MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (147, 148 E 149)
DOIS DEPUTADOS, O MESMO BRASIL – publicado diário bauruense BOM DIA, 15.10.2011
Algo muito complicado nesse país é uma denúncia de corrupção ter prosseguimento. Quando feita, uma incisividade de dar gosto e a impressão de que dessa vez o “bicho irá pegar” e um peixe graúdo foi mesmo fisgado. Os dias passam e a denúncia além de começar a cair no esquecimento é encoberta pelo surgimento de outras, algumas até mais escabrosas que a anterior e por vicejar nesse país um corre-corre de bastidores para tentar dar um conserto no estrago proporcionado. E nessa correria, sempre um algo a mais, ou seja, uma pressãozinha daqui, um cala-boca dali, um sumiço oportuno acolá e até casos de desmentidos, do tipo “não foi bem isso que eu quis dizer”. Já estamos mais do que acostumados a conviver com isso. No caso do deputado Barbieri PTB, morador de Birigui, observo que o encurralam num paredão e querem nomes e mais nomes dos tais deputados que supostamente vendem emendas parlamentares como se fosse pão ofertado em padaria. Ele resiste e ainda não revelou nome nenhum. Alguns devem estar com a pulga atrás da orelha. Aguarda-se os mesmos para uma verificação se isso não ocorreu aqui pelos lados de cidades da região. Aqui em Bauru o bicho pegou essa semana na votação pela Câmara de Vereadores da Fundação Regional de Saúde, que quer fazer as vezes do SUS, recheada de verba pública federal e com uma composição de fiscalização e execução muito da nebulosa. As entrelinhas do projeto demonstram que quem irá tomar conta de tudo será algo composto por Secretários de Saúde dos muitos municípios envolvidos. Incipiente e perigoso, pois a grande maioria possui ligação umbilical com o PSDB, partido governante do estado e do deputado estadual eleito pela região, Pedro Tobias. Bauru ainda não saiu de uma séria crise quando foram desviados milhões de verbas públicas na Associação Hospitalar de Bauru, cujo alguns assessores do deputado faziam parte. O deputado quando indagado sobre o assunto, disse ter sido traído e nada saber. Acredito, mas não acho recomendável ser criado algo tão grandioso antes de ser completamente finda a investigação sobre o que de fato ocorreu aqui pelos lados da AHB. Uma Fundação de Saúde, que não seja uma “AFUNDAÇÃO”, precisa ser construída de forma mais séria, com calma e o envolvimento de toda a comunidade. Não acredito existir outra forma. De cima para baixo, goela abaixo é inaceitável. Bauru resiste bravamente e o SUS idem.
NA BOCA DO SAPO – publicado diário bauruense BOM DIA, 22.10.2011
Quando não quero esquecer algo importante, marco num papel e prego na parede na minha frente e a cada nova olhada tudo me é reavivado. Farei isso com o texto dessa coluna e recomendo que o recortem (o BOM DIA poderia tracejar seu contorno com aquela tesourinha facilitando), pois nela algo para não cair no esquecimento, devendo ser motivo de eterna cobrança e vigilância. Cresci num mundo onde o Estado era o responsável pelas principais atividades envolvendo o ser humano e ele cumpria muito bem suas funções. Com a política neoliberal adentrando o campo de jogo, braço armado do capitalismo, uma reviravolta para pior. Por pura incompetência, o repasse para a iniciativa privada tomar conta de telefonia, luz, água, saúde, pedágios, etc. Na grande maioria das vezes, pagamos mais por um atendimento piorado. Uma festa com o dinheiro público quando do repasse e esse logo desaparece, como num passe de mágica, diluído pela máquina engolidora de grana. Tudo passa a ser administrado pela vontade de um empresário, atendimento via telefone, com longa espera e um digitar de teclas e mais teclas até ser ouvido. E toda vez que mais um segmento de nossas vidas adentra esse obscuro caminho, recomenda-se por precaução cruzar os dedos, depois começar a se preparar, pois algo a mais estará sendo anunciado nos próximos lances do negócio. Em Bauru, com a aprovação da famigerada Fundação Regional de Saúde, denominada sabiamente pelos manifestantes de Afundação, a maioria dos vereadores de Bauru votou pelo “sim” sem ao menos saber detalhes do que virá. Um “cheque em branco”, um “vai da valsa” na exatidão do termo. Os nomes dos propiciadores disso não podem cair no esquecimento. Se o cheque for bem utilizado, aplausos, mas do contrário, espezinhar cada um será normal. Cito os nomes dos responsáveis diretos pelo início da privatização da saúde municipal: Carlinhos do PS, Chiara Ranieri, Fernando Mantovani, Carlão do Gás, Giba, Segalla, pastor Luis Barbosa, Marcelo Borges, Natalino da Pousada, Paulo Eduardo Souza, Renato Purini, Fernando Monti e Rodrigo Agostinho. Além da lista, fiz mais, coloquei todos simbolicamente na boca do sapo.
MARIA VAI COM AS OUTRAS – publicado diário bauruense BOM DIA, 29.10.2011
Dentro da vida partidária atual tudo é possível e porque não dizer, permitido. A perda da identidade é algo inerente às entranhas de um sistema onde o partido detém todo o poder sobre as ações de seus subordinados. A pessoa em si, seu passado, sua vivência são meros joguetes nas mãos de interesses maiores. Na crueldade de um sistema onde a pessoa humana vale quase nada, a decisão de uns predominam sempre sobre a maioria, mera “manada”. Participar da vida pública dentro de um partido é desde o início passar uma procuração em branco para esse decidir todas suas ações dali para frente. Do contrário, querendo fazê-lo por conta própria, fazendo vingar suas idéias, principalmente no desalinho com a linha mestra da sigla, com certeza terás vida curta dentro da agremiação, seja ela qual for. A partir daí, surgem hilárias situações, se não fossem trágicas. Uma é o político que acabou sendo eleito por acaso, não tem expressão e fica a mercê do ato dos mais velhos. Esses indicam como deve votar, falar, quando se pronunciar, ou seja, conduzem o inexpressivo até as últimas conseqüências. É nítido perceber a expressão destes, meio que perdidos diante de votações complicadas, pois não entendendo muito bem a coisa, esperam um sinal do mentor para produzir o voto. Um erro pode lhe ser fatal e cair em desgraça dentro do partido, pondo a perder seu sonho político. E quando esse sinal não vem, fica evidente o descontrole em busca do gesto salvador. Um verdadeiro suadouro, minutos de ansiedade. Quando o gesto acontece, numa linguagem de sinais das mais manjadas, o alívio e a votação feita com pompa. Ufa, salvo pelo gongo. Dizem que isso já aconteceu e continua a acontecer aqui por Bauru. Na verdade, acontece em todo o lugar e demonstra algo bem simples. A política nesses moldes é cada vez menos possível para aqueles a pensar e fazer de suas vidas o exercício da plena liberdade individual do ser sobre o ter, dos que renegam a barganha como prática e dos que não gostam de viver como gado no pasto, aguardando sinais.
Obs. 1: Escolhi para ilustrar esses textos fotos tiradas por mim em dois bairros da cidade, o Gasparini e a Independência (só a última no centro da cidade). Nelas uma amostragem de como, ainda permanece nos muros, propagandas políticas de eleições antigas, algumas com mais de dez anos. E até quando...
Obs 2: No vídeo abaixo, Regina Mancebo no vocal, Marquinhos na guitarra e Nino na bateria, no Tributo ao Manito.
domingo, 30 de outubro de 2011
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2 comentários:
Galera nessas de "jogar" coisas no google e ver o que aparece, me ocorreu "jogar": LIXO HOSPITALAR BAURU, e eu fiquei em XOQUE! PQ????!!! Pq eu descobri que em 2009 tinha até mafia do lixo hospitalar aqui na cidade... o jornal Bom Dia noticiou que foi encontrado lixo hospitalar no meio da mata!!!! Façam isso vcs e vejam com seus próprios olhos o ABSURDO!!!
juliana de souza
"Antigamente,
os cartazes nas ruas com fotos de criminosos ofereciam recompensas.
Hoje em dia pedem votos."
Essa frase, caro Henrique eu achei aqui nos emails que recebo e te rapasso, pois tem a cara de muita coisa que escreve.
Pasqual
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