite derramado".
3 comentários:
Henrique
Seus textos são gostosos, dou risada com eles.
Meses atrás, por muito menos, lá nos Estados Unidos, o paraíso das liberdades individuais (sic) gente foi presa por insinuações de que usariam armas em brincadeiras via twiter e internet. Coisas inconsequentes de uma burocracia burra. Voce aqui, diz que fará guerrilha e luta armada. Somos livres mais que eles, não? E alguns da imprensa, os que voce intitula de barões, ainda acham que nós a perdemos. Banana para eles e continue com seu texto ironico e sarcástico. Dói mais do que ir na jugular deles.
E por falar em barriga, não conheço a sua, mas tenho uma aqui dentro de casa, que cresce mais que a minha e nem cogitamos isso de ginástica. Municio ele com cevada.
Valéria
Olá Sr. Henrique!Vejo que os jovens dessa geração não são incentivamos em nada a leitura,menos a boa leitura,talvez as escolas devessem sair dos clássicos e partir para algo mais moderno ou contemporâneo que falasse mais aos mesmos.Nas casas vejo alguns pais "sem tempo" devido a trabalho ou mil compromissos assumidos sem prestar atenção ou se importar com o que os filhos se envolvem,ouvem ou pensam.Embora não tenha filhos penso que acompanhar,se envolver é preciso,como vejo o senhor fazendo com seu filho!Quanto a barriga é normal não é quando os homens se casam e se acomodam,aproveitando as boas coisas da vida!Grande abraço dessa que o admira pelos seus escritos!Karina
henrique
o pt tem jeito, mas aqui em bauru só se o casal 20 tirar o time de campo e como não vão fazer isso, tudo continuará esse negócio pobre e decrépito.
o que de pior temos na política.
tanto avanço lá pelos lados de brasília e tanta coisa ruim por aqui.
deve ter um sapo enterrado por aqui
paulo lima
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