ALFINETADA (89) e UMA FRASE (79)
A CULTURA QUE TEMOS E A QUE PRECISAMOS – publicado no semanário O Alfinete, de Pirajuí SP, edição 645 de 06/08/2011
Vamos falar um pouco de cultura? É disso que quero escrevinhar hoje, mas de uma cultura municipal, a oferecida pela maioria das Prefeituras aos seus munícipes. Antes de tudo comento algo ocorrido aqui em Bauru em três distintos eventos.
No primeiro, um evento fechado da Unimed, a festa de 40 anos da instituição e além de um jantar, um show e o escolhido foi João Bosco. O original, o que canta sozinho, parceiro de Aldir Blanc, nosso maior letrista e não um que engana junto de um tal de Vinicius, esse passando bem longe de outro com o mesmo nome, outro original, o de Moraes. Escrevi escolhido porque o evento ocorreu fechado, só para médicos e teve a participação destes na escolha de quem faria o show da noite. Feita uma enquete entre eles, o agraciado foi João Bosco. Deve ter sido um show impecável e bato palmas para os médicos pela escolha. Acertaram em cheio.
Num segundo momento informo que começa essa semana aqui em Bauru mais uma Expo Rural, uma que tem shows agendados para a semana toda e na grande maioria com entrada gratuita. A organização do evento a portas fechadas escolheu os nomes dos shows e não me atrevo a escrevê-los, tal o desgosto (ou seria mal gosto?) na escolha. Ninguém a representar a nossa gloriosa MPB, só personagens descartáveis do segmento serta-brega e pop-roça. Perdi a vontade de circular por aquelas bandas já faz um tempo, pois não sendo criador de gado, iria somente para presenciar shows, mas tendo só algo desprezível, prefiro permanecer em casa.
Por fim, um breve comentário sobre a Festa dos 115 anos de Bauru, com vários shows de artistas locais e um de renome nacional, Jorge Aragão. Gostei da preferência pela música local, mas quando a mesma ocorre algo precisa ser levado em consideração: não se pode colocar grupo de estilos muito distintos um na seqüência do outro. Na maioria das vezes o público é diferente, não se bicam e o mínimo é um não entendimento musical. Na escolha do Aragão, um questionamento a servir para todos os prefeitos contratando artistas para shows em suas praças: A cultura que o povo recebe é a que ele quer e precisa? Algum administrador já pensou algum dia em consultar a comunidades sobre o que gostaria de presenciar em sua cidade?
Por isso louvo a atitude da administração da Unimed. Ouviu os seus antes de trazer um artista. E mais que isso: Criticamos muito o mal gosto a imperar nos meios de comunicação e quando se tem a condição de contratar alguém, acaba-se na maioria das vezes trazendo exatamente aquele considerado ruim. Poucos inovam e trazem novidades, música de boa qualidade, sem aqueles refrões bestiais de duplo sentido e letras sem pé nem cabeça.
OBSERVAÇÃO PARA FINAL DE TEXTO – UMA SALUTAR E PRECISA FRASE e A JAM SESSIAN NO CERRADO: Conheci um vetusto senhor, mais um a labutar pelas ruas, com mais de 60 anos, saindo diariamente de sua casa com uma sacola cheia de doces para vender e o faz por R$ 1 real cada. Dia desses presenciando uma conversa entre amigos sobre as bestialidades da Expo Bauru disse-nos que tinha uma frase a defini-la. Todos param e de sua boca algo com a melhor definição do local: “A EXPO É BOSTA NO CHÃO E MERDA NO PALCO”. Um filósofo, com um poder de síntese que nenhum do grupo havia tido. Disse mais e boquiabertos ficamos todos com sua: “Não sei como pode uma pessoa normal, com seus neurônios no lugar gostar de algo como esse Luan Santana. Quantos anos não serão necessários de intenso trabalho para reverter o estrago feito?”. Mais não foi preciso dizer, abraçado por todos. Lembro a que a Expo Jaú, ocorrendo na mesma data que a de Bauru, tem uma programação parecida, mas preserva duas coisas, um show de MPB, que nesse ano foi com Titãs, dia 06/8 e uma noite de Viola, 09/08, onde se toca música de raiz. E aqui, por que nada disso ocorre?
Por fim, na noite de quarta, enquanto mais um show daqueles que os organizadores ganham muito dinheiro, mas não tem coragem de assistir rolava no palco da Expo (eu os vejo nos shows de qualidade na cidade), no SESC, no seu auditório, espaço para exatos 161 lugares ocorria o oposto, uma exibição gratuita de música da melhor qualidade: “GUINGA CONVIDA ANAÍ ROSA E ALEXANDRE RIBEIRO”. Um dos maiores violinistas do Brasil, apresentava a diletos bauruenses duas peças raras, a voz afinadíssima de Anaí e o excelente clarinetista, para em hora e meia deixarem todos boquiabertos das reais possibilidades de nossa música. Foi uma noite de arrasar quarteirão, para 161 mil decibéis, enquanto lia nos jornais que lá na Expo já passaram pelas catracas mais de 45 mil pessoas. Algo que não consigo entender, por que o maior jornal de circulação na cidade não deu uma linha sequer sobre esse show e nem outro no mesmo local, dia 01/08, com o MPB4? Qual seria o motivo... E para encerrar tudo com chave de ouro, ouço da voz de uma de nossas melhores cantores, Audren Victorio, também do AWÊ Trio, que a Prefeitura retorna ainda em setembro com o Música no Jardim Botânico, tendo já confirmados nomes como o do maestro George Vidal, Levi Ramiro e no encerramento do ano, Toninho Ferragutti. Nem tudo está devidamente perdido e como acordo mesmo cedo aos domingos, lá estarei a bater cartão.
OBS.: Todas as fotos a ilustrar esses musicais textos foram tiradas no show da Jam Sessiam no Cerrado, promovida pelo trio lá no SESC.
A CULTURA QUE TEMOS E A QUE PRECISAMOS – publicado no semanário O Alfinete, de Pirajuí SP, edição 645 de 06/08/2011
Vamos falar um pouco de cultura? É disso que quero escrevinhar hoje, mas de uma cultura municipal, a oferecida pela maioria das Prefeituras aos seus munícipes. Antes de tudo comento algo ocorrido aqui em Bauru em três distintos eventos.
No primeiro, um evento fechado da Unimed, a festa de 40 anos da instituição e além de um jantar, um show e o escolhido foi João Bosco. O original, o que canta sozinho, parceiro de Aldir Blanc, nosso maior letrista e não um que engana junto de um tal de Vinicius, esse passando bem longe de outro com o mesmo nome, outro original, o de Moraes. Escrevi escolhido porque o evento ocorreu fechado, só para médicos e teve a participação destes na escolha de quem faria o show da noite. Feita uma enquete entre eles, o agraciado foi João Bosco. Deve ter sido um show impecável e bato palmas para os médicos pela escolha. Acertaram em cheio.
Num segundo momento informo que começa essa semana aqui em Bauru mais uma Expo Rural, uma que tem shows agendados para a semana toda e na grande maioria com entrada gratuita. A organização do evento a portas fechadas escolheu os nomes dos shows e não me atrevo a escrevê-los, tal o desgosto (ou seria mal gosto?) na escolha. Ninguém a representar a nossa gloriosa MPB, só personagens descartáveis do segmento serta-brega e pop-roça. Perdi a vontade de circular por aquelas bandas já faz um tempo, pois não sendo criador de gado, iria somente para presenciar shows, mas tendo só algo desprezível, prefiro permanecer em casa.
Por fim, um breve comentário sobre a Festa dos 115 anos de Bauru, com vários shows de artistas locais e um de renome nacional, Jorge Aragão. Gostei da preferência pela música local, mas quando a mesma ocorre algo precisa ser levado em consideração: não se pode colocar grupo de estilos muito distintos um na seqüência do outro. Na maioria das vezes o público é diferente, não se bicam e o mínimo é um não entendimento musical. Na escolha do Aragão, um questionamento a servir para todos os prefeitos contratando artistas para shows em suas praças: A cultura que o povo recebe é a que ele quer e precisa? Algum administrador já pensou algum dia em consultar a comunidades sobre o que gostaria de presenciar em sua cidade?
Por isso louvo a atitude da administração da Unimed. Ouviu os seus antes de trazer um artista. E mais que isso: Criticamos muito o mal gosto a imperar nos meios de comunicação e quando se tem a condição de contratar alguém, acaba-se na maioria das vezes trazendo exatamente aquele considerado ruim. Poucos inovam e trazem novidades, música de boa qualidade, sem aqueles refrões bestiais de duplo sentido e letras sem pé nem cabeça.
OBSERVAÇÃO PARA FINAL DE TEXTO – UMA SALUTAR E PRECISA FRASE e A JAM SESSIAN NO CERRADO: Conheci um vetusto senhor, mais um a labutar pelas ruas, com mais de 60 anos, saindo diariamente de sua casa com uma sacola cheia de doces para vender e o faz por R$ 1 real cada. Dia desses presenciando uma conversa entre amigos sobre as bestialidades da Expo Bauru disse-nos que tinha uma frase a defini-la. Todos param e de sua boca algo com a melhor definição do local: “A EXPO É BOSTA NO CHÃO E MERDA NO PALCO”. Um filósofo, com um poder de síntese que nenhum do grupo havia tido. Disse mais e boquiabertos ficamos todos com sua: “Não sei como pode uma pessoa normal, com seus neurônios no lugar gostar de algo como esse Luan Santana. Quantos anos não serão necessários de intenso trabalho para reverter o estrago feito?”. Mais não foi preciso dizer, abraçado por todos. Lembro a que a Expo Jaú, ocorrendo na mesma data que a de Bauru, tem uma programação parecida, mas preserva duas coisas, um show de MPB, que nesse ano foi com Titãs, dia 06/8 e uma noite de Viola, 09/08, onde se toca música de raiz. E aqui, por que nada disso ocorre?
Por fim, na noite de quarta, enquanto mais um show daqueles que os organizadores ganham muito dinheiro, mas não tem coragem de assistir rolava no palco da Expo (eu os vejo nos shows de qualidade na cidade), no SESC, no seu auditório, espaço para exatos 161 lugares ocorria o oposto, uma exibição gratuita de música da melhor qualidade: “GUINGA CONVIDA ANAÍ ROSA E ALEXANDRE RIBEIRO”. Um dos maiores violinistas do Brasil, apresentava a diletos bauruenses duas peças raras, a voz afinadíssima de Anaí e o excelente clarinetista, para em hora e meia deixarem todos boquiabertos das reais possibilidades de nossa música. Foi uma noite de arrasar quarteirão, para 161 mil decibéis, enquanto lia nos jornais que lá na Expo já passaram pelas catracas mais de 45 mil pessoas. Algo que não consigo entender, por que o maior jornal de circulação na cidade não deu uma linha sequer sobre esse show e nem outro no mesmo local, dia 01/08, com o MPB4? Qual seria o motivo... E para encerrar tudo com chave de ouro, ouço da voz de uma de nossas melhores cantores, Audren Victorio, também do AWÊ Trio, que a Prefeitura retorna ainda em setembro com o Música no Jardim Botânico, tendo já confirmados nomes como o do maestro George Vidal, Levi Ramiro e no encerramento do ano, Toninho Ferragutti. Nem tudo está devidamente perdido e como acordo mesmo cedo aos domingos, lá estarei a bater cartão.
OBS.: Todas as fotos a ilustrar esses musicais textos foram tiradas no show da Jam Sessiam no Cerrado, promovida pelo trio lá no SESC.
10 comentários:
Henrique,
Gostei, mas permita-me uma observação, plausível e acredito, necessária. Voce diz sobre consultar a população para apresentar a ela a cultura que ela queira. Acredita que isso dará mesmo certo e será o mais correto? E se for consultar a população hoje, aquele público que aplaude em pé e joga calcinhas no palco para tipos como Luan Santana vão pedir o que? Eles só ouvem isso, meu caro Henrique. Não conhecem mais nada. Nada mais lhe é apresentado nas rádios e TVs. Não seria interessante os representantes do poder público mostrarem o algo novo, que voce mesmo diz. Seria uma forma da massa popular ter contato com o algo novo, que ainda desconhecem. Avalie isso.
Ma
Tenho outra definição, essa minha:
A EXPO É A FESTA DA BURGUESIA BANCADA PELOS POBRES.
Desculpe, meu caro, mas meu nome vc não vai saber, pois gravito cá e lá.
A.
Querido Henrique:
Mais uma vez... Parabéns pelas palavras e pelo rico pensamento, pois podes não ser criador de gado, mas és criador de narrativas construtivas, sem vergonha de ser feliz...
Abracitos.
Valéria A.
Oi Henrique!
É isso mesmo: produtores de show sertanejos ganham milhares de reais e nem param pra ver sua "obra". Já os produtores da música popular, penam, e só às vezes ganham algum dinheiro.
Que lógica é essa?
A matemática parece que está contra nós.
E não fico só nos shows: a TV Cultura está morrendo (de morte matada) nessa revoada de tucanos de tantos anos.
Rádios culturais também sofrem...
A força desse sertanejo pop se espalha pela América Latina.
Mas e o samba? E a bossa? Vão virar cerrado, meu caro. Vão quase sumir em nome de uma "indústria" pra serem preservados à força, através de leis inexequíveis.
Abração
W.Leite
Henrique, véio de guerra e sempre comprando suas briguinhas, onde elas estiverem:
Você escrever que os cvaras que patrocinam esses shows ruins não gostam disso e voce vê alguns deles assistindo cheios de entusiasmo show de boa música. Sabemos disso. O mundo da grana faz isso, o cara ganha grana com uma coisa e depois vai curtir o que gosta num outro canto. Merda, não?
Mas o que quero te dizer é outra coisa. Veja as fotos lá no JC, aquela página inteira com as fotos dos que passam pela Fazendinha. Perceba onde toca música boa por lá. Lá na Fazendinha. Todos os cantores bons da noite bauruense estão passando por lá. Lá tem tocado música boa, de qualidade reconhecida. Ali tá rolando MPB, dentro do reduto da música do mal, tem um cantinhjo rolando música do bem. Podem escrever o que for de lá, mas nas fotos percebi isso. E qual o sentido filosófico disso? Daria um tratado, não? Voce é bom disso. Destrinche aí.
André Ramos
Meu caro,
Sente e pense
Com a manchete do jornal de hoje, "Expo é recorde de público: 300 mil", quem está com a razão?
Eles e seus shows ou os que reclamam.
300 mil, meu caro, repito, 300 mil pessoas.
Lucas
E os nossos nobres vereadores? Onde é que eles estão? Em cima dos
touros? (Aldo Wellichan)
O Henrique e os que reclamam desta bosta o fazem pq sentam e pensam, por isso a razão de reclamar, como encontrar razão aonde não se pensa???
A maioria se aliena na bosta cultural pq é isso que os que coordenam a sociedade joga para as massas, pq se pensarem encontrarão a razão das mazelas e se revoltarão contra esta mesma sociedade, acha que um jovem de hj que quer mudar o mundo, vira um luan santana da vida, dando a bunda pra aparecer, vai mudar alguma coisa??? Se o meio social desse como antigamente a oportunidade de conhecerem a arte, pode ter certeza que o pé na bunda destes que detém o capital e organizam essa porcaria de evento onde alienam muitos e poucos ganham grana, sente e pense.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
SEU MARCOS
TU ÉS UM CHATO DE GALOCHA.
DEIXA EU CONTINUAR GOSTANDO DAS COISAS JOVENS E NÃO ME VENHA DAR SERMÃO, QUE NEM MEU PAI FAZ MAIS ISSO. SE GOSTO DE PORCARIA, NÃO ESTOU SOZINHO, SÃO 300 MIL. E VOCES QUANTOS SÃO?
LUCAS
É por isso q o país está como está, como argumentar com quem não sabe argumentar??? O dano cerebral é permanente, aliás parece que a covardia tb pq aqui tá cheio de gente q atira mas não se identifica, adoro debater mas com quem tenha um minimo de neuronios.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
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