TRÊS MOMENTOS: UM SHOW, UM DOCUMENTÁRIO E UM DRAMA
CENA UM - 75 anos da USP são comemorados em Bauru com um show no teatro daquela Universidade com ZIMBO TRIO. Eles estiveram em Bauru em maio, quando da Virada Cultural, mas como estava trabalhando no show da Estação Ferroviária não vi o deles, num retorno à cidade após 10 longos anos longe dos palcos bauruenses. Esse eu não poderia perder. Consegui o ingresso, que era para convidados e distribuídos de forma bem limitada. O trio em ação é o que de melhor pude presenciar nesse ano. Tocam com uma sintonia de dar gosto. Vibrante e emocionante em cada detalhe. Amilson Godoy nos teclados, Itamar “Al Pacino” nas cordas e Rubinho na bateria são um acinte, algo incomensurável e até incompreendido. Amilson estava num dia inspirado, muito falante e conversador, ótimo astral. É o destaque, quer se queira ou não. Porém, cada um possui sua preferência e eu fico com Rubinho, um monstro sagrado com as baquetas na mão. Faz o que quer do instrumento e do alto dos seus 80 anos, continua um moleque, irreverente e inovador. Se o show aconteceu na segunda, 17/11, todos que lá estiveram, saíram ganhando, pois teremos uma semana toda abençoada pelos deuses da música. Da boa música, diga-se de passagem.
CENA DOIS - Nunca havia tido o prazer de assistir a um TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. Fui convidado para um, o da Lygia Minhoto Cintra, 4º ano de Jornalismo daUNESP Bauru, onde iria apresentar um documentário, “Em que estação o trem parou?”, retratando a triste história ferroviária brasileira no pós-privatização. E enredo teve como pano de fundo Bauru e muita gente daqui estava lá retratada, além da história da cidade, entrelaçada com os trilhos. O pessoal da Secretaria Cultura estiveram auxiliando a acreana no que foi possível e o resultado foi Nota Máxima de todos da banca examinadora. Assisti, ganhei uma cópia do filme e uma autorização para exibi-lo em primeira mão num Encontro com Ferroviários da Vila Dutra, a ser realizado em dezembro. Praticamente não existe narração, somente cenas gravadas e outras autorizadas, entrecortadas com depoimentos de Lidia Possas, Nilson Ghirardello, João Francisco Tidei de Lima, Luciano Dias Pires e Vivaldo Pitta. Uma frase proferida pela professora Lidia me chama a atenção sobre o futuro da ferrovia brasileira: “Não é renovar o velho, é criar um novo projeto”. Por fim, a frase final de Manoel Bandeira: “Nada aconteceu senão a lembrança do crime espantoso, que o tempo engoliu”. Lygia vai longe. Em dezembro lança um outro documentário, patrocinado pelo Itaú Cultural, onde mostra nossa equipe do Ferrovia para Todos em ação.
CENA TRÊS - Andreia Ortolani é minha amiga e vive um verdadeiro drama familiar. Funcionária Pública, cuida da Zeladoria do prédio da Praça das Cerejeiras. Cuida também do pai doente, que recentemente sofreu um AVC que o deixou tetraplégico. Vive na cama, cheio de escaras e necessitando de cuidados mais do que especiais. Foi em busca do atendimento via judicial, pois não o estava conseguindo pelas vias normais. Uma liminar da Justiça Federal determinou que o Governo Estadual teria que lhe prestar atendimento familiar, além do medicamento. Não estava conseguindo nem um, nem outro. Foi as vias de fato e num ato de desespero, promoveu uma greve de fome diante da sede do Ministério Público Federal na tarde de ontem, 17/11. No fim do dia, mesmo sem conseguir obter nada de concreto, foi aconselhada a desistir e aguardar mais um dia. Andreia vai conseguir, pois é uma batalhadora, fez um escarcéu e conseguiu apoio da mídia. Vê-la no estado em que se encontra, sózinha, numa luta insana contra um imenso Moinho de Vento é para desabar qualquer um. Andreia é muito mais valorosa do que poderia imaginar. Em nenhum momento está aceitando que sejam feitas imagens de seu pai, quer preservá-lo. Possui uma força que desconhecia e que a torna ainda mais admirável. Queria eu ter a força dela para enfrentar os meus Moinhos de Vento. Fibra é seu nome.
Um comentário:
Essa menina é fote, não? Acompanhei a luta dela e torço para que ela consiga tudo o que busca. Lutar pelos pais é algo gransioso. Que lindo.
Reinaldo
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