quarta-feira, 11 de agosto de 2010

UM LUGAR POR AÍ (03)

LIVROS, LIVROS E MAIS LIVROS: UMA MANHÃ INTEIRA NA “FNAC”, BARRA SHOPPING, NO RIO
Da última viagem ao Rio de Janeiro, 10/07, um mês atrás, eu e o filho tínhamos duas opções, uma vez na Barra da Tijuca, naquela manhã de sábado. Ou iríamos à praia ou um passeio por algo a diferenciar o Barra Shopping dos demais, a imensa livraria da FNAC. Não precisou nem de confabulação, a opção escolhida de comum acordo foi ir ter com os livros . Em minutos estávamos no meio de um mar deles e assim pemanecemos, submersos e sob suas ondas até por voltas das 14h30, quando fomos buscar a Ana Bia numa faculdade ali nas imediações. Compramos pouco, mas folheamos bastante e ficamos lendo trechos, olhando catálogos, vasculhando estantes, ouvindo indicações de terceiros, garimpando raridades e fazendo uma das coisas mais prazerosas dessa vida, estar no meio daquela infinidade de preciosidades.
Ainda não sei ao certo como sobreviverei sem o livro de papel. Meu filho, que aprendeu comigo esse excêntrico gosto, diz que talvez consiga ler na telinha de um e-book, mas não sei ao certo, pois já noto uma quantidade excessiva de livros amontoados pelo seu quarto. Ele é mais cuidadoso que eu, guarda a maioria dentro de embalagens plásticas, uma espécie de camisinha, motivado pelas tristes histórias que presencia de minha luta contra as traças e cupins no meu afamado mafuá. O certo é que o livro nos encanta e muito. Naquela manhã, com a real possibilidade de estarmos diante de um lugar onde se podia encontrar de tudo, esquecemos das horas e posso afirmar sem medo de errar, dos doze dias lá passados, foi um dos melhores passeios feitos na Cidade Maravilhosa. Num certo momento, lá estava ele ajoelhado diante daqueles deuses, como num genuflexório, numa espécie de oração, maravilhado diante de tanta beleza.

Ainda dos livros, cito aqui passagens de um livro recentemente lido, o “Dos Livros”, que bibliófilo, livreiro e editor francês Edouard Rouveyre publicou pela primeira vez em 1880. O tempo passou e muito do que disse lá atrás continua mais atual do que nunca. Viajemos juntos em suas palavras sobre os livros, enquanto saboreiam as fotos de minha viagem por aquele paraíso carioca. O faço tudo embolado, num só parágrafo, dividido por três pontos, para saberem tratar-se de leituras feitas em páginas distintas.

-“Um bom livro, segundo a linguagem dos livreiros, é um livro que vende bem; segundo os colecionadores, é um livro raro; e para um homem culto, é um livro instrutivo. (...)É por meio deles que adquirimos os conhecimentos – são os depositários das leis, das leis, dos acontecimentos passados, dos costumes, dos hábitos, dos códigos antigos; e veículo de todas as ciências. Mesmo a religião deve aos livros, em parte, seu estabelecimento e sua perpetuação. (...) Há escritores prolíficos que contam seus livros pelas vintenas, centenas. (...) É mais fácil secar o oceano e contar os grãos de areia, do que saber o número prodigioso dos livros e dos costumes que existem. (...) Quanto menos sobrecarregarmos a memória, mais a mente estará livre e será capaz de inventar. (...) Autores de livros volumosos tem a tendência de esmorecer, devanear, escrever sobre assuntos vagos e inúteis. E, ao longo da obra, quantas digressões e volteios, entremetidos apenas para aumentar o tal livro. (...)Para bem escrever e para organizar um bom livro, importa escolher um assunto interessante, pensar a respeito, profunda e demoradamente; evitar expor sentimentos e idéias já usados; não se distanciar do assunto escolhido; incorrer em poucas digressões, ou quase nenhuma; ater-se apenas às citações necessárias para confirmar uma verdade, embelezar o assunto com uma observação útil, inédita e incomum”.
A FNAC carioca está também no site: http://www.fnac.com.br/ . Lá, como você verá, tem muito mais coisas, mas para nós, interessou mesmo, os livros e a parte dos Cds, com musicas e filmes.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pai

Li o negócio sobre a programação dos shows no aniversário e na exposição e repito uma frase de um mangá, que já havia te dito várias vezes:

"Trate alguém como ignorante por tantos anos e ele acaba se tornando".

Lembra disso?

Obrigado pela FNAC

do seu filho
Henrique Aquino

ArabeAlli disse...

Prezado Henrique, confesso que estou passando a ler no notebook. Ainda não dispenso o bom livro convencional, e acho que nunca o farei, mas o fato é que o note ofereçe algumas vantagens, ou antes comodidades insuperáveis. Entre elas cito a agilidade, a formatação do texto e tipo de letra que mais me convenha, a disponibilidade de qtos dicionários forem desejados, a possibilidade de fazer traduções instantâneas, a leitura pode ser feita em qq lugar e tb no escuro (já li no cinema antes do filme começar), tds os títulos e autores de minha preferência já estão se reunindo aqui, posso ler, destacar e pesquisar o assunto ao msm tempo sem perder a dinâmica, e ainda ler ouvindo a trilha sonora desejada. Veio pra ficar. Mas como vc tb, entre os meus passeios preferidos, encontra-se a excursão a uma boa livraria, sebo ou biblioteca. A gente fica parecendo criança em loja de brinquedos, tudo ali "a distância da mão de semear" como dizia o Mestre Saramago; td disponível pra ser tocado, manuseado, descoberto, sentido. São tantos os assuntos, tantos os títulos, tão diversos e interessantes livros, que parecem ganhar vida e literalmente nos perguntar como viveremos dali pra frente sem goza-los. Temos nestes lugares a exata noção física do qto somos limitados e ignorantes, pois por mais que já tenhamos lido, infinito é o número daquilo que não lemos, e pior ainda, desafortunadamente não leremos jamais. Enfim..."c'est la vie". Agradeço vc sempre me levar a passear contigo. Um virtual abraço direto do meu nb.

Mafuá do HPA disse...

Obrigado ArabeAlli, que não conheço. Te afirmo, a intenção é essa mesma, passear com as pessoas que se dispõem a navegar pelo mafuá. No quesito livros, como gostaria de permanecer mais tempo enfronhado junto a eles. Agora mesmo, o trabalho me chama...

Quanto ao filho. O filho da mãe puxou ao pai.

Henrique - direto do mafuá