domingo, 8 de outubro de 2017
DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (108)
UFA! O MESTRADO JÁ FOI DEVIDAMENTE PROTOCOLADO... Agora é se preparar para a devida defesa do trabalho "O invisível midiático-social: Interfaces folkcomunicativas de personagens populares excluídos da mídia hegemônica", ainda neste mês de outubro (toc toc toc). Fiz tudo baseado na teoria da Folkcomunicação, da verve do pesquisador, estudioso da cultura popular Luiz Beltrão e tendo como pano de fundo três ricos personagens da vida popular bauruense: Carioca da Banca, Adilson Chamorro da Banca e o Muro da pipoqueira Maria Maria Ines Faneco. Três queridos amigos, que conheço da vivência das ruas bauruenses, transportados para meu estudo acadêmico. Tudo inicialmente embasado pela arrebatadora frase do escritor do início do século passado, flanneur pelas ruas da então capital federal, o Rio de Janeiro e que certa vez escreveu e nunca mais me esqueci, disso fazendo uso desde então: "EU AMO AS RUAS". Tudo o que consegui produzir veio de minhas parcas observações das ruas e de trudso o que nela gravita, viceja e me arreata. Não só dessas três digníssimas pessoas, escolhidas a dedo dentro dessa imensa gana de representantes dos tantos ignorados sociais, mas também de tantos outros que me inspiram a escrever e produzir mais e mais. Eles todos conseguiram dribrar a mídia massiva e conseguem se comunicar sem dela dependerem, criando todos eles algo bem próprio, exclusivo aos tantos marginalizados, alijados desse cruel e insano sistema onde vivemos. Eu não conseguiria produzir nada fora do tema envolvendo a aldeia onde nasci e vivo, Bauru. Tinha que parir algo envolvendo essas histórias que tanto me encantam. Fiz o que pude, o que sei, como sei, ao meu modo e jeito, mas respeitando o modo acadêmico (esse para mim a parte mais difícil). Meus sinceros agradecimentos aos três e todos (as) que me suportaram nesse revival ao meio acadêmico, principalmente à minha companheira de todas as horas, Ana Bia Andrade e minha paciente e híper-competente orientadora Maria Cristina Gobbi. O "burro véio" tá quase chegando lá. Falta pouco.
EU, DIANTE DA SOBERBA PAULISTA, RENHIDA CONTENDA COM ESPANHOL SANGUE QUENTE Escrevi aqui dias atrás de diálogo que tive com Ana Guedes no balcão de bar da Humanidade Livre, a igreja do excomungado padre Beto e ela proferiu a palavra que diz muito dessa não aceitação do paulista e de toda elite brasileira De hoje estamos muito piores que nos tempos de Lula: “SOBERBA”. É possível escrever um tratado sobre essa soberba, porém antes disso vivencio em outro bar da cidade, o balcão do Bar Aeroporto, outro diálogo, esse ao contrário e a demonstrar o dito pela Ana como o mais acertado possível.
Miguel Hernandes é descendente de espanhóis, sangue quente, foi o dono do Mar Marisco, cozinheiro de mão cheia e coincidentemente, o local do seu já fechado e antológico restaurante é o mesmo da Humanidade Livre, a rua Henrique Savi, ali nas imediações da USC. Miguel trabalhou com Oswaldo Sbeghen e por ele arrasta um caminhão de elogios. É um dos seus modelos de homem público (por falar nisso, Schimdt me diz lá também numa mesa no Humanidade que Sbeghen está aos 84, mal levantando da cama). Como todo bom espanhol Miguel é desses que costuma ser o dono da verdade no quesito comentários políticos, prevalecendo sempre o dele, dito em voz alta por onde passe. Faz questão disso, discute em sua roda, dando sua opinião bem alto, para todos ouvirem. Nada contra, cada um, age como lhe convém. Espanhóis são assim.
O conheço dos tempos do restaurante, dos tempos vindouros quando tínhamos gente em comum trabalhando no banco Itaú. Nos muitos encontros falamos de tudo, pouco de política, pois ele sabe a linha que percorro e eu a dele. Vez ou outra, saímos da linha, mas sempre ocorre uma breve discussão, pois água e vinho quando misturadas, o caldo entorna. Nunca fomos agressivos um com o outro, mas ficamos cada um na sua quando próximos. Prefiro ouvir seus comentários sem emitir opinião, pois sei que vai dar merda.
Ontem ele, quando fechávamos conta no charmoso botequim lá no verdadeiro aeroporto de Bauru, disse que iria contar uma piadinha sobre Lula. Contou e eu não ri. Ele percebeu e me chamou a atenção sobre o fato. Disse não rir, por não achar graça e aproveitando o momento lhe faço a instigante pergunta: “Olhando lá para trás, mesmo com toda crítica que porventura possa fazer a Lula, diante de tudo o que ocorre ao país hoje, ontem não estávamos melhor que hoje?”. Foi só isso. Sua resposta: “Claro que não”. E deitou falação sobre não ter sido golpe, que o PT havia proposta impedimento com Collor, FHC e agora quando o mesmo acontece com ele, é golpe. Surge o argumento de sempre, que não elegeu Temer e que Dilma pedalou. Não te deixa argumentar e diz sempre algo assim: “Comigo não, eu não entro na de vocês. Sempre perderão comigo”. Mas não comparou o ontem com o hoje, nem foi possível mais conversar, pois o fez ao seu modo e jeito, sem ouvir direito o oponente.
Por fim, impossível discutir com quem possui já um pré-concebido entendimento para tudo. Miguel odeia Lula, o PT e as esquerdas, as existentes e as imaginárias. Citou até a Rússia de antes de Lênin e depois no que foi transformada. Impossível fazer uma justa reflexão desta forma. Eis a tal “soberba” de parte dessa classe média paulista, quiçá brasileira em rever, tocar no assunto de que pioramos. Com certeza, padece, como todos, dos males dos tempos atuais, mas o ódio construído ao longo dos anos, o impede de aceitar ao menos responder sensatamente minha pergunta inicial. Ele representa e bem o que Ana Guedes havia afirmado. São os dois lados da questão. Como avançar diante disso? Quem vai capitular, como o país pode avançar diante de posições tão antagônicas? Eis a questão...
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