domingo, 16 de novembro de 2008

DIÁRIO DE CUBA (15)

ANDANÇAS E CONTATOS ANTES DE CONHECER O INTERIOR DA ILHA
Estamos no quinto dia em Cuba, 12/03, quarta e amanhã iremos conhecer o interior do país. Saímos do hotel às 8h30, após aquele suculento café da manhã (um verdadeiro almoço) e caminhamos muito, "hablando" e rindo das nossas pisadas de bola e desconhecimentos de procedimentos. Marcos diz que sou uma negação com o espanhol e da forma como encontrei para me comunicar, uma espécie de tupi-guarani, estilo Raoni, com pitadas de gauchismo, estilo Felipão. Ininteligível. Uma confusão dos diabos. Acho que devo mesmo é falar o meu português e deixar rolar. Vamos inicialmente até o bonito terminal da "Via Zul", a empresa que nos levará até a cidade de Santa Clara.

Na chegada um simpático segurança, puxamos papo. Na conversa nos dia ser dirigente dos Combatentes Nacionais. Um senhor negro, alto, muito simples e falante. Nós dá valiosas dicas para voltar ao centro por outros caminhos. Anotamos os horários para amanhã e na saída, vemos um taxista a devorar um dicionário português/espanhol, editado pela Melhoramentos brasileira. Puxamos conversa. O irmão está no Brasil, em Tocantins e a convite desse está a se preparar. "Se Deus ajudar", nos diz, "estarei morando com o irmãos até o final do ano". Um sonho e para isso junta o dinheiro da passagem. Conheço esse filme, pois também juntei o meu para aqui estar. E ele nos diz que fará a viagem sem maiores problemas, pode sair quando quiser, desde que tenha o valor para pagar a passagem.

Na volta, uma parada inevitável. Do outro lado da rua vejo a Sala Charles Chaplin. Vamos até lá e amente do cinema, me encanto com a parede lotada de cartazes, preenchendo toda a parede no hall de entrada. Visual muito belo, colorido. O porteiro nos diz que muitos deles são vendidos numa loja do outro lado da rua, num daqueles casarões antigos. Outro se aproxima e notando nosso interesse, comunica que em abril acontecerá ali uma Mostra de Cinema Suiço. A entrada será de dois pesos. Dizemos a ele, que "no Brasil temos poucas salas de rua, pois a maioria estão em shoppings e predominam a exibição de filmes norte-americanos". Eu até parei para transcrever sua resposta nesse diário: "Eles querem que façamos tudo do jeito deles, mas não devemos assistir somente os filmes vindos de lá, mesmo gostando do estilo utilizado. Aqui temos filmes do mundo todo. Inclusive, nesse momento, até africano".

Passamos defronte a corporação dos bombeiros. Peço para tirar fotos. Faço duas, uma de um caminhão mais antigo e outra mais moderno. Gostei dos equipamentos. Estão bem servidos. Nisso, Marcos me chama a atenção: "Quantas vezes você já ouviu barulho de sirenes ligadas pelas ruas? Nenhuma, nem de ambulância, polícia, bombeiro, nada". De fato, não havíamos presenciado nenhuma ocorrência desse tipo nas movimentadas ruas de Havana. Um comentário sem maiores pretensões, pois não quiz fazer comparações. Nenhuma provocação. Só um registro, como outro qualquer.

Seguimos no sentido da praia. Passamos novamente defronte a Embaixada dos EUA só para fotografar e filmar um outdoor defronte o prédio. Ao lado, dois grandes hotéis, luxuosos. Um senhor nos explica como funciona tudo: "Esse aí é de um grupo francês, eles constroem, o Estado paga o salário dos funcionários e 51% dos lucros fica com o Estado, o restante é dos proprietários. Não existe aqui o que ocorre no resto do mundo". E Estado controla a ação, limita o lucro e isso proporciona renda, dividendos para o país, que é eminentemente turístico. No entorno, alguns centro de compras, tudo no mesmo esquema. Nada de errado.

Algo nos impressiona ao caminhar pelas ruas: busto de Jose Marti estão espalhados por todos os lugares. Eles não escondem sua admiração pelos grandes vultos de sua história. Dois "jinetros" se aproximam. Ainda nem estamos na hora do almoço, mas o espaço de hoje está encerrado. Conto mais da próxima vez.

3 comentários:

Anônimo disse...

Henrique entrei no blog agora a tarde e vi o post de Cuba, só uma correçãozinha, o hotel não é francês é espanhol, da rede Meliah, onde 51% pertence ao governo e ele paga os salarios para que não tenha discrepancia entre salarios, as outras 2 redes que operam os hoteis como a Isla Sul e a Gran Caribe são todas totalmente cubanas.
Quanto a parte de tupi-guarani com sotaque do Felipão está certa.
Marcos Paulo

Anônimo disse...

A cada lida deste diário sinto viver um pouco desta fantástica experiencia, mas ao mesmo tempo uma inveja por não ter tido a oportunidade de viver mesmo uma aventura tão maravilhosa, cultural e idealista como essa.
Parabens ao diario e a Cuba.
Nicolas

Anônimo disse...

Lindo lindo tudo isso.
Sempre se dá a idéia de que Cuba é uma miséria.
Muito lindo e muito bom mostrar a verdade.
Camila