domingo, 22 de setembro de 2024

ALFINETADA (244)


SEIS FOTOS DO HPA, SEIS ESCRITOS DO QUE POSSO DIZER DELES

Um deles vi na BAtista na tarde de ontem e os cinco demais, hoje na Gustavo Maciel, feirando, botando, cada qual ao seu modo e jeito, o bloco na rua:

1.) Um livro embaixo do braço a vida inteira: Eu conheço este senhor há mais de 15 anos. Ele me dizia ter um livro pronto e nunca fiquei sabendo o seu conteúdo. Andava com ele para cima e para baixo, uma pasta debaixo dos braços. Circulou por um tempo lá pelos lados da Cultura Municipal, onde um dia atuei. Sempre puxei conversa e ele nunca se abriu. Queria ver seu livro impresso. O tempo passou e passei a vê-lo, sempre só e morando, primeiro em hotéis na região da estação ferroviária e depois, com o passar dos anos, em pensões, daquelas mais baratas e com quartos coletivos, também nas imediações do mesmo local. Já não o via com a pasta debaixo dos braços. Por fim, fiquei um bom tempo sem revê-lo e agora, meses atrás, o reencontro nas ruas, provavelmente morando nas mesmas condições e fazendo do local onde mora até o local onde está localizado o Bom Prato, uma caminhada de horas, pois mal consegue andar. Na verdade se arrasta pelas ruas, pé ante pé. Deve demorar bem uma meia hora para fazer um trajeto de um quarteirão. Algo que fere aos olhos e a qualquer tipo de sensibilidade humana. O vi uma vez recusar uma senhora que queria lhe prestar ajuda para atravessar uma rua. Segue sempre por alguns caminhos até chegar ao Bom Prato, ora vindo pela Batista ou Primeiro de Agosto, ora pela rua Bandeirantes. No último sábado o vi novamente, caminhava pela BAtista, já retornando do Bom Prato. Certa vez escrevi dele, citei seu nome, mas isso já faz muito tempo e agora, com o passar do tempo, sua situação é merecedora de cuidados, de amparo e não sei como proceder. Sei algo dele, só o aqui descrito. Vê-lo do jeito como está é algo pelo qual não consigo nem descrever o sentimento e entendimento do que poderia - e deveria - ser feito para ampára-lo, o quanto antes. Ou antes que seja tarde demais.

2.) Jairo e as lives com relatos das rebarbas da cidade: Este servidor do DAE - Departamento de Água e Esgoto está hoje lotado no Sinserm, o sindicato do servidor público municipal de Bauru. Hoje o reencontro na feira e cheio de folhetos da campanha que faz em prol do Chico, o advogado do sindicato, este na luta para se tornar vereador. Jairo o acompanha por vários lugares da cidade e fora isso, o vejo escrevinhando algo mais do que diferenciado pelas redes sociais. Pegou gosto por descrever lugares insólitos de Bauru, como ir verificar in loco se a nascente do rio Batalha realmente secou, daí extraindo sempre um bom texto e áudio. Gosta mesmo de circular pelas quebradas desta cidade, lugares pouco frequentados pelas pessoas ditas comuns. Seus áudios, em sua maioria, são produzidos todos de forma artesanal, ele em locais no entorno da cidade, mostrando um problema existente e reclamando do descaso por uma solução que ou demora a chegar ou não chega nunca, causada pelo pouco caso da atual administração. Hoje me cerceou, me fez curtir sua página, pois me diz, assim o acompanharei com mais assiduidade. Quero fazê-lo, pois sei faz algo muito pertinente e necessário, desses, como eu, que se preocupam com os mínimos detalhes do que acontece, daí demonstra seu incômodo e fala das prováveis soluções. Sua inquietude demonstra o alto grau de interesse pelo reencaminhamento de açõesconcretas em prol de soluções para crônicos problemas. Um belo trabalho de formiguinha.

3.) O vascaíno conquistando um lugar pra chamar de seu na feira dominical: Eu o conheci na feira dominical, corpanzil enorme e falando, ou seja, um camelô na acepção da palavra. Começou na cidade, quando aqui aportou quase uma década atrás, perfumes e alguns anos depois, deixou de fazê-lo, pois me disse ter ingressado numa igreja evangélica e não queria mais revender produtos falsificados. Algo que a igreja não conseguiu tirar dele é a alegria de sorrir muito nos seus locais de trabalho, seja a quadra da Primeiro de Agosto, perto da Treze de Maio ou mesmo a feira dominical, onde se tornou também muito conhecido, pois propagandeia algo pelo seu time do coração, o Vasco da Gama. Na verdade ele nem é carioca. É baiano, morou tempos no Rio, mais prercisamente em Alcântara, lugar que não pretende voltar, pois desde que conheceu Bauru, foi tomando gosto e hoje se mostra muito feliz por aqui. Possui lugar conquistado na Feira do Rolo, só dele, do qual muito se orgulha. Hoje seu produto principal são colchas e travesseiros, preferindo revender o da cor branca. Não quer variar muito e diz o fazer, pois o branco é o da preferência da maioria das donas de casa. O baita negão é a simpatia em pessoa.

4.) O advogado Marcos vem espairecer na feira todo domingo: Ele trabalha intensamente a semana inteira como renomado advogado, num escritório só seu e aos finais de semana, sai do terno e cai na feira, um local escolhido a dedo por ele para espairecer e se recarregar. Vem sózinho, conhece muitos, fez amizades, senta comer seu pastel ali na Julio Prestes, depois até pode tomar um suco de laranja na barraca da Andréia. Ali numa mesa, sempre meio escondida, senta junto de outros e proseia até não mais poder. Quando muito se levanta e vai pra esquina, quando junto de outros, ficam a conversar e tagarelar em conjunto. Vitou rotina e só não desce pra feirar aos domingos em caso de força maior ou viagem. Quando o faz, deixa todos avisados, pois por lá prevalesce algo bem simples, quando alguém some sem avisar, passa logo a ser motivo de suspeita, enfim, o que teria acontecido. Como vem todo domingo, avisa antes, para não causar preocupação entre os assíduos amigos e frequentadores ali conquistados. Não gosta muito de ser fotografado e o fiz, pois como tenho poucos registros dele, pelo menos um, este feito hoje, com sua imagem aqui garantida. Marcos presta também assessoria gratuita para os diletos amigos ali conquistados, os que o ajudam a recerregar suas baterias, pois na segunda volta pra sua rotina de pega pra capar.

5.) Ladeira já foi bom de prosa, hoje saindo mais da toca: Muitos ainda se lembram dele como um dos nosso melhores vereadores. Ganhou fama desta forma, na primeira administração do prefeito Tuga Angerami. Sempre foi tucano, ou seja, membro atuante do PSDB, mesmo muitos comentando tendo ele sido um dos fundadores do PT, ou seja, um dia foi de esquerda, mas junto de outro, o já falecido, Marcelo Borges, passou a ser um dos próceres tucanos na cidade, junto de Caio Coube. Nunca conseguiram fazer um prefeito em Bauru, mas todos souberam muito se encaminhar ao longo do tempo. Ladeira comandou o CDHU na cidade, órgão estadual direcionado para construir casas populares estado afora. Antes gostava de prosear em bares, mesmo com pessoas, como eu, de diferentes agremiações político partidárias, mas nos últimos tempos, ficou mais arredio, caseiro, só sendo visto na feira em ocasiões especiais. Por estes dias anda circulando mais pela aí, seguindo os passos de Caio Coube e tentando o ajudar a conquistar uma vaga na Câmara de Vereadores. Já há alguns domingos, desce e sobe a feira, ladeando o amigo e fazendo o que havia deixado de fazer há algum tempo, prosear com amigos de antanho, mesmo de partidos divergentes de sua linha de pensamento.

6.) Kyn Jr se renova pra sair nas ruas a cada novo dia: Cada novo dia é uma nova história na vida do atribulado, inquieto e incontrolável Kyn Jr. Gosta muito de andar nas paradas de sucesso, profundo conhecedor de muitos personagens da vida política e social da cidade, faz e acontece por onde passe. Dentre tudo o que já lhe aconteceu, como atravancamento para o desenvolvimento nromal de sua vida, a última foi a descoberta de algo malígno junto aos seus olhos. Faz cirurgia recente no Hospital Estadual, nem bem uma semana e já está de volta na feira, sem ter feito o resguardo solicitado, pois é destes que nã ose segura nas calças. Adora ruar e nela estar. Permanecer trancado em sua atual residência, nos altos do Santa Edwirges é algo difícil, diria complicado, quase impossível, daí ele circula hoje com o rosto todo remendado, muitas vezes sem nem a proteção de um óculos de sol, cercando todos que via pela frente, junto do Pequeno's Bar, quadra 5 da Gustavo. Muitos arrebatou para um cervejinho com ele, outros proseou no meio da rua. Kyn é assi, quando algum conhecido passa, se não vem até ele, a montanha vai até MAomé, ou seja, lá estará o danado no meio da rua, falando em voz alta, gesticulando e provocando. Kym é um provocador, conhecido por todos e por onde passe, conseguir atravessar mais um dia de vida, o que para ele, sabe disso, é mais que uma conquista. No seu caso, difícil e doloros deve ser quando tudo se esvai, o dia se finda e tem que voltar lá pra muito depois dos altos do Bela Vista e acomodar o facho. Kyn é desses sem palavras, pois se mete me cada uma, algumas impossíveis de serem contadas.

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