"LAMA", O ROMPIMENTO DA BARRAGEM VISTO POR UM ARTISTA DE OURO PRETO*
* Por onde estiver, havendo tempo, contando histórias recolhidas pelos lugares pelos quais circulo.
A Casa dos Contos foi a primeira Casa da Moeda brasileira, local onde na Colônia, a ferro e fogo, fundiam as moedas que circulavam pelo país. Sua história está eivada de muito sangue, suor e lágrimas, pois ali o tratamento era dos mais duros para quem de fato foram os artífeces no duro trabalho, em sua maioria escravos. Conheci a Casa na manhã de ontem, domingo, 10/11 e além de circular por um quase museu resgatando parte do passado, logo no saguão de entrada, algo mais chamava a atenção dos visitantes.
A exposição "Lama" que ali estava exposta de 4/10 a 10/11, portanto, seu último dia, ganhava ali mais uma sobrevida, uma prorrogação e nela mergulhei com o mesmo interesse que tive ao visitar o passado exposto no casarão do tempo do Brasil Colônia. Eram peças e mais peças revestidas com uma espécie representando a lama despejada de forma acidental, porpem criminosa sobre a cidade de brumadinho. Impactante, a primeira impressão e de uma peça exposta na entrada, impossível manter a indiferença do ali apresentado.
"Sensibilizado pelo rompimento das barragens em Minas gerais e suas trágicas consequências, o artista plástico Roberto Sussuca criuou a instalação LAMA. Sussuca desenvolveu um roteiro para descrever, com liberdade e criatividade, sua visão do acontecido. Na instalação, as obras criadas ilustram as cenas, contando, por meio da arte, a história de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Brumadinho", relata o folder distribuido na entra, também na mesma cor da terra fixada sob as peças.
Logo na entrada um senhor muito cheiroso, roupa com vinco e sapato colorido puxa conversa e nos instaga, prova a entrar e conhecer pessoalmente a exposição. Era o próprio autor da obra, um luxo estar ali justamente no momento de minha visita. "Criei tudo e não me afasto dela, pois nada como estar aqui presente para explicar, contar dos detalhes de cada peça. O assunto é mais que sério, preciso ajudar a conscientizar as pessoas", nos diz. Roberto é um artista comnhecido na cidade, 67 anos bem vividos, pessoa viajada e sempre pronto para impactar as pessoas com suas obras. Nessa, conta, não podia deixar passar o momento, ainda mais sendo da região.
Foi em busca de uma terra bem próxima da dos locais dos acidentes, a impregnou com resíduos fixantes e impregnou vários objetos, todos remetendo ao ocorrido. Num veículo de brinquedo tenta transportar o clima do verdadeiro que foi parar em cima de uma casa e todo embarreado. Fez o mesmo com um monte de livros da biblioteca escolar de uma das cidades. Em cada objeto, ele parava e explicava dos motivos dele ali estar. Pergunto dos motivos dele não ter se utilziado da terra do próprio local. "Não podia fazê-lo, primeiro pelo risco de contaminação, depois não podia invadir dessa forma a vida das epssoas que perdeream seus bens. O que faço é arte e provocativa, mas com muita responsabilidade".
Circular pelo local é como sentir na própria pele o ocorrido com aquela população. Para o turista que vem de longe, como eu, primeiro disposto a caminhar nas ladeiras da cidade, ver somente monumentos, obras de arte, ao receber o impacto do exposto ali na cara, uma mudança de rumo, uma ducha de água fria e a perspectiva da tragédia possível logo ali na virada da esquina, pois de irresponsabilidade em irresponsabilidade, todos ali vislumbram que ninguém está seguro em lugar nenhum, até porque os governantes e administradores das empresas continuam em seus cargos e postos como se nada tivesse ocorrido. "Lama" é a própria Brumadinho nos nossos calcanhares.
NOSSO TRISTE MOMENTO
01) LULA ESTÁ NOS BRAÇOS DO POVO, MAS TODO CUIDADO É POUCO
Na charge do amigo cartunista carioca Carlos Latuff, para o jornal Basril de Fato, o sentimento popular brasileiro bem representado, algo lindo de ser ver, sentir, pulsar, porém, passada a festa pela libertação do líder carismático, popular e dos poucos em condições hoje de levantar as massas contra as injustiças, iniciamos outro período, o das muitas preoucupações. Primeiro com sua segurança, pois diante do que se viu ocorrer ontem na Bolívia, com residências de pessoas ligadas a Evo Morales sendo incendiadas, saqueadas e vigiadas, algo precisa ser pensada por aqui. Depois, criarmos uma pauta dele de fato, propor uma solução para o país, quiçá, para o continente. É disso que precisamos, de alguém que flua os interesses populares e os guie. Vemos algo preocupante no Chile de hoje, com uma manifestação mais que grandiosa, mas sem uma liderança a guiar o povo para algo de concreto. Aqui temos o líder, ele está na ponta dos cascos e tem tudo para seguir nos liderando, sem conciliação com quem nos destratou até hoje. É isso, proteção para Lula, ele estar junto do povo, sem desvios de ambos os lados, pois a luta será intensa, verdadeiro pega pra capar daqui por diante. Estejamos preparados, inclusive Lula, nosso líder.
Evo Morales disse que "Mesa y Camacho pasarán a la historia como discriminadores y conspiradores". Ontem, domingo, volta a rolar pela América Latina o antigo tyipo de golpe de estado, com truculência, destituição sanguinária, desrespeitando todos os precitos ditos e vistos como democráticos. Se antes podia ser denominado como quartelada, hoje continuam contando com o apoio dos militares, mas possuem ingrediente novo, a participação de milícias, tanto grupos paramilitares bancados por empresários neoliberais, como grupos religiosos evangélicos neopentecostais. Dessa união nada democrática, morte e sangue, rastro de violência por onde passam e preocupando o restante do continente, pois o presidente brasileiro, o seu Jair da casa 58 pensa e gosta de agir da mesma forma e jeito. Fiquemos todos atentos, denunciando o golpe na Bolívia e se preparando para impedir algo parecido por aqui, onde seria o golpe no golpe, com o fortalecimento do conluio e a eleiminação dos opositores. Esses aí chegando não respeitam nada, são perveros até a medula e nós aqui, respeitadores da lei e da ordem buscando alternativas dentro do permitido. Já sabemos como se deu a coisa na Bolívia e daí todo cuidado é pouco com tudo à nossa volta. Na edição de hoje do melhor jornal do nosso mundo, o impresso argentino Página 12, uma ampla gana de bons textos analisando o que está em curso.
https://www.pagina12.com.ar/230370-evo-morales-dijo-que-mes…
03) APREENSIVO NÃO SÓ COM A BOLÍVIA, MAS COM O AQUI E AGORA
O golpe boliviano é diferente dos aparentando legalidade, nenhum aparente arcabouço jurídico. A brutalidade está mais que latente, exposta e sem receios, feita às claras, com apoio do que se diz instituições. Evo Morales fez muito pela Bolívia, hoje o país com maior crescimento econômico entre nós e seus acertos suplantam os erros, mas não é isso o que se deve discutir no momento. O que está por detrás desse golpe é algo tão insano, tão fora da casinha, que me faz permanecer prostrado aqui onde me encontro, tentando refletir e entender dos motivos do ocorrido, a forma tão violenta como tudo está ainda em curso no vizinho país. Tem uma conjunção de segmentos unidos de forma ilegal, sanguinária, miliciana, com evidente participação do segmento religioso evangélico neopentescostal nessa imposta deposição e renúncia não só de Evo, mas de todo um arcabouço institucional. Algo forçado de forma vil, com sequestros de parentes, incêndios em residências, sangue escorrendo entre pessoas próximas, intimidação evidente e algo passando ao largo das informações recebidas pela mídia massiva.
E o que virá pela frente? Incerto e não sabido, pois quando se abandona a legalidade, o vale tudo é permitido. Pelo que vejo, o desGoverno brasileiro não só deu aval, como participou ativamente, algo mais perigoso, pois demonstra a real possibilidade disso ocorrer também aqui no Brasil, não só a quartelada, mas com muito sangue, violência e insanidade. Fica evidente, Bolsonaro está tentando com todas suas forças algo parecido no país, pois assim se fortalecerá num momento de claro desgaste. Ou as instituições brasileiras se unem e defendem o que ainda existe de legalidade ou estaremos todos num mato e sem cachorro, pois o pregado por golpistas aos moldes bolivianos é não só o desrespeito as leis, mas a derrubada do existente usando de todos os meios possíveis. Acompanho tudo estarrecido, sem saber como darei meus próximos passos e até mesmo como proceder. O que sei é que tenho aqui dentro de mim nesse momento, uma angústia muito grande e uma certeza: defendi tanto a legalidade, mas vejo que do outro lado isso não existe, pois para alcançar seus objetivos eles são capazes de tudo, tudo mesmo e eu me considero um daqueles no caminho deles, mesmo não fazendo nada mais que oposição dentro do permitido. Para nós, brasileiros é praticamente imediato uma repercussão, pelo bem pelo mal, em algo beirando a irracionalidade. O que fazer quando do outro lado estão dispostos a tudo? Reajo do mesmo jeito, me escondo, fujo, vou pras ruas, finjo não ser comigo, capitulo, enfrento o touro a unha?
https://www.pagina12.com.ar/230370-evo-morales-dijo-que-mes…
03) APREENSIVO NÃO SÓ COM A BOLÍVIA, MAS COM O AQUI E AGORA
O golpe boliviano é diferente dos aparentando legalidade, nenhum aparente arcabouço jurídico. A brutalidade está mais que latente, exposta e sem receios, feita às claras, com apoio do que se diz instituições. Evo Morales fez muito pela Bolívia, hoje o país com maior crescimento econômico entre nós e seus acertos suplantam os erros, mas não é isso o que se deve discutir no momento. O que está por detrás desse golpe é algo tão insano, tão fora da casinha, que me faz permanecer prostrado aqui onde me encontro, tentando refletir e entender dos motivos do ocorrido, a forma tão violenta como tudo está ainda em curso no vizinho país. Tem uma conjunção de segmentos unidos de forma ilegal, sanguinária, miliciana, com evidente participação do segmento religioso evangélico neopentescostal nessa imposta deposição e renúncia não só de Evo, mas de todo um arcabouço institucional. Algo forçado de forma vil, com sequestros de parentes, incêndios em residências, sangue escorrendo entre pessoas próximas, intimidação evidente e algo passando ao largo das informações recebidas pela mídia massiva.
E o que virá pela frente? Incerto e não sabido, pois quando se abandona a legalidade, o vale tudo é permitido. Pelo que vejo, o desGoverno brasileiro não só deu aval, como participou ativamente, algo mais perigoso, pois demonstra a real possibilidade disso ocorrer também aqui no Brasil, não só a quartelada, mas com muito sangue, violência e insanidade. Fica evidente, Bolsonaro está tentando com todas suas forças algo parecido no país, pois assim se fortalecerá num momento de claro desgaste. Ou as instituições brasileiras se unem e defendem o que ainda existe de legalidade ou estaremos todos num mato e sem cachorro, pois o pregado por golpistas aos moldes bolivianos é não só o desrespeito as leis, mas a derrubada do existente usando de todos os meios possíveis. Acompanho tudo estarrecido, sem saber como darei meus próximos passos e até mesmo como proceder. O que sei é que tenho aqui dentro de mim nesse momento, uma angústia muito grande e uma certeza: defendi tanto a legalidade, mas vejo que do outro lado isso não existe, pois para alcançar seus objetivos eles são capazes de tudo, tudo mesmo e eu me considero um daqueles no caminho deles, mesmo não fazendo nada mais que oposição dentro do permitido. Para nós, brasileiros é praticamente imediato uma repercussão, pelo bem pelo mal, em algo beirando a irracionalidade. O que fazer quando do outro lado estão dispostos a tudo? Reajo do mesmo jeito, me escondo, fujo, vou pras ruas, finjo não ser comigo, capitulo, enfrento o touro a unha?
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