DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (37)
LIVROS, UMA FEIRA DE TROCAS E UM PACOTE NO PORTÃO
Eu não me canso de escrever sobre livros. Sempre eles. Hoje duas histórias, desconexas e com tudo a ver. Relações incestuosas. Na segunda, 23/08, descubro passando pela Avenida Nações Unidas estar aberta e em pleno funcionamento a 7ª Feira Itinerante de Livros do SENAC, de 23 a 28/08. Não resisto, paro e vou lá papear com a Marinês Rodrigues Ferreira (ela é esposa do meu amigo Valtinho, ex-Museu Ferroviário), 18 anos de SENAC e desde o início "a faz tudo" na feira de trocas (falei dela aqui ano passado, lembram-se?). Vasculho e confirmo o que ela havia me dito momentos antes: “Nesse ano, muita coisa infantil”. Pesco um, o “Histórias Humanas”, um achado, do Charles Dickens, numa edição de 1961. Dentro encontro a sua nota fiscal de compra, editora Cultrix, de uma mulher de Votuporanga. Intacto e pronto para ser devorado. Sem nenhum livro naquele momento, ela o guarda e me pede que pode fazê-lo só até na terça. Eu volto e efetuo o escambo dentro do combinado. Um para lá, outro para cá. Escrevo aqui para divulgar melhor a Feira. Levem suas crianças e troquem os livros já lidos por outros. A banca está cheia deles. A criançada vai adorar o troca troca.
A outra história aconteceu no meu portão. Terça, 24/08, sou chamado ao portão, pois dizem, uma moça me chamava. Sim, era uma moça, minha amiga, a professora Vera Tamião, ali sorridente e com um imenso saco vermelho nas mãos. Vinha cumprir promessa feita meses atrás. Sua casa está ficando pequena demais para tantos livros e de alguns precisava se desfazer. Havia lhe contado a história da banca do Carioca, aquela na Feira do Rolo e serei o intermediário para levar uma batelada de novidades. E ela descarrega livros dos mais interessantes, não aquela porcariada que muitos despejam nas portas de bibliotecas quando querem limpar suas estantes. Diz que posso ficar com alguns, mas não todos. Devo deixar a maioria com ele e é o que farei. Recém chegado da feira de trocas do SENAC, digo a ela que os que escolher ficarem aqui pelo mafuá, outros colocarei no lugar. Ela acaba de chegar de uma viagem com o marido ao Maranhão e me trouxe um livro autografado de presente, o “Maranhão – Sonhos e Realidade”, de nada mais, nada menos que José Sarney. Diz que é um livro que, certamente eu não compraria, mas que preciso ler, para conhecer um pouco dos detalhes das peripécias do mandatário daquela "capitania hereditária" (é assim que ele a dirige). É o que farei. Ficarei ainda mais indignado com o que a clã que leva seu nome apronta naquele estado da federação. Vou até seu carro e descarrego mais livros. Um vizinho observa a ação e se interessa. Paramos para conversar e ela me conta uma história vivida nos seus tempos de diretora escolar. “Minha assistente reclamava que os livros da biblioteca iam e não voltavam. Eu dizia a ela que nada fizesse. Que livros deviam circular mesmo e se não voltavam é porque estavam sendo aproveitados”, me diz. Por fim, faz um denúncia, que confirmo com minha experiência de quando o filho cursava o que ainda chamo de ginásio na escola pública. A biblioteca abarrotada de bons livros, todos recém comprados e uma dificuldade imensa para os alunos poderem levá-los para casa. Vivenciei isso, pois queria emprestar alguns para mim e via a cara feia da responsável (isso merece um bom texto, não?). Vera se foi e prometo levá-la no próximo domingo para conhecer o Carioca. Nisso chega meu filho, fica encantado com alguns. Escolhe sete e sou obrigado a descarregar sete do mafuá para dentro do saco.
Essas duas historinhas me enchem de contentamento. Porém, uma triste constatação, ando lendo tão pouco e dificilmente chegarei aos 50 lidos neste ano (meta cumprida regiamente há mais de dez anos). Que faço para encontrar mais tempo para minhas leituras? Abdico um bocadinho desse vício mafuento.
Por fim, algo para ajudar um amigo. Abaixo o cartaz da Exposição ACERVO, realização do artista gráfico Gonçalez. Quem quer possuir belas ilustrações, todas originais, podendo emoldurá-las e decorar sua casa, eis o momento:
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
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3 comentários:
henrique
que projeto bacana este da feira de livros. lembre-se que na feira de artesãos de bauru, reativada no mês de agosto, com intenção de continuidade, também há uma barraca para "troca-troca" de livros. e quem conhece o carioca - da feira do rolo - que em muito honra o título aos nascidos na minha cidade - sabe da generosidade e gentileza peculiar com que trata os amantes da leitura. muito mais profícua esta conversa pra quem realmente quer ter ação pra tentar mudar algumas coisas possíveis neste tão vasto mundo. ana bia andrade
um ps - pra quem não ligou o nome a pessoa, foi o gonçalez que esteve presente no aniversário do henrique fazendo as caricaturas. vale a pena conferir o trabalho do rapaz. ana bia andrade
Esse blog é mesmo da pá virada e me proporciona algumas surpresas interessantes. Vejam essa. Estou aqui em casa e me chega um carrão na porta. Eis que desce dele uma amiga de Vera Tamião, que lendo esse texto me traz 14 bons livros, tudo para que repasse para o Carioca da banca da Feira do Rolo.
Dentre os títulos, Fernando Sabino, Lígia Fagundes Telles, Paulo Coelho, Jô Soares, Leon Eliachar, Palmério Dória, William Young (A Cabana), Pedro Bandeira e Dostoiévski. Acredito que terei que arrumar um carrinho, desses de pedreiro, para conseguir levar tudo para meu dileto livreiro na feira. Tomara que ele faça bons negócios com tudo isso. Dele, só uma coisinha do próximo domingo, um copo de cerveja, dessa vez, pago totalmente por ele.
Henrique - direto do mafuá
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