UMA FESTA DA DIVERSIDADE NAS RUAS – MINHAS OBSERVAÇÕES
Como fiz nas duas edições anteriores, estive domingo na III Parada da Diversidade de Bauru. Gosto muito de festas nas ruas e mais ainda de quem as realiza (depende da festa, viu!). A organização desse evento é primorosa, não existe como negar isso. Estão se profissionalizando no que fazem e praticamente não presenciei falhas. Não sou contra eventos como esse gerarem lucros, uma vez criados e comandados por pessoas ou empresas privadas, como de fato ocorre. Todos nós sabemos, que Markinhos e Rick possuem duas famosas e vitoriosas casas noturnas na cidade, a Labirinthus e o pub Urbano’s. Por trás disso, criaram uma entidade a ajudar o movimento GLBT a ter maior visibilidade e diminuição do preconceito. Os vejo nesse quesito ainda insipientes, mas munidos de boas idéias, muitas delas plausíveis e necessitando de um impulso maior para sua implantação e execução. A própria sociedade civil ou os membros da entidade, poderiam contribuir de uma forma a facilitar essa funcionalidade. Estimular isso é papel de todos nós. Vejo da seguinte forma a questão. A entidade está criada e em funcionamento. Ponto para eles, pois que a partir daí surjam idéias e pessoas dispostas a impulsionar o seu desenvolvimento. Ocorrendo isso, ótimo para todos. É claro e nesse caso não vejo como possa ser diferente, um envolvimento de ambas as casas ao lado do evento. Foi bom presenciar o envolvimento do poder público no quesito eliminação dos preconceitos. Esse o papel público, o de não se deixar levar por grupos que lutam contra os avanços. Do evento e a escolha do tema deste ano, algo em torno da paz, uma observação. Não se dá para generalizar a paz. Ela não é uma entidade a ser entendida como de unificação. Existem tipos de paz e as divido muito bem. Não gosto desse papo de que a paz resolve tudo. Pera lá, somos tratados com uma violência sem fim e ao aceitar simplesmente o branco e a pomba em nossas vidas, continuarão a nos subjugar. Isso não é misturar política com o ato. Trata-se de uma constatação. A paz de quem fez a defesa de uma lei que respeita o horário de abertura do comércio aos domingos não é a mesma de quem quer que ele continue sendo aberto sem qualquer tipo de regulamentação entre patrão e empregado. A paz proposta por Israel não é a mesma dos palestinos. A paz do latifundiário não é a mesma do trabalhador rural sem terra e quase sem esperanças. Um divisor de águas se faz necessário. Eu desci o cortejo no chão, percorri cada trecho da avenida e ali, no asfalto também se nota diferenças entre os próprios a alegremente se divertir numa tarde de domingo. Existem aqueles que vão somente com o intuito de passar uma tarde alegre e aqueles que também querem usufruir dos que se encontram nessa situação. Tem político que vai com a família e não aceita crachá, quer estar no asfalto e não distribui santinhos, como Roque Ferreira e tem aquele que faz questão de estar no carro abre-alas e fazer uso da palavra, como Estela Almagro. Como existem aqueles que lotam a avenida com santinhos e cabos eleitorais, ao estilo Léo Aquila e nem se preocupam em lembrar os nomes dos candidatos majoritários. Pensam só neles. E vi também aqueles, que produzem algo bonito, de boa visibilidade, como os bonecões do PV, mas não dão o ar de sua graça. A questão política é uma delas, outras também chamam a atenção. Apoio o movimento e defendo muitos dos militantes que lá vi, mas por outro lado, não é porque todos ali são do movimento GLBT que faço essa defesa de olhos fechados. Nada disso, pois os que estão do lado que repudio, os que exploram os seus pares, os que humilham os menos abastados, esses eu tenho uma ação idêntica a praticada em qualquer outro segmento. Defendo o movimento num todo, as pessoas individualmente. E da festa, só alegria. Eu, Ana Bia, mana Helena, Roque, Tatiana, Thales, Zilda, Malu, Lulinha, Ademir e tantos outros e outras, com o sorriso estampado no rosto. Fui até onde agüentei e antes do show começar fui para casa, extenuado.
OBS de última hora: Ontem, segunda, 30/08, ouvindo a sessão da Câmara Municipal pelo rádio, o vereador e pastor evangélico Sakai se diz discriminado por ter pedido dinheiro para realização de show evangélico na praça (Abala Bauru) e o mesmo ter sido negado, sob alegação de que falta grana. Abre o Diário Oficial e vê que quem pagou show da Diversidade foram os cofres municipais, daí a revolta. Outro verador, Roberto Purini defende a Prefeitura e diz existir impedimento para se pagar eventos de cunho religioso, pois teriam que atender a todos e o que ocorreu com o show no Vitória Régia, foi uma festa para a cidade, sem bandeira específica. Vou mais longe, Sakai foi pedir grana de um dia para outro e dessa forma, nunca conseguirá nada, depois concordo com a justificativa, porém, acredito que a melhor forma e o mais adequado seria o pessoal ligado à Parada conseguir um meio de bancarem os próprios custos relativos ao seu evento. Aqui a mesma questão das Escolas de Samba que só pedem. Existindo uma programação de eventos o ano todo, o evento seria facilmente bancado por si só e calaria a boca de alguns conservadores sempre de plantão. A esses, um sonoro e retumbante arco íris, multicor. O que proponho sempre é a discussão desses temas à exaustão. Nada de questão fechada.