O FIM DO JB - O CARIOCA JORNAL DO BRASIL
Leio o JB desde o final dos anos 70 e começo dos 80. Peguei gosto pelos jornalões num tempo em que eram bem mais palatáveis que os atuais. O jornalista combatia de fato e em alguns casos até contrariava os interesses do patrão. Hoje, isso não é mais possível. Virou lenda. Os "capos" não permitem mais esse tipo de licensiosidade. Todos, sem distinção, estão sofríveis e a defender o que os donos ditam e mandando as pautas literalmente às favas. Tudo seguindo um tal de pensamento único a dominar e obscurecer o mundo da informação atual. E depois insuflam em seus editoriais sobre liberdade de expressão e de imprensa. Pura balela, pois eles mesmo não praticam.
Dentro desse quadro presencio in loco aqui pelo Rio de Janeiro os últimos suspiros de um que foi pujante, altaneiro e exerceu papel de destaque na resistência da dignidade em momentos distintos da história deste país. O JB eu comprava inicialmente em Bauru numa banca existente até hoje (com novos donos, é claro), onde antes foi a antiga estação rodoviária da cidade, localizada numa quadra em frente à praça Machado de Mello. Sábado e domingo eu preferia ler o JB aos paulistas. Era inovador e sempre teve em seus quadros, gente da maior responsa, baluarte das letrinhas encantadas. Eu vibrava com o que encontrava naquelas páginas. O Globo ainda era um arremedo de jornal. O jornaleiro, já falecido, guardava as edições para mim e quando não, ligava reservando, pois o do domingo vendia tudo.Tenho guardado no meu mafuá particular, recortes de matérias, reportagens e suas crônicas, tendo também muitas edições da revista Domingo, que colecionei por um bom tempo. Quando deixou de circular em Bauru, consegui o fone da distribuidora em Sampa e um senhor lá guardava para mim as edições dos dois dias. Ia buscar de pacotes, de dois em dois meses. Sempre fui um afficionado pelo Rio e o JB me mantinha atualizado sobre os assuntos da cidade.
Acompanhei todo o processo da derrocada e degradação vivida pelo jornal, culminando com a redução do tamanho. Passo a passo e a cada retorno à cidade, ao passar defronte o prédio da Avenida Brasil 500, sempre uma olhada com carinho e esperança. Gostava tanto que me tornei também ouvinte da JB AM, que escutava nas noites bauruenses. O programa das "Dez mais", todaterça, fazia questão de anotar os nomes dos entrevistados e suas músicas. A AM foi vendida para os evangélicos, restando a FM, a resistir até hoje. Foi o primeiro jornal a estar inteiro via internet e fez uma baita propaganda disso. Nesse perído abria todos os dias para imprimir as crônicas do Fausto Wolff (tenho um catatau de mais de mil páginas comigo). Tanure, o atual proprietário, não sendo do ramo, não soube dar a devida atenção para o produto que possui em mãos. A noticia final é a de que o JB circula na versão impressa até o último dia deste mês e depois só pela internet. Informam até o custo reduzido de uma assinatura irtual, comparando-a com o do formato jornal impresso. Não me convence. Tenta passar a idéia de que sobreviverá. De um senhor de 81 anos, José Pereira de Andrade, carioca da gema, que aprendi a admirar (farei um Memória Oral com ele ainda neste mês), ouço algo definitivo: "Transformou-se num mero boletim informativo, quase sem seguidores". Triste e doloroso fim.
Mais sobre o JB, no seu site (http://www.jb.com.br/) ou no Google. Vou resgatar o que ainda tenho lá pelos lado do meu mafuá e depois continuo esse meu dolorido e triste choro. Por hoje é só, o Rio me chama.
5 comentários:
HENRIQUE - Achei isso na internet e também sempre gostei do JB. FRANCISCO COSTA
Deu em O Globo
JB: apenas versão na Internet
Tanure diz que ‘decisão de acabar com o papel está sendo tomada esta semana’
O "Jornal do Brasil", um dos mais antigos do país — que teve a sua primeira edição impressa em 1891 —, vai deixar de circular.
A data para o fim da versão em papel será decidida entre amanhã e quinta-feira, disse ontem o empresário Nelson Tanure, dono da marca.
Com dívidas estimadas em R$ 100 milhões e vendo a circulação despencar, Tanure tentou encontrar um comprador para o jornal. Sem sucesso na sua empreitada, decidiu manter o jornal só na internet.
— A decisão de acabar com o papel está sendo tomada esta semana. Teremos uma decisão na quarta-feira ou na quinta-feira. Provavelmente, seremos o primeiro jornal a estar apenas na internet. É algo que está acontecendo no mundo todo — disse Nelson Tanure.
Ontem, Tanure confirmou a saída de Pedro Grossi, que ocupava a presidência do "JB" há apenas quatro meses: — Eu demiti o Pedro Grossi porque ele era a favor de continuar no papel — disse.
Em carta a editores e diretores do "JB", e reproduzida no site "Janela Publicitária", Grossi diz que "Em almoço realizado hoje (ontem), na presença do Dr. Ronaldo Carvalho e da Dra. Angela Moreira, o Dr. Nelson Tanure informou que publicará na edição de amanhã (hoje) do Jornal do Brasil (JB) uma notificação assinada pela direção da empresa e dirigida aos leitores na qual explica a transposição do jornal escrito para o tecnológico.Considerando que isto contraria a razão pela qual fui contratado, solicito, sem perda de meus direitos, que o expediente do jornal e de todas as revistas não conste mais meu nome".
Procurado pelo GLOBO, Grossi, no entanto, diz que só deixará o cargo de diretor-presidente do "JB" assim que a empresa anunciar o fim da publicação impressa.
— Enquanto tiver jornal impresso, eu continuo presidente. Quando for comunicada a transposição do papel para a internet, eu estou fora. Não fui contratado para isso — afirmou Grossi.
Segundo a sua assessoria de imprensa, o "Jornal do Brasil" conta com 180 funcionários, sendo 60 jornalistas, que trabalham na redação. O "JB" tem hoje tiragem de 17 mil exemplares nos dias de semana e de 22 mil aos domingos.
Na redação do jornal, o clima é de tristeza e nervosismo. Ontem, dois funcionários passaram mal e voltaram para casa.
Até agora só foram depositados R$ 800 na conta dos empregados referentes ao mês trabalhado em junho. Ainda não houve comunicado formal sobre o destino do jornal.
O diário é editado na Casa Brasil e em seu prédio anexo, no Rio Comprido. Segundo funcionários, a Casa Brasil, onde ficavam os executivos da empresa, será devolvida.
CONTINUAÇÃO...
A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio, Suzana Blass, disse que pedirá audiência com Tanure para discutir o futuro dos empregados: — Queremos garantir uma empregabilidade mínima e o pagamentos da rescisão.
Diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, lamentou o fim da versão impressa do "JB", mas fez questão de frisar que este é um caso isolado e que aposta no crescimento da circulação dos jornais no país este ano:
— É lamentável que o JB termine. Foi um processo de equívocos empresariais que resultaram em decadência editorial.
Em 2009, a circulação diária de jornais pagos no país foi de 8,193 milhões, recuo de 3,46% em relação a 2008, quando a circulação crescera 5%. Os números incluem a tiragem do "JB", apesar de o jornal ter deixado a associação em 2004.
A ANJ não fornece dados específicos sobre qualquer jornal.
Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), no primeiro quadrimestre deste ano, o setor já registrou um crescimento de 1,5%. Desde setembro de 2008, o "JB" não era mais auditado pelo IVC.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, também lamenta o processo de decadência do jornal.
— É uma notícia triste e mostra o momento nocivo por que passa o mercado jornalístico — diz ele.
Azêdo lembra que o "JB" era um paradigma para coberturas importantes e recorda edições memoráveis, como a de 13 de dezembro de 1968, data do Ato Institucional Número 5 (AI-5), que acabou com garantias constitucionais e deu ao presidente da República poder de fechar o Congresso.
Naquele dia, o "JB" publicou a previsão do tempo na primeira página, dizendo que as condições climáticas eram adversas.
Nelson Tanure arrendou o "JB" em 2001. Entre 2002 e 2003, o empresário teve os direitos de publicação da revista americana especializada em economia "Forbes" no Brasil. Em 2003, arrendou o diário econômico "Gazeta Mercantil".
Em grave crise e com dívida trabalhista superior a R$ 200 milhões, Tanure rescindiu o contrato de licenciamento do uso da marca e devolveu o jornal a seu antigo dono Luiz Fernando Levy.
Em junho de 2009, a "Gazeta" deixou de circular.
oi Henrique, só curtindo o Rio, o nome do dono da banca em frente a estação é o Sr. José Augusto Marins, falecido a muitos anos, ele era de pirajui e muito amigo do Tito Madi, por muitos anos era a única banca que se encontrava coisas interessantes.
cuidado com a ressaca...(3 metros de ondas)
abraço
SIVALDO
Isso mesmo, é o sr Marins. Fiz um esforço muito grande para me lembrar sem conseguí-lo e você me vem com o nome. Tenho ótimas lembranças daquela banca.
Abracitos cariocas
Henrique
henrique, acabo de receber pelo portal imprensa esse texto relacionado ao que postou sobre o fim da versão impressa do jb, do amigo daniel carbone
Diretor do Jornal do Brasil pede demissão por fim da versão impressa
Redação Portal IMPRENSA
Após ter sido apontado como eventual substituto do empresário Nelson Tanure na administração do Jornal do Brasil, o executivo Pedro Grossi, diretor-presidente do diário, anunciou sua saída da empresa.
Em e-mail enviado aos editores e diretores do JB, Grossi declarou que deixa seu cargo de presidente da Docas - holding que administra o diário - por discordar da migração integral para a Internet, segundo informou o site Janela Publicitária.
"Prezados, em almoço realizado hoje [segunda-feira (12)], na presença do Dr. Ronaldo Carvalho e da Dra. Angela Moreira, o Dr. Nelson Tanure informou que publicará na edição de amanhã do Jornal do Brasil uma notificação assinada pela direção da empresa e dirigida aos leitores na qual explica a transposição do jornal escrito para o tecnológico (internet). Considerando que isto contraria a razão pela qual fui contratado, solicito, sem perda de meus direitos, que o expediente do jornal e de todas as revistas não conste mais meu nome".
Em entrevista ao Portal IMPRENSA, no começo de julho, Eduardo Jâcome, diretor de operações da Docas, chegou a apontar Grossi como sucessor de Tanure, que estudava abrir mão de sua participação no JB.
A respeito da extinção da versão impressa, Jâcome disse, à época, fazer parte das estratégias da empresa; nada tinha a ver com a saída de Tanure.
"A gente está estudando a melhor saída para o jornal e consideramos algumas possibilidades. Mas não é possível tomar nenhuma decisão ainda. Isso demanda estudos de mercado, levantamento com os leitores. A gente busca o melhor caminho, e isso a gente vem fazendo há bastante tempo", declarou Jâcome.
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