A escolha do Reinado do Carnaval de Bauru é um grande evento, pois reune todos no mesmo espaço, numa possibilidade que talvez nem o próprio dia do desfile não proporcione, a confraternização, o bate papo e os reencontros. Nada mais bonito do que ver um representante de uma agremiação abraçando o de outra e vice-versa. Afinal, todos se conhecem da cidade e neste momento, mesmo em lados opostos, estão na rua por gostarem de algo em comum, o Carnaval.
Meus registros tentam sempre focar o ser humano num dos seus momentos de pura alegria e contentamento. Se isso é de fato alcançado, a expressão das pessoas é o meu maior reconhecimento. Mais que isso, ver pessoas me pedindo para tirar foto deles e querer saber onde irá poder encontrá-las é algo que não tem preço. Faço isso por amor à rua, ao Carnaval, à Bauru e quando isso tudo junto, algo que me dá um contentamento incomensurável.
Outro dia alguém me disse que tiro fotos demais, mas num evento como esse, creio eu, tiro até de menos. Tirar fotos de gente do povo, dignos representantes das camadas populares tem tão pouca gente fazendo condignamente, que ao fazê-lo, quero mais e mais, daí não paro mais. Venho para eventos como o de ontem à noite, não com o intuito de tirar fotos de quem esteja no palanque, na passarela, mas quem está no asfalto, pisando no chão duro da avenida e minhas fotos, a maioria delas expressa isso e, talvez por si só, venha a ser uma cronica da cidade sem plalavras, mas muito expressiva. Daí, vejo a importância de registrar mais e mais as manifestações populares onde elas existirem. Faço a mesma coisa nos jogos do Noroeste e em outros lugares. O jogo de futebol, o desfile na passarela é importante, mas para mim, mais importante é a presença popular.
Carnaval é vida e ver o povo nas ruas em plena gravidez, ainda mais neste momento em que o país é atacado violentamente em sua soberania, são raros. Aqui as pessoas conseguem se expressar de uma forma pura, livre de amarras e sem outros envolvimentos. Consigo neste momento estender a mão para quem me contradiz em tudo o que digo, penso e falo, até nos abraçamos de uma forma hoje quase rara, até generosa. Sinto em alguns um nó por dentro, mas diante da minha mão estendida e na frente de outros tantos, também a estendem. E se isto é possível aqui, por que não em outros? O que fizeram com a mente das pessoas para que nos distanciassemos mais e mais uma das outras? Uma mídia perversa fez a cabeça das pessoas e as desvituou, fez crer em coisas irreais, acreditar em mentiras, falácias e entristeceu a todos. O Carnaval resgata um pouco disso tudo e todos se reencontram como seres humanos nesses dias, mesmo diante de um cruel e insano estado de golpe pairando no ar e tornando a vida de cada muito mais complicada, difícil e quase sem risos. Viva o Carnaval e todas suas possibilidades!!!
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