quarta-feira, 21 de julho de 2010

CENA BAURUENSE (63)

CHE GUEVARA PASSOU POR BAURU EM 1966. AGORA UM FATO CONCRETO.
Durante anos esse tema esteve circulando entre os da esquerda bauruense, mas nunca ninguém conseguiu comprovar nada de concreto. Tudo não passava de especulações. Todos os que militaram na esquerda nos anos 60 não tinham conhecimento de nada nesse sentido. Nada além de hipóteses. Anos atrás um grupo estava querendo filmar um curta-metragem sobre essa provável passagem e se realizado, tendo como cenário a estação ferroviária da NOB e seus arredores, ficaria algo muito interessante. Ficou na idéia e até pode ser retomada neste momento (até tendo como atores e figurantes os personagens da esquerda nativa, já pensaram nisso?), quando o ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanuchi de passagem por Bauru na segunda, para palestra na OAB (uma pena, chegando de viagem, no meio de um corre-corre não fui), afirma logo no começo da mesma que Che Guevara havia mesmo passado por Bauru. Cita até o ano, 1966 e o motivo, quando estava em trânsito, indo para lutar na guerrilha na Bolívia, que lhe tiraria a vida. E segundo o ministro, quem lhe afirmou isso foi um companheiro de Che, um cubano, ordenança de suas ações, que até, quando interpelado, lembrava-se da cidade.

O fato gerou manchete nos dois jornais locais. No JC, uma chamada na 1ª página e três notas na Entrelinhas. Nelas, uma pequena confusão histórica. É citado que Che voltava da Bolívia, após já estar instalado lá com a guerrilha, o que é praticamente impossível de ter acontecido. Se ocorreu de fato, o mais provável é que tenha sido no caminho de ida até a Bolívia, vindo de São Paulo de trem, pernoitando por aqui e pegando um outro, este da Noroeste, para o Mato Grosso e depois o país andino. O ano citado e com mais probabilidade talvez tenha sido 1966, antes de sua incursão em terras bolivianas. A máteria do BOM DIA mereceu chamada grandiosa na 1ª página e um inteira, em cores, com longo texto de Cristina Camargo. O fato é que a questão voltou à baila e deverá merecer um esmiuçamento com uma maior riqueza de detalhes nos próximos capítulos. Das matérias, já tem até quem avente possibilidades dele ter-se encontrado com Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira em São Paulo. Esses detalhes estarão, com certeza, sendo esmiuçados em breve. Um novo contato com Vanuchi e talvez até com os cubanos seria de bom alvitre. Pesquisa história mais do que instigante.


Depois de ler os jornais, conversei com várias pessoas e não resisti, fui dar uma volta na praça Machado de Mello no meio da tarde. Parei defronte a estação e fiquei a imaginar a cena, a chegada, suas andanças pela praça e o provável hotel onde poderia ter se hospedado. Na praça sobrevivem dois, o CARIANI e o IMPERIAL, um do lado do outro. Num terreno ao lado, hoje usado como estacionamento, existiam pensões, todas postas abaixo. Na quadra de cima, na avenida Rodrigues Alves, dois desativados, o MILANEZI (nº 2-77) e o ESTORIL (nº 2-41), ambos tombados pelo Patrimônio Histórico, praticamente abandonados, em petição de miséria nos dias atuais. Do outro lado da rua, no cruzamento com a rua Monsenhor Claro, o AVENIDA e o JÓIA. Isso sem contar outro tanto, na rua Bandeirantes, Pedro de Toledo e nas transversais. Divaguei por ali, mas nada especulei. Meses atrás falei com o Bobrão, antigo dono do Imperial, que nada sabia disso, mas me contou histórias legais de gente que se hospedou por lá (qualquer dia conto isso num Memória Oral). Outro que abordei anos atrás sobre o fato foi o arquiteto Edmilson Queiróz Dias, sobre a militância do seu pai, mas disse que se o fato tivesse ocorrido, o pai teria lhe contado. Che, se esteve mesmo aqui, não deve ter contatado ninguém na cidade. Era temerário fazer algo nesse sentido, dentro de todas as medidas de segurança que tomava nessas ocasiões. Baste ver os dois recentes filmes sobre sua vida e ver o disfarce que usava, a transformação ocorrida e as medidas de segurança tomadas. Nada disso me impediu de viajar na maionese e ficar imaginando por onde teria andado o querido Che. Foi inevitável lembrar de São Paulo, onde um famoso hotel ali na Ipiranga, quase junto à praça da República ostenta com orgulho no hall uma placa sobre as hospedagens de Che por ali. Por Bauru, uma infinidade de personalidades passaram pela estação à caminho de terras andinas. Na reforma da estação, algo nesse sentido poderia ser feito, com uma relação de pessoas ilustres que por lá passaram em viagens férreas. Dentre elas, Che poderia constar ilustremente da mesma.

OUTRA COISA: Hoje, quarta, duas opções noturnas para sair de casa e continuar em exposição. Na primeira, 20h, estádio Alfredo de Castilho, amistoso internacional entre o Noroeste X Estorial, de Portugal, em comemoração ao centenário do time. Na segunda, 21h, SESC, entrada gratuita, show com a sambista Fabiana Cozza. Difícil escolha. Veremos...

20 comentários:

Anônimo disse...

Que vínculo possui esse ministro com Bauru para se interessar pelas coisas daqui e saber de tudo antes de qualquer um daqui da terrinha? Estranhei.

Daniel

Mafuá do HPA disse...

caro Daniel, que acredito não ser nenhum dos amigos que possuo com o mesmo nome:

O ministro Paulo Vanuchi é um dos melhores quadros dentro do atual ministério do presidente Lula. Pessoa de passado voltado para a defesa dos Direitos Humanos e contra as arbitrariedades cometidas aqui no período nefasto da ditadura militar. Só isso já me basta para reverenciar seu trabalho e lhe dar respaldo na luta para que os torturadores sejam julgados e não anistiados. Estou com ele e não abro.

Por outro lado, esse tipo de cobrança é o mesmo de duas tacanhas cartas reproduzidas hoje no BOM DIA Bauru. Reproduzo as mesmas aqui:

1 - "Leio no BOM DIA que ministro confirma passagem de Che Guevara por Bauru. Que ridículo justo um ministro dos direitos humanos afirmar que foi uma honra a presença de assassino frio e cruel. Dia isso aos milhares de parentes das vítimas trucidadas por Che e pelo último ditador ainda na ativa, o festejado Fidel Castro" - Antonio fernandes, designer

2 - "Che não passou de um criminoso, arrogante, mentiroso e intolerante. Junto com ídolos Lenin, Stalin, Mao & cia contribuiu para a construção do regime que mais matou em toda a história, o chamado socialismo real, responsável por mais de 100 milhões de mortes. Nada perde ele, portanto, diante do nefasto nazismo. Claro que os que usam as camisolas da juventude desinformada não sabem quem foi Che! Aliás, poucos sabem de qualquer coisa" - Marco Antonio Zanirato Cabral - analista de desenvolvimento

Triste, pois denotam o que criticam, arrogância e desconhecimenbto histórico. Como discutir com alguém que vem com questão fechada, sem um mínimo de conhecimento para aprofundar debate. Stálin salvou o capitalismo quando venceu a segunda guerra. Sem ele o nazismo teria ganho a guerra e hoje ele é comparado ao nazismo. Negar isso é negar a história. Che merece todos os elogios que lhe fazem e muito mais, pois o mundo sempre necessita de transformações sociais, diminuindo o poder tacanho do capital sobre o ser humano. E quem tem a coragem de fazer isso hoje? Tô com Che e não abro.

Um abracito para os que me entendem...

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Caro Henrique

Conheço o Vanuchi e respeito seu trabalho, mas é impossível ter ocorrido o que ele diz ter ouvido de um cubano. Os livros de História o desmentem.

Não sei como vocês se deixaram levar por isso, inclusive o próprio ministro. Che chegou à Bolívia via terrestre, vindo pelos outros países limítrofes e quem atesta isso é o próprio diário dele, escrito com sua própria caligrafia.

Mais fantasiosa ainda é a versão de que teria abandonado a guerrilha boliviana no meio e vindo ao Brasil. Impossível. Como a citação de que teria se encontrado com líderes brasileiros da resistência. Pura fantasia.

Acho que vocês vão ficar sem ter esse prazer, o do Che ter passado por terras bauruenses e andado no citado trem. Seria ótimo se pudesse ser verdade, mas não existe a mínima possibilidade.

Não consigo vislumbrar um outro momento onde ele possa ter feito tal viagem. Consultem os livros e me digam se tenho ou não razão.

Pascoal Macariello - RJ

Mafuá do HPA disse...

Meu caro Pascoal

É verdade, reconheço a pisada de bola e a pressa em ir no embalo do ministro e dos dois jornais bauruenses. Todos comemos barriga. Um amigo hoje a tarde, o Marcos Paulo, me mostrou por "A + B" dessas impossibilidades, todas com registros históricos. Fiquei empolgado de início, pois seria ótimo se pudesse ser verdade. O Marcos ficou de postar mais detalhes amanhã. Agora, mesmo que Che não tenha passado por aqui, vamos imaginar essa possibilidade numa peça de ficção.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique, mais tarde postarei um texto que estou escrevendo com detalhes sobre isso, agora o trabalho chama, mas ainda hoje estará a sua disposição.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Cristina Camargo disse...

Henrique, pede para o Marcos escrever um texto sobre os estudos dele em relação à chegada do Che na Bolívia. Podemos publicar uma matéria com a versão que desmente o ministro, por que não? Seria interessante que os leitores tivessem acesso ao que ele te explicou, como especialista em Cuba e no revolucionário.

Mafuá do HPA disse...

Cris
Ele me fez um relato ontem de toda a trajetória do Che, com documentação e falando com mais umas tr~es pessoas, juntou a observação do Paschoal, não tive mais dúvidas. É que não teria como. Ele vai fazar um texto e postar aqui, confirmou isso, vou aguardar e te digo sobre um outro para o jornal.
Um abracito do Henrique - direto do mafuá

Cristina Camargo disse...

Neste blog aqui beneditobru.blogspot.com tem um vídeo em que o ministro fala com mais detalhes sobre a suposta passagem de Che. Vídeo gravado em Bauru, acho que pelo Luiz Freitas.

Anônimo disse...

Henrique, vi esse video do Vanucchi, o guerrilheiro que ele cita com o nome de Pombo, é na verdade o Harry Villegas Tamayo que lutou com o Che, tenho um livro dele em espanhol contando sua vida ao lado do amigo, e o ministro não devia ser muito bom na lingua espanhola, pois Villegas partiu para a Bolivia bem antes de Che, isto está relatado em seu livro, Villegas sim, passou pelo Brasil bem antes para atingir Salta primeiramente, está bem documentado isso, Che nunca esteve por aqui quando da sua partida para a Bolivia, o ministro viajou na maionese.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Mafuá do HPA disse...

Marcos
Para dar um fechamento legal sobre o assunto, falta o que me prometeste. Uma documentação com dados, mais fundamentada sobre o assunto.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

CHE E O JORNALISMO PACHECO
Camaradas e não camaradas, tenho recebido várias perguntas de amigos sobre uma matéria que saiu nos 2 jornalões da cidade de Bauru a respeito de uma possível passagem do Comandante Che Guevara pela terrinha aqui.

É bom falar sobre esse tema, pois assim tiramos todas as duvidas e enterramos de vez com essa lenda, mas também quero correr neste assunto mostrado a forma de como é feito o jornalismo irresponsável por esses veículos burgueses.

Sempre houve este papo, esta lenda de que Che antes de ir para Bolívia passou pelo Brasil, se encontrou com Mariguela, depois rumo a guerrilha se hospedou em Bauru e seguiu de trem para o seu ultimo destino. Toda cidade tem suas lendas e historias de ninar que nossas avós nos contavam, essa é uma lendinha contada por alguns militantes mal informados da cidade.

Che toma um espaço imenso em minha vida, mergulho muito em sua história, para conhecer de perto o homem, o guerrilheiro, o poeta, o comandante, há tempos preparo a escrita de um livro sobre suas lutas, mas acima de tudo saber o que realmente representa para uma humanidade alternativa, o ser Ernesto Che Guevara de la Serna. Portanto posso falar muito bem sobre sua campanha na Bolívia.

Essa lenda de sua vinda para a cidade ganhou novo destaque depois da visita do ministro Vanucchi em Bauru, ao fazer o tipo de discurso "jogar pra galera" disse que tinha a confirmação de que Che passou por Bauru através de um soldado cubano, um "ordenança" do Che que afirmou ter passado por Bauru.

A questão é, quem é esse soldado??? Qual o nome dele?? Porque somente poucas pessoas do alto escalão cubano sabiam dos planos na Bolívia, da guerrilha somente 5 conseguiram no sufoco escapar com vida da perseguição dos Rangers bolivianos, 2 deles já morreram, 1 pelegou e foi para a Europa, e os outros 2 nunca mais tive noticias, nem sei se estão vivos ainda.

Em Cuba é comum encontrar senhores de idade, ex-combatentes e todos contam histórias de lutas ao lado de Che, muitas provavelmente, pura imaginação, eles não dizem isso por maldade ou um papo mentiroso, mas é aquele carinho em especial com um cidadão histórico de sua terra, é como aqui em Bauru mesmo, todo velhinho que converso nas ruas sobre futebol, todos dizem ter jogado bola com o Pelé, a maioria com certeza nunca encontrou com o jogador por aqui, até incoerência de datas acontece. Como é também no caso do Che, muito bem escrito no seu diário de campanha na Bolívia, um dos mais belos e complexos já escritos pelo comandante, também há o diário dos irmão Inti e Coco Peredo que lutaram lá com Che e estão enterrados ao lado do mestre em Cuba, soma-se a estes textos históricos também o belíssimo trabalho finalmente publicado pela querida Aleida March, esposa do comandante, onde mostra toda a sua vida ao lado do homem Che, e nos dá detalhes de toda sua luta.

Anônimo disse...

Em meados de outubro de 1966 Che estava em CUBA, já novamente disfarçado na figura do velho Ramón, se despediu de Aleida, dos filhos, dos amigos, uma tristeza enorme sentiu, relata a esposa. Che pegou um avião de Havana para a Europa, e somente depois de lá partiu para a Bolivia entrando via Peru, uma base em Salta estava sendo montada para a guerrilha, em novembro Che já estava em terras bolivianas e no dia 2 de dezembro de 1966 Aleida recebe uma das primeiras cartas de Che enviada pelo peruano Juan(não me recordo o nome inteiro agora) que depois foi se juntar a guerrilha em Ñacahuasú.

O Brasil como podemos ver nunca foi rota nos planos de Che, a idéia era justamente evitar rotas conhecidas, sem contar que uma visita ao Brasil militar e se encontrar com Mariguela seria chamar muita atenção e correr riscos desnecessários. Há ainda o tempo que se levaria um percurso de trem naquela época até a Bolívia, não havia trem bala, nem uma linha direta sem paradas, é inconsistente até nesse ponto de tempo.

Agora vamos juntar tudo isso, toda a história com os fatos divulgados pelos próprios personagens e perguntar como 2 veículos de comunicação divulgam um comentário de um ministro político fanfarrão, que com certeza nem se importa com Che mais, publicam matérias colocando como fatos reais??? O JC fez um pequeno comentário e ridículo, colocou coisas que nem existem, agora o jornal Bom Dia do grupo Traffic do J Hawilla, o laranja do Ricardo Teixeira, um dos caras mais corruptos da nação, os que estão fodendo com nosso futebol, este jornal fez capa afirmando que Che esteve mesmo em Bauru, uma chamativa matéria dizendo com todas as letras que agora não era mais lenda, era a verdade, o ministro disse, está falado.

É nesse ponto que quero mostrar o jornalismo comercial de nosso sistema, com jornalistas pachecos que na ânsia de publicar matérias polêmicas acabam divulgando assuntos sem fatos, sem consistências. Isso é uma merda dos dias atuais, ninguém se aprofunda em nada, pega um conceitinho ali, outro lá, informações desencontradas no Google, a enciclopédia dos burros, e estampam algo como fato manipulando a opinião pública, um absurdo.

Quantas pessoas e livros os jornalistas procuraram para se aprofundar na matéria???? Só a versão sem nenhuma base do ministro??? Isso é comprometimento com a informação????

É um belo ou péssimo exemplo de como são feitas as matérias nas redações destes jornalões.

Paredão neles!!!!

Marcos Paulo
Movimento Comunismo em Ação - A RETOMADA

Mafuá do HPA disse...

caro Marcos e outros envolvidos na questão:

Concordo em partes com tudo o que Marcos escreve, pois em alguns momento o acho duro demais, impertinente até. Sou também ácido crítico com alguns personagens atuais de nossa vida política e até do meio esportivo e jornalístico, mas não confundo eles, os mandarins, com o jornalista que está na ponta, na apuração. A esses o meu respeito quando os percebo bem intencionados e sem maldade em suas ações. O mesmo não posso dizer, por exemplo de jornalistas, da revista Veja. Lá o buraco é mais embaixo. Eu também comi bronha nessa questão e sem me aprofundar na questão, aceitei a fala do ministro como verdadeira. Só depois a ficha caiu.

A justificativa de Marcos para comprovar uma improbabilidade da passagem de Che pelo Brasil naquele momento, antes de atuar na guerrilha boliviana me convence. Mas acho pertinente voltar a contatar o ministro e buscar mais dados. E também, meu caro Marcos, não posso concordar que o ministro Vanuchi seja um fanfarrão e não entenda bem a situação cubana. Pelo contrário, é um dos únicos de luta e valoroso no que faz. Sobre seu depoimento, pode ter caído numa contradição, que pode até reconhecer ou querer continuar com mais detalhes. Também não o acho desses a ficar jogando balões de ensaio para a galera. Sua postura é outra.

Achei conceniente postar esse comentário logo após pedir para o Marcos explicitar suas justificativas.

Um abracito do Henrique, direto do mafuá

Anônimo disse...

Cara, um pequeno adendo e um comentário pessoal. Sou leitor assíduo do seu blog, gosto muito das matérias que você escreve, embora não concorde com algumas posições ideológicas, o que é natural. Da discussão, do entrechoque de ideias, é que se evolui e soluciona os problemas. Também sei o quanto você gosta de uma polêmica. Agora, na boa. Esse tal de Marcos Paulo abusa do direito de ser inconveniente e mal educado. Embora a postagem dele seja esclarecedora e até convincente ao demonstrar a impossibilidade da passagem do Che por Bauru, acho que poderia se despir um pouco da soberba, arrogância e prepotência. Detesto radicais, sejam eles de direita ou de esquerda. Quem é radical, intransigente e se acha dono da verdade é um perigo, não importa a bandeira que empunhe. Acho tão perigoso um governo que me diz onde e quando eu posso fumar quanto um outro que quer impor a forma de educar os filhos (com palmada ou sem palmada). O perigo está justamente no tolher a forma de pensar diferente, em querer dizer o que podemos ou não fazer, em questões que simplesmente não dizem respeito a governo algum, são de foro íntimo dos indivíduos e de suas famílias. Voltando ao comentário nefasto, não quero crer que você seja favorável a mandar jornalistas para o Paredão. Principalmente porque no seu blog o que você faz é jornalismo. Livre e independente. Pelos seus comentários deu para perceber que o tom do texto incomodou você, porque a agressão verbal indireta contra a jornalista do Bom Dia (onde você também escreve) foi gratuita. Todo mundo sabe das suas posições políticas e ideológicas e nem de longe pretendo que venha a mudá-las. Só espero que você no fundo não tenha essa mesma sanha totalitária e ditatorial. Até porque isso vai contra a sua essência, que é de um cara plural, aberto ao diálogo, defensor da democracia e da liberdade... Abraços,

Não vou postar meu nome, pois não quero polemizar com o Marcos, mas queria que ele refletisse melhor os seus posicionamentos.

Anônimo disse...

Caro anonimo, detesto discutir pela internet por isso, os covardes que criticam e não se identificam, nossas diferenças já começam por aí, escrevo, grito, debato, brigo, mas assumo tudo que faço, escrevo e falo.
Quanto a minha critica, primeiro, sobre o artigo do Che, não quero contar histórias nem convencer nada, histórias eu conto as minhas que vivi, sobre o Che toda a sua vida reproduzo o que está documentado por ele e pelas pessoas que viveram ao seu lado, eu quis mostrar como que a imprensa na sua grande maioria trata um assunto, uma coisa é a opinião do cidadão Vanuchi quem tem todo o direito de dizer o que quiser e o jornal publicar, o que não pode é o jornal querer transformar em fato, algo dito por apenas uma pessoa sem procurar se aprofundar mais.
Goste vc ou não, critico sim, bato sempre que acho necessario, não sou desta mesmice dos que se vestem de pachecos e só procuram bater palminhas, sou ácido sim nas palavras, porque procuro manter viva a memoria e as atitudes daqueles que realmente fizeram uma diferença, como o Che e Fidel por exemplo, não estou aqui para agradar gente como vc, que me chama de mal educado, mas tenho certeza que tenho muito mais educação do que ti, que mostra ser preso aos velhos conceitos e padrões desta hipocrita sociedade, destes que se acha livre, democrático, numa sociedade que o maior direito que ela dá, é de explorar e tratar os outros como lixo.
Ditador, arrogante, sim sou tudo isso também, esta sociedade chama por mudanças de regras que valorizem o ser humano, e não esta ditadura capitalista que suga até a ultima gota de sangue do trabalhador, mas vc meu está longe de compreender certas coisas, é como muitos que não conseguem ver além das limitações do muro que o cerca, repete velhos cliches achando viver numa plena liberdade, e como é relativo as coisas na vida.
O jornal como um veiculo de massa, tem seu poderio, sua grande força, e escreve o que manda sua linha editorial, ou vc acha que no caso do bom dia irá permitir por exemplo uma acusação de irregularidades contra a Traffic?? Liberdade de pensamento?? Deste que o pensamento seja o mesmo do chefe não é mesmo??
Mas é isso, eles tem o poder eu tenho minha feroz voz e mais nada.
Tenha um pessimo dia.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação - A Retomada

Anônimo disse...

henrique meu bem, mais uma vez o destempero do marcos lhe causa uma saia justa, percebo o quanto irritado e incomodado vc está com esta situação.
esteja com as pessoas que te ama e lhe fazem bem. vc não tem nada a ganhar com uma pessoa assim.
seu blog não precisa de um circo desses.

beijos

Cristina Camargo disse...

Henrique, um último comentário, só para finalizar o "caso", pelo menos de minha parte.
Não tenho certeza se Che passou por Bauru. O ministro garante que sim, cita nomes, conversas, evidências que o levam acreditar nisso. Estudiosos da trajetória do revolucionário garantem que não, baseados em livros, cartas e no diário dele mesmo.
Acho que as duas versões merecem espaço. Ouvi o ministro, como todo mundo que estava na OAB, e publiquei a matéria. Estava disposta a fazer o mesmo com o Marcos Paulo, mas desisti. Eu não quero mais entrevistá-lo, mas vou procurar historiadores que possam se contrapor ao que o ministro disse. O assunto merece.
Tem um comentário dizendo que o Henrique está chateado com essa "polêmica". Henrique, não fique, faz parte da vida de repórter ouvir ou ler umas grosserias de vez em quando. O contato com os bons contadores de histórias, como você, compensam o resto.
Jornalismo não é trabalho acadêmico e sim, muitas vezes se baseia no que as fontes dizem. Nesse episódio, só me arrependo de não ter tratado a fala do ministro com o pé mais atrás - talvez eu faça parte da turma que gostaria muito que Che realmente tivesse passado por aqui e ainda não me convenci totalmente do contrário.
Não foi a primeira vez que acreditei numa fonte, não será a última. Já entrevistei o Marcos Paulo e contei numa página os planos revolucionários dele e falei do grupo de jovens que ele conta liderar. Ouvi de várias pessoas que talvez não devesse ter feito isso, algumas dessas pessoas não acreditaram no que estava escrito, mas defendi o direito dele expressar suas ideias sobre o mundo, mesmo que elas pareçam anacrônicas para muitos. É isso, Henrique, espero mais das suas sempre ótimas sugestões de pautas. Bjs.

Anônimo disse...

Henrique

Esse assunto pode continuar rendendo. Bons temas são assim. Sei que sua chateação é pelo fato de que você trataria de forma diferente os jornalistas que embarcaram, como ti, no sonho de que Che passou por aqui. Certeza mesmo ninguém tem, nem o próprio Marcos e seu jeito intempestivo de tratar as diferenças e as pessoas que não concordam com suas idéias e forma de ver o mundo. Falta-lhe tolerância. Sempre digo que de pouco adiante atermos muita teoria, quando não sabemos aplicá-la da forma mais adequada possível. Veja bem, ele trata a jornalista de forma grosseira, mas a ti de forma amena. E ambos embarcaram na história. Viver isolado da realidade é mesmo difícil. Me coloco também no lugar dele e sei que pela sua formação, é um bom rapaz, cheio de idealismo, mas ciente de que seus sonhos não serão realizados, dispara acertadamente em alguns e em outros erra o alvo, atingindo pessoas que poderiam ficar isentas dos tiros. A polêmica é boa. O que não é bom é a intransigência, mesmo vinda de uma pessoa bem intencionada, dessas que não consegue mais disfarçar e se fingir para uns e outros. Admiro a autenticidade dele, mas não agiria da mesma forma.

Acho que escrevi demais.
Paulo Lima

Anônimo disse...

Não concordo com as críticas ao Marcos, Henrique.
Podemos acha-las duras, exentricas, mas expressa o seu sentimento. Quantas vezes queremos dizer algo e não dizemos por receio de sofrermos com as criticas. Estive com ele uma única vez o conheço muito pouco a não ser por seus escritos, mas há de se elogiar a sinceridade e autenticidade com que se expressa. Alguém precisa chacoalhar o mundo.

Marisa

Anônimo disse...

A imprensa é cheia de não me toques, quando é ela nas mãos dos detentores do capital que decidem o que vamos ler e como opinar.

Eu adoro receber criticas, sério, mais que elogios, porque quando sou criticado mostra que alguma fissura nesta estrutura consegui criar.

Realmente não sou tolerante com esta sociedade, não tolerante com as vidas destruidas diariamente, não sou tolerante com a falta de saude, com a desgraça que se encontra mergulhada a educação, com hipocritas que se acham livres pelo fato de terem dinheiro, não sou tolerante com todas as mazelas e hipocrisias implantadas nesta sociedade.

Os que se fazem convenientes, "educados" são os que aceitam tudo isso que acontece, e não conhecem a realidade, os bastidores da vida, acreditam cegamente nos continhos de que isso é democracia, são sectários.

Sobre os comentários da minha amizade com o Henrique, e de ter sido ameno com ele, nós discutimos muito sempre, as vezes ferozmente, somos muito parecidos ao mesmo tempos que diferentes, sentimos amor e ódio um do outro, e nunca fica um racha entre nós, sabemos lidar cada um com suas particularidades, por isso somos grandes amigos.

E não quero dar entrevista para jornal aqui mais, não estão fazendo nenhum favor como acham.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação