domingo, 2 de julho de 2023

CARTAS (216)

NOTA PÚBLICA À POPULAÇÃO BAURUENSE EM DEFESA DO DAE*

Os partidos políticos e os sindicatos da cidade de Bauru, abaixo denominados, tornam pública a seguinte nota, com relação à concessão do esgoto da cidade à iniciativa privada:

É sabido por todos que a Prefeitura de Bauru elabora um projeto político de concessão da coleta e tratamento do esgoto para a iniciativa privada, tirando da maior Autarquia da nossa cidade - o DAE, a prerrogativa da exploração deste importante serviço à população.

Neste sentido, as entidades que assinam este manifesto fazem algumas considerações para, ao final, tornar clara suas posições:

✓ A sociedade moderna viu-se livre de doenças, que até então eram endêmicas, quando começou a coletar e tratar a água servida ao povo, bem como o esgoto doméstico, que era lançado in natura nos rios das cidades, como infelizmente ainda é o caso de Bauru;

✓ Sempre coube ao Estado o controle destes serviços essenciais para a vida humana, para que todos, de forma indistinta e democrática, tivessem acesso aos mesmos.
Dentro de nossa realidade, queremos destacar a importância do DAE como um órgão de grande relevância para a comunidade. O fornecimento de água potável e o tratamento adequado de esgoto são serviços essenciais para garantir a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida da população;

✓ Consideramos que a concessão do DAE para a iniciativa privada pode comprometer a eficiência e a qualidade desses serviços, além de resultar em possíveis aumentos abusivos nas tarifas, prejudicando os cidadãos que dependem desses serviços básicos;

✓ Além disso, é imprescindível ressaltar que um projeto de tal magnitude, cujo
investimento se aproxima da casa do bilhão de reais, e que concede à iniciativa privada a concessão de parte dos serviços do DAE por um período de 30 anos, com possibilidade de prorrogação por mais 30, não pode ser conduzido de forma apressada. É necessário assegurar transparência quanto ao futuro do DAE e de seus servidores.
Deixamos claro que somos favoráveis à conclusão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) "Vargem Limpa", compreendendo sua importância vital para que Bauru possa tratar adequadamente seu esgoto. No entanto, enfatizamos que essa finalização não pode servir de justificativa para a entrega do DAE a terceiros.

Portanto, somos CONTRA a Concessão dos serviços de esgoto à iniciativa privada por parte da Prefeitura de Bauru. Reforçamos a importância de promover um debate amplo e transparente sobre o assunto, envolvendo a sociedade civil, especialistas e os órgãos responsáveis. É necessário garantir que qualquer decisão relacionada ao futuro do DAE seja tomada de forma cuidadosa, ouvindo principalmente o mais interessado, o POVO de Bauru.
Assinam esta de nota Pública:
AGIR
PDT
PT
PSOL
REDE SUSTENTABILIDADE
SOLIDARIEDADE
SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE BAURU
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO |Regional Bauru.

* Reunião alternativa, realizada ontem pela manhã, 01/07, sem a presença da direção de vários partidos do Campo Democrático de Bauru e, com ela, o início de uma tentativa de aproximação de quem se apresenta distante do conservadorismo reinante e vigente na atual administração municipal. Outras reuniões virão, talvez mais abrangentes e com as direções partidárias, mas de toda a discussão, um documento com algo dentro do consenso entre os presentes: a não privatização do DAE.

O QUE DE MELHOR PRESENCIEI NA REUNIÃO DITO "CAMPO DEMOCRÁTICO" NA MANHÃ DO SÁBADO
Sim, estive na manhã do último sábado numa das reuniões do grupo Campo Democrático de Bauru, onde a ideia divulgada é a de buscar alternativas dentro deste campo, formando uma Frente Ampla, para o enfrentamento eleitoral do próximo ano, em condições de apresentar uma real proposta para fazer frente ao atual desGoverno de Suéllen Rosim. Pré-candidatos fizeram uso da palavra, Celso Zonta abriu e fechou as falas com algo sobre estes objetivos, mas o que mais me chamou a atenção não foi isso e sim, a presença no local do pessoal, intrépidos, ousados e atuantes, da Diário do Brasil TV, antiga TV Preve, ali gravando ao vivo e tendo como microfone mór o jornalista José Eduardo Amantini, ex-prefeito de Itapuí, pelo PSDB e hoje, desligado deste partido, voltando para suas atividades jornalísticas. Eis o vídeo que a TV coloca no ar dele entrevistando Batata no evento: https://www.facebook.com/diariodobrasiltv/videos/1461404967957991/. Como disse, o fato em si dos motivos da reunião deste grupo é uma coisa, outra foi a fala, fora dos microfones do Amantini, em algo registrado por mim, anotador juramentado de falas:

"Incompreensível Bauru, pela sua importância, ter somente três ou quatro vereadores que ainda discutem a cidade e a maioria não sabe exatamente o que estão ali fazendo. O nível atual é de vereadores protocolando pedidos para a prefeita tapar buracos ou algo parecido. Isso, dessa forma, não é função de vereador. Hoje a Câmara é extensão da Prefeitura, puxadinho dos interesses da prefeita. A cantora gospel, hoje na Prefeitura, incentiva a divisão do campo da esquerda. Eu militei por anos no antigo PSDB, social democrata e sai do partido. Não dava mais, pois hoje o projeto lá é fascista. Voltei a atuar no jornalismo e faço o que sei fazer".

Primeiro, parabéns ao Amantini pela coragem em dizer o dito, na frente dos presentes, em pé, na porta de entrada e em alto e bom som. Gosto demais dos corajosos. Posso ter discordado dele e da atuação tucana em variados e múltiplos momentos, mas inegável, sua fala atual, aliada ao jornalismo que vejo o Diário do Brasil fazer, algo salutar, único e necessário. Ele, os microfones e câmeras desta TV circulam hoje pela cidade e mostram ao vivo, o que de fato ocorre, sem muito filtro. Gosto do que vejo, algo único, repito e no bom caminho, pregado pelo jornalismo na acepção da palavra. Que o Diário do Brasil TV prossiga neste ritmo e caminho, pois irá e já está oxigenando o jornalismo nativo, até então um tanto opaco. Nem todos possuem condições de estar presentes em tudo, todos os locais e momentos, impossível isto, mas estes agora se mostram com vontade de botar o pé na estrada e com uma visão de mundo ampliada, oxigenada e também atuando no "campo democrático". Ponto pra eles.

REVENDO O "A ÚLTIMA HORA EM BAURU", DE ZARCILlO BARBOSA, 11 ANOS ATRÁS, PARA BLOG DO PROFESSOR JEFERSON BARBOSA DA SILVA, O GAROEIRO
"Caríssimo Henrique, Depois de vir repassando, arquivo por arquivo de minha atual montanha, que passa de 1 milhão e 400 mil arquivos, de acordo com o repasse do antivírus de anteontem, finalmente, agora, encontro aquele texto que o Zarcillo Barbosa concedeu ao Blog do Garoeiro, atualmente extinto, em 2012: "A Última Hora em Bauru". Quando a gente recebe lançamento de bola alta na pequena área, a primeira tentação é meter de cabeça, direto para o gol adversário. Nesse caso, você está mafuentamente autorizado a reproduzir a matéria no Blog do Mafuá, mencionando, simplesmente, que se trata de oportuna cópia de texto que já foi tornado público, sem nenhuma restrição, há mais de 11 anos. Agora, se a bola vem quicando, baixa, no gramado, aí o atacante tanto pode finalizar, como pode dar aquele passe para o parceiro que está vindo, entrando, lá, no outro lado. Grato por me haver dado esse abraço em seu 116º texto para o Debate, de Santa Cruz, como se lê no Mafuá de hoje, Outro abraço, Garoeiro", exilado de Bauru em Natal RN.

Eis o "A ÚLTIMA HORA, EM BAURU
Zarcillo Barbosa – Bauru, 12 de agosto de 2012.
Conheci Samuel Wainer na segunda metade de 1963, na redação da Última Hora, em São Paulo, na Avenida da Luz. Era o dia da posse de Jorge Cunha Lima como diretor da sucursal paulistana. Eu havia sido convidado para trabalhar na UH, com a missão de ajudar a “interiorizar o jornal no Estado mais rico”. Tinha grande admiração por Samuel Wainer, a quem qualifico como o maior editor (publisher) de jornal que o Brasil já teve. Em 1951 ele fundou o jornal mais moderno do país com financiamento do Banco do Brasil e as bênçãos de Getúlio Vargas. Última Hora dava sustentação ao trabalhismo com muita coragem. Era um jornal popular de grande circulação e, ao mesmo tempo possuía conteúdo capaz de influenciar as elites intelectuais e políticas.

O uso da cor e a diagramação fugiam completamente dos padrões tradicionais de paginação que prevaleciam na época. Última Hora fez uma revolução editorial no Brasil. Wainer contratou em Buenos Aires os diagramadores do La Prensa, então o maior jornal da América Latina. Pela sua independência editorial foi fechado por Perón. SW deu carta branca aos “gringos” para as inovações, “de acordo com os meus conceitos de jornal moderno”- dizia. Sangue na primeira página, manchetes sensacionalistas, mas um conteúdo político e articulistas de primeira cobrindo todas as áreas, inclusive a social. Pela primeira vez os sindicatos de trabalhadores tinham espaço num veículo de comunicação de massa de circulação nacional. Clube e associações de bairros eram ouvidos. Muitos profissionais foram projetados por UH como Paulo Francis, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), Antonio Maria, Arthur da Távola, Nelson Rodrigues, Ignácio de Loyola, Ricardo Amaral, Jorge Mautner e muitos outros. Havia onze edições diárias do jornal, impresso em sete diferentes Estados. Essa segmentação informativa – as edições eram diferentes em cada Estado – veio a ser copiada pela atual TV Globo, muitos anos depois. Tal qual a emissora, UH em São Paulo, também tinha edições diferentes para as regiões de Campinas, ABC, Baixada Santista e Centro Oeste Paulista, a partir de Bauru, onde foi montada uma sucursal. O noticiário nacional e internacional era único. Mudava só o local. Era um jornal nacional com redações e oficinas no Rio de Janeiro, em São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba e Brasília.
 Nem O Globo nem a Folha conseguiram, até hoje, uma circulação nacional com conteúdos regionalizados. O The New York Times ainda levou algum tempo, depois de Wainer, para chegar ao mesmo desempenho de impressões simultâneas em território norte-americano.

Fui designado para chefe de reportagem da Sucursal de Bauru, depois de um “batismo de fogo” na cobertura de uma greve de metalúrgicos na região do ABC. Houve confronto e sobraram cacetadas também para os repórteres, simples “observadores inocentes”. Em fins de 1963, UH era distribuído na região Centro Oeste de São Paulo com páginas contendo matérias que davam cobertura aos acontecimentos da área. Até colunas sociais havia: uma para Bauru, feita por Baby Garroux, outra para Jaú, Lins (o redator era Mário Prata) e Marília. A sucursal privilegiava as greves sindicais, a organização sindical, reforma agrária, os movimentos estudantis e o trabalho da Superintendência da Reforma Agrária – SUPRA – organismo oficial criado pelo presidente João Goulart para organizar os trabalhadores rurais em sindicatos. Havia uma ação política muito forte em Bauru, por parte dos estudantes secundários e universitários. Os ferroviários também eram fortes e ativos nas ações coordenadas.
Rufino, Pedro Romualdo e Zarcillo - Arquivo de P.R. 

O ATAQUE AO JORNAL
Havia assumido meu posto em Bauru no final de 1963. A sucursal era dirigida por Horacildo Corrêa, um sujeito tranquilo e desengajado. Passei o meu primeiro Natal em Bauru, de plantão. A sucursal ficava na Rua Virgílio Malta, defronte a Lojas Americanas. Ficava aberta até às 22 horas aguardando as repercussões regionais sobre os últimos fatos de um fervilhante momento político. Apoiado pelo seu partido, o PTB, pelos sindicatos e pelos estudantes, o presidente João Goulart prometia grandes reformas sociais, nacionalização das empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária.

O Brasil, naquele momento se urbanizava. A aristocracia agrária tinha sido substituída por uma oligarquia burguesa refratária a qualquer reforma que pudesse pôr em risco a sua hegemonia econômica. Os líderes mais importantes da oposição eram os governadores Adhemar de Barros, de São Paulo; Magalhães Pinto, de Minas; Carlos Lacerda, da Guanabara (nome do hoje Estado do Rio de Janeiro) e Ildo Meneghetti, no Rio Grande do Sul.

Em março de 1964, num comício realizado no Rio, João Goulart, o “Jango”, assinou decretos de nacionalização de todas as refinarias de petróleo particulares e o da criação da Superintendência da Reforma Agrária. A oposição respondeu com as passeatas contra o “ateísmo comunista”, chamadas de Marcha da Família com Deus pela Liberdade. O apoio de marinheiros e fuzileiros navais a João Goulart, unidos ao Comando Geral dos Trabalhadores, acirrou os ânimos com os militares conservadores. Estes viam nas manifestações dos subalternos grave ameaça à hierarquia militar. Os chefes militares decidiram depor o presidente. Começava em todo o território nacional a caça às bruxas. Prisões em massa de todos aqueles que tinham ideias progressistas. Eram tachados de “perigosos comunistas”.

Em São Paulo as greves pipocavam em março de 1964. Os trabalhadores queriam mostrar que estavam fechados em torno de João Goulart e dos seus sonhos de instaurar no Brasil uma República Sindicalista, segundo diziam as lideranças trabalhistas. Fui chamado a São Paulo para ajudar na cobertura dos conflitos de trabalhadores com a polícia. A equipe de oito redatores e quatro fotógrafos de UH, exclusiva para assuntos sindicais não dava conta de se fazer presente em todas as portas de fábrica e nas praças usadas como palcos às manifestações. O dia 31 de março foi estafante. Havia passado a noite em claro ajudando o fechamento com as notícias do golpe militar. Na manhã do dia seguinte – Primeiro de Abril – os primeiros raios de sol me pegaram comendo um sanduíche no saguão de entrada do jornal, no Vale do Anhangabaú. Havia terminado o meu longo desgastante turno. Precisava quebrar o jejum. Foi quando, através da fachada envidraçada vi um tanque de guerra que se postou diante da entrada principal e começou a movimentar o canhão para cima e para baixo. Achei que ia atirar. Pensei comigo: “é o meu último sanduíche”. Toda vez que peço um misto quente me vem à memória gustativa o gosto de orégano que a lanchonete costumava espalhar como arremate. Sinto arrepios. Em seguida dois caminhões de transporte de tropas despejaram sua carga de fardados armados de fuzis. O editor disse que iria ver a esposa que estava grávida e nunca mais voltou.

A intervenção explícita não impediu o jornal de continuar circulando, com mais moderação. Voltei para Bauru onde as coisas estavam quentes, mas consideradas “sob controle”. Estava matriculado no primeiro ano da Faculdade de Direito da ITE e, a reação de parte dos estudantes contra o “golpe de Estado” era patente. A ação dos quartéis contrariava tudo aquilo que estávamos aprendendo em Direito Constitucional. Era aluno do professor Sylvio Marques Junior, um promotor de Justiça que dava aulas de Teoria Geral do Estado. Esse cidadão colocou-se no papel de defensor da Pátria contra a “ameaça comunista”. Iniciou uma cruzada para a qual arregimentou filhos das famílias burguesas para dar combate ao “flagelo” do ateísmo marxista. Fundou uma organização chamada Frente Anti Comunista – FAC – que funcionava nos moldes da TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização também de extrema direita com fundo de ordem religiosa, como a dos Templários da Idade Média. Era também militarista, fascista e religiosa. Preocupava-se em combater os padres progressistas e as organizações populares. Tinha apoio da imprensa conservadora, dos empresários, comércio, indústria e proprietários rurais. Também era uma organização secreta. Sylvio Marques Junior sempre se negou a me conceder entrevista. Sabia-se que mantinha um arquivo secreto com o nome, endereço e qualificações de todos os “esquerdistas”de Bauru, para serem presos no momento da “virada”política pela “revolução patriótica”. A FAC foi denunciada por líderes universitários, como Edson Shinohara que presidia o Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia de Bauru. Foi publicada uma reportagem com fotos na UH regional. A FAC promovia treinamentos militares à garotada: ensinava tiro ao alvo e lutas marciais. Os jovens tinham licença para andarem armados. Contavam com as vistas grossas das autoridades, inclusive da polícia.

Dias depois do golpe de 31 de março de 1964, os garotos da FAC já patrulhavam a cidade em grupos armados, em busca dos suspeitos da lista secreta do professor Sylvio Marques. Chegaram a invadir o pequeno hotel onde eu vivia com outros estudantes universitários em busca de material “cripto comunista”. Confiscaram todos os meus livros porque, entre eles estava um exemplar com a condensação de “O Capital”, de Marx. Do meu colega de quarto levaram “O Vermelho e o Negro”, de Stendhal.

No dia 15 de abril de 1964, pouco antes do horário de fechamento da redação, às 22 horas, o “comando de caçadores de comunistas” invadiu a sucursal de Bauru. Só havia o jornalista Laudze Menezes e o fotógrafo Celestino Distefano no plantão. Ambos já falecidos. A ação da FAC foi planejada como um assalto militar de surpresa. Saltaram de um caminhão, encapuzados e armados com machadinhas e revólveres. Enfiaram sacos de aniagem na cabeça dos jornalistas, amarraram os dois e os trancafiaram no laboratório fotográfico. Enquanto isso depredaram as instalações e máquinas de escrever a machadadas, fugindo em seguida no mesmo caminhão. Avisado pelo motorista de táxi que prestava serviços à redação, cheguei logo depois. Morava bem perto. Cerrei as portas. Descobri o telefone em meio a bagunça e chamei a polícia. Levaram mais de uma hora para vencer a distância de três quarteirões que separavam a redação da Delegacia de Polícia. Alegaram que não achavam a chave de ignição da viatura. O mais indignado era “Pelezinho”, um negro cambaio que pintava quadros e era figura muito popular pelo seu ódio à Polícia. Ele gritava em frente a redação: “Eu sou comunista. Venham me prender”. “Eu sei quem foi”. Foi a única prisão efetuada. Deu trabalho. Quase arrancou pedaço da mão de um PM com uma mordida. Meses depois Pelezinho sumiu. Disseram que foi morto por policiais e enterrado em cova clandestina. O escritório da SUPRA também foi depredado naquela mesma noite. Vizinhos reconheceram alguns dos autores da façanha. Figuras conhecidas da sociedade bauruense. O delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) ficou de abrir um “rigoroso inquérito”. Nada aconteceu. Descobri porque alguns jornalistas não tinham ido trabalhar naquele dia na sucursal. O motivo era óbvio: haviam sido avisados porque tinham amigos na FAC e espionavam para o grupo.

No mês seguinte aos acontecimentos a sucursal foi fechada. As empresas que anunciavam no excelente veículo começaram a ser pressionadas a denunciar os contratos de publicidade. A UH-Rio foi a que mais resistiu, mas sem Samuel Wainer e sem a mesma aura de defensora das causas populares. Depois da experiência de UH o Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e Folha perceberam que precisavam melhorar muito, não só no padrão estético como no conteúdo, para satisfazerem as exigências de um novo tipo de sociedade, mais plural, urbana e politicamente ativa".

Isto tudo faz parte de uma história, ainda pouco conhecida e que precisa, mais e mais, ser contada, muita vezes recontada ao pé do ouvido, para entendermos de fato, em primeiro lugar como se deram alguns dos fatos históricos nestas plagas, a aldeia bauruense. Garoeiro, com o repasse do texto do Zarcillo, faz isso, encaminha matérias que necessitam de ser lidas, guardadas e utilizadas ao longo do tempo. É o que faço.

COMO COMBINADO, POR SETE DIAS, HOJE O QUARTO: LEMBRANDO DO INELEGÍVEL

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