terça-feira, 25 de novembro de 2008

CENA BAURUENSE (14)

UMA CASA E O RESGATE DE SUA HISTÓRIA
A casa está localizada no cruzamento das ruas Ezequiel Ramos e Antonio Alves. Abrigou durante os últimos anos a Junta do Trabalho. Depois os seus arquivos. Transferido tudo para outro prédio, o mesmo foi cedido para a Secretaria Municipal de Cultura instalar ali o seu Centro de Artes Plásticas. Ao adentrar o local, funcionários se deparam com suas paredes descascando e mostrando afrescos, pintados a décadas atrás. Uma relíquia, resquício da imponência do casarão.

Para reviver sua história nada escrito. Tudo na memória das pessoas. Dois memorialistas, Gabriel Ruiz Pelegrina e Irineu Azevedo Bastos passam as primeiras informações. Havia sido construída para abrigar a residência de seu construtor, Alfredo Fígaro, no começo dos anos 30. Dos afrescos nada, só a certeza de que quem os produziam nesse período era o pintor e escultor Alberto Paulovich. Seu filho, Leonardo vai até o local e fica encantado. Mantém em casa alguns dos moldes e para ter certeza terá que proceder um exame com mais calma.

O trabalho de retirada da casca de tinta continua sendo feito por funcionários. Tudo minucioso e com técnicas recomendáveis. O Meio Ambiente irá restaurar o jardim. O CODEPAC vai abrir um processo do seu tombamento.Os arquivos de plantas antigas da Prefeitura e os do cartório local já foram acionados em busca de mais detalhes. A imprensa divulga tudo no dia de hoje e pede ajuda para mais detalhes. Dois surgem de imediato. Uma vizinha durante anos, Joanina Giansante, liga e diz que o jardim da casa era um imenso roseiral, muito lindo e que reviver aquilo será um sonho. Zilda Tavares Rino de Souza, 80 anos, filha de seu Domingos Rino, já falecido, morou na casa durante uns dez anos, por volta dos anos 50. Diz que seu pai “trocou uma fazenda pela casa, de um turco. Já das pinturas, tínhamos todos um cuidado muito grande para não sujar nada. Meu pai falava que era obra de um pintor italiano. Minha irmã, Célia casou na casa. As freiras do Colégio São José vinham buscar rosas todo final de semana para enfeitar a capela deles. Alguns anos atrás, passando em frente, pedi a um guarda para entrar. Precisava de autorização. Quero retornar lá com minhas três irmãs”.

O resgate dessa história, contada dessa forma, com a descoberta de personagens que a vivenciaram é algo desbravador, contagiante. Cada um passa nova informação, uma nova dica, um novo personagem e tudo isso possibilita a reconstrução, pouco a pouco, como a costura feita numa colcha de retalhos. Gosto muito disso, contagia. Queria ter tempo para me envolver em projetos dessa natureza. A Memória Oral é algo inebriante, porém, precisa de dedicação, tempo disponível. Quem me dera...

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique, há poucos dias estávamos, minha mãe e eu, em frente a esse casarão nos perguntando: de quem seria essa preciosidade?
Estamos muito felizes com essa notícia!
Que tudo dê certo, Bauru merece!
Abração
W.Leite

Anônimo disse...

Henrique, há poucos dias estávamos, minha mãe e eu, em frente a esse casarão nos perguntando: de quem seria essa preciosidade?
Estamos muito felizes com essa notícia!
Que tudo dê certo, Bauru merece!
Abração
W.Leite