sábado, 20 de agosto de 2011

OS QUE FAZEM FALTA E OS QUE SOBRARAM (24)

A REALIZAÇÃO DE UM SONHO: CONHECER A SEDE DO PÁGINA 12, JORNAL DE ESQUERDA ARGENTINO
Conheci Buenos Aires, na Argentina pela primeira vez em 2007. Minha ida já mereceu um relato aqui. Fui por causa de um grande comício do venezuelano Hugo Chávez no Ferrocarril, enquanto o presidente norte-americano Bush fazia algo similar ao lado, em Montevidéu. Produzi um texto que foi publicado na revista Carta Capital. Todos os quatro dias que por lá passei, comprei, li e trouxe de recordação algo grandioso, um jornal de esquerda e de circulação nacional. Ele me chamou a atenção logo de cara, na comparação que fiz com os demais do país e caiu nas minhas graças. Não conseguia entender como na Argentina isso era possível e aqui no Brasil não. No retorno passei a lê-lo todos os dias via internet, fiz um cadastro e desde então passo a receber pontualmente 6h da manhã um e-mail com o jornal na versão internética. Façam as contas, são cinco anos onde recebo de forma ininterrupta essa versão, a abro no computador e dou uma espiada nos grandes temas, alguns articulistas em especial e principalmente a tira do Rep e a charge do Daniel Páz. Coleciono as tiras do Rep, junto as melhores numa pasta no meu computador, pois o desenhista e muralista é dos mais antenados. As capas do jornal são de uma criatividade excelente e tudo por lá me chama muito a atenção. Sou um viciado declarado, dependente do Página 12 (http://www.pagina12.com.ar/ ).

E aí vou passar uma semana em Buenos Aires no final de julho. Realizo um grande sonho, fui conhecer a redação do jornal, um dos ícones QUE SOBRARAM a me orgulhar nesse globalizado mundo . A companheira Ana foi para seu Congresso no bairro de Palermo, eu e o filho pegamos um táxi e peço ao motorista: “Me leve para a rua Solis 1525, a sede do Página 12”. Pagamos R$ 20 pesos.Eu, que posso me considerar um macaco velho nesse quesito de jornal, devia mais do que saber que redação de jornal nenhum do mundo funciona na parte da manhã. E lá não foi diferente. Descemos, somos atendidos por um senhor simpático na portaria e a triste notícia, ninguém na redação. Tiro fotos no saguão e na redação, mas não consigo papear com nenhum jornalista. Ganho a edição do dia, quarta, 27/07/2011 e uma dica interessante. Havia dito a ele do meu interesse em comprar uns mimos do jornal e que havia lido sobre o Kiosko 12, um local num outro endereço, uma espécie de loja com produtos patrocinados pelo jornal. Pela indicação seriam três quadras para baixo e seguir em frente mais doze quarteirões. E fomos caminhar, logo na primeira virada de esquina uma surpresa, quando nos deparamos com algo muito comum por aqui, prostitutas e travestis na rua, mesmo com o frio. Passamos reto e no caminho, muitas fotos.

Não demorou muito e chegamos ao indicado num bilhete: “San Jose 210, esquina Alsina, fone 43810253”. Atendidos por uma simpática senhora, fico a fuçar a antiga coleção de jornais encadernados e a papear sobre a história do jornal. O filho logo de cara fica encantado com uma coleção da revista Fierro, que sai mensalmente encadernada e é sobre a HQ argentina. Tenho alguns exemplares e havia fala do a ele sobre a revista. Foi bater os olhos e queria trazer todas. Ficou a selecionar as mais sugestivas e por fim, comprou com desconto quinze edições. Eu ganhei a agenda anual do Rep com suas ilustrações e tudo por causa de já termos passado do meio do ano. Economia de R$ 20 pesos. Foi um belo brinde. Ganhei outros. A edição “La contracapa – 24 años – Ilevando la conta”, com os os textos de última página do jornal, que recebem esse nome, Contracapa e trazem nomes expressivo das letras argentinas. Serão textos para exercitar de fato meu castelhano. Ao manusear a coleção “De memória – Testemunhos, textos e obras sobre o terrorismo de estado na Argentina”, a coleção completa seriam 3 CDs e como faltava um, ganhei os dois. Comprei quatro CDs, o “Canciones de um cassete perdido”, versão ao vivo de Léon Gieco (1981/82), o “Em vivo canta a Pablo Neruda”, de Victo Heredia (2002) e mais dois, o “1º e o 2º Premio Carnaval Del Uruguay – Curtidores Sicodelia e Agarrate Catalina” (2006), esses versões teatralizadas de um carnaval com música e muito texto. Vibrei com uma versão sobre a Copa do Mundo e outra numa paródia sobre Chávez, sem a pilhéria que estamos acostumados. Paguei R$ 10 pesos cada.

Saímos os dois com nossos pacotes. Essas nossas compras na Argentina CDs e livros. Descobrimos ali ao lado um restaurante simpático, cara de coisa barata, com ilustrações da comida do lado externo e preços convidativos. “Leblón Café & Bar”, onde gastamos entre os dois R$ 60 pesos e tomamos dois refrigerantes locais, uma soda “Paso de los Toros” e outro parecido com a nossa Fanta. De lá fomos conhecer a sede da organização de esquerda, Madres da Praça de Maio, da líder Hebe (a única que respeito) de Bonafini, mas isso é história para outro texto. De lá uma breve caminhada em uma estação de metrô, que para eles é o “Subte”, R$ 1,10 pesos cada e em poucos minutos estávamos ao lado do Obelisco e do hotel onde estávamos hospedados, o Liberty, na avenida Corrientes.
PS: Não se assustem, pois é essa minha forma de fazer turismo e a de consumismo desenfreado. Algo me encanta nisso tudo e comparo os brindes oferecidos pelos jornalões brasileiros e os do Página 12, com livros, CDs, DVDs e uma Revista de HQ, tudo de acordo com a ideologia dos seus leitores. É um dos meus favoritos.

Um comentário:

Anônimo disse...

meu caro amigo

esse seu blog poderia se chamar Mafuá do Viajante HPA, pois não para mais em Bauru. Vida boa, hem???

li lá atrás sobre a camiseta que quer fazer com a fisionomia da cristina, a presidente argentina e vou tentar desenhá-la daquela pequena ilustração.

passe aqui semana que vem que te entrego o desenho pronto e depois quero ver estampado na camiseta.

é meu presente para ti

Daniel