domingo, 29 de outubro de 2017

COMENDO PELAS BEIRADAS (46)


COISAS MAGNÂNIMAS PARA SE FAZER NESTE DOMINGO:

https://www.pagina12.com.ar/72336-yo-soy-hilda
Abro meu jornal preferido (abro é modo de dizer, pois o leio via virtual), o argentino Página 12, o melhor da América Latina e lá algo sobre uma grande escritora brasileira, na capa de um suplemento dominical, deleite para leitores ainda se deleitando com pequenas especiarias no meio da estabelecida balbúrdia em que os insanos golpistas nos enfiaram aqui no Brasil e os doentios neoliberais lá na macrista Argentina. Ler continua sendo a tábua de salvação para não enlouquecermos de vez. Eu leio, cada vez mais. Toda vez que me dá aquela vontade incontrolável de cometer uma loucura, sento num canto aqui do mafuá, escolho algo palatável e caio de boca, mergulho na coisa. Nesta modorrenta manhã dominical, nada melhor do que fazê-lo com Hilda Hilst, a intrépida jauense que, sem papas na língua criou algo com a sua cara e jeito, uma poesia só dela, deliciosa e cheia de nuas e cruas verdades, destas que a imbecilidade brasileira denomina hoje como pornográfica (eu sou e serei cada vez mais pornográfico daqui por diante). Fico lendo o texto em espanhol, o pau cresce só de imaginar nas mil possibilidades da poesia e de onde ela ainda leva o pensamento de um velho lobo das estepes, cansado e ferido, jogado as traças no meio da esbórnia generalizada. Hilda me faz sonhar. Leio, leio e leio, algumas vezes também me masturbo, outras defeco e em outros momentos, como neste agora, vou pra feira (de mãos lavadas, viu!). Vou ver gente, depois volto para hildar um pouco mais, neste dia onde minha alma gêmea, Ana Bia Andrade está bem longe de Bauru, num congresso nordestino, arejando a mente e sacolejando o corpo. Eu cá, ainda bem que descobri Hilda Hilst nesta manhã. Leiam o belo texto e procurem algo mais dela, pois assim o domingo se torna mais leve. Eu bem que tento, com feira melhora um pouco.

A PERCEPÇÃO DA CAMADA POPULAR
Escrevi sobre ele na minha tese de mestrado e acabo de inaugurar uma exposição com fotos tiradas em sua banca de livros, LPs e CDs, ali na Feira do Rolo. Falo do amigo Carioca, hoje envergando a vistosa camiseta que lhe dei de presente com minha aprovação, a com os dizeres "EU AMO A RUA", frase do imortal cronista carioca, João do Rio. Passo por lá nesta manhã de domingo e novamente me surpreendo com a percepção dos dignos representantes das camadas populares da população brasileira. Lá no dia de minha defesa, ao falar da Maria Inês Faneco e do seu muro, faço uma citação onde reproduzo algo dito a mim numa entrevista: "Eu gosto muito do Augusto Cury, os livros dele, as frases de incentivo são boas para mim e devem ser também para os outros". Compro dois livros, ele me entrega outro e diz: "Esse você faz o favor de entregar para a Faneco e dizer que é presente meu. Lembro o que disse dela aproveitar frases dele para colocar lá no seu muro e assim lhe passo mais um livro para ela se inspirar mais e mais". Eu trago o livro comigo e amanhã levo lá na casa da amiga pipoqueira. Eu adoro essa linda percepção popular, de guardar falas na algibeira e delas fazer uso da melhor maneira possível. A cada nova prova, me certifico de que a razão está mesmo nas ruas. Eu não leio Augusto Cury, mas não desmereço quem o faça e ainda mais diante da forma como o vejo sendo citado e lembrado. A Bauru das ruas, com sua sabedoria mais do que laboriosa dá de dez a zero na Bauru dos conchavos e acordos espúrios. Sou arrebatado pelas ruas e seus personagens.

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