segunda-feira, 2 de setembro de 2024

PERGUNTAR NÃO OFENDE (213)


A PARADA PARADA NÃO É A MESMA PARADA DE ANTES, OU SEJA, PAROU, MIOU
Digo, evidentemente, da Parada da Diversidade, ocorrida mais uma vez em Bauru no último domingo, 1° de setembro. Na verdade, todo seu glamour se foi com o tempo. A primeira finalidade, de todas, era ter um espaço próprio, onde toda comunidade LGBT teria maior visibilidade e assim, desta forma, unidos resistiriam melhor à tudo, inclusive investidas do evidente e latente, enrustido preconceito brasileiro. Marcaram época. Anos e anos de intensa luta. Aqui em Bauru, estive em quase todas e as primeiras, épicas, mais que históricas. Com o passar dos anos, pelo menos em Bauru foi capturada por interesses outros e hoje, deixou de ser Parada, para se tornar em algo parado, estático, sem o que tinha embutido mais pulsando.
Foram mais de uma década e algo bem latente, exposto, talvez como uma espécie de fratura exposta, a ser corrigida ou permanecendo se deteriorando cada vez mais. Em primeiro lugar, via a Parada da Diversidade como algo realmente sendo feito e incentivado pelo poder público estabelecido e assim sendo, ele não deveria enviar recursos públicos para entidade outra executar a festa. Deveria, ele mesmo cuidar de tudo. Tendo verba pública e essa senso manipulada por outrem que não o próprio poder público, um desvio de finalidade e de conduta. A Parada não é algo para uma pessoa ou um grupo se beneficiar policitacamente, quanto mais financeiramente. Digo isso não só e exclusivamente para a Parada, mas para todos os demais eventos tendo como patrocinador e quem o banca sendo os cofres públicos. Aqui em Bauru vejo algo perigoso também ocorrendo com a Semana do Hip Hop, que precisa voltar a ser realmente uma atividade pública e não com um grupo sendo pago para executá-lo, ou o que é pior, sempre o mesmo grupo de pessoas. Isso são algo dentro de um todo, algo necessitando ser revisto.

Já da Parada em si, o próprio nome diz. O que vem a ser uma Parada? Com certeza não é algo estático e sim, algo como um desfile, exatamente como era feito no seu início. Converso com pessoas que la´estiveram e até gostaram da festa, mas sentem nitidamente a perda do sentido. Hoje, resume-se num show. Meramente um show e seu patrocinador, quando muito junto do Sectário, ops, digo, secretário de Cultura fazendo uso da palavra em algo meio nonsense. Para não dizer que vivo de crítica, ouvi duas pessoas, ambas de fora e que aqui estiveram em anos anetriores. "Não vou mais. Queria descer a avenida. Queria ser vista e se possível, circular com uma faixa, mostrando o nome de minha cidade e com alguns dizeres sobre algo do momento. Hoje, isso já fica sem sentido, pois todos ficam lá diante do palco assistindo um show. A Parada é um lugar para as pessoas serem vistas e todos se enxergarem mutuamente", me disse alguém, que viajava mais de 100 km para aqui estar. Monique Andrade, de Santa Cruz do Rio Pardo postou em sua página do facebook, foto dela, anos atrás, em cima um trio elétrico: "Quando Bauru tinha parada da diversidade boa! (...) Vontade de fazer outra roupa, mas não tem mais os desfiles de antes, descer a nações dando close , amava ". Ou seja, creio eu, a Parada paulistana se mantendo na avenida Paulista continua sendo o espelho para todas as demais. A de Bauru se desvirtuou, se perdeu ao longo do tempo, porém, algo ainda pode ser feito para não só reajustá-la, como reconduzí-la a voltar a ser Parada, saindo da comodidade de um show pago pelo poder público e botando o bloco literalmente na rua.

DRUMMOND ETERNAMENTE
Há 40 anos, mais precisamente no dia 14 de maio de 1984, fiz essa foto do nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, em seu apartamento em Copacabana.
Foi uma entrevista para a revista Status, então comandada pelo jornalista Gilberto Mansur e, também, acompanhando a entrevista o igualmente jornalista e poeta Francisco de Paula Freitas.

Foi um dia histórico pois no dia anterior tinha falecido, de forma trágica - suicídio - o médico e escritor Pedro Nava, amigo de longa data de Drummond. Perguntado se gostaria que fosse transferida para outro dia a tarefa, o poeta declinou do convite e deu uma grande entrevista. Triste e abatido, mas não deixou de cumprir esse compromisso profissional pois atender a imprensa era uma de suas atribuições da qual ele não se esquivava.

Fiquei impressionado nesse dia com a velocidade verbal de Drummond. Eu não o conhecia pessoalmente e poucas vezes o ví na TV, de maneira que não sabia como se expressava fora da poesia e de seus artigos em jornais e revistas.

(PS: obrigado ao amigo Rogério Marques por me corrigir sobre a data da entrevista. Pedro Nava morreu no dia 13 de maio por volta das 23:30h. Naturalmente a entrevista foi feita no dia seguinte).

RESGATAR A MEMÓRIA E HISTÓRIA DE EUNICE PAIVA
"Resgatar a memória de Eunice Paiva nos faz refletir sobre o risco de se optar por um Estado autoritário", declarou Fernanda Torres.

Dirigido por Walter Salles, “Ainda Estou Aqui” é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, sobre a história de sua família. A trama começa no início dos anos 70, quando Rubens Paiva (Selton Mello) é levado por militares à paisana e desaparece. Daí em diante, Eunice Paiva (Fernanda Torres) busca a verdade sobre o destino de seu marido, enquanto se vê obrigada a traçar um novo futuro para si e seus filhos.

Ainda sem data para ser exibido no Brasil, o longa-metragem estreou na 81ª edição do Festival de Veneza e está previsto em outros Festivais de Cinema importantes, como Toronto e Nova Iorque.
Leiam mais: https://abrir.link/fsHmX

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