INTERVENÇÕES SUPER-HERÓI BAURUENSE (10) e DICAS (80) Nada contra a bela festa programada pelo prefeito Rodrigo Agostinho para comemorar os 115 anos de Bauru. Ela ocorre no lugar mais nobre da cidade para eventos dessa natureza e seu ponto mais positivo é a valorização do artista local, colocado em destaque na programação. O local já é conhecido e a convergência para o Parque Vitória Régia algo feito quase que naturalmente. Algo também poderia ser pensado na diversificação dos espaços, deslocando muitas atividades para a periferia da cidade, pensando no não deslocamento das pessoas de suas regiões e sim, em levar algo até eles. É o tal do “artista ir onde o povo está”, que Milton Nascimento cantou brilhantemente numa música. O GUARDIÃO, o super-herói bauruense, criação do desenhista Leandro Gonçalez (http://www.desenhogoncalez.blogspot.com/ ) e com uns pitacos desse mafuento blogueiro adora festas como essas, mas deixa só um lembrete em forma de súplica para todos os envolvidos nas questões municipais, a da existência de uma infinidade de assuntos sérios para serem discutidos na seqüência. A festa é uma espécie de trégua disso tudo e um recarregar de energias para que se comece, já a partir de amanhã a discutir esses outros assuntos. E eles são tantos e precisam tanto de urgente solução.
ORGULHOS DE BAURU - ONTEM, HOJE E SEMPRE*
*Em 20/07, a jornalista Lidiane Oliveira pediu para que respondesse por e-mail a essa indagação dos orgulhos de Bauru, para ser incluída em matéria do diário BOM DIA, que circularia hoje, 01/08, aniversário da cidade. O fiz de forma alongada e muito do que escrevi está aproveitado em dois textos publicados na revista “Bauru 115 Anos – 30 Motivos para se apaixonar pela cidade”, o “A Bauru de ontem” e a “Bauru de amanhã”. Abaixo o texto enviado à jornalista na sua íntegra:
“Gosto de viajar nas vias contrárias a de muitos a se dizerem progressistas na cidade.
Um dos orgulhos de ONTEM, sem sombras de dúvidas foi termos tido dois ícones do passado instalados aqui na cidade. O primeiro foi o mais famoso entroncamento ferroviário brasileiro, reunindo três ferrovias, a Noroeste, Paulista e Sorocabana e nos escancarando as portas para a América Latina, com o denominado Trem da Morte, que saia daqui e ia até a Bolívia. Viam-se latinos de muitos países pela cidade, uma latinidade impossível hoje em dia. O outro ícone foi que o mais famoso bordel da América Latina, o Eni's Bar é de Bauru, sendo ponto de encontro de toda uma geração ligada no sexo pago e com refino, com "catiguria". Motivo de orgulho para uns e de escárnio para outros, o fato é que ela, a dona Eni, além da atividade que mantinha, foi uma das maiores e generosas filantropas da cidade, atividade mantida até quando pode e não reconhecida com o devido valor pela cidade, quando parte desta virou-lhe as costas. Falta o algo mais no reconhecimento da importância dela para a cidade.
O orgulho de HOJE é algo ainda pouco percebido pela maioria das pessoas do interior paulista. Vive-se aqui uma diversidade cultural não existente na maioria das cidades brasileiras. Faz-se de tudo um pouco e, na maioria das vezes, com baixo custo. Temos atividades bancadas por órgãos públicos, de qualidade reconhecida e tendo como ícone durante décadas o SESC, mantendo shows, eventos e atividades culturais, numa espécie de exemplo a ser seguido por todas as instituições voltadas para o lazer do cidadão. Para comprovar isso basta dar uma espiada no que é oferecido de cultura de qualidade nas cidades da região e cai-se a ficha, Bauru ainda mantém um padrão acima da média. O SESC nosso maior diferencial, o de qualidade, claro.
O orgulho de AMANHÃ é um sonho, um grande sonho, o dos dirigentes políticos, empresariais e culturais da cidade voltarem seus olhos para o cidadão de Bauru. Muito do que é oferecido culturalmente para a população da cidade hoje ainda é feito pensando somente num segmento, atendendo gostos de uma parcela da população. A Expo Bauru é um exemplo disso, pois na programação desse ano, uma das poucas feitas de forma gratuita para a população ainda privilegia algo de gosto duvidoso e parece desconhecer ou não reconhecer a existência de uma diversidade cultural na cidade. Quando reclamamos da falta de cultura, dos gostos ruins, de se ouvir somente um tipo de música, pouco se tem refletido sobre as culpas de cada um. Eis uma, pois quando se existe a possibilidade de promoção de algo para a grande maioria, tudo não é pensado coletivamente e o reproduzido ainda permanece o a favorecer somente alguns. Imagine uma gana de atividades e possibilidades sendo estendido a todas as camadas da população, indistintamente e de forma igualitária. Um sonho, possível, mas distante, muito distante”.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Olá Henrique, tudo bem?
Eu penso que Bauru está precisando de uma política de lazer mais consistente. Pois é através dela que podemos trabalhar com a população e não para a população. Por exemplo, quando se fala em levar um show ou uma quadra de esportes para um determinado bairro, parece que a coisa vai como esmola e invariavelmente é de segunda classe. Além disso, como a população nunca é ouvida, o show pode ser um fracasso e a quadra de esportes pode ser depredada rapidamente porque não era o que a população queria para o seu bairro.
Trabalhar com a população envolve planejamento e, através do lazer você pode obter resultados interressantes em termos de educação. Se essa festa dos 115 anos fosse preparada junto com a população, provavelmente ela seria diferente dessa que todos os anos se repete da mesma maneira. Onde essa festa é discutida e preparada? Vc sabe onde, ou seja, bem longe do povo. Ai vem o levar, o oferecer isso e aquilo para a população, mas será que são essas atrações que o povo está querendo?
Além disso a população tem que ser educada para o lazer e pelo lazer. Para o lazer é quando ela é preparada para apreciar uma obra de arte, quando ela sabe se comportar num evento como esse do "Parque" Vitória Régia, por exemplo. A guerra do cerol com a polícia correndo atrás de pipas não aconteceria se a população estivesse preparada (educada) para apreciar e vivenciar eventos de lazer. E pelo lazer é quando, através de uma atividade de lazer você passa conhecimentos sobre saúde, preservação do meio ambiente, reciclagem de materiais, dicas de jardinagem, cursos de bordados, dentre outros.
O assunto é longo. O livro Políticas Públicas de Lazer, do Prof. Nelson Carvalho Marcellino é uma boa dica para quem quer se informar sobre o assunto.
Descrição:
A partir da Constituição de 1988, o lazer passou a ser direito social de todos os cidadãos brasileiros. Foi assegurado também, praticamente, em todas as constituições estaduais e leis orgânicas de municípios de nosso país. Muito ainda precisa ser feito antes que o lazer seja vivido, plenamente, como um direito social pela nossa população; para que o Sistema Nacional de Esporte e Lazer se consolide e funcione, ou para que o lazer torne-se um programa de governo, ligado a uma Secretaria Especial, por exemplo. Este livro surge para contribuir na reflexão da complexa tarefa de formulação de políticas públicas setoriais na área de lazer. Além disso, também procura oferecer material para discussão aos muitos cursos, de Educação Física, Turismo, Administração e outros, que vêm adotando em seus currículos a disciplina de Políticas Públicas do Lazer.
Um abraço.
Egberto - ex Bauru Chic.
* O Marcellino trabalhou com sucesso em muitas prefeituras petistas. Quem sabe a nossa vice-prefeita possa contrata-lo para implantar uma política de lazer mais consistente para a nossa cidade.
caro Egberto e Henrique:
Ia fazer um outro comentário por aqui, mas ao me deparar com o do querido Egberto (que falta nos faz o seu Bauru Chic, o melhor bauru de Bauru), faço outro.
O Henrique não foi ao cerne da questão, você foi e afirmo ter sido de uma rara felicidade. Não desmerece o produzido, mas toca nas feridas mais do que expostas. A falta de critérios para a produção cultural e de lazer na maioria das cidades brasileiras. E mais que isso, não fica só na crítica, sugere opções.
Grandioso. Esse seu texto é merecedor de uma divulgação e uma melhor exposição, para que dele possa surgir uma discussão mais ampla sobre tema, que aparentemente é inferior, mas não, pois refere-se à forma como o poder público direciona suas atividades nesse campo na cidade.
Confesso, foi de tudo o que vi sobre as festanças dos 115 anos o que mais me impressionou. Parabéns, Egberto.
Daniel Carbone
HENRIQUE, e o DAE ? Minha conta foi astronômica...Cadê o nosso Guardião ?
MURICY
“Que país é este,
que junta milhões numa marcha gay,
milhões numa marcha evangélica, muitas gente numa marcha
a favor da maconha,
mas que não se mobiliza
contra a corrupção?”
(Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País)
somos merda e produzimos merda e nada fazemos para sair da merda
Postar um comentário