sábado, 24 de julho de 2010

UMA FRASE (54)

LIBERDADE DE IMPRENSA E UMA CONTRIBUIÇÃO DESTE MAFUÁ EM "CARTA CAPITAL"
A imprensa brasileira é useira e vezeira em se achar perseguida, em situação de risco e que o atual governo federal molesta a liberdade de imprensa e a de expressão. Pura balela, pois isso não existe no país(provem o contrário). O que os representantes do PIG (não sabem o que é isso? - são eles, sempre eles) estão preocupados é com as cutucadas do governo petista na preocupante concentração de poder econômico de alguns poucos grupos jornalísticos. Nos últimos dias, na falta de outro assunto para cutucar e prejudicar Dilma, a revista “Veja”, edição 2173, 14/07, saiu com uma foto de uma hidra de cinco cabeças e uma manchete, “O monstro do radicalismo – A fera petista que Lula domou agora desafia a candidata Dilma”. Fui ler o editorial e lá uma pérola, com o título de “O ímpeto liberticida” e no corpo do texto: “o mais espantoso é a permanência petista de uma visão de mundo distorcida e perigosa, em especial no que se refere a um dos pilares consagrados da democracia – a liberdade de expressão”. Medo, puro medo da perda de privilégios e de ser impedida de cometer os atuais abusos. Na seqüência, dias depois, o candidato Serra participa de entrevistas na TV estatal paulista, a Cultura e responde contrariado a perguntas sobre os pedágios. Resultado, Gabriel Priolli, diretor da emissora é demitido e Heródoto Barbeiro, apresentador do Roda Vida é duramente advertido. Quer dizer, o que a “veja” e o “tucanato” reclama dos “petistas” eles já praticam e a dita “imprensa livre” não se manifesta. É essa a liberdade professada por essa corja.

Diante de tudo isso, durante a semana recebo um email e uma ligação telefônica de Sergio Lirio, redator chefe da revista semanal Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/ ) me perguntando se poderiam aproveitar parte de um texto e minhas fotos, publicados aqui neste mafuá e repassadas a eles, sobre a situação do jornal DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo e, conseqüentemente, do jornalista Sérgio Fleury, tentando escapar de injusta multa de R$ 600 mil reais impingida pelo juiz daquela comarca. O fato é do conhecimento público e havia atualizado a situação do semanário. Autorização passada, hoje, sábado, 24/07, vou correndo às bancas em busca da revista e estampado na capa, algo que aprovo totalmente, “Censura: um fantasma apenas – Por que a liberdade de imprensa não está sob risco no Brasil”. Em risco estamos nós, leitores quando lemos e acreditamos em matérias a nos querer ludibriar. Na página 20, o começo da reportagem, assinada por Sergio Lirio, “Fantasmas à solta – A crescente oferta de notícias e opinião desmente a tese de que a liberdade de imprensa corre riscos”. Na matéria, algo muito claro, as entidades de classe dos patrões, ANJ, ABERT e ANER não estão interessados em jornalistas perseguidos, mas só nas “várias tentativas do governo de regulamentar a atividade em nome do controle social”, que ninguém sabe direito o que é. O relatado por mim e transcrito no texto de Lirio é sobre a censura judicial. Leia abaixo na íntegra o texto sobre o caso do Debate:

“O mais deletério, por atingir um pequeno jornal de uma pequena cidade desprovida de concorrência na área de comunicação, talvez seja o do jornalista Sergio Fleury. Fundador do semanário O Debate em Santa Cruz do Rio Pardo, cidade paulista de 40 mil habitantes, Fleury tem sido sistematicamente perseguido pelo juiz Antonio José Magdalena, alvo de reportagens do jornal por uso indevido de verbas públicas. Por vingança, Magdalena transformou Fleury em corréu em um processo no qual ele figurava inicialmente como testemunha. O caso: Debate havia publicado entre aspas acusações de um político contra outro e que já haviam sido feitas no horário eleitoral gratuito. Multado em 2 mil salários mínimos, Fleury conseguiu reduzir a pena pela metade. Mesmo assim, para um a publicação de 7 mil exemplares, é um fardo insuportável: quase 600 mil reais. Estranho ainda é o fato de a multa ter sido decidida em 1999, mas a execução pelo juiz só ter sido ordenada em novembro passado. Em conseqüência, o jornalista tenta anular a cobrança com base no novo Código Civil, que reduziu de 20 para 3 anos a prescrição de sentenças de indenização”.

Da matéria, duas conclusões: existe uma cultura no Brasil de que as autoridades são intocáveis e a de que a censura judicial é pior do que a exercida na ditadura. Esse trecho da matéria nasceu de um texto parido aqui neste mafuá (vou transformá-lo num Memória Oral em agosto). A revista Carta Capital está nas bancas a partir de hoje, inclusive com foto feita por mim de Fleury, quando estive com ele da última vez, em fevereiro, pouco antes do carnaval e com publicação autorizada. Novamente, sinto-me orgulhoso. Esse mafuá comprova novamente sua serventia.

3 comentários:

Anônimo disse...

hemrique
fiquei muito feliz com o fato de a carta capital - revista que você corre sempre para ser o primeiro a ler aqui em bauru, e mesmo nas estradas da vida - ter publicado pensamentos e imagens de sua autoria. estou na fila pra te estimular a escrever sempre e publicar suas questões.
ana bia

Anônimo disse...

Henrique

Daqui de longe, continuamos te acompanhando e lendo as pataquadas e flechadas que escreve por aí.

Um abraço para ti, da terra do Lula, São Bernardo do Campo

Daniel Carbone e Maria

Anônimo disse...

Como é dificil falar em democracia em um país que um excelente jornalista denuncia um juiz de direito, e por ele é processado, perseguido, e ninguem faz nada a favor do jornalista. Morei em Sta. Cruz do Rio Pardo, de 1977 a 1984. sei decor & salteado, como a coisa chamada politica funciona por lá. Estou contigo e não abro Sergio Fleury. Uma juiza fora assassinada. Um outro juiz prepotente comete uma baita injustiça, debaixo da barba da dona justiça(?).