quarta-feira, 31 de agosto de 2011
EU GOSTO MESMO É DE CRIAR CASO E DE ME OPOR À ORDEM ESTABELECIDA
EXEMPLO Nº 1 - Resposta que eu adoraria dar, mas é do Dr Sócrates, recém saído de hospital, em entrevista ao jornal Folha de SP:
Folha: Por falar nisso, em toda essa impressionante onda de carinho que cercou você nesses dias, há também quem diga que de democrata você não tem nada porque deu o nome de Fidel a seu caçula. É mais uma de suas contradições?
Sócrates: De fato, estou tirando muita coisa de positivo neste meu quase nascer de novo. Quanto ao Fidel Castro, símbolo da Revolução Cubana, como Che Guevara, as pessoas estão mal informadas. No nosso país se conhece muito pouco o que acontece fora daqui e mesmo aqui dentro. A estrutura política cubana é extremamente democrática. Eu queria que meu filho nascesse lá, eu queria ser um cubano. Nós estivemos lá agora, nós fomos passear! Peguei minha mulher e fui lá, passear, curtir lampejos de humanidade. Um povo como aquele, numa ilhota, que há mais de 60 anos briga contra um império, só pode ser muito forte, e ditadura alguma faz um povo tão forte. Ditadura não é tempo de serviço, necessariamente é qualidade de serviço. Em Cuba, o povo participa de tudo, em cada quarteirão. E aqui? Pra quem você reclama? Você vota e não tem pra quem reclamar. (OBS: A foto é do Sócrates e não do Kadafi - como estão parecidos...).
EXEMPLO Nº 2 – A Líbia já foi destruída, mas quem fica mesmo com o país?
Sou cético a salvamento patrocinado por países ocidentais, ainda mais liberados pelos EUA. Nenhum país é salvo pelos EUA, todos ficam sob sua cruel ação de sanguessuga, a sugar o que de bom existe, até a exaustão. Mas quem venceu essa guerra? Dizer que foram os rebeldes é tolice, ingenuidade e afirmar algo sobre a oposição à Kadafi idem, pois ela é um saco de gatos, onde estão monarquistas pró regime anterior à Kadafi, militantes muçulmanos e ex-combatentes da AL-Qaeda, socialistas, empresários, gente importante do regime deposto e uma infinidade de grupos tribais. Imaginem quem quer colher os louros com a questão petrolífera do país? Daí, não deve sair nada democrático, como querem (sic) alguns bobinhos aplaudindo o atual momento.
EXEMPLO Nº 3 – A MORTE DO BEZERRO NUM RODEIO E OS GLADIADORES DO UFC
Não me chamem de moralista, mas não me peçam para aplaudir duas manifestações muito em voga nos tempos atuais. O rodeio como praticado hoje é bestial e prova como somos todos insanos. Diversão sem sentido essa de ficar judiando de indefesos animais e até matando-os, como ocorreu recentemente com um dentista praticante do tal do bulldog (nome importado da cultura norte-americana), quando um bezerro tem o pescoço torcido. O negócio do esporte é a demonstração de força, quando se tenta deitar o bicho no chão. Lindo não? Na maioria das vezes as lesões são irreversíveis, como a ocorrida no Rodeio de Barretos (fotos ao lado - cliquem nelas para ampliação), com a lesão cervical fatal. Imaginem o que ocorre nos treinamentos dessa bestialidade humana? Podem me dizer que, nós humanos, sendo animais carnívoros também matamos animais para alimentação. Não confundo alhos com bugalhos. A discussão aqui é a bestialidade do esporte, o tal Rodeio, que o secretário Batata quer trazer para os próximos Jogos Regionais em Bauru. E não me peçam para aplaudir essas também bestiais lutas de artes marciais mistas (MMA), que lotaram as arquibancadas da HSBC Arena no Rio no último sábado para assistir ao UFC – Ultimate Fighting Championship. Que luta mais besta, se esfalfalam até quase matar o oponente e querem que eu aplauda isso como algo normal. Tô fora e no sábado à noite aqui em Floripa, recusei de entrar e comer num restaurante vendo isso. Sai de lá e fui em busca de lugar mais palatável. Como degustar um jantar vendo sangue jorrar no rosto desses ditos esportistas (sic). A seguir uma lista de alguns que aplaudiram pessoalmente os lutadores: Eike Batista, Nizan Guanaes, Aécio Neves, ministro Luiz Fux, jornalista Sérgio Cabral, Ronaldo Fenômeno, Cafu, Luciano Huck ...
terça-feira, 30 de agosto de 2011
TEATRO REINAUGURADO, SIVALDO EM CENA COM “CARMEN”
Sivaldo Camargo é meu amigão do peito. Ele dança. Não que eu não dance (danço e muito), mas é que ele literalmente dança com sapatilhas e tudo e o faz desde que o conheci. E olha que isso já faz tempo. Cheguei a ir a algumas aulas com ele quando tinha uma Academia só sua na rua Batista (foto lá embaixo), começo dos anos 90. Ele além de dançar estudou a fundo o assunto e tornou-se um mestre no assunto. Hoje ministra aulas com galhardia e conhecimento de causa. Requisitado e competente, é professor de dança na Secretaria Municipal de Cultura, além das aulas pela região, nunca totalmente abandonadas. Como diretor faz e acontece. Recentemente o “Opinião”, um revival de algo grandioso acontecido nos anos 60 e com gente daqui fez sucesso n’O Templo e em outros palcos. Ele adora fazer isso. E faz de novo, dessa vez no local mais nobre da cidade de Bauru, o Teatro Municipal e num momento de grande revitalização do setor. Ou seja, algo com a marca do Sivaldo foi escolhido para reinaugurar o nosso teatro, após ampla reforma (palmas para o secretário Elson Reis), com a apresentação de ‘CARMEN”, uma ópera, um ballet, um teatro, um show e tudo isso junto e misturado. Escrever sobre a obra Carmen seria muita pretensão de minha parte. Sei que Sivaldo quando faz algo, estuda a fundo e pisa no acelerador. E ele deve ter feito isso, com certeza. Bato palmas para ele, dessa vez de longe, pois fora de Bauru na semana, não posso comparecer às duas apresentações, dias 30 e 31/8. Siva reclama de mim, por só postar fotos dele aqui no mafuá tendo como companheiro um copo cheio de cevada e num bar. Pesquisei muito até encontrar uma dele num outro cenário e foi a postada ao alto desse texto. Parabéns amigo Siva. Mais informações no: http://www.bauru.sp.gov.br/Materia.aspx?idnews=5505
UMA COISA QUE NÃO PODE PASSAR BATIDA: Olhem para as páginas dos dois jornais bauruenses a divulgarem a programação dos filmes dos cinemas. Sentiram algo de diferente nelas? Eu sim. Contem quantos filmes nacionais estão em cartaz nessa semana. No total são onze filmes diferentes e quatro nacionais. Ainda perdemos para os estrangeiros (maioria dos EUA), mas vejam só: “Não se preocupe nada vai dar certo”, direção de Hugo Carvana (o melhor de todos), “O homem do futuro”, direção de Cláudio Torres (também muito bom), “Onde está a felicidade”, direção de Carlos Alberto Ricelli e “Assalto ao Banco Central”, direção de Marcos Paulo. Louvo isso, pois nem saberia dizer quando isso aconteceu pela última vez.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
A SAÚDE DE BAURU SENDO ENTREGUE DE BANDEJA PARA UMA FUNDAÇÃO - E DAÍ?
Sim, e daí? Essa a pergunta que não quer calar. Como pode uma comunidade desorganizada como a nossa querer questionar se o que está vindo é certo ou errado, se nem marcamos presença quando somos convocados a emitir opiniões e colocar a cara para bater? Fica difícil. Nenhum Super-Herói consegue salvar essa cidade da mão de seus predadores se ela não estiver devidamente organizada. sabendo reivindicar o que lhe é de direito, sabendo se posicionar e exigindo a manutenção de políticas públicas saudáveis. Que a Saúde Municipal em Bauru é caso de polícia e até de calamidade pública, isso não é novidade e não é de hoje. O que os últimos representantes do poder público fizeram para reverter isso? O por que dessa Fundação estar chegando agora, com o bonde andando? Que cara ela tem? Atende a que interesses? Enfim, a privatização de alguns setores da sáude hoje e depois ela num todo. Isso seria relmente o melhor para Bauru?
Guardião é criação de Leandro Gonçalez (www.desenhogoncalez.blogspot.com) com pitaco desse mafuento blogueiro.
Quem se põe a responder isso tudo sem um embasamento toma conhecimento de um verdadeiro "samba do criolo doido". Primeiro se privatiza o PS do Bela Vista, depois o Hospital de Base, hoje nas mãos da ainda mal explicada Associação Hospítalar de Bauru, devendo passar a ser gerida pelo Estado de SP, num sistema muito parecido com o do Hospital Estadual, quando uma Fundação gere tudo e no futuro, claro, a intenção é que tudo acabe sendo gerido dessa forma. E o poder público municipal lavaria suas mãos de qualuer responsabilidade no setor. O que sabemos da Fundação que gere o Hospital Estadual? Quanto lhe é repassado pelo Estado e como gasta isso? Isso talvez seja somente a ponta desse iceberg, pois vejo mais problemas, alguns deles poucos estão a questioná-los. Guardião quer tocar nesse problema e levanta algo aqui e agora para a discussão de todos: Nesse sistema de Fundação quem perde, em primeiro lugar, são os trabalhadores, pois todos eles deixariam de ser estatutários, passando a ser contratados em regime CLT. Não seriam mais exigidos concursos para essas contratações e isso também facilitaria a corrupção, em todos os seus níveis. Mais, qualquer trabalhador mais exigente, do tipo brigador, não tem estabilidade nenhuma e poderia ser demitido rapidinho. Qual a verdadeira cara dessa Fundação? Para entender isso se faz necessário uma verdadeira organização popular e uma AUDIÊNCIA PÚBLICA, a segunda, está sendo marcada para amanhã na Câmara Municipal de Bauru (iniciativa do vereador Roque Ferreira PT), dessa vez até com a presença do Secretário de Saúde. Eis uma rara oportunidade de ver a opinião da Prefeitura, questionar, se preciso for e exigir a manutenção da independência no setor ou o seu definitivo atrelamento à iniciativa privada. Essa concepção, essa mudança talvez não esteja sendo bem assimilada nesse momento, mas terá consequências horrorosas num futuro bem próximo se o que vier por aí for construído sem a participação dos seus maiores interessados: O POVO DE BAURU.
OBS FINAL: Vocês não estão entendendo dos motivos de fotos de um jogo de futebol estarem postadas aqui nesse texto. Explico. Estou em Florianópolis e ontem à tarde fui assistir o clássico regional Figueirense X Avaí, no campo do primeiro. Ambos disputam o Brasileirão de Futebol e o Figueira está bem melhor classificado que o Avaí, esse na zona de rebaixamento. Todos por aqui diziam que seria uma sonora goleada, favas contadas. O Figueira massacrou o tempo todo, esteve à frente do marcador até quase no final e aos 41 minutos do segundo tempo toma o gol da derrota. 80% do estádio era torcedores do Figueira e os outros 20% o espaço reservado para o Avaí. Clima de ostensividade total. Escolho ficar nas arquibancadas, junto de outro bauruense, o ex-radialista Marcos Lopes (que também está por aqui), ao lado da torcida do Avaí e presencio algo que para mim é a grande sacada do amor ao futebol. O time mais fraco, mais desorganizado, com pior preparo, com menos recursos, pode ganhar a partida e botar fogo no campeonato. Foi o que fez a Avaí, segurando as pontas e tornando o impossível realidade. Faço uma alusão ao que vi ontem lá no campo de futebol com o que pode acontecer nessa nossa questão da Saúde e em outras. Esse jogo não está tão difícil assim de ser virado. Acredito que até mais fácil do que como se estivessemos numa partida de futebol. Mas o que falta para isso? Essa garra e essa união de última hora pode gerar frutos alvissareiros para Bauru, mas também podemos ser derrotados, no nosso ou no campo do adversário. A festa do mais fraco sobre o mais forte, me motivou a entender que nada está definitivamente perdido. Guardião deixaria uma simples pergunta a todos (as): MAS QUEM ESTARIA INTERESSADO EM VESTIR A CAMISA E JOGAR ESSA PARTIDA? O ADVERSÁRIO NÃO É TÃO FORTE ASSIM, COM A DISPARIDADE VISTA ENTRE FIGUEIRENSE E AVAÍ. PARA GANHAR ESSE JOGO SERIA NECESSÁRIO UM POUCO MAIS DE INTERESSE EM SUAR A CAMISA. MAS ESTAMOS DISPOSTOS A ISSO?
domingo, 28 de agosto de 2011
DIVERSIDADE NA PAUTA DO DIA – publicado no diário bauruense BOM DIA, edição de 27/08/2011
Semana da Diversidade culmina em Bauru com a IV Parada GLBT. A diversidade é ótima em quase todos os sentidos, o próprio nome já diz. Caminho único nem sempre dá em uma boa saída. Gosto desse evento por tudo o que ele representa e o que não gosto muito é vê-lo quase que totalmente bancado pelo poder público. Abrem-se brechas para que sejam bancadas outras iniciativas, não tão louváveis. Mas a semana vai além e isso é o que me interessa. Assumir a diversidade é um ato de coragem, num país onde ainda predomina a ironia e o desmerecimento ao diferente. Detesto ver essa luta desgarrada de tantas outras. Essa causa deve estar incorporada a dos direitos humanos, liberdades individuais, causas ecológicas, etc. Todas limítrofes e necessárias. Juntos sempre somos mais fortes.Gosto mais ainda dos corajosos. Uma frase circula por aí: “Para ser travesti tem que ser macho”. Imaginem a coragem de Paulo Coelho ao assumir na biografia escrita por Fernando Morais, revelações das suas experiências homossexuais. Não me peçam para ler um livro dele, mas seu feito foi importante para a defesa de uma causa. Relembro também o sociólogo Gilberto Freyre, em trecho extraído do livro “De menino a Homem”, escrito nos anos 30: “...chamei de aventuras sexuais em que eu tinha incorrido em várias ocasiões: as homossexuais”. Na página seguinte prossegue com a pergunta: “Será que havia em mim tendência para essa afinidade, da minha parte, sempre máscula, com efebos esteticamente atraentes?”. Responde a seguir: “Suponho que nenhuma”. O belo é exatamente isso, o não constrangimento. Não fugir do tema e nem ter receio de tocar em assunto remediado pela maioria dos ditos “machos”. Importaria tão pouco a opção sexual das pessoas num mundo normal, mas no nosso, onde as religiões insistem em chamar de desvio ou até mesmo doença essa prática, valorizo cada vez mais os que fora ou dentro do armário, respeitam a opção do outro, sem ter necessidade de combatê-la ou invocar orações na sua cura (sic). Já deveríamos estar em outra, mas continuamos mais arcaicos que nossos pais.
O texto que saiu no BOM DIA de ontem é esse aí em cima e hoje nas ruas de Bauru a IV Parada da Diversidade, um dos acontecimentos a decididamente colocar o povo nas ruas.Adoro ver o povo nas ruas. Tudo será encerrado com um show de Preta Gil, que representa bem um pouco da discriminação sofrida pelo diferente (digo do ocorrido com o bestial Bolsonaro). Discuto pouco a música dela, pois não conheço nada. Meu gosto musical é totalmente outro, mas valorizo a luta empreendida. E gosto muito de eventos como o de hoje, por tudo o que representa e a festa da diversidade diz muito respeito a como toco minha vida, dentro da maior pluralidade possível. Só não abro mão das convicções, confirmadas por mim como as mais acertadas ao longo da vida. Uma pena estar longe de Bauru e não pode fazer a festa na rua junto de pessoas queridas e lutando contra o preconceito às diferenças. Afinal, sou um diferente, luto desmedidamente contra o pensamento único a querer dominar o mundo. Não pude comparecer durante a semana nas palestras, não marquei presença nas discussões, não estive na festa anual com a premiação do “Eu faço a diferença”, muito menos estive na posse do Conselho da Diversidade, etc. O único local onde fiz questão de bater cartão foi na Galeria do Teatro Municipal e reproduzo aqui o que presenciei na Exposição “VOZ TRAVESTIDA” (Francine Esqueda e Marcos Leandro). Os dois fotógrafos foram muito felizes na forma como conseguiram captar um pouco do clima vivido pelas drags e, principalmente, as travestis, batalhadoras de nossas ruas. Estigmatizadas por muitos, quando conhecidas mais de perto, a certeza de serem tão diferentes (ou seriam iguais?) como qualquer um de nós. Brinco que ali na Casa Ponce Paz, no cruzamento das ruas Ezequiel Ramos com Antonio Alves, naquela esquina, algumas delas fazem ponto e são as maiores colaboradoras do local em frente. Servem como guardiãs não remuneradas de um espaço público que ainda um dia vai se transformar num verdadeiro ponto de encontro cultural da cidade de Bauru. Deixo as fotos aqui e como pitaco final, uma opinião bem pessoal. Todas ficam muito bem fotografas em estúdio, bem produzidas, brilhantes, mas as fotos tiradas na labuta da rua me são mais gratas, mais expressivas, sentidas e com algo mais embutido e muito forte. João do Rio, nas suas crônicas no início do século passado deixou algo registrado sobre isso e a cair como uma luva para elas todas: personificam a “alma encantadora das ruas”.
sábado, 27 de agosto de 2011
SEXTA EM TRÊS MOMENTOS: CARTA NO BOM DIA, MST NA CÂMARA E JAIR COM NINO NO SESC
Sexta, ontem, foi um dia agitado e tanto. Amanheço com terçol, olho empapuçado e com dores. Logo de manhã ao abrir o BOM DIA, uma carta de minha lavra é publicada em resposta ao que havia lido no dia anterior, no editorial do jornal. Rebato o que havia lido e com um argumento salutar, vamos discutir melhor o assunto. Leiam minha missiva: “TIRANIA CORTEJADA - O editorial “Nossa Opinião” do BD de ontem, 25/08 comete erros grosseiros. Não dá para colocar no mesmo balaio as ditaduras cruéis e sanguinárias do Egito, Síria e Líbia ao lado do que ocorre em Cuba. Na pequena ilha um embargo e algo valoroso, de pura resistência. Um povo com muita escolaridade, saúde impecável e sem fome, algo inimaginável em qualquer outro do mundo capitalista. O Brasil de Lula cortejou a Líbia, Síria e Irã, com interesses comerciais. Outros tantos o fazem com piores ditaduras, como com a Arábia Saudita, sem o mesmo rigor de cobrança. O Brasil não contraria os EUA, ele é soberano e livre, algo impensável até anos atrás. O país que mais desrespeita os Direitos Humanos mundo afora são os EUA. Saímos sim, de duas cruéis ditaduras internas, mas vivemos outras, pouco tocadas, a econômica, onde existe tudo, mas poucos podem usufruir disso e a da informação, quando grupos familiares colocam em circulação somente o que lhe interessam, sem nenhum apreço se isso é a informação correta. Essas precisam ser combatidas já, pois formam gerações de pessoas com a mentalidade distorcida e falseada de sua realidade”.
Na parte da tarde, uma escapada mais do que rápida e vou ver, para mim, um dos grandes acontecimentos do dia, o Encontro na Câmara Municipal, proposto pelo vereador Roque Ferreira, com trabalhadores rurais ligados ao MST e suas lideranças, logo após serem desalojados de uma fazenda em Borebi, ocupada ilegalmente pela Cutrale, propriedade da União, mas que juízes insistem em favorecer o sucoleiro e não os trabalhadores. Gente em vermelho, bandeiras do movimento ocupando todos os dois lados da praça D Pedro II e dentro da Câmara gente a desfilar o rosário das desventuras da luta pela reforma agrária no Brasil. O que mais me chama a atenção foi o comentário ouvido de alguém envolvido com a organização do movimento: “Acredite que um assessor local veio me chamar de louco por trazer esse pessoal cheirando ruim aqui para dentro”. O povo cheira e isso incomoda, esse pior ainda, pois cheira e cutuca, instiga e cobra o que lhe é de direito. E esses têm medo, pois vejo que a direção da Câmara coloca um PM na porta da sala da presidência. Acharam que o local seria também ocupado? Como gosto de ver as ações do MST, nosso único movimento social em funcionamento. O caso de Borebi merece um destaque maior, pois ali o próprio Incra não se cansa de falar que as terras não pertencem ao grupo Cutrale. Mas as decisões da Justiça continuam lhe sendo favoráveis. Até quando? Do acontecido, digo que me serve como injeção de ânimo, ver a ação desses bravos brasileiros, como essa linda senhora na porta da Câmara, ela vinda de Ilha Solteira, um alento de que nada ainda está totalmente perdido. Da tribuna ouço um dizer: “Vamos conquistar as Câmaras da região com a nossa causa e levar atos iguais a esse pela região, diminuindo o conservadorismo existente por esses lados do Estado”. Acho difícil, um sonho e Bauru um caso a parte, pois possui um vereador como Roque (só ele estava lá, nenhum outro foi conquistado para a causa) e assim se sucede na região. O conservadorismo prevalece e a olhos vistos. Mas, por sorte, o MST não desiste. O MST com seus atos me faz ganhar o dia, me recarregam a bateria.
No JC de ontem estampado em sua primeira página algo sobre um show a acontecer na cidade. Foto grande de um encontro de sertanojos, duas duplas, como se isso representasse algo de valioso. O bom mesmo foi noticiado pelo jornal numa página interna do seu caderno cultural, a terceira, o show “O Fino da Bossa e sua História – Adylson Godoy convida Jair Rodrigues e Adriana Godoy”, revivendo um memorável encontro entre Jair e Elis ocorrido nos anos 60 e sob a batuta de Adylson. Sem foto na capa é para lá que fui, pois isso sim pode ser considerado um encontro de Titãs. O SESC estava bombando, ótimo. Do piano de Adylson e sua banda tudo de bom, de Jair improvisações mil e de Adriana uma voz a ser escutada com mais esmero. Eu, Aldo Wellicham, Ademir Elias, Wellington Leite e esposa gostamos mesmo é do momento em que Jair chama ao palco um tal de Nino, morador de Jaú e ficamos sabendo que foi ele o grande incentivador de sua carreira. Show terminado vamos conhecer o Nino, um nada modesto prof dr Antônio Galdino Grillo, professor Nino de Redação e Letras, baterista com uma história monumental, já tendo tocado com Dick Farney e até com Dizzy Gillespie. Escala de memória um timaço do XV de Jaú dos anos 60 e trocamos figurinhas até quase os funcionários apagarem a luz. A professora Ana Guedes também foi prestar reverência ao melhor momento do show. Ele merece um alongado escrito só para ele e o farei em breve, após conhecer mais sobre essa pessoa a me fazer ganhar a noite. O show que era do Adylson foi transformado na noite do Nino. O gravei em dois momentos. Um apresento aqui e agora, o outro para breve.
Obs.: As fotos todas são minhas e tiradas na Câmara de Vereadores e no SESC.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
MÚSICA BRASILEIRA PARA PORTENHOS
Algo estranho no ar, no dial de uma rádio da capital portenha. Em Buenos Aires, a FM Urquiza (http://www.fmurquiza.com/ ) mantém há exatos 20 anos, comemorados em 06/08/2011, um programa idealizado por um apaixonado pela música latina, em especial a brasileira. Seu nome, José Luis Ajzenmesser, 63 anos e a irradiar todas as terças e sextas, das 16 às 20h, o La Guagua (http://www.laguagua.com.ar/ ). Dentro deste algo inédito por lá: um cantinho só para música brasileira, sempre das 18h às 20h. Um feito e tanto, comemorado com a devida pompa, principalmente no Brasil, entre seus já cativos ouvintes e fervorosos fãs.
Sua coleção de discos suplanta a de famosos colecionadores nacionais e ocupa boa parte da sala e todo um quarto do seu apartamento. Material catalogado, tem de tudo e conhece cada detalhe da maioria deles. Diante de um fã brasileiro de João Bosco pergunta: “Tens tudo dele?”. Diante da resposta positiva, instiga: “Terias este?” e mostra um gravado em 2009 na Suécia. Não faz isso por pedantismo, longe disso. Chega ao ponto de ter-se magoado quando João esteve numa apresentação na cidade e colocado no meio de outros artistas, precedendo a canadense Diane Krall, foi apupado por um público que não o conhecia. Anos depois o cantor voltou à cidade e recebeu de José Luis pessoalmente uma espécie de desculpas. E continua tocando João de forma desmedida no programa.
“A Urquiza toca o que as outras rádios deixaram de mostrar ao ouvinte buenarista já faz tempo. Por aqui, jazz, blues e clássicos de hoje e ontem. Isso é raro de se ouvir aqui e no meu caso, faço mais, apresento a eles a música brasileira. Música e entrevistas, pois pesquiso, vou ao Brasil para entrevistas e quando os músicos vem aqui, passam pelo programa ou os persigo por onde estejam”, diz o entusiasta radialista.
O interesse começou na juventude, quando escutava João Gilberto, Simonal, Miltinho e coisas da Bossa Nova. “Nessa época as rádios argentinas difundiam música do mundo todo, desde jazz, francesa e brasileira. Com 12, 13 anos, comecei a comprar discos e não parei mais. Numa época o fiz só com música negra, por causa da percussão e o interesse pela brasileira veio daí. Sempre gostei da batida. Com 17 anos trabalhei como disc jockey em festas privadas, me formei em Arquitetura, mas nunca abandonei o gosto musical. Em todas minhas viagens sempre comprava muitos discos. Nos anos 90 dei meus primeiros passos dentro de uma rádio, daí não parei mais”, relata José Luis, falando um quase fluente português, influência do antigo gosto musical e da esposa, Mônica, que morou no Brasil muitos anos e hoje dá aulas da língua do país “hermano” para argentinos.
Conseguiu juntar toda a influência musical na montagem do La Guagua, aliás, o nome veio dessa miscelânea musical. O termo refere-se a um ônibus no Caribe, onde cabe de tudo um pouco, cada passageiro representando algo distinto, igual ao programa. A diferença, segundo ele, é na seleção do que entra no seu ônibus musical. “Essa rádio, esse tipo de programação se perdeu. A forma de expressão já não é a mesma nem aqui, nem no Brasil. Resisto e agrado inovando, tocando e trazendo o músico para falar de sua vida e trabalho. Veja os nomes, Wilson das Neves, Chico Batera, Joyce, Dori Caymmi, Guinga, Paulinho da Viola, Mônica Salmaso, Paulo Moura e tantos outros já passaram pelo programa”.
O profundo conhecimento da música brasileira é derivado de muita pesquisa, um trabalho incessante e constante. Trata-se de um investigador e ele não é modesto, afirmando que seu trabalho é o mesmo do já foi feito um dia por Villa Lobos, Garoto, Jacob do Bandolim e Radamés Gnattali. “Rui Castro foi muito importante para mim. O conheço há uns dez anos e me ensinou a conhecer as origens da Bossa Nova como movimento de samba. Ela não é jazz, é puro samba. Na última visita ao Brasil levamos Tito Madi a um piano bar no Leblon e ele, mesmo em recuperação de um AVC, cantou e até tocou. Foi um dos mais empolgantes programas que já apresentei”, relata emocionado.
Mas não é fácil a vida do La Guagua, contando com poucos patrocinadores. Uma sobrevivência difícil e espinhosa, pois segundo ele: “Os apoios na Argentina são raros. O produto que tenho não é para todo mundo, portanto, de pouca venda. É um programa de música popular não popularizada. É uma música que existiu, ainda existe, mas ninguém divulga. O dial hoje é autoritário, de mão única. O gosto existe, o bom e o mau gosto e o ouvinte não consegue mais conhecer e gostar de música, pois hoje não consegue comparar, tendo poucas possibilidades de escutar a verdadeira. O que toca na Argentina é pago, como vocês dizem, pelo jabá. E me dizem ser um utópata, um doente de utopias, pois persigo o que não posso alcançar”. Mesmo descrente, os ouvintes surgem de todos os lados, tanto nos telefonemas durante o programa, como nas cartas e CDs recebidos diariamente em sua casa, oriundos de todos os cantos do continente. Uma clara demonstração de que, mesmo sem nenhuma pesquisa de audiência, ela deve ser grande e a baixa potência da emissora, de no máximo uns 30, 40 quarteirões, nenhum impeditivo, pois a grande repercussão, ele sabe, é a oriunda via internet.
José Luis paga para manter seu programa no ar e assim sendo impõe algo: “Você quer me escutar, fique. Não quer mude o dial. Se não quer tem todo o direito de dar uma volta no ponteiro, mas eu sei que não irão encontrar quase mais nada”. A melhor denominação para o programa é tratá-lo como se fosse um oásis, pois viceja numa espécie de deserto. “Um deserto sem água e o que irradio uma gota na imensidão do oceano. É o mesmo que ir ao mar e urinar. O que isso agrega ao mar? Nada, esse o La Guaga, mas eu vou em frente, não existe outro caminho”, conclui. Alguns iguais a ele tentam nesse momento ampliar o intercâmbio cultural entre os países latinos, projetos desconhecidos de sonhadoras pessoas e fazem algo por um simples motivo, tudo pela música e para a música. Reconhecidamente, utópatas.
OBS.: Essa entrevista foi gravada em Buenos Aires nos dias 28 e 29/07/2011, respectivamente, na residência do radialista e estúdio da FM Urquiza.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
RECLUSO, MAS QUERENDO DAR UMAS ESCAPADINHAS... MAS AONDE?
Estou DETIDO essa semana. Recluso e confinado aqui dentro do meu mafuento espaço, tento terminar as maltraçadas do livro que escrevo junto do amigo Fausto Bergocce sobre a cidade de Reginópolis. Após mais de um ano de idas e vindas tudo precisa ser definido até esse final de semana. O prazo está mais do que findado, faltando a entrega do meu texto, que faço em conta-gotas para revisor e diagramador. Deixo de circular pela cidade. Ontem mesmo tinha show da filha de B. B. King no SESC, na terça abertura de Exposição do Nicolielo no Templo, amigo Neto tocando lá no Saudosa Maloca e a abertura de Exposição na Galeria do Teatro, a “Voz Travestida”, com fotos de drags e travestis, abrindo a Semana da Diversidade. Não fui em nada disso. Priorizei ficar defronte essa telinha de computador e nem sei se conseguirei sair para o que se avizinha.
1. Hoje no Templo Bar o lançamento de mais uma HQ do cartunista GUSTAVO DUARTE, dessa vez o “BIRDS”, onde o irriquieto artista do traço adentra o campo minado do terror misturado ao humor. Recheado de citações de filmes do gênero, as 32 páginas devem ser pra lá de saborosas e não sei se vou conseguir deixar de lá estar. Mais do Gustavo no seu site: http://mangabastudios.blog.uol.com.br/
2. Saí do SM Cultura no fim do governo Tuga (começo de 2009), mas até hoje sou lembrado. Ouço meu nome na FM 94, no InformaSom, hoje pela manhã no momento em que o Museu Ferroviário Regional de Bauru está a comemorar seus 22 anos. Propiciamos uma Expo do Museu lá no espaço da rádio em 2008. Me alegra meu nome continuar vinculado ao museu, pois é a certeza de ter deixado algo de bom por lá. Hoje o começo de uma programação (cliquem ao lado que ela ficará grandona) a lembrar a data e algo com as telas de Vivaldo Pitta, o Grupo de Catira (hoje capitaneado por Lázaro Carneiro), culminando com os passeios da Maria Fumaça no próximo domingo. Mais informações no: http://www.bauru.sp.gov.br/Materia.aspx?idnews=5454
3. Hoje também algo lá pelos lados da USC, a “universidade das irmãs” (as do Sagrado Coração, onde fiz História). Recebo um convite de um amigo professor: “Olá, Henrique! Conto com sua presença hoje à noite na USC. Faremos uma mesa para apresentar alguns pontos relevantes sobre o nosso bioma e denunciando a articulação política criminosa que estão empreendendo neste momento em nossa cidade. Vamos passar um abaixo-assinado e encaminhar para a Câmara em seguida. Se puder fazer um apelo em seu blog, será ótimo! Silvio M. Max”. Os cursos e os alunos de Ciências Biológicas, Filosofia, Engenharia Ambiental, História, Relações Públicas e Jornalismo promoverão uma palestra às 19h, no Anfiteatro E1, para discutir a importância da preservação do Cerrado, no município de Bauru. Mais detalhes no http://www.facebook.com/juliana.desouza2/posts/182331401838882?cmntid=182332968505392
4. Amanhã, sexta, 26/08, na Arena Externa junto ao Centro Cultural, ali na Nações Unidas, a realização de algo a balançar alicerces nas estruturas culturais da cidade: MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DO MOVIMENTO CULTURA EM BAURU, com propostas mais do que sérias de revisão na forma de fazer cultura. Uma realização do Enxame Coletivo (http://www.enxamecoletivo.org/ ), capitaneado por Artur Faleiros e Taís Capelini e com participação já confirmada de muita gente do meio artístico municipal.
5. O CINE CLUBE ALDIRE PEREIRA GUEDES continua seu ciclo de filmes na sede nova e divulga no novo site: “Até que enfim tá pronto, Vejam o que acham e façam comentários... Falta um pouco de conteúdo. Vou inserir aos poucos, ok... Mas a idéia está colocada. Aguardo comentários no http://www.cineclubealdire.blogspot.com// Ivan Meneses - twitter.com/ivanambiental.
Mais eventos para os próximos dias e de minha parte uma tristeza infinita, pois nos dois citados a seguir gostaria imensamente de estar presente, mas não poderei, pois viajo à trabalho de 27 a 31/08 para Florianópolis. Um dos eventos que muito me agradaria estar presente é o envolvendo a inauguração da Praça Mestre Bimba, dia 27 e 28/08, coordenadas pelo amigo ALBERTO DA CAPOEIRA. Confirmadas presenças ilustres do mundo da capoeira e perderei isso tudo, uma pena. Outro evento o a envolver meu amigo do peito, SIVALDO CAMARGO, mestre no ofício da dança lá na SM Cultura e que nos dias 30 e 31/08 estarão reabrindo o Teatro Municipal em grande pompa após reforma, com a apresentação de CARMEN, DE BIZET, numa recriação bauruense, só com gente daqui e mais que isso, a possibilidade de ver in loco Sivaldo de sapatilhas no palco (escrevo mais disso no dia da estréia). Bato a cabeça na parede por perder essa rara oportunidade. Outras virão, com certeza.