quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

UM LUGAR POR AÍ (08)

CASA FÍGARO OU CASA PONCE? O MAIS IMPORTANTE É O DESTINO DADO A MESMA
No final da administração do prefeito Tuga Angerami (2005 a 2008) foi conseguido uma permuta com a Justiça do Trabalho, que ocupou por muitos anos o prédio localizado na esquina das ruas Antonio Alves e Ezequiel Ramos, transferindo todos os documentos lá localizados para um depósito junto a antiga Escolinha da Rede, ao lado das Oficinas da extinta RFFSA. O prédio veio para a Prefeitura e foi imediatamente repassado para a Secretaria Municipal de Cultura. Ainda no final de 2008 muitas coisas foram imaginadas para o local. Num empenho no final da administração todo o terreno foi limpado e muitos já vislumbravam ali um espaço cultural de grande monta, com até uma espécie de barzinho cultural para os finais de tarde, coisa que o centro da cidade sente falta. Dentro da casa nas primeiras incursões foram visualizados abaixo de uma pintura branca, pinturas antigas, da época da construção da casa, afrescos históricos.

Aquilo encantou a todos desde o início e um minucioso trabalho de restauro foi iniciado, comandando pela Neli, funcionária do setor com formação museológica. Equipamentos foram adquiridos e servidores removidos só para cuidar de que nada fosse perdido. Várias hipóteses foram levantadas sobre os primórdios da casa. Inicialmente foi dada uma denominação de casa Fígaro, com ligação ao construtor da mesma e muito tempo depois chegou-se a outro nome, o de Casa Ponce, esse com ligação aos moradores da casa. Lembro que até uma antiga moradora foi contatada e um registro de Memória Oral está feito e em poder do pessoal ligado à proteção do Patrimônio Cultural.

Muitas outras coisas foram acontecendo na casa. Até uma profissional restauradora com cursos na Itália veio para Bauru e queria cuidar da recuperação dos afrescos. Mete-se em trapalhadas e nunca mais se viu falar dela na cidade. Abnegadas pessoas sempre estiveram na retaguarda de tudo, juntamente com uma equipe de voluntários. Por fim, uma arquiteta com formação em restauro integrou-se à equipe e um setor de Apoio às Artes foi instalado no local. A efervecência continuou na parte interna, com luzes sempre acesas, guarda vigiando o local, carros estacionados dentro de sua área, mas na parte externa quase nada diferente de como tudo foi encontrado. Não ouço nada de novo sendo divulgado sobre os destinos de tudo aquilo. O prédio é muito rico e sua destinação é algo que deveria merecer uma atenção mais do que especial, tanto da Secretaria Municipal de Cultura, como da Prefeitura num todo.

Escrevi ontem aqui sobre obras em prédios de cidades vizinhas, muitos deles que abrigaram antigos cinemas e com recuperação em andamento, na maiorias das vezes todos beneficiados com verbas federais e até Leis de Incentivo. Por aqui não vislumbro nada disso. Não dá para não perguntar: Que projeto foi idealizado para ali? O que já foi feito? Qual o caminho a ser tomado? Foi tentado (ao menos isso) verbas externas para algo grandioso? O que não dá para imaginar como sensato é passados mais de dois anos de tudo ser repassado para a Cultura, continuar existindo ali só o setor de Artes e nada de novo estar sendo pensado para eternizar ali um real atrativo cultural?
Resolvi escrever sobre essa bela casa motivado por um comentário postado ontem aqui no mafuá pedindo informações sobre sua destinação. Como pouco sei sobre o hoje, falo do ontem, mostro iniciativas ocorridas, mas fico no aguardo de algo de concreto como resposta para indagações feitas. E o hoje? E o amanhã?
OBS.: Todas as fotos foram tiradas por mim no final de 2008.

11 comentários:

Anônimo disse...

muito bonita a tal Casa Figaro ou seja lá o seu nome, só isso.
Se transformou num misto de escritório e atelier de dois "artistas" que a usam para fins pessoais, produzem seus próprios trabalhos e barram a entrada de outros, se o interessado não atender as "especificações" nem entra lá. É um desplante do poder publico deixar um imóvel nas mãos de quem está....

Mafuá do HPA disse...

caro anônimo

Denúncias desse naipe possuem validade nula quando feitas ao vento, sem identificação de autoria, pois pode ter partido de desafetos querendo prejudicar contrários. Como denúncia, serve como linha de investigação, mas com ressalvas. Não acredito que isso possa estar acontecendo dentro de uma instituição pública como a que ocorre por lá. Conheço os dois artistas referidos e acho prematuro tomar partido.

Henrique - direto do mafuá

Ronaldo Gifalli disse...

Olá Henrique, parabéms pelo blog e espaço para troca de idéias.
Sobre a "Casa" que já foi definida que é um espaço para artes visuais, esperamos um contado para captação de verbas estabelecido o ano passado, com a Prof. Janira Bastos - Secretária de Cultura - para iniciarmos uma reforma e restauração - veja são duas coisas distintas. A reforma poderá ser mais rápida, porém preciamos de dinheiro, o retauro, cremos, demorará mais. Mas isso não impede a utilização do espaço, estamos desenvolvendo atividades: aulas de desenho, pintura e cerâmica. Desde a descoberta das pinturas murais de autoria dos irmãos Ponce Paz, sempre trabalhamos em grupos, cito aqui alguns nomes, mas outros já trabalharam lá: Neli, Paulo Barreto, Elizete, Beto - por pouco tempo, Alunos da Unesp, Unip...atualmente há duas alunas de arquitetura fazendo um levantamento detalhado do edifício. Iremos contar com um aluno de História da USC - estagiário para realizar a documentação histórica, a casa está em processo de tombamento pelo CONDEPAC - isto muito importante, realizamos semanas de artes visuais e cursos de conservação e presenvação de Fotografias. Tentamos, sem êxito, formar um grupo de artes visuais, porém, acho estranho, quase nenhum artista da cidade a visitou para conhece-la...o espaço está aberto. Ficamos um tempo isolados na gestão de Pedro Romualdo, já sugeriram transformá-la em telecentro, mas o espaço não foi adequado...enfim, muitas outras histórias aconteceram. Convidamos todos os interessados em colaborar conosco, artistas ou não, certo!
Outra coisa, após muitos anos trabalhando na Secretaria e desenvolvendo uma obra em artes visuais, expondo em muitos lugares, prêmios etc, gostaria que o anônimo do comentário acima retirasse as aspas, do artista, pois ainda me considero um artista plástico atuante, que produz, pesquisa e se formou nesta área e também sempre compartilha seus conhecimentos, desade a época da Casa da Cultura. Bem, O comentário já ficou longo...rs, agradeço espaço e novamente parabéns...apareça para um café ok!
Ronaldo Gifalli
artista plástico e agente cultural

A autora disse...

Henrique, descobri seu blog agora e achei demais!!
Me lembrou muito o dono desse blog abaixo, que conheço bem.
Enfim... se vc quiser dar uma olhada... é o http://www.todoprosa.blogspot.com/

Mafuá do HPA disse...

Patrícia:

Não a conheço, mas é um prazer tê-la aqui.
Comente à vontade.
Mafuá é isso mesmo, um pouco de tudo o que me move e na bagunça dos reencontros, entre papéis mil e uma infinidade de acontecimentos.
Muita coisa a ser retratada e apenas um post por dia.
Opções ma hora da escolha do tema.
Volte sempre.
Fui ler o blog indicado e também observei alguma semelhança na abordagem e no falar de tudo um pouco. E mais, uma visão com muita coisa em comum.
Abracitos do Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Gente,
Achei a explicação do Gifalli até desnecessária, pois o culpado de não existir um projeto real, concreto de transformação daquilo, com dinheiro de verdade na parada, não é dele e nem de outros que trabalhem ao seu lado. O buraco é mais no alto, é de quem deveria se preocupar com a confecção de projetos. Isso não foi feito e nem sei se o será. Vão ficar tateando com um pouquinho aqui e outro ali, fazendo tudo em pedaços. Amadorismo ou desinteresse. Não existe ninguém especializado na canfecção de projetos dentro da Prefeitura, ou nenhum local que se dedique a isso com exclusividade. Locais como essa casa padecem. E acredito no trabalho dos dois locados lá. Melhor com eles, pois não fica no abandono e um pontapé inicial já foi dado.

Valéria

gifalli disse...

Olá Valéria, sem querer criar polêmica (não curto isto..acredito somente no trabalho)e também não precisamos dar explicações, mas o trabalho em Artes Visuais é complicado, muito amadorismo ainda está presente em nossa cidade, como também, contamos com pouca colaboração. Creio que as atividades na Casa acontecerão, como nos nossos "sonhos", ainda sou otimista apesar de tudo.Penso um dia, quando estiver fora desta realidade, fazer uma visita à Casa e passar uma tarde lá, cheio de atividades, mostras e vendo um público frequentando e se divertindo, se informando...Vamos aguardar! aproveito para endereçar blog: www.rgifa.blogspot.com
abs
Gifalli

Mafuá do HPA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

por iniciativa própria, e tentnado alavancar projetos em conjunto com disciplinas na universidade, visitei a casa na qual está instalado o setor da secretaria de cultura de bauru tocado pelo ronaldo. fiquei muito feliz. o lugar é lindo. nós dois sonhamos em pequenos detalhes. com formações diferentes, imaginamos a possibilidade de a fonte voltar a funcionar, de que pudesse haver um banner indicativo do local, etc. muita classe, com conversa na mesa de madeira de lei e cadeiras da noroeste. louças de primeira para servir um café. ronaldo tem sonhos com a casa. eu que sou nova por aqui, fico pensando em porque o poder público e a iniciativa privada não refletem sobre as questões culturais tão simples em cidades pequenas como bauru (desculpem, estou comparando com a minha origem). pequenas atitudes que custam tão pouco, inclusive financeiramente, poderiam trazer um ar mais gostoso para esta terrinha. é só ter contade e inteligência para compreender o quanto a cultura é importante para amenizar tanta coisa ruim que vemos - estão claras diante de nós - nos jovens e adolescentes. se bauru juntasse educação e cultura - pra começo de conversa - as pessoas não precisariam ficar se engaufinhando ou se justificando, ou mesmo até se desentendendo. se o objetivo é público e - portanto - comum, independente de estarem ou não como funcionários ou servidores públicos (lembrando que tudo é passageiro, conforme a ética e o ca´rater de cada indivíduo), estaríamos em comunhão para obter resultados em questões mais importantes e para a realização de ações mais práticas. enfim, retornando ao meu lugarzinbo de fedelha, café com leite e sem esperar nada, mas com muita vontade de que a cidade que escolho e vice-versa possa ser uma cidade feliz, solidária e pautada pela honestidade, cidadania e ética, despeço-me com um beijo da ana bia andrade

sivaldo camargo disse...

oi, Henrique, eu acredito que os artístas Gifalli, Paulinho e Terezinha, vão conduzir este espaço, de forma legal, capacidade para isso eles tem, e vão contar com a supervisão da Cleide, a batalha por verbas é outra história, e não acontece na velocidade que desejamos, só gostaria de pedir aos responsaveis pela casa, que não esqueçam de uma pessoa que foi fundamental na conquista deste espaço, o Wallaçe Sampaio, secretario de desenvolvimento economico no governo do Tuga, eu acompanhei todo o processo, a casa foi destinada a sua pasta, porem, várias secretarias e autárquias queriam a casa a todo custo, ele peitou todos e garantiu que aquele espaço deveria ser aberto ao público e ligado a atividades culturais, eu acredito que quando a casa se tornar referência na área de artes plásticas, poderiam chama-lo para tomar um café (com aqulelas chicaras bonitinhas) e agradece-lo, e termino com uma frase de Chico "não se afobe não, que nada é pra já...."
sivaldo

Mafuá do HPA disse...

Sabe Siva, Ana, Gifalli, Valéria e Ptarícia:

Gosto muito quando as discussões por aqui enveredam por um caminho legal, como o que ocorreu nesse post. Tudo começou de uma forma agressiva e tomou outro rumo. Foi bom. Gostei também da lembrança do Wallace, que vivenciei, mas estava passando batido. Também sei que as coisas pelos lados públicos são mais lentas, morosas, algumas vezes letárgicas, mas com alguma ajuda, empurrõezinhos andam mais rápidos. E quando tudo estiver em pleno funcionamento, tomaremos então, todos juntos, o tal café nessas xícaras bonitinhas. Eu como sabem, bebo, inclusive chá e café. Vontade de fazer, percebo todos terem e isso é um, ótimo sinal. Bom domingo a todos e todas.

Henrique - direto do mafuá