segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (92)


CHUVA, FRIO E FEIRA DOMINICAL
Carioca, Roque, Gui, Tatiana e HPA
O importante é sair de casa, botar o bloco na rua e tirar a bunda da poltrona, faça sol ou chuva, calor ou frio. Ver, ser e estar nas ruas é imprescindível para o bem estar de mentes, ainda mais quando em tempos banais, brutais e sob a batuta de cruéis e insanos golpistas.

Pois bem, fazia frio de lascar ontem pela manhã. Tudo começou com sol e já fui tirando a blusa, colocando em seu lugar uma camiseta escolhida a dedo, louvando o mexicano comandante Marcos, mas quando botei os pés para fora do mafuá e tendo como destino o lugar onde ocorre a reunião mais democrática nesta cidade dita como “sem limites”, eis que o céus já estava escurecendo e em poucos minutos caia chuva. Daquele calorzinho gostoso propiciado pelo sol, voltou o frio e eu sem meias e de alpargatas nos pés.

Esperei a chuva passar e me fui a pé até a feira. Não será uma chuva ou mesmo frio que me amarrará as pernas e braços. Passo primeiro pelo Bar do Barba e vejo sinais de que o movimento hoje promete. Fui ter com o Carioca, pagar minhas pendengas e ver das novidades. Ele é muito prestativo e havia separado para mim, seus produtos com a minha cara, vídeos e CDs sobre Cuba e cubanos. Como recusar isso? Impossível. Com o tempo nublado, eis que alguns como eu saem da toca. Foi o caso do Guilherme Reis, o Tio Gui, que veio de sua casa a pé, numa gostosa caminhada dominical de aproximadamente uns seis quilômetros. Desceu de lá até a feira, enfim, na descida tudo favorece e ele veio vindo, chegando no epicentro da confusão e da movimentação.

Não existe outro agrupamento em Bauru com a característica desta Feira do Rolo. Eu e ele vendo os pingos caindo, conversando ora sentindo as gotas escorrerem pela face, ora se protegendo da chuva na marquise da Associação dos Aposentados. Eis que na curva da esquina surge um casal, Roque Ferreira e Tatiana Calmon e se juntam a nós. A conversa flui e vai desde os destinos do Carnaval de Bauru até isso de com o passar dos tempos perdermos cabelo, paciência e a fleuma de aguentar provocações e admoestações.

O brilho da água reflete de forma diferente sob o paralelepípedo e a bagunça colorida propiciada pela movimentação dos rolistas ali reunidos. Não existe frio externo para quem sai às ruas e encontra papos e conversações calientes internas de grande monta. O tempo passa rápido nessas circunstâncias. As fotos que fui tirando desse rico e insubstituível momento comprovam o que digo. Puro estado de êxtase vivenciar isso.

Existem os que não querem e não se misturam com os da feira, como se produzissem bosta de qualidade superior a todos os ali presentes. São sim, esses uns merdas. Os grandes merdas desta e de todas nossas cidades. Estar junto dessa parcela que ainda faz feira, bate perna, quer ver as novidades num agrupamento popular, num ajuntamento com calor humano e periférico e reconfortante e também energizante, diria, recarregador de baterias. Eu me recarrego na feira. Outro dia ouvi de um besta que não gosta de vir na feira por sentir um certo medo, falta de segurança. Trata-se de um idiota, pois tenho muito mais medo de andar com a desenvoltura que tenho na feira é lá pelos condomínio destas plagas.

Cariocamos na banca mais agitada da cidade, ontem com um plástico cobrindo as preciosidades, livros, LPs e CDs. Nas brechas da água que caia do céu, íamos vendo o que Carioca tinha nos reservado para o domingo. Mesmo assim o danado sorria, pois disse ter vendido mais do que esperava. Seus clientes além da fidelidade, saem de casa, mesmo com chuva. De lá vamos para o Bar do Barba e lá o complemente de tudo. Chovia e o aglomerado era mais intenso que nos dias normais. Escolho uma mesa, tomo uns chopps com Tio Gui, Kyn e sua guapa. Junto desta mesa passam muitos e a chuva aumenta, com ela o vento e dali presenciamos o desmonte da feira num dia surreal, quando os feirantes sofrem em dobro, pois trabalham debaixo d’água.

O mais bonito, a cena mais impactante da manhã é a solidariedade entre esse pessoal todo que está e atua nas feiras. No final, mesmo com inclemente chuva, chegam os trabalhadores da EMDURB, os que farão a limpeza das ruas. Barba os chamam para o coberto e oferece a todos uma laranjada, um baita jarro disponibilizado para todos e eles ali se reúnem antes da contenda com pás e vassouras. Do lado de fora do bar, passam os com suas barracas desmontadas e sendo carregadas para seus carros, outros puxam tudo como esquimós e quase todos acenam, param para conversar com Barba e também com Carioca, que desmontando sua barraca, veio se juntar aos que estão buscando um esquenta peito antes de ir-se para casa ou mesmo comer algo.

Vivenciei isso tudo como aprendizado de vida. Foi uma manhã e tanto. Não vejo ontem em Bauru outro lugar para obter todo o aprendizado a mim propiciado do que o adquirido na feira e juntos dos seus personagens. Tenho a sorte de estar junto a esses e desta forma, ganhar uma sobrevida. Momentos de um sabor inigualável para os que gosta mde desfrutar o que de melhor a vida possui.
Viva a rua e todas suas possibilidades!!! A minha fuga nesses bestiais tempos é permanecer mais e mais junto do que for mais popular possível. Quero cada vez mais distância dos esbulhadoires do povão.

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