Neste sábado, tirava o carro da garagem e ia hanhar a rua quando me deparo com seu Plínio zanzando e papeando com os porteiros. Falo do Peninha, ele abre um sorriso e, pelo visto bate recordações de todo o tipo. Peço para tirar uma foto e digo a envierei ao Pena. Faço e envio. Não demorou nem cinco minutos, toca meu celular e do outro lado o próprio, Peninha. Reconheceu Plínio da foto e começa a me falar dele. E ali diante de mim, Plínio sorria e ouvia tudo, pois havia colocado o celular no viva voz. Passei o fone para ele e fiquei só assuntando o que os gajos conversavam. Falaram de tudo, muito pouco da história da NOB e muito dos tempos vivenciados pelos dois no bordel de Eni Cesarino. Pelo que ouvi, o relatado vale mais do que tudo o que já havia lido no livro do Lucius de Mello. Nem sei se falaram do Pena pai, que era o motivo do Pena me ligar nos últimos dias, pois percebi, o tema rua e como se davam os procedimentos e encaminhamentos com relação ao bordel, tomaram quase todo o tempo da conversa.
Plínio precisou desligar rápido, pois a filha o esperava do outro lado da rua. Ele, aos 90 anos, ainda dirigindo seu carro, saiu escoltado e foi dar umas voltas pela aí, tenho a certeza, com muitas histórias revividas ainda fermentando em sua cabeça. Peninha permanece no fone e fica me contando algo do vivenciado por ele, e também por Plínio. "Você está perdendo tempo. Tem que arrumar um gravador já e começar a gravar as histórias do Plínio, pois ele era o cara. Foi um dos que mais conheceu tudo o que rolava nos corredores da NOB em Bauru. Ele é testemunha ocular da História e , como me conta, já com 90 anos, precisa estar com seu depoimento no documentário sobre meu pai, num outro sobre os bastidores ainda secretos da NOB e também da Eni", me diz. Gosto demais de prosear com seu Plínio. Peninha antes de desligar me diz que Plínio é uma espécie de filho dele e dou o retorno, dizendo eer ele uma espécie de pai aqui pra mim onde moro. Uma conversa pra lá de salutar e saudável. Plínio chegou a treinar como jogador de bola no Flamengo do Rio, mas depois voltou pra Bauru e entrou na Rede, onde fez história. Ou seja, muita história pra contar. "Henrique, ele sempre foi uma das pessoas mais elegantes que já conheci. Andava na estica, linho puro e hoje, como anda como aposentador", me pergunta. Respondo pelo que vejo: "Peninha, ele então continua o mesmo, pois é a finesse no trajar e no linguajar. Vou apressar e começar as conversações e gravações o mais rápido possível, pois com tanto vivência no passado ainda não revelado desta cidade, cada vez menos pessoas". Aguardem novidades.
A RECEITA MILAGROSA DO ABRIL EM PORTUGAL
O salgado da lanchonete Abril em Portugal - Rodrigues pertinho da Nações - é uma espécie de lenda aqui em Bauru, tanto que o local permanece cheio, mesmo com a mudança de proprietário. Com as mudanças, os atuais encontraram o "mapa do tesouro", a receita original do bolinho de bacalhau, já enquadrada e com o papel amarelecido pelo tempo. Estavam com receio de divulgar o segredo, mas foram convencidos que, receita mesmo existem variadas e por todos os lugares, sendo o diferencial o cozinheiro (a), este sim, dando a pitada final, o ponto determinante do quitute ser ou não apetitoso. Neste local, o salgado é o que se denomina de "primor".GEBARA SEMPRE SABE DAR MAGISTRALMENTE A VOLTA POR CIMAEu sempre que reencontro com o Gebara, sei que dali brotará uma boa prosa. Gebara é o proprietário da GEBARA Tecidos, ali nos Altos da Cidade, hoje quase ao lado desses empreendimentos na cidade lotados de gente ganhando pouco, as indústrias de telemarketing, neste caso a Consilig. O gebara se instalou ali há muito mais tempo, mas hoje o local é totalmente dominado pelo pessoal da Consilig. Mas antes de entrar neste assunto, falo do reencontro de hoje pela manhã. Eu e Ana Bia voltávamos da caminhada matinal e já perto de casa um carrão se aproxima e para no meio da rua. Quando o vidro se abre, lá dentro o Gebara.
Ele além de abrir o vidro, abre aquele baita sorriso só seu, mais que característico. Parou o carro para nos cumprimentar. Digo a ele que, havia perguntado por ele na padaria, pois havia ouvido que não estava bem. Ele me diz ter passado muito mal, operado da diverticulite, mas está se recuperando bem. Ana lhe faz um agrado, um chamego e ele, como faz regularmente, um gentleman, não sabendo como proceder, lhe oferece uma caneta da Gebara. Elé é assim, sua cara e jeito. Abre o baita sorriso e dá algo para a pessoa em troca de qualquer acarinhamento. Gebara pode não pensar igual a mim, mas nem por isso deixou de conversar comigo, mesmo quando todos viravam a cara um para o outro. Continuamos conversando como se nada estivesse acontecendo ao nosso lado. Como não gostar de prosear com alguém assim. Ele é único.
Para o provocar lhe pergunto sobre o trailler de lanche aberto bem defronte seus escritório, junto da loja. Ele nã ose faz de rogado e me diz, que foi chato no começo, mas entendeu e hoje leva numa boa. "Eles vieram conversar comigo, contaram sua história, a de não ter condições de pagar o estudo dos filhos e que, tudo sairia dali. Topei, conversamos sempre. Depois vieram me propondo pagamento, pois necessitavam de luz. Dei a luz e continuamos em paz. Tem muita gente ali na frente e o melhor é sempre conversar e entender o outro lado", conta. Pergunto se empresta também o banheiro. Ele ri e confirma, empresta também o banheiro para os proprietários do trailler. Eu que achei, Gebara estaria contariado, o vejo sabendo como contornar o problema. Para ele foi fácil, ou seja, ouviu o outro lado, entendeu tudo e não tinha outra coisa a fazer. Fez o correto e assim vive em paz. Gebara é uma pessoa de bem com a vida, sabe contornar os obstáculos, ostenta sempre um belo sorriso e hoje, ri também do sofrimento da última operação, mas feliz da vida por ter conseguido se recuperar a contento e em breve, voltará a se reunir com os amigos, toda manhã, quase madrugada, para um café, rotina começada quando ainda existia aquele café lá na alameda Otávio Brisola, depois do Aeroclube. Na padaria e dando suas saídas de carro ele já recomeçou. Falta pouco pro resto.
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