quarta-feira, 27 de novembro de 2019

CARTAS (207)


DELATENTO MATINAL – DESABAFO AO VENTO
Saio de casa com a fatura vencida desde o dia 15, dinheiro contadinho para pagar a conta em atraso e tentar garantir a continuidade do crédito. Chego no mafuá e um amigo me espera no portão. Sua história é dolorosa, foi despejado. Outro amigo o abrigou numa casa bem distante de onde estava. Foi o que encontrou e terá que dividir espaço com uma biqueira, coisa de duas casas distantes de onde estão agora amontoados seus pertences. Desceu a pé para o centro e se lembra de mim ao passar ali por perto. Por sorte me encontra e o ouço. Era o que queria. Diz tanta coisa que precisa e fico na indecisão de lhe oferecer o valor no meu bolso, o que penso em usar para quitar o meu problema, porém o dele é imensamente maior. Ele só quer uma carona e o levo para onde quer, vamos conversando. É muito triste ver um amigo chorando ao seu lado e você ali impávido, sem saber direito como ajudá-lo. O deixo no lugar combinado, ele sem celular e marcamos de almoçar juntos. É o que posso fazer.
Adio o pagamento da fatura no bolso e leio o jornal. Nele o ministro Guedes, o todo poderoso da economia tupiniquim ameaça os insurgentes e descontentes com algo parecido com o AI5, ou seja, gritou e esperneou, resistiu ao achaque praticados por eles, a reação será truculenta. Estão ainda na fase dos avisos, em algo bem próximo de acontecer se nada for feito. No mesmo jornal, o presidente está liberando os militares para agir em atos de protesto com toda a violência que acharem necessário para manter a paz e tranquilidade das ruas. O país caminhando para um mato e sem cachorro. A mensagem é uma só, ou aceitamos calados tudo o que está sendo feito, ou o pau vai comer pro lado dos revoltosos. Daí me ponho a pensar, como alguém, como esse meu amigo, que até bem pouco tempo estava a reagir contra as investidas desse desGoverno, como ele diante de sua atual situação pode pensar em outra coisa se não a sua sobrevivência? A luta perde a todo instante mais e mais pessoas, pois esses sem o básico, estão por demais fragilizados e perdem até a noção de tudo o que continua sendo feito contra gente como ele. Antes de voltar pra casa, o telefone toca e do outro lado um lamento doído, triste de alguém numa situação mais que de penúria. Ouço parte de sua história e me comovo, pego parte do que iria pagar e lhe dou. Vou levar até ele, pois nem vir até mim ele conseguiria. Não considero como empréstimo, pois sei, ele até tem vontade de me pagar, mas o que lhe arrumei é muito pouco diante de tudo o que precisa e amanhã estará novamente precisando e tentando se virar de outra forma, que nem imagino qual possa ser.
Abro meus e-mails e neles muitos pedidos de cestas básicas, caixas de leite e ajudas para uns e outros. São muitos, aumentaram muito nos últimos meses. Tudo me comove, mas passo batido com a maioria deles. Ajudo muito menos que antes, pois hoje até minhas contas estão no atraso e mesmo com toda redução de gastos, estou tendo que adiar a quitação de algumas. Um amigo me manda uma mensagem para acompanhar uma discussão política ocorrendo na cidade e não lhe retorno o contato, pois minha cabeça está plugada em outro canal nesta manhã. Não tenho como sintonizar num assunto, quando tudo me conduz para outros. Paro no banco e no saguão dos caixas eletrônicos, uma senhora chora copiosamente, sendo amparada por alguns. Não me esquivo, mas não me aproximo, pois imagino o que lhe acomete. Vejo meu saldo, saio de lá com o boleto no bolso, circulo pela praça e vejo a quantidade de desocupados ali sentados, muitos com olhares distantes, perdidos e sem rumo. Um senhor me chama a atenção, pois do seu lado uma pasta, ele de cabeça baixa, reclinado e pensativo, totalmente distraído, talvez esperando a hora de ir comer no almoço a R$ 1 real na quadra de baixo. Muitos ali esperam por esse momento. Ali tem de tudo, desde esses, como pontos de droga e prostituição, formando esse emaranhado de todo centro urbano.
Vou pegar o carro, já paguei a Zona Azul, mas o moço, que não havia visto quando estacionei, se aproxima e me pede algo. Diz ter cuidado do carro. Sua fala é diferente dos demais. Eu acho que sei quando estão me ludibriando ou não, quando a história é verdadeira ou não. Hoje nem quero saber se é ou não verdade, sua cara me diz muito e lá se vai mais um pouco do que iria pagar. O boleto que espere. Podem achar que exagero, mas antes de abrir a porta do carro, algo mais. O conhecido, que sei ter sido um ótimo garçom na cidade e hoje é vendedor de panos de prato pelas ruas, me diz se não posso ajuda-lo com um pequeno valor para colocar crédito em seu celular, pois precisa se comunicar com urgência com os seus e não tem como. Pergunto onde está morando, diz e sei ser bem longe, dou o que me pede e mais algum para voltar de ônibus. Venho para casa, nem sei se devo sair mais hoje, pois perdi completamente a vontade de tudo. Sento no sofá, a TV está ligada, resolvo aguar as plantas e decido tentar descrever como foi a minha manhã. Mal chego no meio do dia e estou com o astral em baixa. Tomara me aconteça algo de grande valia para me levantar no restante do dia. Recebo convite para sair à noite, lançamento não sei do que, mas estou sem clima para essas coisas e o que queria mesmo era nesse exato momento estar fazendo algo de construtivo contra esses todos que fodem de verde-amarelo com a vida deste país. E se reencontrasse meu amigo, o que me esperava no portão, iremos almoçar, mas ele está sem celular, lhe daria todo o resto que me sobrou nos bolsos. Eu sou um sortudo, pois ainda tenho onde bater palmas e filar um rango, enquanto muitos já nem isso tem mais, pois já usaram toda a lista de pessoas próximas nesse sentido. Eu sei muito bem quem são os culpados disso tudo, mas tem uma legião de desorientados e sacanas ainda os aplaudindo. Meu país está insano, doente e seu povo cada vez mais vagando pela aí, perdidos e sem rumo. Creio estar indo pro mesmo caminho.
Obs. : Gente, eu quero que todos entendam, diante de tudo à minha volta, 
eu não tenho quase nenhum problema. E mais, confesso, aos que chegaram até aqui, não reclamem dos meus prováveis erros, pois escrevi tudo de uma só sentada e não estou com saco para corrigir nada. Vai ficar assim mesmo. As fotos são meramente ilustrativas e foram gileteadas do tal do google.

BAURU NO JORNAL, POR ENQUANTO SÓ NOTÍCIA - AÇÃO É PARA QUANDO MESMO?
1 - VINGANDO MESMO, MOTIVO DE MUITOS ELOGIOS
Já era tempo. Ufa! Minhas expressões poderiam ser essas, mas passarão facilmente para rasgados elogios, pois essa novela já vinha se arrastando há mais de uma década e sem nenhum sinal positivo. O sinal foi dado e desta feita muita possibilidade de ser realmente concretizado. Tomara que o prefeito Clodoaldo Gazzetta, após emenda parlamentar do deputado federal Rodrigo Agostinho, no valor de R$ 250 mil reais, consiga revitalizar, restaurar e devolver para alguma atividade cultural a Casa dos Pioneiros. Não existe mais o que dizer a respeito. A edificação necessitará de ser praticamente reconstruída, pois está em ruínas, além de seguir os padrões recomendados pelo Codepac para obras dessa natureza, algo mais me intriga: o valor da desapropriação já foi devidamente pago aos familiares das herdeiras? Presidi o Codepac mais de dez anos atrás e tenho lembranças da família proprietária da edificação, todas já com idade avançada e desde então, pelo que sei, não haviam recebido nada, cobravam e estavam numa eterna fila de espera. Tomara tudo tenha sido devidamente acertado e esse restauro saia mesmo do papel. Seria mais uma obra louvável no final da administração Gazzetta, assim como a do Mercado Municipal, para atendimento da agricultura familiar, essa na edificação defronte a Feira do Rolo, barracão da extinta Cia Paulista. Aplaudiria a ambas de forma efusiva, mas primeiro quero ver algo mais concreto e não somente meros anúncios pela mídia. Projeto pronto é uma coisa, obra em andamento e concluída é bem outra. Já embarcamos em outros tantos anúncios e nada saiu, estando tudo e todos com os dois pés atrás, mas cheios de esperança. Toc toc toc. Torço demais para que realmente consiga vingar. A matéria do Jornal de Cidade, edição de hoje joga mais lenha na fogueira: https://www.jcnet.com.br/…/705128-casa-dos-pioneiros-sera-r…

2 - O MERCADÃO PRECISA CAMINHAR, AVANÇAR O SINAL...
O Jornal da Cidade deu em manchete o fato da Prefeitura ter firmado acordo com o Governo paulista (toc toc toc) e este estaria viabilizando valor de aproximadamente R$ 2.200 milhões para início obras junto a galpão que foi da Cia Paulista, defronte a Feira do Rolo, região central da cidade, onde seria erguido e funcionaria o tão decantado Mercadão Municipal de Bauru. Eis o link com a notícia, de setembro deste ano: https://www.jcnet.com.br/…/697027-estado-autoriza-r--2-2-mi…. Tudo é muito alvissareiro, mas a cidade já teve muitos outros anúncios de igual teor feitos no passado e nada acabou saindo do papel. O prefeito Gazzetta está em final de mandato e sabe da importância de vingar esse projeto antes de deixar o cargo. Anunciar é uma coisa, vingar é bem outra. Nem se faz necessário dizer que a cidade possui um pé atrás com esses anúncios e depois mais um balde água fria em tanta expectativa. O Mercadão seria algo alvissareiro demais para toda a região central e degradada da cidade. Já vi reuniões, lançamentos, conversações onde projetos estão sendo mostrados, o tempo urge e nada além da notícia. Torço muito para que tudo saia e Bauru ganhe esse rico espaço de amplas possibilidades, ainda mais se chegar para atender antiga reivindicação, a de beneficiar o escoamento da agricultura familiar da região. Junte-se a essa notícia mais outra, essa também difundida no dia de hoje pelo JC, a de emeda parlamentar de R$ 250 mil para restauro da Casa dos Pioneiros. Se Gazzetta quer ter um final de administração amena, tranquila, terá que acelerar o passo e viabilizar isso tudo, do contrário, tudo servirá para aumentar as críticas sob sua administração. Duas obras necessárias e importantes de resgate histórico e ambas podendo ter utilização voltada para atendimento de interesses populares. Cruzando os dedos e torcendo muito.

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
Fatima Brasilia Faria Tempos difíceis meu amigo.

Helena Aquino É nessas horas que realmente nos conscientizamos , que não temos probls.

Cristina Bianconcini Triste realidade .

Rosangela Silva Estou fazendo quimioterapia, fiquei careca mas sigo feliz porque não me alienei! Porém tenho sobressalto ao pensar no futuro que espera minha filha e minha neta! Nunca imaginei que viveríamos dias tão devastadores...😥😥😥

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK SOBRE MERCADÃO E CASA PIONEIROS:
Adilson Talon Será que sai..??

Flavio Guedes Henrique Perazzi de Aquino, já dizia o filósofo:
Papel aceita tudo!

Márcio Machado Sobre sermos feitos de idiotas desde sempre, Henrique:

Almir Ribeiro Convenhamos... Bauru não tem prioridades, ou melhor, as prioridades de Bauru não são as da maioria de sua população.

Antonio Pedroso Junior 250 mil até que é pouco para restaurar o patrimônio, considerando que a reforma dos WC da rodoviária ficaram em 200 mil.

Walisson WB Bragião Vai ter banheiro unisex ?