É lá que o danado bate cartão. Havia ligado um dia antes e fico sabendo, ele teve por este dias uma hérnia estourada e foi parar numa UPA. Pernoitou por lá e só saiu no dia seguinte, mais de 16h. Me dizia de suas dores intensas, mas isso não o impede de continuar na lida e luta. O reencontro, um dia após sair do hospital já com o uniforme de trabalho e com aquele baita sorriso no rosto. FAla de seus problemas, amenizando tudo, pois sabe que, ali no seu local de trabalho é onde tudo gira e sua vida deve muito a isso. Sinto que o astral do lugar é desses onde, só de passar por ali, o recebimento de fluídos altamente positivos. Vou lá, não só por causa do carro avariado, mas por causa dele e das conversas que fluem em cada reencontro.
Sei que, sai de lá e deixarei o carro na semana que vem, mas nem acertei o valor, pois sei me cobrará o preço mais justo deste mundo. O mundo gira mais alegre e redundante circulando com gente dessa estirpe. Toda vez que estou meio acabrunhado com algo, instável psicologicamente, passo pela sua oficina e ele, mesmo sem saber, me eleva pras alturas. Seu trabalho, além da eficiência como funileiro, possui dons sobrenaturais de conversação e eficiência no quesito também de recuperação humana. O danado pode estar estropiado, como nós todos com o passar dos anos e alguns probleminhas de ordem interna, mas nã ose entrega e segue altaneiro e sendo o CAMPEÃO na sapiência de como saber tocar a vida. Acordo meio chateado e já sei como resolver tudo: volto pra papear com seu Adelino.
Bem aqui nesta esquina, cruzamento da avenida Nações Unidas com a rua Marcondes Salgado, esteve fincado um pequeno estádio de futebol amador, a do ARCA - Associação Recreativa e Cultural Antárctica. Era meu point dominical onde ia assistir futebol amador, num tempo quando ir aos estádios dava prazer e contentamento. Do lado da avenida dava pra visualizar uma lage, onde em destaque, o nome ANTARCTICA. Ali, num dia que não sei mais precisar quando, creio que quando o Noroeste jogou o Brasileirão de Futebol, vi treinar, num time que também não mais me lembro ter sido o Fluminense ou o Grêmio, o Renato Gaúcho, então craque já consolidado. Foi um dia de intensa movimentação, inclusive com entrada reservada ao local. Entrei, também não me lembro mais como, mas tenho a recordação de ter visto bater bola ali o tal do polêmico Renato, eu encostado no muro rodeando o campo e hoje, passado já mais de uma década da derrocada do antigo campo de bola e fábrica da Antarctica, dando lugar ao Supermercado Assaí, exatamente no mesmo lugar, passo sempre ali defronte e tento reanimar minha desgastada memória. Não existe mais nenhum resquício do campo e nem muitos ainda se recordam que um dia por ali bateu bola Renato Gaúcho. Tudo muda no visual de uma cidade e só as recordações permanecem guardadas, como livros numa estante, dentro da cabeça de quem, um dia, pode vivenciar o que antes ali acontecia. Mas também, que importância tem para nossas vidas, ter um dia ali batido bola este tal de Renato Gaúcho, quando tantos outros, meus craques locais, jogavam todo domingo pela manhã, estes me reavivando muito mais a memória. O ponta direita Neizinho, o goleiro Paraguaçu, o centrovante Maurão ou mesmo o camisa 10 Adelmo ou o 5 Paulinho, me trazem melhores recordações. Viverei com elas dentro de mim para todo o sempre.
UMA HISTÓRIA QUE JAMAIS ESQUECEREI
Ontem ouvia no rádio sobre a frustrada tentativa de um assalto milionário a um banco na Argentina, mais de 200 metros escavados e tudo desmontado, pois um entregador ouviu barulhos estranhos vindo do subsolo, foram conferir e descobriram o túnel. Momentos depois passo diante de empresa de valores no cruzamento das Nações com a Inconfidência, próximo do Poupatempo bauruense e lá a recordação de história com idêntico desfecho. Quando o túnel quase pronto, escavação de dentro de um rio submerso debaixo de uma lage, um desnível no solo asfáltico e quando foi acionado o reparo, a descoberta do túnel, quase pronto. Ambas obras de estudada engenharia, muito parecidas e porque não, até tendo os mesmos artífeces, em nada improvável intercâmbio internacional.
O daqui não deu certo, o argentino idem, mas outros tantos deram.
Era o mesmo que fazer roleta russa: atalho bem antes, trecho bem mais longo ou seguir, sem possibilidade de escapar. Prender a respiração e contar com a sorte. Numa dessas paradas, carro já identificado, eu no aguardo do guincho, crio o maior problema, quando por mais de meia hora fico ali observando os que são parados e digo ao comandante da operação: "Tenho que te dizer, mas só param carros velhos, como o meu. Novos passam todos incólumes".
Subiram o tom comigo, mas era pura constatação, observação feita num dos locais onde mais ocorrem os tais comandos na cidade de Bauru. Até hoje, passando pelo local, inevitável as lembranças.
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