LOS MAMBISES – MÚSICA DE RUA EM HAVANA
O presidente Lula passou por Cuba, em 31/10, onde assina com o presidente Raúl Castro, acordo de cooperação com a “Cuba Petroleo”, tudo para que a nossa Petrobras possa fazer a prospecção de lençóis petrolíferos na ilha, num belo gesto de reconhecimento da resistência do povo e do regime cubano e eu volto a publicar mais uma edição do meu diário por lá. Foram 19 dias, em março último, numa viagem inesquecível e não muito bem entendida. Noto em muitos dos Comentários algo um tanto gratuito, uma crítica sem sentido, vazia. A tal crítica pela crítica, feita sem argumento fundamentado. Penso diferente e fui em busca de conhecer a experiência cubana com meus próprios olhos. Não faço aqui a exaltação de Cuba. Faço sim, um relato de viagem, cheio de imperfeições. Porém, tem gente que nem isso aceita e a esses, fazer o quê, se se acham os donos da verdade absoluta, pronta e acabada. Vejo Cuba como uma alternativa, só isso. Uma bela alternativa, diga-se de passagem. Afinal, por que necessitamos de tanto luxo, ostentação, opulência, se poucos as tem? O viver mais simples, com mais igualdades, diante do “pega pra capar” de hoje em dia é algo inebriante. Cuba me mostrou isso. E nem por isso a perfeição está lá. E nem por isso podemos impedir de continuarem tentando (e conseguindo).
Esse viver simples e usufruir das coisas básicas, rir, ser feliz, eu presenciei muito naqueles dias vividos por lá. No relato de hoje, ainda no meu 4º dia de viagem, uma terça, por dois momentos, eu e o MarcosPaulo, nos dirigimos para a famosa praça da Catedral, no centro de Havana. Algo muito forte nos atraia para aquele local (e não era a Catedral). Passamos por lá na hora do almoço, feito num restaurante com mesas espalhadas pela praça (gastamos juntos 35 pesos). Um som nos chamava a atenção. Vinha de um grupo de artistas de rua, todos velhotes, vendendo seus próprios CDs. Foi amor à primeira vista. Bastou olhar para o que
representavam, a forma como se vestiam, o som feito de uma forma sentida e o repertório bem popular, para ficarmos magnetizados pela pureza da cena. Foi uma rara oportunidade de conhecer a todos, poder ouvir e curtir o envolvimento deles com aquele espaço, num canto de esquina do mundo, numa cidade grande, no meio da América Central.
representavam, a forma como se vestiam, o som feito de uma forma sentida e o repertório bem popular, para ficarmos magnetizados pela pureza da cena. Foi uma rara oportunidade de conhecer a todos, poder ouvir e curtir o envolvimento deles com aquele espaço, num canto de esquina do mundo, numa cidade grande, no meio da América Central.
“Los Mambises” é o nome do grupo. São cinco músicos e uma senhora, responsável pela arrecadação da venda dos CDs. Marcos foi atraído à distância,quando escutou eles cantando “Se acaso la diversion”, do músico e poeta Carlos Pueva, que já conhecia. A letra versa sobre a bagunça reinante no país antes da chegada de Fidel, um verdadeiro cassino, antro de jogatina e pobreza instituída, que se finda com a revolução em 1960. Compramos um CD cada, tiramos fotos de todos e deixamos um algo a mais, como deveria mesmo ser feito. Quando isso ocorre sem imposição, de forma espontânea, não vejo problema algum em gratificar o trabalho executado. E eles foram tão atenciosos para conosco. Retribuímos papeando longamente com todos, um por um, nos intervalos das apresentações.
Belíssimas histórias de vida. Esse algo mais nos fez voltar no final da tarde. Tínhamos que ouví-los novamente cantar a famosa música para Che,“Hasta siempre comandante”. Marcos não resiste, pede bis e no final grita em alto e bom som um: “Viva Che!”. Eles repetem efusivamente e muitos na praça aplaudem. Se pudéssemos ficaríamos ali muito mais do que nos foi permitido. Tínhamos que voltar para o hotel. Um deles nos diz ter tocado no grupo de Carlos Pueva. O percussionista Machado, 72 anos, toca e canta nos encantando: “Nosso grupo é todo dessa faixa etária. Adoramos cantar os feitos de Che e de Fidel. Todos nos pedem músicas dos dois. Cuba não severgará nunca”. Foi difícil sair dali. O fizemos prometendo voltar após as andanças pelo interior do país, que se iniciaria na quinta. Prometemos deixar algumas camisetas brasileiras com eles de recordação.Voltamos para o hotel de “Coco Taxi”, por 5 pesos.
Esse contato com averdadeira cultura popular de um povo, feito em qualquer lugar do mundo é cativante. Se querem saber não tivemos em nenhum momento vontade de conhecer Varadero, a famosa praia, queríamos outro tipo de contato e ele se sucedia em cada esquina. Muito melhor do que o feito nas praias, onde sabíamos o que poderia estar à nossa espera. Evitamos isso. Não acrescentaria nada no que buscávamos. Fizemos questão de a cada novo dia, buscar um relacionamento com as ruas e sua gente e foi o que novamente foi feito no dia seguinte, na véspera de colocarmos a mochila nas costas e adentar o interior do país. Esse último dia em Havana eu conto na semana que vem.
CD: “La Mejor Mùsica Tradicional Cubana” - Los Mambises – 100% OriginalCubano – Um Disco de Lujo com tres: Rafael Lorenzo, guitarra: AdalbertoPedroso, bajo: Felongo, percucion: Alberto Machado e cantante: Ramon Padron - Olga de Arnea é a mulher do grupo – 20 Músicas.
Dois vídeos tirados do Youtube com os Los Mambises:
11 comentários:
As fotos estão muito lindas e os relatos emocionantes. Parabéns.
Carolina
Ao ler seus diários de Cuba sinto uma grande inveja, que experiência vocês devem ter tido, como você escreveu, viver o simples ainda mais num país histórico com uma arquitetura colonial intacta, deve ter sido um momento de pura felicidade.
Nicolas
Puxa! Cuba deve ser um país cheio de pessoas incríveis (como o Brasil). Conhecer isso tudo deve ser realmente muito bom.
SÔnia G.
Caro Henrique, abro seu blog umas três vezes por semana no computador da escola que dou aula e embora discorde de algumas coisas existem outras interessantes, percebi neste capitulo do diario uma critica aos que se posicionam contra Cuba e me coloco no meio disso.
Meu caro acho equivocada a critica em dizer que criticamos cuba sem argumentos é um pouco de prepotencia eu discuto com argumentos e clareza o que deve provocar essa ira deve ser justamente pelo lado de não conseguir justificar o regime opressor do país vc mesmo alega neste diario ser uma viagem não entendida não conseguiu ainda entender o país.
Eu topo debater é o que tenho procurado fazer aqui e sem esconder o meu lado coisa que o senhor não assume tenta mostrar uma neutralidade que não existe assuma o seu lado vc anda com comunista, visita país comunista e só tece elogios e diz fazer um relato imparcial, assuma o que é e continuaremos a fazer um debate franco, acho que aqui podemos fazer isso sem represalias não?
Celso
caro Celso
Debater faz um bem danado.
Gosto disso e faço 24h por dia.
Vamos aos pontos onde quer um melhor posicionamento meu.
Não vejo mal nenhum em um não comunista ir visitar um país comunista. Vc vê? Não vejo mal nenhum em um não comunista conversar ou andar com um comunista. Vc vê?
Tudo pode começar por aí. Qto a minha ideologia. Sou SOCIALISTA e isso difere em algumas coisas do COMUNISMO.
Eu não tendo justificar nada. tendo demonstrar que tanto lá como cá existem coisas maravilhosamente boas, como ruins. Tem aqueles que, por serem contrários a Lula não conseguem enxergar nada de bom aqui. O mesmo acontece com os contrários ao regime cubano. Isso é reducionismo. Enxergo coisas divinais aqui, em Cuba e também nos EUA. Não devemos (e não podemos) misturar nossa ideologia e não reconhecer avanços no campo oposto ao nosso.
Para começo de conversa, está lançado bons temas para o debate.
Henrique, direto do mafuá
Olá sou estudante de sociologia e estou fazendo um trabalho sobre Cuba. Muito interessante e dinamico seu diário, posso usar alguns de seus depoimentos em meu trabalho?
Rodrigo P.
caro Rodrigo, estudante...
Claro que pode, mas deixe mais detalhes a seu respeito. Vamos falar aqui do seu trabalho, topas?
Escreva para: mafuadohpa@gmail.com
Henrique, direto do mafuá
Muito bem caro Henrique, também sou adepto de bons debates, a minha critica até agora se não fui compreendido é que seu diario fala de relatos de passeios nas ruas, encontro com musicos, mas não vi nada sobre o que vcs tanto se enchem para falar como educação e medicina cubana, o social, estaria escondendo alguma coisa do país que não quer que sabemos?
Eu defendo a democracia e você?
O PT tenta nos bastidores uma estratégia de mudança constitucional para tentar um terceiro mandato de Lula o que vc acha destas estratégias nada democráticas de se perpetuarem no poder?
E o que me diz do Fidel Castro permanecer 50 anos no poder? vc argumenta quanto a isso?
Não me veja como o vilão da historia colega.
Celso
celso
estou no quarto dia de 19 dias de viagem.
aguarde coisas maravilhosas sobre a educação e a cultura, principalmente.
começo a vijar pelo interior na próximo relato.
vamos por partes, como diaira, Jack, o estripador.
Quato aos relatos, se vc leu os anteriores, viu que não fiquei só nisso, mas é claro que não fui lá só para encontros sérios.
queria e andei muito pelas ruas.
isso vai durar muito e se tiver paciência, verá também um outro lado.
qto a permanência alongada de Fidel, outros também o fizeram e foram muito mais ineficazes do que o governo cubano pós 60. Discuto isso num dos próximos Diários.
abracitos
henrique
Pô mais que gente chata não muda o disco nunca só querem saber de esculhambar Cuba com esses velhos chavões e sem argumentos.
Vá encher em outro blog, deixe o rapaz relatar sossegado sua viagem que está muito legal e interessante.
Nicolas
Viva Cuba e todas suas possibilidades. Entender isso, para uns tantos possuidores de mente limitada não é tarefa fácil. E Viva também a real possibilidade do fim do embargo.
Cuba sobreviverá e continuará fazendo adeptos.
Pedro C. Pereira - Jaú
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