sábado, 12 de janeiro de 2013

MÚSICA (95)

NO RIO, NOITE DE SEXTA, DOU DE CARA COM ARRIGO BARNABÉ HOMENAGEANDO ITAMAR, O "NEGO DITO"
 
O jornal “O Globo” é um dos que mais atacam todo e qualquer tipo de avanço social existente ou em curso no Brasil. Não me iludo com eles, mas para algo me foi útil ontem, 11/01, sexta. A imprensa carioca tem mais títulos que a paulista nas bancas, muitos jornais, inclusive uns quatro com preços tipo R$ 0,50, mas todos desprezíveis e o catatau dos Marinho é o único sobrevivente do que restou de imponente na imprensa escrita. Leitura desprezível, pois tendenciosa a extremo. Juntado tudo o que vejo nas bancas, sei que não dá um bom jornal como o de décadas atrás, mas quando aqui pelo Rio, uso o jornalão para algo muito prático, vou direto no seu Caderno de Cultura, o Segundo Caderno, só para ficar sabendo do que rola de atividades culturais na cidade. Nisso eles ainda são bons e foi lá que fiquei sabendo que num lugar que ainda não conhecia, o “Espaço OI Futuro”, em Ipanema, quase ao lado de sua única estação de Metrô, estaria começando naquela noite um evento denominado “NEGO DITO – Uma Homenagem a Itamar Assumpção”.

Só isso já me despertou o interesse e quando fui ver com maior atenção, vi que o evento estaria acontecendo em quatro etapas. Todos os quatro com a Banda ISCA DE POLÍCIA, a mesma criada e que sempre acompanhou Itamar em tudo o que fez na vida artística. Foi nela que aprendi a reverenciar o trabalho de SUZANA SALLES e VANGE MILLIET, dupla de cantoras afinadíssimas que enfeitiçaram minha cabeça nos anos 80. A banda estava ali e composta pelas duas nos vocais e com o Paulo Lepetit (também na competente direção musical) no baixo, o Marcos Costa na bateria, o Jean Trad na guitarra e no trombone um cara que aprendi a gostar demais da conta, o BOCATO (já o vi inúmeras vezes em Bauru e na última comprei seu CD tocando Bananeira). O chamativo do anúncio no caderno de sexta, a Rio Show colocava em destaque o convidado do dia, nada menos que ARRIGO BARNABÉ, um dos que melhor entenderam e acompanhou Itamar. Junção imperdível para uma noite de sexta em pleno Rio e a reverenciar música de paulista. Convenci a Ana e fomos para lá. Preços convidativos, R$ 20 por pessoa. Estacionar é o problema em Ipanema, mas tivemos sorte, logo na praça General Osório e mais ainda na hora de comprar os ingressos, teatro pequeno, estavam esgotados. Puxo conversa com alguém na fila e ele me diz ter reservado três e teria que devolver dois. Ficamos amigos ali na fila. Subo ao 2º andar, tudo muito chique, rolando algumas vernissage, comes e bebes e no saguão de espera dou de cara com Bocato. Vou até ele e puxo conversa. Dele ouço algo: “Não toco com o Arrigo a décadas, hoje o reencontro, vamos ver no que dá”.

Fila “K”, do meio para trás do teatro e a Isca ferve com o público carioca. Quem não conhecia as duas intrépidas paulistanas logo se surpreenderam, pois elas são afinadíssimas e muito entrosadas no repertório diferenciado do Itamar. A banda continua excelente e Bocato, convidado, estava o máximo, sacadas ótimas e precisas, tudo em cima da pinta. Estava em êxtase e o Arrigo só adentrou o palco depois delas cantarem umas seis músicas e deixarem o público a vontade, bem ao gosto do que sabem fazer. O velho e sempre bom Arrigo entra cantando “Clara Crocodilo” e com sua peculiar voz rouca ferve tudo e todos. Canta umas quatro músicas e quem termina o show é a Isca. Nos vocais sozinhas, tanto Suzana, quanto Vange arrasam, uma melhor que a outra. Estão como vinho, quanto mais velhas melhores (mas quem disse que são velhas!). Confesso, melei a cueca (por elas e pela lindeza da noite).
 
Arrigo volta no bis, canta novamente o Clara e depois o Isca faz uma parte do público se levantar com mais quatro músicas. Foi tudo divinal. Primeiro porque Itamar foi mesmo um cara, falecido dez anos atrás, continua mais atual do que nunca. Depois, porque suas crias (são muito mais que isso, cheias de luz própria) continuam lindas, formosas e tocando o fino. Irreverência, provocação e propondo o novo, que para muitos ainda não aconteceu e nem foi entendido. E por fim, Arrigo continua mais necessário do que nunca. Queria ver mais do que anda fazendo de novo, sua produção atual. Fui a dois shows dele na região de Bauru, em Garça e Jaú, antológicos com a Banda Sabor Veneno. Estive em ambos junto do amigo Marcos Paulo e aqui no Rio, quando vi que teriam algo meio que impensável num show no Rio, Arrigo e o Isca juntos, fui e continuo cantarolando os refrões das músicas desse Nego Dito até agora. O projeto continua hoje com o Isca e MOSKA, dia 18 com BNEGÃO e dia 19 com ZÉLIA DUNCAN. Minha viagem ao Rio está ganha com esse belo começo de atividades culturais e rueiras. Não me vergo, mas tenho que fazer uma breve reverência ao O Globo, pois se não tivesse folheado suas páginas ontem não teria nem tomado conhecimento de um acontecimento, que com certeza foi uma das melhores opções culturais na cidade do Rio de Janeiro ontem. E ainda tento convencer a Ana a voltar hoje na sequência. O Isca me provoca e num certo momento cantou algo que utilizo muito no meu relacionamento, quando provoco minha parceira cantando o refrão: "Olha e vê, você vai notar olhando ao redor que eu sou dos seus males o menor".

Obs: Esse texto é em homenagem ao meu amigo MARCOS PAULO RESENDE, o maior admirador que conheço de Arrigo Barnabé. Pagou uma nota pelo LP "Clara Crocodilo" e sabemos, valeu a pena, pois é ótimo. Não empresta, aluga, nem vende.

10 comentários:

Anônimo disse...

Vê se tem vergonha na cara
E ajuda clara, seu canalha
Olha o holofote no olho,
Sorte, você não passa de um repolho

Onde andará clara crocodilo? onde
Andará Henrique?

Bons e certos lugares com certeza!


Dino Vicente estava fazendo parte do show?

Décio de Souza - Lençóis Paulista SP

Anônimo disse...

Clara Crocodilo anda comigo nesses tempos, é minha garota rebelde.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Mafuá do HPA disse...

CARO DÉCIO:
Dino não estava nessa. Faltou ele. Seu escrito me fez lembrar de um bar aí de Lençóis, não lembro o nome, foi onde vi pela primeira vez um show da Fortuna. Que fim levaram eles? Quem eram eles? Um bar diferenciado, final anos 80, 90, por aí. Me fale deles. Queria escrever deles aqui no blog qualquer dia. Me ajuda??????? Qto ao Isca e o Arrigo, maravilhosos. Precisa ver os cariocas cantando o Clara... E dançando.

CARO MARCOS:
Meu caro parceiro, em gostos e preferências variadas. Estamos mesmo precisados da rebeldia de Claras Crocodilos. Elas estão em falta no mercado nos moldes vigentes. Garimpar é preciso.

Henrique - direto de seu mafuá carioca

Anônimo disse...

O bar não era o Habeas Copos?
Beto Xavier - RS

Sivaldo Camargo disse...

oi Henrique, como disse o Beto Pampa Xavier o bar se chamava Habeas copos de Lencóis, tenho o contato com o Nivaldo que era o dono, e eu também estava em Garça. O Beto vai lembrar disso, morava em Sampa e tinha muitos amigos no Lira Paulistana que era um teatro porão alternativo para shows alternativos e uma gravadora que lançou quase todos da vanguarda paulista, chego numa sexta feira na hora do almoço, estão empacotando o 1 disco do Itmar para serem enviados as rádios na segunda feira, pego um LP e trago para Bauru, da rodoviária vou direto a 94 fm, onde o Beto tinha um programa que não lembro o nome, ele tocou o disco todo, acho que foi a primeira vez que tocou o Isca de polícia em uma rádio.

Mafuá do HPA disse...

Sivaldo
Isso mesmo, vc foi conosco na trupe para ver o Arrigo em Garça, teatro dirigido pela amiga em comum Susy May. Linda noite. Quero sim, o fone do Nivaldo do Habeas Copos. Vamos reviver juntos um bocadinho daquilo que vi por lá. Merecem ter algo valorizado por aqui.

Siva, não sabe o que está perdendo por aqui, quando declinou do convite de vir conosco para cá. Já começou com esse show e ontem fomos ver o ensaio do Bloco Carmelitas, na praça Tiradentes. Por aqui o Carnaval já acontece e emploga. E aí...

Um abracito do Henrique - direto do sue mafuá carioca

Anônimo disse...

\eu tinha ouvido que o Arrigo estaria em Bauru no SESC em janeiro. É verdade ou não? Alguém aí me confirme, pois preciso arrumar a malinha.

Tião Duarte - Reginópolis

Mafuá do HPA disse...

Tiaõ

Sabe que ouvi algo sobre isso, mas não sei se é verdade ou não. Seria ótimo se fosse verdade. Mas estou fora de Bauru por esses dias e o melhor mesmo é olharmos o site do SESC. Vamos conferir.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Na agenda de janeiro do Sesc não tem nenhum show do Arrigo em Bauru.

Marcos Paulo

Anônimo disse...

Henrique, muito legal o texto e as fotos, obrigado!


abraços

Arrigo Barnabé