domingo, 14 de janeiro de 2018

DICAS (168)


A MORTE DE RUY FARIA, O MPB4 E ALGO DELES NUMA PASSAGEM POR BAURU

Eu sempre adorei o MPB4 e fui comprando ao longo do tempo tudo o que saia deles, o mais importante grupo vocal, musical, político, teatral e de resistência aos desmandos. Eles foram tudo isso e muito mais. Desconheço outra formação que não a tendo Aquiles, Magro, Miltinho e o Ruy Farias. Esses quatro resistiram o quanto puderam a ação do tempo e das intempéries de conviverem coletivamente. Sempre fizeram minha cabeça. Cantei com eles ao longo de, pelo menos, uns trinta anos de minha vida ou mais. Hoje espalhei aqui no chão do mafuá os LPS todos que tenho deles e não me desfaço por nada neste mundo. Quanta saudade. Depois os CDs, uns seis e mais dois do Ruy Farias, um após sair do grupo e cantando junto com Carlinhos Vergueiro.

Já assisti infindáveis shows deles aqui por Bauru e um deles revivi ontem com o amigo Geraldo Bergamo, quando este era secretário da Cultura, administração do Tidei de Lima. Foi no Vitória Régia, aureos tempos quando a MPB frequentava o nosso parque principal. Teve um outro show, onde eles faziam um espetáculo com uma guarda-roupas deesses de impressionar, pois trocavam de rouapa a todo instante. Verdadeira peça teatral musical. Eram bons nisto. Sivaldo Camargo ontem me lembra de outra passagem deles pela cidade, quando ainda da existência do Cine Clube. Foi no SESC e eles pediram pro pessoal da Cultura montar um time de salão e ir bater uma bola com eles lá no ginásio. Foram, mas o time montado para enfrentar o escrete musical foi um fisaco, tinha o Paulo Henrique PH no gol, jogando com meias sociais e uma daqueles tênis de sola fininha, mais o próprio Sivaldo que pouco entende de bola, o Geraldo Bergamo, Ivo Ayres, o Plínio e o Márcio. Quando o escrete do MPB4 viram a formação que enfrentariam, riram e jogo foi uma peça teatral. Coisas inesquecíveis deles e de uma trajetória linda. Os únicos autógrafos deles eu tenho num Cd de 2003, show também no SESC, o "MPB4 e a nova música brasileira", mais precisamente 05/11/2003.

Já havia chorado na morte do primeiro integrante do grupo e agora, renovo as lágrimas com o Ruy. Nem imaginava já ter ele 80 anos. Nossos ídolos também envelhecem e isso é de uma tristeza sem fim. Coloco neste momento os discos com a voz inesquecível do Ruy, sempre muito esperto para fazer brincadeiras, chacotas e cutucões. Irreverente e audaz, fez parte da formação de um grupo musical, desses que me embalaram a vida toda. Me sinto meio órfão, cada vez mais desamparado. Todos meus ídolos estão batendo as botas e não vejo peças de reposição à altura para a substituição. me fecho aqui no mafuá, eu e minhas dores, meus problemas de saúde, ergo o som, viajo no tempo, sonho com algo do passado e no rescaldo, sinto algo de positivo. Estive ao lado de gente de fibra, luta, os persistentes, resistentes, muitos deles colocando o dedo na ferida por nós. Quantas canções deles não foram libelos contra a ditadura e hoje o seriam novamente, diante deste cruel momento vivido pelo país. Ruy e o MPB4 fazem falta, muita falta. Eu tento resistir, tocar o barco adiante, lutar um pouco mais. Vou tentando como dá, ao meu modo e jeito. Vamos ver até onde consigo.

ENQUANTO MUITOS VÃO AOS TEMPLOS, EU VOU PRA FEIRA: MEU DÍZIMO SEMANAL DEIXO COM O "CARIOCA"
Nada contra a reza, mas não rezo mais (e já faz tempo). Deixei de acreditar no poder da orção, preferindo a ação (a qual também não atuo a contento). Pagar dízimo para espertalhões bestializarem a vida humana é coisa que não faço e não recomendo ninguém fazer. Gasto meus minguados caraminguás em outra coisa, na qual boto a maior fé: música e livros. Escolhi meu santo protetor, o Carioca lá da Banca da feira do Rolo. O cara vasculha cidade afora preciosidades e traz para diletos consumidores na feira dominical, a qual frequento e gasto, com o devido louvor, o que ganho na semana. Hoje ele me levou R$ 30 (de R$ 50 que tinha na carteira). Não me arrependo, pois o lucro será maior. Exponho abaixo meu consumo dominical:

- "Jubiabá de Jorge Amado", adaptação e desenhos de Spacca (este é o abe de Antônio Balkduíno, negro valente e brigão, desordeiro sem pureza, mas bom de coração. Conquistador de natureza, furtou mulata bonita e brigou com muito patrão...)
- "O Aspite - Há um jeito pra tudo", Ziraldo Alves Pinto (crônicas para adultos do indefectível Ziraldo, em crônicas semanais publicadas aos domingos num jornalão mineiro, exercendo sua função de aspite - que é tasmbém a minha, ou seja, assessor de palpite. Vim lendo na rua e rindo sózinho, da feira até o mafuá, em pleno deleite).
- "Jornalismo e desinformação", Leão Serva (Hoje a gente recebe muita informação, mas não se aprofunda em nada e quando obtém informação ela chega fragmentada e pulsando a visão do dono do órgão de comunicação, que nos engana que é uma barbaridade. Ler e se desinformar, duas coisas que andam juntas hoje).
- "Astronauta - Canções de Elis"m Joyce (Como gosto da voz e da malemolência da Joyce. Comprei este CD mesmo sabendo já o ter em meu mafuento acervo. E o fiz só para ter o prazer de presentear algum amigo (a) que me disser não conhecer essa cantante divinal).
- "Viva Tim Maia!" - Ivente Sangallo & Criolo (Comprei pelo Tim e por querer ouvir pouco mais a voz do Criolo, ainda pouco conhecido por mim. Da Ivete, confesso, ouço só essas coisas, pois gosto pouco do seu repertório, mesmo sabendo ter um vozeirão, mal aproveitado, pois poderia nos encantar muito mais. E vê-los cantando Tim é ára melar a cueca, como faço neste momento enquanto batuco essas mal traçadas).

Gastei R$ 30 e cumpri minhas obrigações religiosas no dia de hoje. Cada um se influencia do jeito que melhor achar conveniente. Essa a forma como encontrei para ser, fazer e acontecer e não me emburrecer.

HPA - Dominicando a vida sob a garoa bauruense.

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