E POR FALAR NA MOSTRA DE CULTURA AFRO BAURUENSE - NINGUÉM SABE, NINGUÉM VIU
Acordo com Gonzaguinha na cabeça e uma música a me martelar, “E por falar no rei Pelé”, de um velho LP dele, o “Recado” (tenho aqui no mafuá, aliás quase tudo dele). Ela não tem muita coisa relacionada com a exposição, motivo deste texto, versando sobre futebol e negro, mas tem sobre um craque negro, Pelé e sua relação com nossas questões sociais. Quando meninão, cantava essa música como forma de protesto e reviver isso hoje é algo que faço com prazer. Vejam a letra e escutem/vejam a música no: http://letras.terra.com.br/gonzaguinha/431630/
E Por Falar No Rei Pelé... (Gonzaguinha)
"Craque mesmo é o povo brasileiro/corre em campo, se esforça o/ tempo inteiro/ Via pra ponta e centra e cabeceia/ e ele mesmo é o goleiro que escanteia/ e o gandula que apanha no fosso a pelota/ e a galera que a equipe incendeia/ Craque mesmo é o povo brasileiro/ carregando esse time de terceira divisão/ nesse jogo sem gol, mas que emoção,/ couro cru também é um mata fome!/ Sempre um bamba se esquece/ e a bola come/ sempre um morre, é fatal a indigestão/ Craque mesmo é o povo brasileiro/ com os homens em cima na marcação/ transformando a partida em pedreira/ uma rinha sem gol, mas que emoção/ na redonda ele se atira qual leão/ tá pensando que é um prato cheio de feijão/ e não é não!".
Todo ano no mês de agosto, ocorre a Mostra de Cultura Afro de Bauru, promovida pelo Conselho da Comunidade Negra de Bauru. A cada ano um tema diferente, isso há sete anos e em todas, ótima afluência de público e uma boa divulgação via mídia local. Participei de quatro atuando dentro da estrutura da Secretaria Municipal de Cultura, nos anos de 2005 a 2008 e na do ano passado estive como visitante. Na desse ano, nada via imprensa (mesmo tendo apoio de um dos jornais locais, nada em ambos) e só fiquei sabendo da data de sua realização por ter recebido um e-mail no dia do evento de Gaspar Reis Moreira. Devido a isso, pouca gente. Não escondo minha frustração, pois em todos os anteriores, sem exceção casa cheia. Considero esse Conselho um dos mais atuante na cidade e algo ocorreu para ter ocorrido tão pouca divulgação. Releases devem correr de um lado para outro antes de eventos como esse.
O fato é que a exposição está lá no saguão principal do Museu Histórico, de quarta passada, 18/08 até o final do mês e com o tema “Negro no Esporte”, mostrando algo sobre alguns dos jogadores de futebol negros que fizeram sucesso aqui e acolá. Revi grandes amigos, como o vereador Roque Ferreira (único vereador e autoridade presente), Ademir Elias (ex-presidente e locutor oficial do evento), João Bráulio (presidente atual e anfitrião), Gaspar Moreira (ex-beque de nosso futebol amador – faltaram fotos dele com sangue na ponta da chuteira), dona Ruth (a cara do antigo PMDB), o Fala Valente, Sílvio do Grupo Elite e tantos outros (todos os funcionários). Talvez a última exposição naquele espaço antes da mudança já anunciada, resistida, mas inevitável. Percorri tudo e fotografei algo que faço questão de divulgar, como o mosaico de fotos de Vaguinho, uma do goleirão Luisão em trajes noroestino, Zé Carlos Coelho com o fardamento da Portuguesa, um sorridente Jorge Fernandes (carioca, que veio aqui jogar e ficou, estando enraizado no Gasparini) e um banner de justa homenagem a Washington, falecido recentemente, que do Guarani de Campinas, chegou até a Seleção Brasileira. Registrei também uma camisa do velho e saudoso Smart, puída pelo tempo e recheada de histórias mil de nosso passado futebolístico. Bebi, comi, conversei muito e sai de lá com a certeza de que, mesmo incompleta (cadê algo sobre Donizete, os Fumaça todos e tantos outros), foi gostoso presenciar e estar ao lado de algo a reviver um passado de “sangue, suor e lágrimas” para nossos jogadores negros.
Se você não foi e nem sabia de nada, vá, dá tempo e aproveite para espiar também o Museu, que já está sendo transferido para outro lugar. O tempo urge, hoje já estamos no dia 21, restando somente a próxima semana para isso.
3 comentários:
Um relés comentárinho na coluna do Rufino, do JC, no dia seguinte ao evento e nada mais. Nada mais mesmo. Será que não enviaram nada para a imprensa publicar? Desse jeito, está instituido uma nova forma de fazer exposições, as para as moscas.
Vou passar para ver as fotos do nosso querido Washington.
Renato Ruiz
Henrique..Foi muito bom da sua parte divulgar esta exposicao sobre o negros que se destacaram no esporte de Bauru. Alias existe muita historia boa pra contar. So e uma pena que este trabalho nao esteja tendo uma divulgacao maior. Vamos torcer pra que da proxima vez isto tenha uma repercursao maior em Bauru. Gostaria muitissimo de poder estar ai em Bauru e poder apreciar este trabalho, como tambem muitos outros que estao sendo feito tambem em homenagem ao centenario do Norusca.Parabens pela iniciativa.
caro Reynaldo
Obrigado e fui conferir no seu blog, o www.blogdonorusca.blogspot.com e lá está reproduzido esse texto. E assim, fazemos nossa parte de divulgar mais essa exposição onde nosso Noroeste está mais do que presente.
Henrique - direto do mafuá
Postar um comentário