PROFESSOR SUBSTITUTO NA UNESP – EIS A REALIDADE DOS FATOS, VIVA O DIA DOS PROFESSORES, 15/10* *O diálogo aqui registrado é ficcional, porém real. Foi feito de uma forma a não possibilitar a identificação do personagem, mas ele existe, é de carne e osso, assim como a crueldade do sistema é a em voga nos tempos atuais, insana e impiedosa com tudo, todas e todos. Fazendo uma reflexão sobre tudo isto, olhamos para as tais "comemorações" do Dia do Professor com as esperanças de dias melhores na sarjeta:
- Então você passou no concurso e veio morar aqui no interior? Mas me diga, como foi essa experiência, ser professor da UNESP?
- Sim, vim morar no interior, me interessei pelo concurso de Professor Substituto, prestei e passei e cá estou. Queria muito prestar um concurso para professor fixo, mas eles hoje não mais existem, foram praticamente abolidos pelo atual governador, o Geraldo Alckmin.
- Então você não tem mais garantia nenhuma. Dá aula por um período e depois é descartado assim do nada. Acabou o contrato, tchau?
- Sim, isso mesmo. Não existe mais em nenhum campus da Unesp a figura do professor concursado. Todas as vagas estão sendo preenchidas por substitutos. A média salarial é mais da metade do concursado e não existe vínculo empregatício. Fui contratado por R$ 2.500 reais mês, tenho as mesmas obrigações de um concursado, porém ganho muito menos. Tive que aceitar, pois ganhava pouco mais em São Paulo, fazia outros bicos, mas meus gastos eram grandes, aqui bem menos.
- E como foi essa mudança para o interior?
- Foi. Vim, a grana acabou rapidamente e se não tivesse sido acolhido pelos alunos, não teria condições de sobreviver. Fui abrigado numa república, quando esses vendo minha situação me recolheram e ali fiquei até ver se conseguia me estabilizar. Fui sem nenhum problema, mas o pessoal ligado à Secretaria Estadual de Educação não estão nem aí para isso. Fingem que não é com eles. Passado algum tempo, consegui fazer diferente. Hoje, continuo morando numa república de estudantes, com quatro pessoas, duas mulheres e dois homens, um deles eu. Já consigo dividir as despesas e pagar pela estadia e não me sobra nada além disso, quer dizer, sobrevivo.
- E mesmo assim gasta menos que em São Paulo?
- Tenho que te confessar que, se ainda em São Paulo, não conseguiria fazer a ginástica feita aqui. Parte considerável iria para locomoção, além do tempo dispendido. Aqui, a grande vantagem é que tudo acaba sendo muito perto. Mesmo nas distâncias médias, acabo indo a pé, o bar é perto, a faculdade é perto e o centro comercial idem. Como gasto bem menos que lá, posso dizer, apesar da precariedade que, estou em melhor situação que meus colegas paulistanos.
- E tudo isso graças ao apoio dos estudantes?
- Sim, eles foram primordiais para que conseguisse estar no lugar onde me encontro. Não sei mais quanto tempo conseguirei ficar por aqui. Criei um vínculo interessante com ao alunos, mas isso pode ser rompido ao final do contrato e eu não passar na próxima chamada de temporário. Tenho feito um trabalho intenso com grupos de estudantes, algo que teria vida longa, mas não sei até onde irá. Não consigo fazer meia boca, dou o melhor de mim, mas quem nos contrata não tem a menor sensibilidade para com essa situação.
- Tudo se precarizou, não é?
- Chegamos num situação mais do que de pré-falência, pois enxergo a Educação paulista e brasileira numa rota sem volta, cada vez se afundando mais. Eu, com que ganho não consigo recolher para a Previdência, pois mal dá para minhas despesas. Já vivo com um déficit mensal, que só se acumula. No campus onde atuo a verba para gastos mensais necessários já terminou meses atrás e falta até papel higiênico nos banheiros. Os professores ainda concursados estão em vias de extinção, pois a cada vaga perdida, por aposentadoria ou qualquer outro motivo é preenchida pelo substituto e esse não mais possuí nenhum vínculo empregatício de fato com a universidade. Por mais que a gente se esforce, por mais que insista em me preparar e trazer para a classe de aula algo bem fundamentado, impossível a situação vivida por todos não influenciar na qualidade do ensino.
- E por que continua?
- Você ainda não sacou que é somente isso que nos resta nos tempos atuais. Esses que aí estão no poder possuem essa mentalidade e a aplicam em tudo. Estado Mínimo é isso, minguar as condições e favorecer a chegada do pior. Que outras opções tenho? É pegar ou largar e daí ser mais uma estatística no índice dos desempregados. Se não faço um concurso como esse, para cargo temporário, salário reduzido, garantias trabalhistas quase suprimidas, não teria nem mais condições de dar aulas. Diante de tudo o que vejo acontecendo por aí, isso de conseguir uma vaga numa república estudantil, gente que entendeu meu problema e me acolheu, creio me encontrar em situação privilegiada diante de tantas histórias que ouço de colegas padecendo muito mais. Com gente como Alckmin e Temer no poder, a tendência é piorar e piorar, talvez daqui alguns anos nem isso que me é oferecido o será mais.
- E mesmo assim gasta menos que em São Paulo?
- Tenho que te confessar que, se ainda em São Paulo, não conseguiria fazer a ginástica feita aqui. Parte considerável iria para locomoção, além do tempo dispendido. Aqui, a grande vantagem é que tudo acaba sendo muito perto. Mesmo nas distâncias médias, acabo indo a pé, o bar é perto, a faculdade é perto e o centro comercial idem. Como gasto bem menos que lá, posso dizer, apesar da precariedade que, estou em melhor situação que meus colegas paulistanos.
- E tudo isso graças ao apoio dos estudantes?
- Sim, eles foram primordiais para que conseguisse estar no lugar onde me encontro. Não sei mais quanto tempo conseguirei ficar por aqui. Criei um vínculo interessante com ao alunos, mas isso pode ser rompido ao final do contrato e eu não passar na próxima chamada de temporário. Tenho feito um trabalho intenso com grupos de estudantes, algo que teria vida longa, mas não sei até onde irá. Não consigo fazer meia boca, dou o melhor de mim, mas quem nos contrata não tem a menor sensibilidade para com essa situação.
- Tudo se precarizou, não é?
- Chegamos num situação mais do que de pré-falência, pois enxergo a Educação paulista e brasileira numa rota sem volta, cada vez se afundando mais. Eu, com que ganho não consigo recolher para a Previdência, pois mal dá para minhas despesas. Já vivo com um déficit mensal, que só se acumula. No campus onde atuo a verba para gastos mensais necessários já terminou meses atrás e falta até papel higiênico nos banheiros. Os professores ainda concursados estão em vias de extinção, pois a cada vaga perdida, por aposentadoria ou qualquer outro motivo é preenchida pelo substituto e esse não mais possuí nenhum vínculo empregatício de fato com a universidade. Por mais que a gente se esforce, por mais que insista em me preparar e trazer para a classe de aula algo bem fundamentado, impossível a situação vivida por todos não influenciar na qualidade do ensino.
- E por que continua?
- Você ainda não sacou que é somente isso que nos resta nos tempos atuais. Esses que aí estão no poder possuem essa mentalidade e a aplicam em tudo. Estado Mínimo é isso, minguar as condições e favorecer a chegada do pior. Que outras opções tenho? É pegar ou largar e daí ser mais uma estatística no índice dos desempregados. Se não faço um concurso como esse, para cargo temporário, salário reduzido, garantias trabalhistas quase suprimidas, não teria nem mais condições de dar aulas. Diante de tudo o que vejo acontecendo por aí, isso de conseguir uma vaga numa república estudantil, gente que entendeu meu problema e me acolheu, creio me encontrar em situação privilegiada diante de tantas histórias que ouço de colegas padecendo muito mais. Com gente como Alckmin e Temer no poder, a tendência é piorar e piorar, talvez daqui alguns anos nem isso que me é oferecido o será mais.
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