quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (128)
O HOMEM AINDA PODE CANTAR UMA MULHER?
Essa pergunta é das mais pertinentes nos dias de hoje. Antes que chovam as críticas, explico a que vim e a aonde quero chegar. Primeiro foram as tais divulgações advindas dos EUA dos assédios sexuais no cinema. Um atrás do outro e com histórias escabrosas. Pressionar para fazer sexo com alguém em situação fragilizada é algo horroroso. Depois, com o aumento da divulgação, velhas histórias sendo desencavadas, eis que a atriz francesa, a que protagonizou um filme que assisti há muito tempo atrás, “A Bela da Tarde”, Catherine Deneuve, saiu em defesa dos que passavam cantadas nas mulheres. Li e aqui posto algo sobre a fala dela: http://www.bbc.com/portuguese/geral-42633371. Pelo que entendi, ela não é a favor de nada fora de uma mera cantada, algo que vejo como natural. Pegaram a entrevista dela e transformaram em outra coisa. Chegaram a dizer que ela era a favor do assédio no meio artístico, mas que quando no meio dos ditos comuns, era contra. Exageraram.
Creio que ninguém em sã consciência pode ser contra a cantada. O galanteio é algo natural, mas quando excessivo, acintoso, boçal ou passando dos limites, daí já é merecedor de repúdio. Nada de tocar no outro ou mesmo ficar com gracejos do tipo, “gostosa entra aqui”. Apelar merece escárnio e denúncia. Já tentar chamar a atenção do outro, esboçar um sorriso público com endereço definido, qual o mal disto? Eu entendi desta forma a defesa feita pela atriz. Não foi a favor de nenhuma violência, mas de que a cantada em si não deixa de ser algo de bom tamanho para, dentre outras coisas, conhecer outras pessoas. A intenção pode ser sexo, mas dependendo da reação, nascem amizades do contato. Isto uma coisa. Nesta semana, outra atriz francesa e da mesma geração da primeira, Brigitte Bardot, segue na mesma linha e em outra entrevista, defende a cantada: https://www.dn.pt/…/brigitte-bardot-diz-que-muitas-atrizes-…. Ela foi mais dura, incisiva e feriu algumas suscetibilidades do movimento feminino, principalmente ao tocar na hipocrisia reinante no modo de vida norte-americano.
Não me considero machista e encerro este curto diletantismo com minha visão disto tudo. Não vejo mal nenhum em cantar alguém, desde que nas condições já lembradas no início deste texto. Já assediar, sim. Uma das grandes oportunidades de conhecer alguém diferente surge de cantadas. Separo o joio do trigo. Vejo que ambas as atrizes vieram a público defender a cantada e não o assédio. Reina muita hipocrisia hoje e de qualquer simples comentário fazem um imenso ‘cavalo de batalha’. Fujo disso, mas também não me furto em sair na defesa dos que cantam pela aí. Sabendo diferenciar uma coisa doutra, enaltecerei sempre a boa cantada (confesso, em tempos vindouros já o fiz de forma variada e múltipla, inclusive com torpedos via garçons). Assediar nunca o fiz, daí nunca poderão me denunciar de algo desta natureza, mas por cantadas, não temo em ser relembrado. Promovi algumas das quais me arrependo, mas nada que me penitencie e em algumas outras, conquistei boas e duradouras amizades, muitas resistindo ao tempo. Sem excesso tudo é muito bom e creio eu, não devemos complicar ainda mais essa problemática existência humana. Discuto esse e tudo o mais sem neuras, problemas, pois minha ação e modo de vida não é acintoso com ninguém, muito mais com as mulheres. Era isso, nada mais. OBS.: As charges são da verve do Miguel Paiva e foram gileteadas via internet (a última é do Angeli). Eu e Ana Bia Andrade nos conhecemos através de uma homérica cantada, uma resultando em estarmos juntos há mais de oito anos. Deu certo.
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