segunda-feira, 4 de abril de 2011

ALFINETADA (84)

A HISTÓRIA DE UM LIVRO ENCONTRADO NO LIXO - publicado no semanário pirajuiense O ALFINETE, edição nº 628, de 02/04/2011.
Essa quem me contou foi o Cássio Cururu de Pirajuí. Além de arteiro mor foi dirigente cultural junto à Oficina Glauco Pinto de Moraes em Bauru. Família tradicional, nome comprido e casado com a brava guerreira, antropóloga por osmose, a Rejane Busch. Formam um casal a se completarem um ao outro. Gosto de estar com eles, de ouvir suas histórias e agora de viajar nos blogs mantidos por ambos, o http://www.cassiocururu.blogspot.com/ e o http://www.rejanetapuya.blogspot.com/

Sempre foram muito amigos de Marcelo Pavanato, que durante anos comandou esse O ALFINETE. Foi durante um período o jornalista responsável a assinar e viabilizar a circulação do semanário. Certo dia Marcelo circulando pelas cercanias da EE Pujol encontra na rua um monte de livros jogados no lixo, descartados na calçada e revirados pelos passantes. Fez o mesmo e ali, no meio dos escombros depara-se com algo a lhe interessar, tratava-se da obra “Sertões da Noroeste 1850 – 1945”, escrito pelo médico bauruense Edgard Lage de Andrade.

Folheou-o ali na calçada, juntou páginas espalhadas e guardou tudo. Leu e viu ali algo sobre a história de todas as cidades da região, inclusive Bauru, Pirajuí, Agudos, Reginópolis, cercanias do rio Tietê e Batalha. Coisas que poucos possuem a mais remota recordação. Comenta com Cássio e esse atuando junto à órgão estadual pede que lhe deixe o livro em garantia. Esse o remete para a Imprensa Oficial do Estado e após alguns meses a obra volta toda recuperada, em rica encadernação e protegida por uma caixa de madeira. O original fica com Marcelo e a cópia com ele, fonte inesgotável de pesquisa sobre um período ainda um tanto nebuloso e não totalmente desvendado de nossa história.

Do lixo de uma escola para estudos e pesquisas variadas. Escrevo um livro em parceria com o reginopolense Fausto Bergocce sobre a história daquela cidade e lá algo não encontrado em nenhum outro lugar, narrativas de pessoas que viveram na região há mais de cem anos. O autor era médico, sertanista e interessado em história, possuía um linguajar próprio dos conservadores, mas o que escreveu é peça única, portanto, rica. Faço uso do livro e aguardo a Fátima Pavanato localizar o original, que segundo ela, será entregue a alguém que o guarde com o devido cuidado e zelo. Talvez um museu.

Essa história me remete a outra ouvida mês passado em Descalvado. Lá um memorialista havia ido pesquisar algo em Rio Claro, após saber que documentos importantes estavam em poder daquele órgão municipal. Sim, estavam, pois um recém empossado funcionário municipal muito zeloso em cuidar de tanta coisa velha, inservível para a história de Rio Claro, achou por bem, sem consultar ninguém, descartar tudo o que não dizia respeito à sua cidade. Uma fogueira põe fim à tudo. Livros nas calçadas não é privilégio do Pujol. Aqui em Bauru, uma de nossas mais velhas escolas, a EE Ernesto Monte também fez o mesmo. Deu até manchete de jornal, só isso e nada mais. Esse, por sorte, estava na calçada quando um interessado em coisas velhas passava pelo local. Brasil afora quanta coisa não tem o trágico fim de serem vendidos por quilo, recolhidos das calçadas por algum necessitado catador de papel.
HPA, 50 anos de olhos bem abertos a todo e qualquer lixo nas calçadas.

17 comentários:

Rodrigo Schias disse...

Caríssimo Henrique, existe um engano na sua postagem sobre o livro Sertões da Noroeste (Edgard Lage de Andrade, quem achou este livro no lixo, foi o Ramildo Zancan- o "Raza", um músico local, há dez anos atrás, numa caixa de materiais para descartar, foi entregue a Biblioteca Municipal Getúlio Vargas, logo após foi achado em uma lata de lixo pelo mesma pessoa que acabou o entregando pra mim, na época vereador do municipio, em virtude de todo esse descuido fiquei como guardador do livro, até termos um museu aqui na cidade, esse livro foi entregue por mim ao casal de amigos Cássio e Rejane para uma restauração, foi feito cópias para podermos tirar cópias das cópias e não prejudicar o livro, o livro foi devolvido a mim pelo casal, está em minha posse, muito bem guardado, e quando alguém quer lê-lo faço cópias e entrego. Foi eu mesmo que fiz as cópias para o saudoso Marcelo achava importante termos no "O Alfinete" uma cópia deste livro tão importante da nossa fundação. No livro consta carimbo do Centro Estudantino Barão do Rio Branco - Pirajuí - SP.
Forte abraço.

Mafuá do HPA disse...

caro Rodrigo:
Ótimo essa retificação.
Todos os envolvidos na questão são os mesmos. O Marcelo, o Cássio, o Pujol, a participação do Alfinete e do Arquivo do estado. No registro que fiz, com o auxílio do Cássio, talvez devido ao tempo, algo foi esquecido e muito bem relembrado por ti. Vou retificar a história no texto da semana próxima, retificando o nome de quem encontrou o livro e o seu como o que entregou o livro para o Cássio restaurar. Achava estranho eu comentar isso com a Fátima e o Pedro e ambos não conseguiam se lembrar do livro, nem de onde poderia estar. Vou avisá-los que o original está contigo e em muito boas mãos. Contar a história é isso, reescrevendo-a a cada instante. Gostoso poder definir e dar os créditos a quem de direito. Farei isso com o maior gosto. Aguarde meu próximo texto para sábado próximo. Tendo mais algum detalhe saído errado, favor deixá-lo publicado aqui ou no meu email: mafuadohpa@gmail.com

Um abracito bauruense do Henrique - direto do mafuá

Cassio Cururu Açú disse...

Olá Henrique e Olá Rodrigo:

Só para esclarecer esta questão gostaria de dizer o seguinte:
Estamos falando de dois livros iguais e de duas historias diferentes:
o livro original que esta realmente em poder do Rodrigo foi encontrado jogado no lixo de descarte bem como um outro exemplar do livro que pertencia ao Marcelo Pavanato que também foi encontrado no descarte se não me engano da biblioteca municipal. Este sim seguiu para reparos nos laboratórios do Arquivo do Estado quando eu era Delegado Regional da Cultura de Bauru, vinculada a Secretaria de Estado da Cultura, e foi restaurado e voltou encadernado e dentro de uma pequena caixa. Assim sendo eu ganhei também uma cópia xerox encadernada com um capa dura marron mais ou menos igual ficou o original que devolvi ao Marcelo. Este exemplar não possui os carimbos do Centro Estudantino citados pelo Rodrigo e portanto se trata de um outro exemplar mas com a mesma historio do outro. Já o livro conservado pelo Rodrigo sofreu pequenos reparos pela Rejane e assim foi copiado e encadernado em folhas duplas sendo que uma das cópias me foi presenteado pelo Rodrigo, o qual você esta tendo o prazer de ler.
Desta forma então o original restaurado pelo Arquivo do Estado.
Realmente na pressa e na afobação com que falamos outro dia, estas coisas não foram comentadas mas aqui esta um esclarecimento que faço e atesto que eram realmente dois livros com histórias bem semelhantes entre si.
Uma grande abraço a vocês
Cururu

Rodrigo Schias disse...

E o pior né Cururu, os dois foram "jogados no lixo", mas que bom que foram achados, forte abraço ao Cassinho, Rejane e ao amigo HPA, Paz e bem!

Anônimo disse...

Henrique

O padre Severino que vc retratou num escrito do Alfinete acaba de aparecer no programa da Hebe na Rede TV. Uma história de uma mulher que tem uma fixação por ele, trinta e lá vai fumaça anos atrás, vara o país atrás do cara e descobre em Promissão que ele agora é padre. Uma história sob a ótica de uma sensacionalista TV e sem deixar o padre dar a opinião final. E Hebe dando de desentendida do que seria o MST.
Veja se acha isso aí na internet, no site da tal TV. Sou mais o padre do que a baboseira do que acabo de ver.

Mafuá do HPA disse...



Me ligaram no celular para avisar isso. Quandso liguei peguei a história pela metade. Percebi que entrevistavam o padre dando a entender estarem interessados em sua história pessoal, um padre no MST, essas coisas e depois, a mulher aparece assim meio que do nada e já ia querendo ir abraçando o padre. Ele desconfiado, com as câmeras todas ligadas, foi esquivo e reconhece a ter conhecido no Pará, mais de 30 anos atrás. Se foi paixão antiga dela, deixou a entender que não trocaria a vida que leva por algo como ela queria. E Hebe queria que ele fosse pagar o mico no programa. É claro que não foi. As baixarias próprias da TV, quando promovem esses reencontros de pessoas décadas depois, quando uma vida inteira já rolou e nem sempre é possível mais nada igual ao que viviam no passado. Só isso. Nada que desmereça o trabalho do Severino, o padre do MST.

Henrique - direto do mafuá

Ana Maria disse...

Eu sou Maria Estela Lage de Andrade Moral, neta do Dr. Edgard Lage de Andrade. Meu avô teve uma segunda esposa Dina Garcia Simas. Naquele tempo o divórcio era complicado então, não há documento que prove que meu avô casou-se com ela. No meu documento mostra o nome de meu avô e de sua primeira esposa Amélia Araújo como sendo minha avó. Do casamento de meu avô com Dina gerou-se três filhos: Edgard Américo Lage de Andrade, meu pai Murilo Afonso Lage de Andrade e um tio falecido aos treze anos em Charqueada, José guilherme Lage de Andrade, mesmo nome do meu irmão. Tenho 49 anos e meu irmão 44, tenho uma irmã por parte de pai Ana Maria Lage de Andrade de 19 anos.Tenho um filho chamado Rafael de Andrade Moral, bisneto do Dr. Edgard. Conto tudo isso porque o livro original de meu avô se perdeu quando meu pai em sua grande ingenuidade emprestou-o para estudantes de letras de uma república. Nunca mais devolveram. gostaria de ter pelo menos um exemplar do livro de meu avô. o túmulo de meu avô encontra-se em Charqueada. Dessa pequena família só resta eu, meu irmão e minha meia irmã. Moro em Piracicaba e meu e-mail é moralestela@yahoo.com.br, meu avô era primo de Carlos Drumond de Andrade que quando pequenos escreviam juntos, mas a vida os separou quando meu avô morreu aos 52 anos de um infarte fulminante lendo jornal sentado em uma cadeira de balanço, contou-me minha avó Dina. Bem, a história toda eu sei decor só quero mesmo é um livro de meu avô, sou professora de matemática e meu filho Rafael biólogo da ESALQ de Piracicaba. Conto a generosidade de alguém. Abraços Estela.

PRADO DOS QUERUBINS disse...

Eu me chamo Anézia,e meu pai ainda vive,está com 82 anos e me disse que o livro Sertões da Noroeste,que narra a saga da nossa família,tem salvo engano 8 livros no qual cada membro dos nossos antepassados ficou com 1 exemplar,tenho a cópia dele q uma prima q mora em Americana,emprestou o original ao meu primo,q fez 2 cópias,uma pra mim e outra pra ele,temos procurado este livro há muitos anos e recentemente conseguimos encontrar,qualquer novidade tenho interesse,obrigada.

Anônimo disse...

Encontrei um exeplar em perfeitas condições esta semana. Nao sei ao certo o que eu tenho em mãos, se puder me ajudar com algumas informações sobre o livro fico grato... Entre em contato pelo email fernandomelo_87@hotmail.com que te mando algumas fotos da perfeição do livro

BiriguiAlterego disse...

O que se podia falar sobre o livro e seu autor, já foi dito e com tanta propriedade por alguns comentaristas.
Quero apenas dizer que conheço Sertões da Noroeste há uns quinze anos. Peguei-o emprestado de um amigo professor, que o recolheu do lixo de uma escola! (!!!)... Que país este em que se lançam livros ao lixo, inda mais um livro da qualidade do escrito pelo médico Eduardo Lage de Andrade?
Por novo empréstimo do amigo professor, há mais ou menos dois meses estou relendo Sertões da Noroeste, com muita satisfação e proveito.
Não digo o nome do atual proprietário do livro que leio, porque não pedi autorização para fazê-lo.

BiriguiAlterego disse...

O que se podia falar sobre o livro e seu autor, já foi dito e com tanta propriedade por alguns comentaristas.
Quero apenas dizer que conheço Sertões da Noroeste há uns quinze anos. Peguei-o emprestado de um amigo professor, que o recolheu do lixo de uma escola! (!!!)... Que país este em que se lançam livros ao lixo, inda mais um livro da qualidade do escrito pelo médico Eduardo Lage de Andrade?
Por novo empréstimo do amigo professor, há mais ou menos dois meses estou relendo Sertões da Noroeste, com muita satisfação e proveito.
Não digo o nome do atual proprietário do livro que leio, porque não pedi autorização para fazê-lo.

Anônimo disse...

Meus amigos, e tanto ouvir falar do livro - adquiri um exemplar e para minha supresa, tem o carimbo da Biblioteca Prof. Samuel B. Pessoa - com numero 592 !!! Acho que foi desviado da Biblioteca e gostaria de devolver, pois, trata-se de um livro histórico para a região. Sou Pongaiense e moro em SP há 40 anos.

Anônimo disse...

Meus amigos, adquiri o livro Sertoes da Noroete - de Edagard Lage de Andrade e está em otimas condicoes. Ao receber notei o carimbo de uma bilbioteca : Prof Samuel B Pessoa, e gostaria de devolve-la a mesma. Se alguem souber onde é, pf. avise-me. Celso celso1959@terra.com.br

Unknown disse...

Olá, meu nome é Débora e gostaria de saber se alguém possui esse livro digitalizado.

bellsantos87 disse...

O meu exemplar do "Sertões da Noroeste 1850 a 1945" emprestei para Manoel Jorge Gonçalves (Manelão) em Pirajuí na década de 70, e ele jamais mo devolveu.

Anônimo disse...

Eu sou Maria Estela Lage de Andrade Moral. Tenho 60 anos e sou neta do Dr Edgard Lage de Andrade. Moro em Piracicaba.

Anônimo disse...

O livro está disponível para baixar em: http://www.etnolinguistica.org/biblio:andrade-1945-sertoes.
(Celso Lago-Paiva, Minas Gerais)