domingo, 8 de agosto de 2010

UMA CARTA (51) E UM ELOGIO/ RECONHECIMENTO AO MAFUÁ

CARTA MINHA EM "CARTA CAPITAL" E UMA PALAVRINHA DE SÉRGIO, DO "DEBATE"
A última edição de Carta Capital (nº 608) está nas bancas e com ela uma carta de minha lavra, versando sobre o editorial de Mino Carta na edição anterior. Ele demonstrava ali o desconforto pelas cobranças dos anúncios governistas pipocarem na revista (estão em todas elas, de forma igualitária) e os poucos da iniciativa privada. De difamação em difamação, Mino explode e eu envio carta de apoio ao que a revista representa para mim e para a defesa da verdade factual dos fatos. Leiam abaixo a íntegra da carta e a parte em vermelho que não saiu na revista, mas sai aqui (eu cutuquei na veia, a revista preferiu não ir tão longe):

"Do editorial de Mino, “O bom das calúnias”, uma lembrança de outro, de 17/08/2002, “O preço e o prazer da independência”, quando fui citado nominalmente, exatamente por contar a reduzida quantidade de anunciantes da revista. Mino foi preciso, naquele momento, ao afirmar que CC “vive em estado de austeridade desde o lançamento. Sobrevivemos com um mínimo de honra e um máximo de coragem. A coragem é indispensável. Mesmo porque não faltam as provas de que pagamos pelo não engajamento na mais antiga profissão do mundo (sem menosprezo às profissionais do ofício). Resistir é preciso. CC sabe que a dimensão e as potencialidades do país transcende as mazelas do poder contingente, a incompetência e a ferocidade de sua elite, a hipocrisia dos falsos capitalistas e a resignação dos miseráveis”. Vivíamos anos de FHC e os anúncios governistas rareavam.

Hoje, distribuídos parcimoniosamente entre os órgãos da imprensa, os vejo na revista e rareiam os da iniciativa privada. Espiando a novela da tarde na TV, a Sinhá Moça, um coronel, vivido por Osmar Prado, escravista juramentado, tenta a todo custo, com seu poder, encurralar um outro, republicano, forçando os sob seu domínio a não mais fazer negócio com o inimigo (sim, assim ele os enxerga), levando-o à bancarrota. Não estaria o mesmo acontecendo agora? Usando o medo como argumento, neoliberais de plantão, na surdina, insuflam os de sua influência, para que não se atrevam a aparecer nas páginas do semanário que faz pregação contra a “elite retrógrada, feroz, pretensamente branca”. Vendo a novela, vejo também a repetição de algo sempre revivido em nossa história".

Ontem, com problemas no computador (eles são frequentes, não?), abro meus emeleios numa lan house e lá algo a me emocionar. O Sergio Fleury, editor e dono do Debate, semanário de Santa Cruz do Rio Pardo, responde ao apoio dado à causa do seu jornal, quando texto sobre o caso saiu na Carta Capital, dias antes da decisão judicial. A relação com a decisão judicial não existe, mas valeu pelo reconhecimento que esse mafuá recebe. Continuo a batucar por aqui o meu pandeiro (meio fora do tom, sempre na correria) e por causa de cartas como a recebida vou continuando a escrevinhação. Estou em estado de graça:

"Henrique:
Você já deve saber pela imprensa, mas VENCEMOS aquela ação do juiz. Foram 15 anos de muita luta, decepções e incertezas sobre a continuidade do jornal. E ela veio. Gostaria muito de agradecer-lhe, pois a matéria na "Carta Capital" possivelmente foi preponderante para o resultado do julgamento. Veja só: o caso começou a ser julgado no dia 27 de julho, quando o relator e o revisor votaram CONTRA o jornal. Só faltava o voto do 3º juiz, que pediu vistas e adiou o caso para a última terça-feira, 3. Na
melhor das hipóteses, eu perderia por 2x1. Definitivamente, a coisa iria por água abaixo. Era realmente o fim. Retomado o julgamento, este juiz deu um voto tão brilhante (imagino!) que mudou o posicionamento dos demais. O resultado final foi 3x0, votação unânime! Ainda cabe recurso, mas acho muito difícil reverter esta decisão.

Por tudo isso, gostaria de dar-lhe um abraço qualquer dia. Eu sequer o conhecia há alguns meses, mas acredito que sua convicção a favor da liberdade de imprensa foi fundamental para reverter o jogo. E isto aos 45 minutos do segundo tempo!!!

Um forte abraço.
Saiba que aqui você tem um amigo e admirador.
Sérgio Fleury - Debate"
EM TEMPO: Hoje Dia dos Pais, reverencio o meu, que aos 82 anos, completados no último dia 06/08, continua firme e forte, mesmo com uma diabetes a lhe espezinhar a vida. Aroeira pura e da melhor cepa.

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